Acordei cedo, achei que o meu treino no dia anterior não tinha sido o suficiente para ultrapassar este grande desafio. Estavam todos a dormir, eram mais ou menos seis da manhã e o sol estava prestes a nascer. Dirigi-me para o centro da formação rochosa, peguei numa bexiga de água e coloquei-me em cima do lago, concentrando chakra na palma dos meus pés. Dividi os chakra em duas partes, uma maior, que se destinaria para a técnica, e outra parte mais pequena que se destinaria apenas para me manter à superfície.
- “Da esquerda para a direita” – pensava eu, à medida que concentrava chakra na mão e o criando uma rotação no sentido desejado. Larguei mais um pouco de chakra para a mão e a bexiga estourou. Estava feliz com o treino de ontem, mas aparentemente ainda tinha muito com que lidar. Angelus levantou-se e dirigiu-se a mim.
- Hayato, antes de continuares isso, queria que fizesses um pequeno aquecimento físico, para que não fiques tão mal como ontem. Começa umas quantas flexões e abdominais… - acatei as ordens do loiro e comecei pelas flexões. Deixei o meu corpo cair para o chão e apoiei-me nos braços. Deixei-me ir e fiz força nos braços, consegui fazer quinze flexões sem esforço, até à décima sexta, onde comecei a dispensar chakra para os braços.
- “Já percebi porquê que ele me pôs a fazer isto…” – pensei eu, ao sentir o chakra a ser transportado pelo seu sistema circulatório. Forcei os braços ao longo de mais dez flexões, lentamente e com esforço, até cair redondo no chão.
- Vá Hayato, agora os abdominais – sentei-me e ergui as pernas, estava a fazer um exercício que era mais forçoso, mas traria melhores resultados. Levei a cabeça aos joelhos, fazendo força na zona abdominal do meu tronco. Fiz trinta na boa, até começar a doer bastante a zona forçada. Dispensei algum chakra para os abdominais, mas aos cinquenta, já não consegui prosseguir – Muito bem, agora vamos passar ao treino – disse o rapaz de olhos encarnados retirando duas bolas de borracha de um saco. Atirou-me uma – agora vais ter que rebentar essa – ergueu a mão que continha a bola e depois de algumas correntes de chakra se dispersarem no ar, rebentou a bola – vá, agora tens de ser tu…
- Pode só repetir mais uma vez, Angelus-senpai – disse eu com o meu Doujutsu activo, observando atentamente a circulação do chakra do ninja. Ele pegou noutra bola e repetiu o processo. Observei que o chakra desta vez estava mais comprimido, como se fosse a fazer bastante força.
- Um conselho Hayato… concentra-te na força, e marca um ponto no centro da tua mão, assim é mais simples concentrares-te apenas nessa região, que é o necessário para conseguires ultrapassar esta fase. Diverte-te! – disse ele soltando uma gargalhada.
- Hai! – disse eu, pegando numa pequena caneta da minha mochila e marcando o ponto tal como Angelus me havia dito.
Peguei na bola e concentrei chakra tal como havia feito na bexiga com água. Por momentos aguentou-se um pouco, mas segundos após começar, esta furou em vez de rebentar.
- Se deixares o chakra muito solto, elas apenas furam… - disse Angelus atirando-me com o saco das bolas de borracha. Peguei noutra e comecei novamente a concentrar chakra na mão, mas estas ainda me doíam. Continuei, sem que a dor me atrasasse e tentava fazer com que o chakra se comprimisse o mais possível, mas sem sucesso, visto que a única coisa que consegui fazer foi furar novamente a bola.
- “Kuso…!” – pensava eu ao observar as minhas mãos a tremer que nem malucas. Lembrei-me do ponto e tentei-me concentrar em apenas um ponto, quando peguei noutra bola. Voltei a dispensar chakra para a maldita bola de borracha e comprimiu-o o mais que pude, fazendo rodar à volta do ponto, tal como tinha observado de Angelus – Aaagh! – berrava eu num misto de dor e dedicação. Uma aura azul clara formou-se à minha volta, à medida que concentrava mais e mais chakra na mão. A bola tomava formas estranhas à medida que fazia correntes de chakra dentro desta, mas não conseguia de modo nenhum estourar a porcaria da bola.
- Tenta forçar o chakra Hayato, FORÇA, é a chave! – berrou-me Angelus.
- Hai! – retorqui. Extrai novamente a minha dedicação num berro e comecei a dispensar bastante chakra para a mão. A minha mão ardia como se em brasas eu tivesse pegado, mas a bola estava cada vez mais perto de rebentar. Fechei os olhos e concentrei o chakra que pude, fazendo finalmente com que a bola rebentasse. Afinal, muito do meu esforço foi facilitado pelo que havia observado com o Sharingan. Caí no chão e a minha mão direita estava até queimada.
- Bem, vamos agora comer e vais descansar um bocado Hayato. Parece que conseguiste concluir a segunda etapa do treino… mas prepara-te, porque a terceira não é mais simples – disse Angelus ajudando-me a levantar. Dirigimo-nos para a beira de Ryuku e Akane, e comemos um ramen pré-feito, que tínhamos trazido no dia anterior. Descansei até Angelus me acordar, para voltar novamente ao treino.
- Então, Angelus? – inquiri eu quando me levantei – qual vai ser a terceira parte? – Angelus sorriu e retirou um balão, ainda por encher. Atirou-o para mim e sorriu mais uma vez.
- Enche-o – ordenou. Eu acatei as ordens e enchi o balão e fiquei a olhar para o loiro com cara de parvo – dá-mo cá – entreguei o balão e observei. Ele segurou-o e nada se passou – o primeiro passo foi rotação… o segundo, foi a força e agora, o terceiro, é isto – disse ele estendendo o braço com o balão. Fiquei a olhar para aquilo durante vinte largos segundos, até me enervar um pouco.
- Então, é… “isto”? – perguntei a Angelus.
- Parece que estou apenas a segurar no balão, não parece Hayato?
- H-hai… não se passa nada, aparentemente – respondi com os braços cruzados. Queria aprender a técnica e ele queria brincar aos balões?
- Vou fazer a mesma coisa que estou a fazer no balão, na minha outra mão – disse ele estendendo a outra mão. Abriu-a e uma esfera azul formou-se na sua mão.
- Nani?! É isso que passa lá dentro? – disse eu boquiaberto. A esfera era perfeita, e bem comprimida, um pouco mais pequena que o balão – Mas… porquê que isso tem de ser assim?
- Anda aqui… - disse ele aproximando-se de um rochedo que o ultrapassava em altura – se tu apenas executares o ataque, baseado nas duas primeiras fases, é isto que vai acontecer – abriu a mão e formou uma esfera de chakra azul, não parecia muito estável e espetou-a na rocha, gravando nesta uma espiral – agora, se conseguires ultrapassar esta terceira fase… - Angelus criou uma nova esfera de chakra na mão e atingiu a pedra novamente, formando gradualmente uma grande cratera na mesma.
- S-sugoi! – afastei-me do loiro com o balão de ar na mão e este soltou uma pequena gargalhada.
- “O meu Sharingan captou alguma parte do que ele fez, agora só tenho é de por isto em práctica” – pensava em para mim enquanto agarrava no balão. Concentrei chakra nesta e executei as duas etapas anteriores ainda com uma certa dificuldade, mas acabei por estourar o balão. Peguei noutro, e concentrei novamente chakra na mão, fazendo o chakra desta vez girar de uma forma mais uniforme – argh – queixei-me das mãos, mas a dor não me impedia de continuar a dispensar chakra para executar o jutsu. Deixei o chakra escapar por momentos e o balão rebentou.
- Vais ter que tentar mais, se queres atingir alguma coisa, Hayato…
- “Kuso…” – pensava eu ofegante, de mãos nos joelhos. Peguei noutro balão e concentrei ainda mais chakra que da última vez, e ao imitar o que havia visto de Angelus, comprimi o chakra o máximo que pude. Aguentei o jutsu alguns minutos dentro do balão, mas este finalmente rebentou. Deixei-me cair no chão, e ali fiquei por mais meia hora até acordar com um berro de Akane.
- Acorda parvalhão! Tens que treinar! – levantei-me à pressa como se nos tivessem a assaltar, e pus-me ao trabalho. Peguei num balão e concentrei novamente chakra para dentro deste, comprimido, mas este rebentou facilmente.
- “Deve ser do sono…” – pensei. Levei uma mão ao lago e molhei a cara, despertando-me assim mais um pouco – Yosh! Vamos lá! – estendi a mão e comecei a concentrar chakra num novo balão. Concentrei todo o chakra que consegui e finalmente mantive o jutsu estável, comprimido e com uma grande rapidez de movimentação de chakra… tudo isto sem rebentar o balão – Yata!
- Muito bem Hayato – disse Angelus apressado – agora faz o mesmo com a mão esquerda! – acatei as ordens e estendi a outra mão, dispensando chakra para esta e formando uma esfera perfeita de chakra (que rodava a grande velocidade) na palma da mão. As minhas reservas de chakra estavam praticamente no fim, o sol já se tinha posto e eu caí no chão desamparado, novamente.
- A-Angelus-senpai – disse eu num tom baixo. Angelus olhou-me e sorriu mais uma vez – como se chama… esta técnica? – inquiri.
- Rasengan, Hayato.