Setsu tem 17 anos. É filho único de pais separados (há 10 anos). Apesar dessa separação continuam a gostar muito um do outro, mas a mãe de Setsu nunca conseguiu lidar muito bem com o trabalho do pai. Estava sempre em missões e nunca em casa.


Tinha acabado de acordar. Levantei-me da cama e tentei caminhar pelo quarto semi-escuro.
Vesti-me à pressa (uma camisa preta e umas calças pretas), nunca fui de ligar muito a essas trivialidades. Continuei a andar até à casa de banho olhando-me de seguida ao espelho.
Aparentava ser mais novo do que era na realidade, tinha o cabelo loiro despenteado, os olhos verdes semicerrados devido ao sono.

- Filho, o pequeno-almoço está na mesa – gritou a minha mãe.

Fui até à cozinha imaginando a quantidade de comida que iria ser desperdiçada.

- Mãe já sabes que de manhã eu nunca como
- Como é o primeiro dia do ano lectivo queria fazer uma coisa diferente – respondeu-me

Mais por gentileza do que por outra coisa tirei uma fatia de pão e meti à boca.

- Vou andando Mãe.
- Está bem filho. Boas aulas e dá um beijo à Emiko por mim – brincou

Corei…
Emiko é a minha namorada. Quer dizer, não sei bem que nome lhe dar.
Conheço Emiko há 5 anos. Desde o início soube que sentia algo diferente por lá. Conforme a fui conhecendo melhor descobrir que gostava de Emiko mais do que uma simples amiga.
Nunca lhe disse nada. Para além de tímido éramos grandes amigos e não queria fazer nada que pudesse estragar essa amizade. Contudo no último dia de férias beijámo-nos pela primeira vez.

“Era uma tarde de Verão com uma pequena brisa refrescante. Estávamos os dois ao pé de um lago.
As andorinhas cantavam voando de árvore em árvore, as abelhas pousavam de flor em flor. Tudo parecia perfeito quando estávamos juntos. Enquanto conversávamos passou um esquilo por nós apressado para ir apanhar uma bolota.

- Então, ansioso pelo início das aulas? – perguntou Emiko.

Apesar de ter ouvido perfeitamente a pergunta, não fui capaz de interpretar o que ela tinha acabado de dizer.
Estava como que hipnotizado a olhar para os seus olhos cor de avelã.
Esse era um dos poderes que ele exercia em mim.

- Desculpa. Não percebi – respondi, enquanto pensava “Resiste ao ímpeto de a beijar!”

Emiko riu-se, tornando completamente impossível a minha tentativa de resistência.

- Perguntei-te se estavas…

Não a deixei acabar. Ganhei coragem vindo não sei de onde e comecei a aproximar-me do rosto dela.

- Que estás a fazer? – pensei enquanto me aproximava.

Tudo à minha volta deixou de existir. Os pássaros deixaram de cantar, o vento de soprar. Não via mais nada a não ser aquele olhar cada vez mais próximo.

Abri um pouco os lábios enquanto fechava os olhos. Apenas conseguia ouvir dois sons: a minha respiração e o bater acelerado do meu coração.

Sonho ou realidade

Os nossos lábios encontraram-se. Por incrível que pareça o meu coração ainda acelerou mais. Senti um formigueiro na barriga que nunca tinha sentido.
Não sabia se se tinham passado horas, minutos ou apenas segundos.

“É imaginação minha ou ela está a retribuir?”

Esse pensamento despertou-me!

- Desculpa. Não sei o que me deu - desculpei-me
- Estava a ver que nunca…”

Voltei à realidade. Tinha acabado de chegar à casa de Emiko reparando logo no bilhete que estava à porta.


Algo não estava certo. Emiko não era de faltar às aulas e para chegar ao lago era pelo menos 30 minutos.

- Que se passa? Que sentimento é este? – perguntei-me

Os pássaros continuavam a cantar, o vento continuava a soprar, a paisagem continuava linda como sempre, no entanto, para mim, algo estava diferente. Mal cheguei ao lago senti um arrepio na espinha quando reparei nele. Ryu Shiva era um dos prodígios da aldeia.
Shiva tinha a mesma idade que eu, contudo era Jounin há já três anos. Foi sempre um dos melhores na academia, tendo apenas um problema, o seu temperamento.
As suas missões apesar de serem sempre bem sucedidas, tinham sempre lutas bastante perigosas que resultavam na morte dos adversários.
Shiva tem uma estatura física bastante intimidadora para os seus adversários, no entanto é precisamente o contrário para as mulheres.
Mede 1.80m, cabelo preto e olhos pretos. Tem uma cicatriz no lado esquerdo da cara. Apesar de a poder tirar, mantém-na como recordação para nunca baixar a guarda.

- Que se passa, Emiko? – perguntei
- Isto não vai ser fácil de ouvir. Chamei-te aqui para te dizer que vou sair da vila com o Shiva. – respondeu-me Emiko a olhar para o chão
- Como?! E o que se passou entre nós?

Não podia ser verdade! Só podia ser uma brincadeira de mau gosto ou então só podia ser um pesadelo.

- Eu amo-o. Sempre amei! Apenas usei-te para fazer ciúmes - respondeu-me
- Não é verdade. Diz-me que não é verdade

Shiva começou a rir-se com desdém

- Cala-te! – ordenei – Pára de gozar!

Algo que nunca tinha sentido apoderou-se de mim. Pela primeira vez na vida queria atacar.
Com uma velocidade incrível Shiva chega ao pé de mim. Pelo canto do olho vejo-o a sacar duma Kunai.
Sem sequer me aperceber já estava a cinco metros do sítio onde ele tinha a Kunai. Sítio esse que há segundos atrás estava precisamente o meu pescoço.

- Tenho que reconhecer que és bastante rápido – disse Shiva – Agora quero ver o que vales.
- Não! Pára Shiva! – pediu Emiko

De um momento para o outro estavam dois Shiva à minha frente
- Já ouvi falar nesta técnica – murmurei

Pensei… Há uns anos atrás o meu pai falou-me nela.

- É isso – lembrei-me – O clone não faz sombra!

Devia estar completamente fora de mim. Eu que nunca tinha combatido na vida, estava a lutar com um Jounin da aldeia. Pior que isso… Estava a pensar numa estratégia para poder ganhar.
O clone atacou-me.
Já esperava isso, e antes que chegasse sequer perto de mim, já estava longe.
Completamente ofegante parei. Dentro de mim, ouvi a voz do meu pai:


Completamente alarmado com esta “nova informação”, olhei para o original com os olhos raiados de medo.
Consegui ver apenas o último selo feito antes de ouvir:

- Katon: Gōkakyū no Jutsu

Não vi mais nada a não ser a cor laranja.
A única coisa que sentia para além da dor, era o calor abrasador que aquela bola gigante emanava.
A última coisa que vi, mesmo antes de desmaiar, foi Emiko a ir embora.

Quando acordei, já estava no hospital com uma única coisa em mente: