Afastei-me do campo de treinos, com Kaoru, depois da nossa pequena rixa. Subitamente, Kaoru começou como que a cair, ao meu lado. Lancei cobras do meu braço que o envolveram e puxaram para fora da cova. Fechei os olhos e concentrei chakra. Senti uma massa de água, próxima… Às cinco horas.
Desviei-me de um shunshin, voltando-me no ar, enquanto pousava Kaoru no chão, ao meu lado. Fitei o descampado em busca do inimigo. Nada à frente, nada no ar. Ao fechar os olhos apercebi-me uma vez mais da sua posição.
- Em baixo! – bradei enquanto eu e Kaoru nos desviava-mos com shunshins.
Nisto o chuunin que nos havia dito para combater surgiu ele próprio do chão, como uma toupeira.
- O que significa isto? – perguntei mostrando mais coragem do que a que tinha.
- Significa que estou a cumprir a minha missão, levar uma ou duas pestes comigo!
E com isto lançou dois espigões de terra na minha direcção. Desembainhei Asura e afastei-me dois passos para a esquerda, enquanto projectava a sua ilusão para ele. Como esperava os espigões foram numa direcção totalmente despropositada.
- Quem serves?
- Não é da tua conta.
- Kiba então – declarei enquanto puxava a venda para cobrir o olho esquerdo uma vez mais.
A terra ergueu-se e abriu uma fenda diante dos meus olhos, ameaçando engolir-me também. Afastei-me, desfazendo-me em pétalas e surgindo numa das secções fendadas, num turbilhão. Atirei algumas kunais enquanto concentrava chakra, que multipliquei com alguns selos rápidos. O chuunin de Kurai ergueu uma parede de pedra imediatamente, bloqueando todas as facas. Da parede saíram disparados três espigões na minha direcção. Kaoru saltou à minha frente e ergueu ambas as mãos. Todos os espigões caíram, sem chakra algum, devolvidos à terra, mas o Genin, já magoado pela queda anterior, ficou inerte no chão, em seguida.
A parede de pedra desfez-se e três kunais esvoaçaram velozes por trás dela, em direcção a Kaoru. Sem nenhuma arma ao meu dispor, concentrei chakra nas pernas e aproximei-me, como uma cobra, velozmente, apenas para interpor o meu próprio corpo entre as facas e o meu colega, apanhando com elas em cheio nos braços.
-Kuso. – praguejei em vão, enquanto a venda me caía.
Encarei o ninja de Kurai, olhando-o directamente nos olhos. Concentrei chakra a nível ocular e passei a atemorizá-lo com os seus piores pesadelos. Quando me apercebi, todas as feridas estavam já quase curadas e sobre a última, no pulso, estava uma outra mão, a de Kaoru, que me curava.
- Gomen, Selim-kun. Não vou poder lutar já, a minha é bem mais profunda e demorará mais tempo a curar.
Levantei-me de um salto, envolto em profundo agradecimente.
- Leva o tempo que precisares – confortei-o - nunca se dirá que Selim Puraido deixou que alguém tocasse num amigo seu. Dá-me só uns minutos, ok?
Sem aguardar a resposta corri para o meu inimigo, concentrando chakra nos pulmões e com alguns selos disparei uma potente torrente de água contra o meu inimigo. Com um selo, criei dois mizu bunshins, da água no chão, acrescida à humidade da atmosfera. Um deles prendeu-o com cobras, enquanto o outro se enrolava firmemente em volta dele, desfazendo-se em água. Já devias estar ensopado que chegasse. Concentrei chakra no punho e abri-o, disparando um sabre de trovão contra o meu inimigo, que se desfez em terra. Fechei os olhos e concentrei chakra, aguçando os sentidos, enquanto buscava fontes de água próximas. Havia uma próxima. Às seis horas…
- Kaoru-kun! – gritei como aviso.
Mas era tarde, em volta dele surgiram pilares de terra, engaiolando-o.
O shinobi preparava-se já para o atravessar e levar Kaoru, mas não seria assim tão simples. Projectei chakra para o cérebro e com alguns selos envolvi-o numa ilusão. Uma bola de fogo desceu dos céus, velozmente.
- Alguém vai assar – comentei eu casualmente.
Como petrificado, o ninja tentou sair da sua própria gaiola, em vão. Espalhei chakra pelo corpo, tornando-me bastante mais… flexível. Atravessei pelas grandes apertadas, como uma serpente, em direcção ao shinobi. Num acto de desespero, tentou lançar algumas bolas de fogo contra Kaoru. O rapaz ergueu as mãos, e respondeu-lhe com labaredas de fogo azul, apanhando-o contra a grade. O homem colocou as mãos nas grades de pedra e disparou inúmeros espigões a Kaoru. Mas eu já estava pronto. Usando o sangue que tinha escorrido pela tatuagem, fiz alguns selos enquanto corria para Kaoru. No último momento coloquei as mãos no chão.
- Kuchiyose! Pain no Rikudo!
Seis figuras ruivas surgiram. Yahiko levantou o braço e bloqueou todas as kunais com um estrondo.
- Bakana!
- Exacto, é impossível. Mas isto é o que acontece com os que lutam comigo, têm de se adaptar a uma nova realidade. – informei-o enquanto acabava a última sequência de selos.
Desapareci da vista de ambos, enquanto uma árvore alta surgia do chão e se enrolava em volta dele. Surgi sobre o ramo e encostei-lhe uma faca ao pescoço. Entretanto, Kaoru drenava-lhe chakra, muito lenta, mas certamente.
- Agora, eu não te vou matar.
- Não… não me leves a Arashi, tudo menos Suna! O kawakage vingar-se-á! – balbuciou ele.
E então ri-me. Ri-me longamente, enquanto desfazia a ilusão e o prendia com uma enorme cobra branca.
- Tu não vais para Suna, nem tampouco morrerás aqui. Mas antes de te mandar, preciso de saber que segredos levas de Suna.
- Nunca, de mim nada saberás! – disse ele corajosamente.
- Hum… Sabes a localização exacta desta nova vila, mas suponho que isso Kiba já sabia se não estarias aqui. Contudo, tiveste tempo de fazer um estudo diagnóstico do poderio militar da vila, ou melhor roubaste-o enquanto nós dois combatíamos. – afirmei calmamente, pois tudo isto ele temia que eu soubesse – sim, como é uma vila ainda em construção faz sentido que um estudo destes aqui esteja para a finalização do projecto, número de acomodações e afins – reflecti voltando-me para Kaoru – mas eu não te posso deixar sair daqui com essa informação. Jamais. Por muito que te quisesse libertar por respeito a Kiba, essas informações poderão causar grande mal. Por isso vais esquecer tudo isso, bem como as caras dos Genins e os seus poderes que viste durante o combate. Agora.