O Sol entrava a jorros pelo meu quarto, quando acordei animadamente. Levantei-me num ápice e vesti-me ainda mais rapidamente. Desci as escadas a correr e esbarrei literalmente com o meu irmão mais novo, que apenas protestou, mas não se alongou muito. Afinal, era o meu grande dia. Ia-me graduar Gennin na Academia. Ou não… Mas naquele exacto momento, sentia-me confiante e pronto para tudo.
Entrei na cozinha de rompante, e a minha mãe, com o susto, deixou cair um pires em que se encontrava a manteiga.
-- Tem mais cuidado! – gritou-me, na típica voz de mãe enfadada. Mas não adiantava nada. Eu já ia longe, com um pequeno pão na mão.
Cheguei à Academia e comecei a receber os típicos olhares de soslaio. Ser o mais velho da Academia não é motivo de orgulho. E o que os meus colegas sentiam por mim, era a prova. Apenas uma pessoa parecia não se importar com a minha idade. Tika, conhecida como a rapariga sem medo. Com olhares rápidos, procurava pela rapariga, mas para mal dos meus pecados, acabei por encontrar duas pessoas insuportáveis.
-- Olhem quem ele é… Será que é hoje que te graduas Gennin ? Dizem que à terceira é de vez… - começou um deles pacatamente, enquanto que os jovens em volta se riram jocosamente e aproximaram-se rapidamente, alimentados pela esperança de ver luta.
-- Apenas sai-me da frente, Morada! – protestei, enquanto tentava tornear o robusto rapaz. Eu era demasiado impulsivo e bastava um pequeno movimento da parte de Morada, para me pôr a desancar. E foi o que realmente aconteceu. Quando o rapaz me tentava impedir de passar, metendo-me a mão no ombro, agarrei-lhe o pulso, torci-o e puxei o rapaz na minha direcção, espetando-lhe um enorme soco na barriga, enquanto este se aproximava. O rapaz caiu no chão, demasiado dorido para sequer se queixar. Antes que alguém pudesse dizer alguma coisa, uma voz ribombante fez-se ouvir.
-- OKADA! – bradou uma voz algo familiar
-- Si… Sim, Kakuso-sensei! – gaguejei, torneando a fim de ficar frente a frente com o sensei da Academia.
Kakuso era conhecido pelos seus métodos pouco ortodoxos. Era extremamente exigente e considerava-me um fardo de Suna. Mas eu não lhe fazia caso. Ele era apenas um velhote solitário que gostava de se vingar nas crianças que treinava. Mas uma coisa era certa. Quem se graduava com ele, tornavam-se mais tarde nos melhores.
-- Não tens vergonha de com dezasseis anos, te encontrares a treinar no meio da canalha ? Explica-me como é que se chumba no Teste Gennin duas vezes ! É que a maioria da merda da tua idade anda para aí a fazer missões e afins, enquanto tu estudas no meio dos putos. – começou ele com as suas coisas. Eu apenas acenava que sim, mas no fundo, cagava completamente nele. Apenas ouvi as suas últimas palavras.
-- Portanto, vais ser o primeiro a fazer o teste! – acabou ele, vermelho de tanto gritar – JÁ!
Respirei fundo e entrei na Academia, enquanto era seguido pelos olhares das dezenas de jovens.
Meia hora depois…
Cheguei a casa completamente estafado, mas com um brilho intenso nos olhos. Eu, que era um fraco, tinha-me graduado com as notas mais altas dos últimos anos! Ainda custava a acreditar. A minha bandana encontrava-se amarrada à minha coxa direita e eu não conseguia deixar de olhar para ela. Entrei em casa e um vulto atirou-se a mim. Assustado, soquei-lhe dias vezes, antes de me aperceber que era o meu irmão, ansioso por saber o resultado. Antes que lhe pudesse dar resposta, o miúdo olhou para a minha perna e sorriu imensamente, levando também a que eu sorrisse com ele. Palavra espalhada pela casa, já a minha mãe marcava uma festa de celebração e fazia bolos. Se vinha a minha família inteira, o meu irmão viria também, com toda a certeza. E como não o via à muito tempo, talvez me trouxesse uma prenda. Sim, pode-se dizer que sou oportunista. Ao fim da tarde, a família começou a juntar-se, até que… Chegou o meu irmão. Trazia um scroll, que, num sorriso, me entregou. Fiquei a olhar para o objecto e num ápice, abri-o. O meu olhar salteava entre o scroll e o meu irmão. Que era suposto eu fazer com aquilo? Ele percebeu a minha confusão e riu-se imenso. Claro está que fiquei ainda mais confuso.
-- Oh manito, não sabes um simples jutsu de convocação? Tsc, tsc, parece-me que tenho coisas para te ensinar. Mas não hoje! Dá cá isso – acrescentou, rindo-se.
Abriu o scroll, entendeu-o no chão e bateu com a palma das mãos no mesmo. Uma luz alaranjada fez ver, seguida de um clarão de fumo. Enquanto se desvanecia a fumaça, uma pequena marioneta fazia-se ver. O cheiro a verniz e madeira encheu-me as narinas. Quando o fumo se desvaneceu completamente, é que pude apreciar a marioneta na sua total beleza. Tinha aspecto humano, de uma tez castanha clara e dois olhos de vidro. O meu irmão, fez um Kugutsu no Jutsu e habilmente, fez com que duas espadas ocultas, saíssem dos braços da marioneta.
-- Considera-a tua, maninho! – disse com um sorriso.