Filler 3 – A Fuga
“Percorro pela floresta, não sei de quem fujo, não sei para onde vou, nem sei o que me ia acontecer. Por detrás deixava o que me era importante, apesar de não ser em quantidade, pelo menos era em qualidade. É o que dizem: Quantidade é melhor que qualidade!”O Sol estava perto de desaparecer, já fazia duas horas em que eu deixara a minha mãe para trás, mas não fui corajosa de a abandonar. Em duas horas eu mal saíra perto de Kusa, simplesmente eu não conseguia abandonar a pessoa que mais amo no mundo, assim, sem mais nem menos.
-Ali está ela! – Brame um sujeito que corre na minha direcção, viro-me para ele e deparo-me com um grupo de cinco homens a saltarem para cima de uma árvore enquanto olham para mim.
Estava num clarão, rodeada por inúmeras árvores e alguns pedregulhos. Por cima de mim pousava um grupo de Shinobis de Kusa, com um pouco de luz, consigo reconhecer o que estava na liderança do grupo, mas não me surpreendo.
-Nadeshiko-san, volta para vila. Agora! A traição é punida com morte! – Vocifera o líder enquanto me olha furioso.
Dou um pequeno sorriso e começo a remexer no leque enquanto olhava para o homem que me tentava convencer, indiferente ao seu olhar furioso – Pois é pai, para ti sou só uma arma. Uma mera arma nunca poderia fugir da sua “vilinha”, pois ela nem tem pernas não é?
-Pára de te chamar arma! Tu és minha filha, e serviste orgulhosamente a vila ao tornares-te numa boa Kunoichi, mas não podes fugir de Kusa! Kusa é a tua pátria, tens que defender esta vila com o teu sangue, se morreres pela tua vila, então tiveste uma morte honrosa!
-Se eu tiver uma morte honrosa, não iam os meus ente queridos sofrer por mim, pai? – Pergunto, retirando o leque e abrindo-o cuidadosamente, para que o meu pai nem o grupo reparassem.
-Filha, eu nunca choraria por ti. Ao saber que morreste por Kusa, eu sei que serviste bem o povo. Que a tua morte não foi em vão, logo não merecia ser chorada! – Responde orgulhosamente a pessoa que mais ama Kusa, defendendo a sua teoria, apesar de que os meus ouvidos só perceberem que ele me está a chamar de “arma” indirectamente.
-Pois, as armas não têm mortes em vão… Não quero saber do que pensas sobre mim em relação à tua querida vila. Só sei que vou embora, pelo bem da minha mãe! – Grito virando-lhes costas.
-Criança estúpida… - Sussurra o meu progenitor, enquanto retira uma kunai do bolso, todo o grupo que o acompanha faz o mesmo movimento, e depressa estavam a atirar os arremessos metálicos na minha direcção – Kusa não permite desertores!
Oiço o raspar das pontas afiadas das kunais no ar e apercebo-me do ataque. Num gesto rápido, abro o leque e faço um movimento vertical enquanto grito – Senmofu! – Após gritar, uma rajada de vento protege-me dos arremessos empurrando-os para trás, esta rajada de vento ainda empurra o grupo de Shinobis de Kusa fazendo-os cair do ramo até colidirem com o solo.
Volto a fechar o leque, mas não o guardo nas costas, eu sabia que o meu pai ia-me caçar até ao fim do mundo. “Dou a minha vida por Kusa!”, exibia orgulhoso, “Kusa é a minha vida!”. Entro pela floresta na esperança de chegar á vila governada por Tsuchikage, o mais rapidamente possível. O problema é que eu não sabia o caminho, só sabia fugir do meu pai até que anoitecesse, quando ele iria cessar as buscas e voltar para a vila, pois à noite qualquer Shinobi que estiver fora da vila, excepto em missões, será considerado traidor.
Evito os troncos que se atravessavam à minha frente, saltava por cima das raízes que afastavam o solo para poderem crescer normalmente. Mas a minha corrida é parada quando vejo uma kunai a bater mesmo à minha frente, cravando-se num tronco. Olho para trás e o grupo já me havia apanhado, desta vez guardo o leque nas costas e preparo-me para o que vinha.
-Apanhem-na! – Ordena o meu pai, um Shinobi parte na minha direcção ferozmente.
Abaixo-me e faço um pontapé rasteiro circular (Konoha Reppu), este é apanhado desprevenido e bate com as costas no chão. Outro Shinobi salta na minha direcção, de um salto, acerto com um pontapé na cara que era seguida por outro pontapé na barriga, atirando-o violentamente contra um tronco de uma árvore (Konoha Daisenpu).
-Pois, as “Criança Soldado” são mesmo complicadas e teimosas… - Comenta o meu pai, os homens que tinha abatido, voltam a reunir-se com o seu líder como se não tivessem levado com nada.
Eu aguentei-me naqueles dois ataques, mas eles eram Chunnin, por muito que eu tentasse eles acabariam por conseguir derrotar-me e arrastar-me até Kusa, onde eu seria mantida debaixo de olho a tempo inteiro. O meu pai aponta para mim, e outro homem tenta agarrar-me, abaixo-me de novo, mas desta vez quando o inimigo chega perto, aplico um forte pontapé na barriga, projectando-o para o ar (Konoha Shofu), à medida que eu faço este ataque, mostro, descuidadamente, a minha roupa interior para os homens e para meu pai.
-Oh, oh, oh…. – Babava-se um dos homens, reconheço esta voz esganiçada, era o homem que ia “violar-me” em minha casa só por me ter visto numas posições menos próprias.
-Ela ainda é minha filha, saco de merda! – Grita o meu pai dando um mosquete na cabeça do subordinado, sorri-o pelo meu pai me ter defendido, mesmo eu não passando de uma “arma” para ele.
Mas a fúria pela tentativa de violação ainda não me tinha passado, abaixo a perna rapidamente, escondendo o que tanto excitava aquele ser, e abro o leque velozmente, antes que o meu pai se consiga lembrar de algo, já estava a sofrer sucessivos cortes invisíveis em pleno ar enquanto eu gritava – Kamaitachi no Jutsu! – A rajada de vento faz inúmeros danos no grupo, até no que foi projectado para o ar, caindo depois no solo inconsciente. As próprias árvores eram desfeitas em pedaços ao longo que eu atacava ferozmente.
Enquanto estes estavam ocupados, aproveito para dar meia-volta e continuar a fugir. Já me estava a cansar demais só para chegar à vila que me iria refugiar. Mas, sinto uma mão a puxar-me o braço, e com força. Solto um leve gemido e olho para trás, o meu pai, com a cara e corpo todos arranhados, agarrava em mim bruscamente, olhando-me furioso. Podia sentir a mão áspera e rude a segurar-me na pele suave e fina do meu braço, provocando-me dores incontroláveis.
-Largam-me! – Gritava enquanto resistia à força dele e tentava suportar a dor psicologicamente, não queria mostrar parte fraca.
-Vais comigo para a vila. Pode ser que o Daymou te perdoe! – Grita o meu progenitor enquanto me puxava, e com sucesso, para perto dele.
Tento dar uma estalada na cara dele, mas este segura-me no outro braço com ainda mais força. Remexia-me e remexia-me para tentar livrar-me daquele homem ao qual eu já não chamava de pai, mas ele não me largava. Ele preferia que eu morresse às mãos de Kusa, do que deixar-me fugir como a minha mãe pediu. Apetecia-me cuspir-lhe na cara, só para mostrar a repugnância que eu sentia por aquele monstro. Uma névoa começa a alastrar-se à nossa volta sem reparar-mos, a nossa mútua fúria cegava-nos totalmente, das acções que se iam seguir. Só damos pela névoa, quando já não distinguíamos o nosso redor, nem o meu pai encontrava o grupo dele.
-Que porra é esta? – Pergunta largando-me finalmente enquanto anda às rodas a tentar procurar o seu grupo.
Coço na zona dorida, enquanto olho irritada para o homem que mais odiava no mundo, naquele momento. Mas não tenho muito tempo para ter este sentimento, alguém bate na parte detrás do pescoço, não sei o que aconteceu, não sei quem me acertou, nem sei o que iam fazer comigo. Mas naquele exacto momento eu desmaiei ali. O que me iria acontecer?
CONTINUA….