Numa vila bastante a norte de Sunagakure, bem perto da fronteira entre o País do Vento e o País do Rio, uma aldeia ladeada de árvores, situada num planalto era abalada por um forte terramoto. A terra movia-se entusiasticamente como ondas de um mar agitado. Nada naquele dia alegre e solarengo fazia prever uma tragédia destas. O abalo tinha sido tão intenso que todas as casas juntamente com os seus habitantes acabavam por ser engolidos pela terra. Dois dias depois, a terra voltava-se a mexer, e nesta réplica a vila escondia os seus restos pela terra a dentro, eliminando qualquer vestígio de que outrora tivera havido ali uma civilização.
Passados anos as árvores voltaram a crescer onde o povo anterior tinha construído várias habitações e ruelas, uma pequena floresta edificou-se naquele planalto e agora não passava apenas de um conjunto de árvores por cima de ruínas desconhecidas, onde vários ladrões e bandidos descansavam várias vezes. Também comerciantes paravam por aquelas bandas, e um deles certo dia descobriu um artefacto antigo. Esse artefacto era um objecto de porcelana da civilização anterior, contente com a descoberta e com a ganância de por ganhar valiosas fortunas o homem correu para a vila mais próxima. Antes que isso acontecesse, novo movimento das placas e mais uma vez aquela área ceifava a vida de alguém, como se tivesse vida e quisesse proteger-se a si própria.
Era para essa zona que gennins de Suna partiam agora…
*****
Estava eu a sair de casa, mal o sol tinha nascido. Como me tinha prometido a mim próprio hoje iria ser um treino bastante intensivo. Primeiro planeava uma corrida com pesos e depois iria exercitar os meus jutsus contra os troncos que costumam haver no campo de treinos. Surgia agora um contratempo enquanto andava em direcção ao campo…
– Kamui-kun! – Gritou uma voz que reconheci de imediato, não a via há oito meses, mas mesmo assim reconheci a voz da Tsubame-chan. A rapariga formou equipa comigo no dia em que me tornei gennin. Nunca cheguei a falar muito com ela, era a mais calada da equipa, mas não era má pessoa. O que quereria ela? – Preciso que venhas comigo ao gabinete do Kazekage.
– Está bem. – Respondi esperando por ela que corria para mim, vinda de trás. Foi muito amável em ter perguntado por mim, depois de oito meses em coma, ironizei para mim mesmo.
Prosseguimos com a nossa caminhada até ao escritório de Arashi-sama, a meio encontrou-se connosco o outro gennin da equipa.
– Kamui-kun! – Disse. – Então como vai isso, está tudo bem ou quê? – Perguntou-me Suzako-kun.
– Sim. – Pelo menos o Suzako preocupava-se com o seu amigo, eu. As minhas memórias relembram-me que ele era um rapaz bastante ambicioso, e que tinha deixado tudo para ser o melhor ninja da sua família, inclusive a sua família. Por essa razão vivia sozinho no apartamento acima do meu, que fiquei a morar sozinho desde o acidente. Suzako gostava muito de rivalizar comigo, mas algo bastante saudável, até porque eu era um zero à esquerda comparado a ele. De cabelos brancos, compridos, o rapaz juntou-se a nós para a caminhada até ao Escritório.
– Também foram convocados certo? – Perguntou o Suzako-kun.
– Sim. – Disse secamente Tsubame.
Chegamos ao gabinete do Kazekage depois de percorrermos metade da vila, saltando pelas torres áridas de areia. Arashi-sama encontrava-se sentado a apreciar a vista pela janela, de costas para a porta. Passados alguns segundos depois de saber da nossa presença, rodou a cadeira e virou-se para nós.
– Bom dia a todos. O vosso sensei? – Perguntou-nos o homem depois de se levantar.
– Aqui, Kazekage-sama. – Disse o Ryuku-sensei vindo sabe-se lá de onde usando um Shunshin rápido. Era talvez ele a figura que se destacava mais da nossa equipa. Mais alto devido à idade, com um colete de jounin e cabelos bastante espetados de um vermelho agressivo. – Peço desculpa pelo atraso estive a tratar de assuntos importantes que me pediu.
– Não tem problema. – Disse o Kage. – Querem saber a razão pela qual estão aqui não é?
– Claro. – Respondi-lhe eu impacientado.
– Pois bem, acontece que vocês vão fazer uma missão muito importante. – Disse Arashi, até que Suzako o interrompeu com a sua ambição a falar mais alto.
– Importante? De que Rank Kage-sama? – Inquiriu Suzako.
– Posso vos dizer que é de Rank A…
– O quê???? – Perguntou a Tsubame-chan, ela achava-nos ligeiramente ridículos, e de certeza que estaria a pensar se seríamos nós capazes de realizar tal missão ou não. Devo confessar que também eu me surpreendi, mas pela expressão do sensei ele já sabia disto, pois nada na sua cara mudou. Por outro lado, Suzako estava em pulgas, penso que queria mostrar o valor ao Kage e que isto foi como uma recompensa para ele.
– Mas acalmem-se, não é uma missão em que corram perigo de vida, nada disso, provavelmente nem vão lutar nenhuma vez. Está como este Rank porque é uma missão Ultra Secreta, e qualquer ninja poderia faze-la, mas vamos poupar os nossos melhores ninjas, para missões mais difíceis e perigosas.
– Sim, o que Arashi-sama está a tentar dizer, é que a missão pode ser de Rank A, mas não há perigo. É apenas uma questão de secretismo a nível militar da Vila. – Completou Ryuku-sensei.
– Para explicar melhor como será a missão, devo primeiramente dar-vos uma pequena aula de história. Sabem que tem existido ao longo dos anos algumas guerras shinobi, e que essas guerras são sempre muito chatas. Há sempre uma certeza no meio disto, com os tempos sempre em constante mudança, provavelmente mais e mais Guerras aconteceram e é por isso que as Vilas Ninjas começam a reforçar a sua força militar. Tal como as restantes vilas Suna também anda a desenvolver algo, várias ideias têm surgido e uma delas vamos pôr em prática convosco. É por esta razão que é uma missão de nível tão elevado, nunca poderão revelar a ninguém o que irão fazer.
– Mas que plano militar é esse então? – Perguntei curioso.
– Sabem que o País do Vento, faz fronteira com vários países certo? – Nenhum de nós respondeu, a resposta era óbvia e o Kage continuou. – A ideia aqui é criar uma segunda Vila Ninja no País do Vento, na Fronteira do País do Rio com o País do Vento. Essa zona é completamente distinta de Suna, o seu clima é mais estável e lá encontra-se uma grande floresta. Em segredo das outras vilas e países ninja, Suna quer construir uma “filha” mais a norte para que a se alguma vez o País do Vento for atacado, os inimigos encontrem uma surpresa para o qual não estão preparados e assim ganhamos um mecanismo de defesa .
– Sendo assim, o País do Vento será o primeiro a ter duas vilas ninjas, certo? – Perguntei.
– Sim Kamui-kun. – Respondeu-me Ryuku-sensei.
– Há uma coisa que me faz confusão.
– Pergunta Tsubame-chan. – Pediu Arashi.
– É suposto quando formos atacados os inimigos deparem-se com essa vila, ficarem surpreendidos e perderem. Mas como é suposto manter essa vila sempre no desconhecido do resto do Mundo? – Perguntou de uma forma bastante inteligente e raciocinada a rapariga do grupo, Tsubame-chan.
– Ah, estava a ver que ninguém perguntava. A resposta também não vos vai ser dada agora, mas posso-vos garantir que o vosso sensei, o Ryuku chegou atrasado por essa razão.
– É verdade crianças. – Assentiu Ryuku.