A morte da irmã fizera com que Cho ficasse traumatizada. Desde aquele dia que ela tem querido vingança, pela morte da irmã e pelos pais a terem abandonado numa altura como aquela.
Ela era meiga, querida, ingénua e frágil. E com a morte da sua querida amada, não só como namorada mas também como irmã e melhor amiga, sofreu, e ainda sofre passados dois anos.
Quem a acolheu passado aquele terrível acontecimento? A senhora Amaya e o marido, sendo que este não permanece muito tempo pela vila, pois trabalha para fora.
A senhora que tivera rido enquanto lhe contara o que poderia acontecer com a sua família.
Um pouco estranho, sem dúvida.
Toda a gente na vila ficou a saber do sucedido. Diziam que teria havido um massacre por ali, então toda a gente, e ainda nos dias de hoje, temia que o homem voltasse. E que atacasse mais gente.
Dois anos teriam passado, mas a mente da pequena garota ainda vivia aquele momento.

Eram 4h da manhã, e por mais estranho que fosse, sentia falta da sua casa, e por isso demorava muito a adormecer. Por mero acaso, dois anos tinham passado e a rapariga ainda sentia falta do seu quarto, da sua cama, da companhia.
Decidiu levantar-te, calçou os chinelos e dirigiu-se à cozinha. As velas estavam acesas dava para ver pela claridade. Sentia a presença de alguém, mesmo ainda antes de entrar lá. Ouvia barulho, talvez estivesse a comer ou algo do género.
Quando entrou na cozinha deu um salto e gritou:
- AAAH! QUE MERDA É ESTA?
- Então Cho! Isso são maneiras? – Perguntava o homem – Sou assim tão feio?
“ Se não é, fodasse” pensou a rapariga olhando-o.
- Acho que já te posso dar os parabéns! – Sorria enquanto o dizia – Parabéns pelos teus 16 anos, minha querida.
“Boa! Agora está a ser simpático, valha-me deus” pensava enquanto sorria.
- Obrigada! Já me esqueci do que vinha aqui fazer..Vou dormir. – Disse dirigindo-se para o quarto.

Eram 8h da manhã, Amaya tinha entrado pelo quarto, afastando as cortinas que agora faziam com que o sol entrasse e iluminasse o local por completo.
- Vamos Cho! Toca a acordar, é o teu dia de aniversário! – Gritava a mulher de voz fina, como um passarinho.
- Hmm.. Está bem.. Já…
- AGORA! – disse saindo do quarto, dando-lhe privacidade.
- .. ME LEVANTO! – Gritou enquanto saltava da cama.
A rapariga levantou-se e vestiu-se, tinha de se preparar para o seu dia de aniversário. Desde que a sua irmã fora assassinada que nunca tinha querido festejar o seu aniversário, até hoje.

Cho avançou para a porta do quarto, não ouvira ruído nenhum, talvez Amaya tivera ido sair mais o seu marido.
Continuou a andar e desceu as escadas e para seu espanto havia bastante comida nas mesas. Não ligando continuou e quando desceu o ultimo degrau várias pessoas saíram da cozinha, debaixo das mesas. Sendo que estas estavam cobertas com grandes toalhões.
Todos disseram:
- SURPRESA!
A rapariga assustou-se e não sabia como reagir, dizendo:
- Que merda vem a ser esta?

Amaya e o seu marido não se encontravam na sala onde estavam todos os convidados. Estava lá muitas pessoas da vila, as amigas dela e vários rapazes. Mas houve um, que por momentos, lhe despertou atenção. Estava atrás de todas as pessoas, fixado nela e com um pequeno sorriso.
Parou de olhar para ele e pensou no que fazer.
- Não há festa para ninguém, vão-se todos embora! – Gritou saindo pela porta da frente.

Dirigiu-se para a floresta. Mais propriamente o local onde estivera com a irmã pela ultima vez.
Era ali que falava com ela, por mais estranho que parecesse.
- Mai, sempre pensei que estivesses aqui comigo.. – Sentou-se – Porque hoje também fazes anos.
Ninguém respondera, mas na sua cabeça toda a conversa fazia sentido.
- Pois, e eu vou encontrar o cabrão que te matou! – As lágrimas começavam a escorrer pela face, porque não era um assunto fácil de lembrar. – Vou vingar-te.
Limpou-as e olhou em frente. À sua frente via Amaya aos beijos com o seu marido. Como não tivera reparado antes?
Levantou-se e dirigiu-se para mais perto. Não ia crer no que vira! Afinal não era o seu marido, era apenas um outro homem.
Avançou mais um pouco e tropeçou. Caindo e fazendo barulho. Eis que eles se assustaram e pararam.
Viram a rapariga, e suspiraram de alívio, podia ser algo pior.

Começou a correr em direcção ao meio da floresta, sabia lá do que fugia ou mesmo do que temia.
Correu tanto tempo que ficou cansada, parou ao pé de uma velha cabana. Realmente estava podre, não tinha o tecto completo.
Como curiosidade decidiu aproximar-se. Mas como estava a escurecer não conseguia ver nada.
Abriu a porta velha e só via negro, a escuridão começava agora a apoderar-se.
Entrou procurando uma luz. Mas nada. Aos apalpões encontrou uma lanterna, mas mesmo esta não funcionava.
Voltou para fora. Fez uma fogueira, demorando um tempo. Pegou fogo ao pau, apagou a fogueira com a areia que se encontrava pelo chão, mais propriamente terra e dirigiu-se para dentro.
Não podia crer no que via! As lágrimas começaram a descer a sua bela face.
Ouviu ruídos, vindos de fora. Seria melhor esconder-se. Havia uma mesa lá, repleta de sangue. Escondeu-se debaixo. Sentia o sangue a cair por cima dela.
Por momentos não poderia ser vista. Quanto ao pau, apagou-o e mandou-o lá para um canto. Mas tinha-se esquecido de fechar a porta.
Não se conseguia acalmar. E cada vez chorava mais.

- Alguém esteve aqui! – Dizia uma voz vinda lá de fora.