- Amanhã vou ter a minha primeira missão!

- O quê? Tão cedo? Mas tu ainda mal te graduaste! - Parecia-me algo tão repentino. O miúdo era Gennin a umas quarenta e oito horas, ainda nem tinha equipa e já o estavam a pôr numa missão? Só me apetecia entrar porta adentro e começar a resmungar com o Raikage por tomar decisões tão mal pensadas.
- Calma! - O meu irmão impunha-se para me parar de falar. - Fui avisado hoje à tarde. Ser-me-á atribuída uma equipa para fazer esta missão, mas nada diz que seja a minha equipa definitiva. Pelo que percebi eles vão primeiro testar-nos em vários ambientes para conhecerem melhor as nossas capacidades e depois implementar-nos em equipas que nos ajudem a desenvolver...
- Ao menos sabes que tipo de missão será? Ou mandam-vos para a rua ao acaso?
- Não... Tal como ainda não conheço nenhum elemento da equipa... - Pareceu-me desanimado por ainda não saber com quem iria fazer a sua primeira missão, mas a sua motivação continuava alta. Estava algo irrequieto, agora que não precisava esconder o seu entusiasmo pelo dia de amanhã dos nossos pais. Ele próprio decidira não lhes falar da sua primeira missão para não os preocupar.
- Entendo... - Menti eu. O meu irmão parecia seguro de si, que podia eu fazer? Continuava a não achar a ideia de o mandar já numa missão, muito agradável, mas teria que aguentar. Acalmei-me e continuei a puxar conversa com ele, tal como fazia todos os dias. Falámos sobre o que nos aconteceu durante a tarde e vi-o a rir-se à grande quando lhe contei a história da rapariga de quem ele me salvou. Já tinha posto o assunto da missão atrás das costas quando a minha mãe nos chamou para jantar.

Acordei na manhã seguinte, já com o sol a bater na minha bela cara de ensonado, repleta de remelas e com duas olheiras fundas por ter ficado a ler até altas horas da madrugada. Sentei-me na minha cama, a cama de cima do beliche do meu quarto e arrastei-me até à parede para abrir as persianas. Olhei lá para fora, apenas para ver o mesmo nevoeiro enfadonho e estagnado que aquela vila tinha todos os dias. Saltei para o chão, para encontrar já arrumada a cama do meu irmão.
De banho tomado e roupa vestida, cheguei-me à cozinha para surrupiar algo para petiscar e perguntar à minha mãe onde estava o resto da minha família. Extraordinariamente, todos tinham já saído. O meu pai e o meu irmão foram comprar ferramentas para trabalharem na terra, as que tínhamos estavam já velhas, como os cepos das enxadas que estavam já quase a cair de podres. O meu avô, por milagre, acordara cedo e logo disse que não iria passar o dia em casa, nem almoçava, nem jantava e depois de avisar a filha, saiu sem dizer para onde ia. Do meu irmão mais novo, Aki, ela apenas me soube dizer que saíra cedo, levara comida e que vinha tarde.
Voltei a enfiar-me no quarto e só saí de lá à hora de almoço. Aquele era o meu pequeno refúgio, quatro paredes que me isolavam de todo o restante mundo e onde eu podia fazer o que quisesse. Lembro-me que quando contei isto ao Aki ele passou uma hora à secretária para depois me aparecer com o que ele dizia ser um passaporte. "Este é o meu passaporte, mano. É o que me deixa entrar no meu mundo está bem?" Bons tempos...
Após almoço, voltei a praticar aquela que eu esperava ser a minha rotina durante os próximos tempos. Casa, Biblioteca, Biblioteca, casa. Nada a mais, nada a menos. A maior parte das pessoas acho que enlouqueceria com aquela rotina tão monótona, mas eu achava que me iria dar bem. Sempre fui um rapaz caseiro. Estar sentado ou deitado dentro de casa a ler era e continua a ser um dos meus passatempos favoritos.
Ao entrar na Biblioteca, cumprimentei Tohma-san, tal como Emergildo-san que estava lá para trazer uma nova remessa de livros. Não é preciso dizer que fui eu quem passou a tarde toda a arrumar aquela vintena de caixas a rebentar pelas costuras.
O trabalho apenas acabou no final da tarde. O céu estava num misto de cores quentes, com o sol a mascarar-se entre os contornos das montanhas que rodeavam Kumogakure. Devo admitir, esta foi a parte mais excitante deste dia tão parvo!
Deviam ser por volta das dezoito, dezanove horas quando finalmente saí daquele ermo apenas ocupado por montanhas de capas duras e letras douradas. Como já disse, era já final do dia quando me apercebi que divaguei um pouco nos meus pensamentos e fui parar a uma das ruas mais movimentadas, rua de comércio, as lojas estavam agora a atender os seus últimos clientes, aqueles que se lembravam a ultima da hora que faltava algo para o jantar ou que simplesmente tinham trabalhado todo o resto do dia. Aproveitei para passear um pouco, ver caras novas e velhas. No meio daquela confusão de cabeças, reparei numa que se distinguia pelo seu tom loiro pálido e comprido. Curioso, aproximei-me para comprovar que aquela era a rapariga que vira ontem na Biblioteca. Aquela que me fez passar um mau bocado depois da palestra que o velho Tohma me deu enquanto me tentava ensinar algo. Algo me picou no meu interior e e num acto de pura juventude, segui aquela rapariga!
Não era nada difícil. Afinal, a rua estava com pessoas suficientes para eu me mascarar entre elas e se por ventura fosse apanhado, apenas teria que seguir caminho e fingir que era puro acaso estarmos no mesmo caminho. Mas algo me dizia que não seria como eu esperava. Ela parecia ter algum sexto sentido, talvez daqueles femininos que lhes dizem quando um rapaz está interessado nelas, porque eu não sei explicar como elas sempre sabem de quem é que um rapaz gosta! Mal a comecei a seguir, ela parou e virou-se para trás. Quase me apanhava se não me escondesse atrás de um poste. Pouco depois, calhou-me enfiar-me dentro de um barril que estava num canto de uma mercearia. Eu digo-vos, a rapariga sabia que eu estava ali! Não tardou até ela mudar de rua e enfiar-se numa das laterais à principal. Demorei um pouco a apanhá-la, mas quando a encontrei ela estava já acompanhada. Um rapaz de calças castanhas e um blusão laranja, devia ter metro e meio de altura, andava lado a lado com ela. Os dois pareciam conversar normalmente até ela se agarrar ao braço dele e dali não se largar até voltar a fazer a curva para outra rua.

- Bah... Desiste disto Kyohei! - Desabafei em voz alta.
- AHHHHHHHHH!

O grito foi o que me fez impedir de chegar a virar-me na direcção contrária. Corri para a rua seguinte e lá vi uma mulher caída com o conteúdo do seu saco das compras espalhado pelo resto da rua. Olhei para onde ela apontava com fúria para ver uma mulher a desaparecer numa nuvem de fumo e a dar lugar a uma figura masculina.

- Shinobi? - Perguntei-me. A resposta veio logo a seguir com um novo vulto a passar por mim a alta velocidade. Quase caí com o vento daquele shunshin, contudo aguentei-me ao apoiar-me numa parede. Olhei para o novo vulto, tentando saber quem raio era que ia a altas velocidades e logo o identifiquei. - AKI!


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Culpem o Kiba de ser enche-chouriços... a parte boa está na 2ª parte

Bom filler, mas faço um comentário mais elaborado ao fim da segunda parte só não percebi, a missao era roubar a pobre senhora? x) coitada, que cruel do Aki.

Bom filler Kad (x Foi um bocado enche-chouriços, é verdade, mas tá tudo fixe, especialmente a última parte que deixa intriga no ar

Gostei, siga !

Então o Aki não foi o 2º vulto?
Manda lá a segunda parte, queremos saber o resto ^^

Bom filler. Venha a segunda parte para eu me rir um pouco :3

Quero ve-lo a lutar pela 1º vez ^^

hmm intrigante. Está enche-chouriços, mas eu até gosto disso.

Manda a próxima.