Eu e a Akane estávamos no campo de treinos, à espera de Ryuku que como habitualmente, estava atrasado. Ficamos ali mais ou menos uma meia hora à espera e nada, até que ele chega. A Akane começou logo a mandar vir com ele, enquanto eu me ria da situação. Quando acabaram a parva discussão, Ryuku propôs-nos algo inovador.
- Hoje vão treinar de maneira diferente. Vão ajudar um senhor ali nuns campos que ficam junto ao rio – quando disse aquilo, fiquei um bocado parvo.
- Como é que vamos treinar a ajudar um velhote em campos? – cocei a cabeça. Ele não me respondeu, e apenas desapareceu com a intenção de que o seguíssemos. E assim foi. Seguimo-lo até uma pequena espécie de doca, mas muito rural.
- Este é o Misaki, e vai-vos dar algumas tarefas que vos vão ajudar. Mas primeiro, façam um rápido aquecimento, umas flexões, uns abdominais, uns agachamentos e tal – nós acenamos com a cabeça.
- Ohayo! – disse-nos o velho.
- Konnichi wa – disse-mos ambos sorrindo. Eu nada mais disse, e coloquei-me em posição de prancha. Deixei o meu corpo descer à medida que fazia força nos bíceps para não cair. Depois, recuei forçando os tríceps para me elevar. Repeti isto catorze vezes sem vacilar, mas à decima quinta flexão, o meu mundo começou a ser perturbado pelas leis da física. Concentrei chakra nos braços, de modo a que me aguentasse mais um bocado, mas de pouco adiantou. Fiz mais três flexões, deixando a parte superior do meu corpo um pouco exausta. Parti para os abdominais, adorava aquilo. Fiz um género de abdominais diferente, flexão dupla, onde ao mesmo tempo que levantava o torso, levantava as pernas também sem nunca as deixar tocar no chão. Fiz quarenta sem me queixar, mas a partir dessa, as minhas pernas e abdmonais começaram-se a cansar. Fiz mais uma, com bastante esforço. Contraía os abdominais e levantava as pernas com a força que tinha para o fazer, mas esta parecia ser insuficiente para aguentar o desgaste. À quinquagésima, caí batendo com as costas e pernas no chão, e passei para o treino da parte inferior do corpo. Coloquei as mãos na cabeça e comecei a fazer agachamentos. Fiz vinte e depois as pernas começaram-se a queixar bastante… Tudo por causa do raio da flexão dupla. Deixei um pequeno fluxo de chakra correr nas células musculares das pernas e esforcei-me mais um pouco. Fazia força cada vez que me baixava, cada vez mais força para me aguentar, mas o meu esforço foi em vão, caí.
- Muito bem pessoal, podem parar com isso, preciso que me arranjem alguma madeira, ide lá praquela floresta – disse-nos o velho, dando-nos um grande lenço a cada. Sorriu e apontou para a floresta que estava para lá do rio.
- Hayato, e que tal uma corrida? – disse Akane desaparecendo num Shunshin. Eu segui-a desaparecendo em corvos e aparecendo posteriormente atrás dela. Ultrapassei-a com um Shunshin normal, e como sabia que era uma batoteira do caraças, activei o meu Doujutsu. Ainda bem que o fiz, porque agilmente me desviei de duas kunais que provinham da minha retaguarda. No momento seguinte, lancei uma das correntes que tinha, tentando prender-lhe os movimentos, mas ela desviou-se. Lancei mais algumas shurikens que multipliquei após uma pequena concentração de chakra. Mas o raio da rapariga tinha tido a mesma ideia que eu, e o seu Sharingan fê-la mover instantaneamente para o lado. Fiz algo que não queria fazer, quando deixei o meu chakra fluir pela cabeça e projectei a minha intenção assassina para a rapariga, fazendo-a parar de se mover. Ela não só quebrou a ilusão, como também a reverteu, deixando-me a mim parado.
- Kuso, ela está sempre um passo à frente – disse para mim, antes de parar o meu fluxo de chakra e executar o Kai. Passamos pelo rio, a pé, usei o Mizu no Kinobiri para não cair e executei um Shunshin para o mais longe que consegui. Estava perto da floresta, mas quando reparei, já Akane lá estava.
- Boa tentativa puto. Vamos lá cortar madeira! – disse ela pegando na sua Fuuma Shuriken. Eu lancei algumas kunais com papeis explosivos atados a elas. Prenderam-se a um grande árvore, três, alinhadas. Fiz o selo que desencadeou a explosão, mas infelizmente não foi suficiente para deitar a árvore abaixo. Peguei na minha ninjaken, e deixei o meu chakra fluir à volta dela em duas correntes distintas, que se oponham uma à outra raspando-se mutuamente, o que tornou a lâmina extremamente forte. Lancei-me com um Shunshin e trespassei a árvore com a arma, fazendo-a cair. Depois, concentrei chakra no punho e desfiz parte da árvore com o Okasho, e cortei o resto com a minha ninjaken coberta de chakra de vento. Coloquei a madeira no pano enorme e enrolei-o, colocando-o depois às costas.
- Fosga-se que isto é pesado – disse para mim. O raio do saco pesava no mínimo uns… vinte ou trinta quilos, diria eu. Transportei-o com o maior dos esforços até ao rio, e foi aí que me atrapalhei, pelo menos até me lembrar de algo minimamente inteligente. Fiz três clones compostos por corvos, que me ajudaram a transportar tudo até ao velho. Caí deixando as minhas costas amortecerem a queda, mas levantei-me logo a seguir. A Akane dirigiu-se a mim, lentamente e quando chegou à minha beira, pregou-me um potente soco no estômago e atirou-me para longe com um pontapé - *cof cof* para que é que foi isso, porra?
- O Ryuku disse-me para te treinar e te deixar com… caparro – disse ela aparecendo à minha frente e dando-me uma joelhada no estômago. Cuspi um pouco de sangue, mas levei logo a seguir um soco fortíssimo na face que me fez voar alguns metros. Porém, pousei direito no chão. Eu não iria ser um saco de boxe, não hoje. Deixei o meu chakra fluir para a cabeça e deixei a rapariga a ver tudo ao contrário. Ela dirigiu-se de novo a mim, e tentou-me dar um soco na direita quando me viu avançar para a mesma direcção, mas não me acertou. Tentei-lhe acertar com uma kunai, mas ela desviou-se para trás e o seu Sharingan fê-la reconhecer de imediato a ilusão e quebrou-a. Eu lancei a kunai, mas a rapariga apenas tinha desaparecido – Hayato, ainda estás muito fraco – ouvi um sussurro atrás de mim e senti um punho nas minhas costas, completamente carregado de chakra. Voei alguns metros, e fui embater numa rocha, o que me deixou inconsciente.
Algumas horas depois
Estava num quarto de hospital. O velho, Akane e Ryuku estavam à minha volta.
- Hayato! Acordaste finalmente! – disse Ryuku com um sorriso – tenho uma má notícia. Deslocaste um ombro, mas já o conseguimos por no sitio e vais conseguir estar recuperado depois de amanhã, mas temos que ter sessões de tratamento de duas em duas horas hoje e amanhã, ok?
- Nani?… Kuso, queria treinar amanhã – disse eu um pouco entristecido.
- Desculpa, fui demasiado bruta…
- Ohoh, que estranho é hoje em dia… ver alguém, sem ser forçado, à procura de trabalhar e melhorar – disse o velho.
- Mas eu preciso. Eu quero proteger os que amo… eu quero proteger esta vila.