- Eu vou dar cabo de ti seu rato do esgoto! – Vociferava um padeiro, com o avental sujo de farinha a agitar um rolo de cozinha de modo ameaçador. – Da próxima vez que te apanhar abro-te a cabeça, sua aberração!
Um pequeno alguém de bermudas negras e uma camisola em tons verdes grande demais para o seu tamanho e um gorro a esconder-lhe os olhos, fugia apressado, ziguezagueando pelo meio da multidão que passava na rua ocupada com os seus afazeres. Com um pequeno impulso pulou para cima de uns telhados.
A pequena figura que saltava de telhado em telhado, com um pedaço de pão na boca, esboçou o que pareceu ser um sorriso ao ver a figura branca a ficara cada vez menor. Ao fim de poucos minutos parou em cima de um poste de electricidade, onde se sentou e comeu o pedaço de pão, alheio aos dedos acusadores e aos risos trocistas de quem por ali passava.
[…]
Uma rapariga de cabelos negros pelos ombros e aspecto bastante agradável bebia um copo de chá num bar de Kumo, na mesa mais isolada e sem qualquer companhia. Ali perto um grupo de jovens Chunin analisavam-na atentamente, até que um deles tomou coragem e se aproximou da rapariga e sentando-se numa cadeira vaga.
- À procura de boa companhia? – Perguntou o rapaz, sorrindo de forma supostamente atraente.
- Por acaso não, mas agora perdi todas as minhas esperanças. – Respondeu a rapariga continuando a beber o chá sem sequer olhar para o rapaz, que a olhou de ar aparvalhado.
- Erm… Tenho a sensação que já te vi em algum lado… - Insistiu o Chunin, piscando o olho aos amigos.
- É por isso que nunca mais lá fui. – Respondeu num tom monocórdico, que deixou o rapaz meio desconcertado e os amigos deste a rir à gargalhada.
- Ahm… Uhm… O, o que fazes da vida? – Tornou a insistir, a morena suspirou profundamente e deu uma última golada no seu chá antes de se levantar e deixar algumas moedas na mesa, mas antes de sair voltou-se para trás e sorriu para o rapaz.
- Sou travesti, coisa fofa. – Atirou a rapariga, piscando o olho e saindo do bar, deixando o rapaz vermelho de humilhação e os amigos deste a rirem-se à gargalhada.
[…]
Nuvens negras começavam a vaguear assustadoramente pelos céus da Vila do Trovão, enquanto a maioria da pessoas normais se apressava a chegar a casa, alguém permanecia sentado no topo de um edifício a polir um enorme martelo com uma bola de espinhos de metal presa ao cabo por uma corrente.
O indivíduo em questão era anormalmente alto, e com excesso de peso, usava roupas escuras, piercings e os olhos delineados a lápis preto que lhe conferiam um ar no mínimo… Sinistro.
Inspirando profundamente começou a recitar um poema:
- Nuvens negras tal como a minha alma infesta
Escureçam os céus para que eu não veja a luz,
A luz que teima em fazer-me andar por este mundo,
Onde não pertenço
Onde ninguém vê a escuridão em mim
A escuridão que teima em demorar em engolir-me
Em tornar-me pó novamente
E não sentir esta agonia constante que é estar vivo”O indivíduo acabou de recitar o poema de olhos fixos nas nuvens negras e ameaçadoras que ameaçavam descarregar a qualquer momento, sem se aperceber que já não estava sozinho.
- Olá Gordo! – Saudou um pequeno alguém sentando-se ao lado do indivíduo que olhou de modo ameaçador. – É impressão minha ou deixaste crescer a crista cerca de 0,05 cm desde a última vez que nos vimos?
- Mo, deixa o Kuwabara em paz. – Pediu a rapariga morena juntando-se à estranha dupla e sentando-se à esquerda de Kuwabara.
- Cheiras a chá Touya. – Constatou Mo balançando as pernas alegremente.
- Obrigado Mo… - Agradeceu a rapariga, revirando os olhos.
- Achas que o Raikage ficaria muito aborrecido se eu mandasse os miolos dessa aberração pelo prédio abaixo? – Perguntou Kuwabara olhando o seu reflexo na superfície exageradamente polida do seu martelo.
- Não achas que o cheiro ia ser um bocado incomodativo? – Perguntou Mo, como se não tivesse nada a ver com o assunto.
- Além de ser extremamente inestético. – Assentiu a rapariga.
- Vai chover. – Observou Mo olhando as nuvens.
- Tem ar disso. – Assentiu Touya.
- Pode ser que a chuva leve com ela todos os idiotas deste mundo. – Declarou Kuwabara.
- E os gordos. – Acrescentou Mo.
- E lá vamos nós outra vez… - Suspirou a rapariga, deitando-se, enquanto Kuwabara tentava atingir Mo com o seu enorme martelo, que se desviava aos pulos como um macaquinho.
[…]
- Olha lá, não achas que o Raikage vai achar suspeito que vás assim tão de repente para Kumo? Ainda por cima com esta guerra.– Pergunta Ichimaru a Sasame que se atarefava a fazer a mala.
- Isso não me interessa. Kumo é a única pista que tenho para encontrar a Rima, uma vez que os meus tios se fecham em copas. – Respondeu a rapariga enquanto a pequena Sora brincava com uma boneca em cima da cama.
- Como queiras. – Suspirou antes de sair do quarto.
- Parece que somos só nós duas. – Diz Sasame pegando Sora pela mão e na mala de viagem, saindo porta fora também.
Continua…
Bem. Aqui está o meu primeiro filler com a minha nova “coisa”. C:
Em título de curiosidade Kuwabara traduz-se para “Céu me ajude!” e Touya é “Flor de Pêssego”.
A Sasame, o Ichimaru e a Sora são da minha saga anterior, foi uma maneira que arranjei de não deixar a Rima cair no esquecimento. Para quem não leu a minha saga anterior ou não se lembra, a Sasame era a prima lésbica tarada da Rima, o Ichimaru era o apaixonado da Sora, irmã falecida da Rima e a Sora pequena é uma gaiatinha que apareceu no meio do deserto com uma moribunda.