- Tudo começou à oito anos atrás, numa altura em que eu era ingénuo demais para prever o que viria a acontecer.

*** FlashBack ***
Uchiha Kisuke, 18 anos, Chuunin de Konoha

Em frente ao edifício do Hokage eu esperava ansiosamente pela resposta, seria um grande passo para o meu melhor amigo e teria de estar ao seu lado quer fosse para festejar ou, caso as coisas corressem menos bem, para o animar por ter chumbado no exame de admissão ao rank Jounin. Enquanto ele estava no gabinete do Hokage, esperando receber o resultado da sua prova, eu permanecia cá fora, esfregando repetidamente os meus longos cabelos pretos tal era o estado de nervos em que me encontrava. Passado alguns minutos, que para mim pareceram longas horas de espera, o rapaz de cabelos verdes finalmente saiu do prédio:

- Então, como correu? - Perguntei, aproximando-me dele enquanto tremia freneticamente.
- PASSEI! - Gritou, abraçando-me e dando vários pulos de alegria.
- Parabéns, Kurai! Agora és um Jounin. - Declarei, tentando-me convencer a mim próprio de que aquilo era mesmo verdade. Estava em êxtase pelo sucesso do meu companheiro e, olhando para ele, era possível ver a felicidade transbordar da sua face: os seus olhos verdes brilhavam mais do que nunca, deixando escapar uma esperança inabalável e o seu sorriso de orelha a orelha contagiava qualquer que se encontrasse com ele naquele momento.
- Tens razão. - Respondeu o meu antigo companheiro de equipa, começando agora a recompor-se e ganhar consciência do que tinha alcançado, bem como o dever que este novo posto acarretava. - Tornei-me Jounin e já recebi a minha primeira missão como tal.
- A sério? Tão cedo?
- É verdade, disseram-me para preparar as minhas coisas e que partiríamos esta noite. - Explicou Kurai, enquanto caminhávamos pelas ruas de Konoha. - Parece que o Inverno em Yukigakure tem sido dos mais rigorosos dos últimos anos e têm relatado também ocorrências de alguns ataques de Nukenins, por isso decidiram pedir ajuda a Konoha.
- Parece ser uma coisa importante...
- Sim, é mesmo. Para além disso, teremos de ficar por lá durante dois meses para garantir que tudo volta ao normal. - Concluiu o Jounin mais recente de Konoha, antecipando agora alguma nostalgia no seu rosto.
- Deixa lá isso, vais ver que passa num instante e depois voltámos estar todos juntos. - Retorqui, na tentativa de o animar e acabando por me lembrar de algo. - É verdade, se vais embora hoje então tens de te ir despedir da Misaki. Ela deve estar a estagiar no hospital, vamos! - Exclamei, puxando-o pelo braço até ao centro hospitalar da vila.

Em poucos minutos, entrámos no hospital e vimos a bela Hyuuga Misaki passear pelos corredores com o seu uniforme de enfermeira-estagiária.
- Olá. - Disse eu, acenando e sorrindo abertamente para a rapariga que me abraçou fortemente assim que me viu.
- Já estava com saudades tuas. - Declarou ela, corando um pouco.
- Eu também mas vim aqui por outros motivos. O Kurai foi promovido a Jounin!
- A sério? Parabéns! - Afirmou a jovem, abraçando agora o rapaz de cabelos verdes, o qual lhe contou em seguida da sua primeira missão como Jounin. Um pequeno silêncio envolveu-nos por breves momentos enquanto pensávamos nos bons momentos que tínhamos passado como equipa.
- Bem, não podemos ficar agora todos nostálgicos e deprimidos. - Disse Misaki, quebrando o silêncio.
- Tens razão, temos de pensar é no futuro. O Kurai vai começar agora uma nova etapa como Jounin, a Misaki brevemente será promovida a enfermeira e eu começarei amanhã a trabalhar com o meu pai na força policial de Konoha. - Acrescentei, num tom entusiástico. - Podemos já não fazer parte da mesma equipa, mas continuaremos sempre juntos.
- Exactamente. - Anuiu a Hyuuga, com um sorriso rasgado.
- Sim, pelo menos vocês dois continuaram juntos. - Troçou Kurai, fazendo referência à relação entre a Misaki e eu. - Agora que já não fazem parte da mesma equipa, vão finalmente oficializar o vosso namoro? - Inquiriu o Jounin. Contudo, não houve qualquer resposta. A verdade é que ainda não tínhamos pensado sobre isso, estávamos bem daquela forma e não havia necessidade em apressar as coisas.
- Desculpem, tenho de voltar ao trabalho. - Interrompeu a rapariga de longos cabelos negros, apressando para ir ao encontro de um dos médicos que a acabara de chamar.