Quadro
Não estava habituada a treinar em ambientes desconhecidos, muito menos a ser alvo de toda a atenção. Mas ali estava ela, numa rua deserta, e com Yori a fitá-la expectante. Aruko cruzou os braços. Onde raio é que eu me fui meter?
— Sabes que quando vim, estava à espera que me ensinasses alguma coisa.
O riso grave dele quase a fez rir também — Aruko-chan, tu estás tão abaixo do meu nível que se eu lutasse contigo agora, não ias durar dois minutos.
O humor esvaiu-se — Aguentei-me contra aqueles dois.
Yori revirou os olhos — Por favor, como se eles fossem alguma coisa decente. — o olhar furioso da rapariga fez com que ele sorrisse amigavelmente — Mas pelo menos aguentaste-te até te virmos buscar. Não foi mau considerando a tua…
Aruko ergueu uma sobrancelha — Considerando a minha…?
— Bem, eu ia dizer falta de talento, mas acho que “inexperiência” soa a algo mais politicamente correcto.
A morena abriu a boca em indignação antes de a voltar a fechar, a raiva impedindo que qualquer som escapasse da sua garganta. Virou-lhe as costas e caminhou em direcção ao muro degradado à sua esquerda. Não preciso da tua ajuda para absolutamente nada.
Concentrando uma quantidade considerável de chakra no punho, embateu-o com força contra as pedras. Sem surpresas, o alvo desabou aos seus pés.
— Isso era suposto impressionar-me? — o tom transbordava de sarcasmo, obrigando-a a morder o lábio para não replicar.
Encostou a mão ao peito, a cabeça baixa e dor espelhada nas suas feições. Num abrir e fechar de olhos, sentiu as mãos quentes do moreno envolverem a sua.
— Sinceramente, se queres partir alguma coisa, pelo menos concentra chakra suficiente para não partires a-
Antes que pudesse analisar o grau dos ferimentos ou terminar a frase, Aruko deixou o chakra concentrar-se nos braços e nas pernas, e num movimento rápido, elevou-o no ar antes de embater as costas dele com força contra o chão lamacento. O riso dele quebrou de imediato a breve sensação de superioridade que a morena sentiu.
— Aproveitaste-te da minha boa vontade. — acusou.
— Um ninja não é suposto baixar a guarda.
— Facto. — concordou uma voz atrás de si, fazendo os olhos dela abrirem em choque quando sentiu algo encostado às suas costas.
O corpo que ela ainda segurava contra o terreno dissolveu-se no ar, permanecendo apenas o original atrás de si. Quando é que ele se clonou?!
— Aruko-chan, não estavas mesmo à espera que eu caísse num truque tão simples, pois não? Eu estou a fazer um esforço para não me sentir insultado.
A morena levantou-se e virou-se na direcção dele, vendo a kunai apontada na sua direcção. O sorriso divertido de Yori anulava por completo o seu tom de indignação. Os olhos azuis-escuros estudavam-na atentamente, fazendo o seu estômago revirar de nervosismo.
— Vais guardar isso? — perguntou, acenando para o objecto de metal.
Não obteve resposta, invés disso, o homem inclinou a cabeça em sinal de curiosidade — Porque é que te quiseste tornar ninja.
Aruko arqueou uma sobrancelha. De onde é que veio isso? — E o teu interesse é…?
Yori voltou a guardar a kunai na bolsa presa à perna esquerda, ignorando a pergunta — Bem, já que estás tão decidida, eu vou ajudar-te a treinar.
É bom que estas mudanças de assunto sejam provisórias. — Vais?
Ele acenou antes de tirar uma chave do bolso. Não precisou de dois segundos para a reconhecer. — Como é que tu-
— Caiu do teu bolso quando te levávamos para casa da Hisoka-chan. De qualquer forma, se a quiseres de volta, vais ter que a encontrar — interrompeu, estendendo o pequeno objecto para o ombro direito onde, do nada, surgiu uma pequena aranha.
Para seu choque, o animal criou uma ténue teia à volta da chave, puxou-a para si, e desapareceu numa nuvem de fumo. Yori aproximou-se da rapariga, os olhos fixos nos dela.
— Durante doze horas poderás procurar, sem qualquer tipo de temor. Mas tem cuidado porque quando a lua se estrear, — baixou-se, aproximando os lábios do ouvido dela — essa busca pode dar origem a nada mais que dor.
Viu-o desvanecer-se à sua frente encontrando-se só em segundos. Engoliu em seco. O coração martelava contra o peito, o ar parecia mais rarefeito do que o habitual e o silêncio parecia querer afogá-la. Podia jurar que ainda sentia a respiração dele a bater-lhe no pescoço e a voz rouca, em confidência, a terminar a rima, longe de ser digna de prémios, que ele decidira inventar.
Ele sabe que eu posso fazer uma cópia da chave da casa da minha avó assim que chegar a casa sem que ter que alinhar nisto. E ele era suposto estar a ajudar-me a treinar, não a brincar à caça ao tesouro. Abanou a cabeça, olhando para ambos os lados. À esquerda a névoa era densa o suficiente para bloquear-lhe a visão, tornando a sua decisão bastante fácil. Expirou pesadamente, antes de iniciar o percurso pelo lado direito.
Os seus passos intercalavam-se com a sua respiração, os arredores tão silenciosos que se tornavam mentalmente desgastantes. Os seus olhos percorriam cada pormenor da paisagem, numa tentativa de encontrar o mais depressa possível o que procurava, todos os recantos verificados. Lançou um olhar para o relógio, constatando que já tinha passado duas horas, quando chegou a um beco sem saída.
— Deve ser suposto saltares o muro, não?
A rapariga de cabelos negros e de longo vestido branco estava encostada à parede e fitava o obstáculo com um sorriso pensativo nos lábios. Há quanto tempo não a via? Não que ela tivesse mudado muito, mas enfim. Focou chakra nos pés e, tomando balanço para trás, saltou o muro sem qualquer dificuldade. Assim que se preparava para aterrar, viu o chão desaparecer, obrigando-a a cair no que parecia ser um precipício sem fim à vista.
Sentiu o estômago subir-lhe à garganta e a mente gritar em pânico, impedindo-a de manter algum traço de calma. Sem pensar, concentrou uma ridícula quantidade de chakra nos braços e nas mãos, antes de os estender para se tentar agarrar a alguma coisa. Sentia-se a afundar no vazio, a escuridão engolindo-a em segundos. Nunca se sentira tão cega e os seus movimentos tornavam-se cada vez mais desesperados até que os seus dedos roçaram nalguma coisa. Sem hesitar, agarrou-se à superfície áspera, finalmente conseguindo perder velocidade e ficar suspensa.
— Quem diria, não é?
Tinha a certeza que a pergunta inesperada a faria gritar caso a sua garganta não fosse uma cópia de um deserto no momento. No entanto, para sua surpresa, a voz da sua perseguidora oficial surgiu como um alívio enorme.
— Temos que nos soltar.
— Estás a brincar, certo?
— Bem, se ficarmos aqui paradas, não vamos encontrar a chave.
Aruko revirou os olhos — Neste momento, acabar a merda do jogo não é a minha prioridade. Não sei se reparaste, mas se nos soltarmos, morremos.
— Isto é só um teste. Tu sabes disso. — a morena ergueu uma sobrancelha em descrença e, apesar da outra não conseguir ver a sua reacção, parecia ter adivinhado — O Yori não te ia matar assim.
Olhou para baixo, a escuridão tão densa como no momento em que começara a cair. Um genjutsu talvez? Mas qual é a probabilidade de ele conseguir fazer um destas dimensões? Ainda por cima o meu nível nesta área é quase nulo… Eu vou matá-lo. Inspirando o mais profundamente que os seus pulmões permitiam, deixou que o chakra nas suas mãos se dissipasse, sentindo-se de novo a cair para o nada.
Focou-o de novo, desta vez nas pernas, de forma a evitar o choque da aterragem. Se houver chão onde aterrar… Ele está tão morto.
Depois do que pareceu uma eternidade, os seus pés tocaram na superfície tão suavemente que a chocou. Aproveitando o chakra acumulado, iniciou uma corrida rápida em frente, rezando a todos os santos para não chocar contra alguma coisa. O som de um fio a ser cortado quebrou o silêncio segundos antes de Aruko ouvir o silêncio pesado ser cortado por uma série de, ao que lhe pareciam, kunais. Agilmente, deu três saltos para trás, escapando facilmente ao ataque. A rapariga olhou em volta, a sua respiração destabilizada. Ok, desde o momento em que a corda se partiu e o das armas chegarem ao pé de mim foi de poucos segundos, ou seja, viajaram quatro, talvez cinco, metros à minha esquerda.
Deu passos para a frente e baixou-se, os seus dedos percorrendo a superfície fria e irregular até chocaram com o gelo do metal. Pegou na arma e delicadamente delineou os contornos, confirmando as suas suspeitas. Kunais. Umas seis talvez. E o chão é de pedra, tal como o que havia antes de saltar o muro. Sorriu. Teste, ahm?
Em movimentos rápidos, cruzou a distância pretendida e, com um golpe único atravessou a fonte da chuva de armas com a kunai que desembainhou da bolsa.
Fazendo o selo respectivo, deixou a palavra “Kai” escapar dos seus lábios. A escuridão desapareceu, devolvendo-a ao local onde devia ter aterrado assim que saltasse o muro. Virou-se para trás e franziu as sobrancelhas. Uma ilusão como aquela não ia desaparecer tão facilmente. Muito menos quando fui eu a dissipá-la.
— Talvez sejas melhor do que pensas. — ofereceu a estranha. De onde é que ela tinha aparecido outra vez?!
— Não, há qualquer coisa que não bate certo.
A estrada à sua frente estava tão livre de ameaças como era suposto mas havia alguma coisa que… Olhou para a fachada da casa mais próxima, o musgo a ocupar o território da tinta branca em marcha lenta.
— Aruko-chan? — questionou, quando viu a rapariga caminhar em direcção à porta da frente.
Os dedos pálidos tocaram a superfície lisa da madeira antes de a empurrar. O hall era iluminado por uma fresta de luz doada pela desorganização dos tijolos que forravam as janelas, impedindo a visão para o exterior. O soalho estalava por baixo dos seus pés, o cheiro a podridão e a humidade invadindo-lhe as narinas. Não havia mais nenhuma divisão à vista, sendo a única opção subir as escadas que pareciam tão estáveis como areia movediça.
— Isto não é uma boa ideia. — assinalou a rapariga de cabelos negros, a sua expressão alegre substituída por uma de seriedade,
— Tens sempre bom remédio: — Aruko realizou um breve conjunto de selos, a humidade do local mais do que suficiente para surgir a Mizu Kuri no Yaba na sua mão direita — volta para trás.
Pisou experimentalmente o primeiro degrau antes de se aventurar escadaria acima, após confirmar que nada ia desabar debaixo dos seus pés. Mantinha a espada em punho e a adrenalina fazia a sua mente trabalhar da forma mais lúcida possível. A sua sombra tinha sido quase substituída pela companheira que se mantinha tão próxima dela quanto possível.
O primeiro andar parecia ainda mais soturno do que o anterior. O corredor era constituído por paredes cuja tinta parecia querer escapar da prisão a que tinha sido condenada, o chão era da mesma madeira velha e gasta, e apenas uma porta quebrava a monotonia da passagem estreita, sendo aberta sem qualquer cerimónia. A luminosidade da sala era tão estonteante que ambas foram obrigadas a fechar os olhos. Pouco a pouco, os seus olhos foram capazes de descortinar os componentes do local, fazendo tudo aquilo ainda mais irreal.
O candelabro de cristal nascia do tecto em cascatas delicadas, iluminando cada centímetro das paredes claras e do chão de pedra, polida de tal forma que se tornava um espelho. O único objecto que decorava o espaço era um quadro pendurado na parede do fundo, representando uma festa de chá entre duas mulheres de traços delicados e vestidos brancos. Aproximou-se da obra, a atracção provocada pelas pinceladas decididas fundidas com os tons delicados, quase demasiado sublimes para serem observáveis, impossível de resistir. Levou a mão à tela. Era simplesmente lindíssimo.
Um grito rompeu do quadro e Aruko sentiu a mão ser agarrada pelas duas mulheres da obra. As suas feições metamorfosearam-se grotescamente, esticando os braços que, assim que atravessavam a barreira da tela, se deformavam em membros gangrenados que exigiam cada vez mais espaço para a agarrarem. O pânico fez com que a kunoichi erguesse a espada de água e cortasse de uma só vez os braços que instantaneamente se derramaram no chão em forma de tinta. Assim que focou de novo a pintura, ambas estavam no seu local inicial.
— Que raio de lugar é este?! — gritou, a sua voz décimas acima do habitual.
— Doze horas. — sussurrou a outra, os seus olhos esbugalhados.
Aruko fitou o mostrador do relógio apenas para admitir que ela tinha razão. Por isso é que foi tão fácil quebrar o genjutsu. Ele servia apenas para ganhar tempo. Ficámos horas dentro dele, apesar de só termos tido noção de uns meros segundos. Raios!
Sem olhar para trás, correu para fora da divisão, descendo as escadas de dois em dois, a espada ainda firme na sua mão. O seu chakra estava a ser consumido de forma mais acelerada do que era aconselhável, mas a ideia de não ter a sua arma de preferência à sua disposição imediata era impensável. Saiu para a rua deserta e, focando chackra nos pés, iniciou uma corrida baseada em histerismo.
Estava prestes a gritar que desistia, quando os seus olhos apanharam o vislumbre de Kenichi. O homem ia rir-se do alívio que ela sentiu ao vê-lo, mas de momento, o seu orgulho era suplantado pela necessidade de terminar aquele raio de treino. Sem pensar duas vezes, correu em direcção a ele, a espada finalmente devolvida à humidade atmosférica.
— Kenichi!
O alvo do chamamento virou-se para ela, choque nos seus olhos. Antes que pudesse assimilar essa reacção, um vulto apareceu à sua frente e recebeu um golpe directamente na boca do estômago. O ar fugiu-lhe dos pulmões sem qualquer aviso e a dor momentânea apagou-lhe a capacidade de raciocínio.
— Bem, bem, bem. O que temos nós aqui?
Sentiu-se a ser empurrada para trás e a embater contra o chão irregular. Já perdera a conta das vezes que já fora deitada ao chão nos últimos tempos. O negrume da noite parecia ter-se aliado com a névoa para lhe dificultar ainda mais a visão, o seu estômago rugia de dor e o local onde levara a facada dias atrás parecia latejar em antecipação. Focou chakra no abdómen como escudo e, assim que o homem levou as mãos ao cinto, ela realizou os selos a tempo de interceptar a espada desferida sobre si com a Mizu.
— Vai sonhando — sibilou, antes de pontapear o estômago do adversário com ambos os pés ainda armazenados com chakra.
Viu-o dar uma dúzia de passos para trás, dando-lhe tempo para se levantar e olhar em redor. Kenichi tinha desaparecido e um sentimento de traição apoderou-se dela. Não há tempo para isto, Aruko! O homem à sua frente foi envolvido por uma nuvem de fumo no instante em que se começou a reaproximar dela. Ergueu a arma, pronta a atacar, quando o rosto encoberto foi atingido em cheio pela fraca luz dos candeeiros de rua. O seu sangue gelou.
— O que se passa, Aruko-chan?
A voz chilreante deu-lhe vontade de vomitar. Que raio?! Os cabelos loiros caíam desmazelados pelos ombros dela, o seu equipamento habitual substituído por trajes negros. Aruko deu um passo atrás.
— O que estás aqui a fazer?
Emi riu sem qualquer réstia de humor — Vim fazer-te uma visita! Bem, por acaso não, mas já que te encontro… Novo corte de cabelo! Gostava mais do teu antigo estilo, por acaso.
A sua mão fechou-se ainda mais à volta do punho da espada. O rosto da outra estava ligeiramente negro do lado esquerdo e podia jurar que a vira coxear.
— Aproveita que ela está em pior estado que tu! Ela claramente não veio matar saudades. — gritou a sua companheira empoleirada no muro ao seu lado. Emi nem sequer reagiu ao comentário.
A morena franziu as sobrancelhas e deu um passo atrás. Isto não é nada bom.
— Bem, já que não fazes as honras… — e antes que se pudesse preparar, sentiu a lâmina de uma kunai rasgar-lhe a pele do rosto.
A dor cegou-a por segundos mas não foi suficiente para a impedir de escapar agilmente com dois mortais para trás à aproximação da loira. Os olhos dela estavam vazios de emoções, fazendo com que um suor frio a percorresse. A colega voltou a investir sobre si, mas desta vez, não havia qualquer dúvida na mente da morena. Bloqueou o murro facilmente e agarrou-lhe nos braços. Concentrando chakra nos membros superiores, prendeu-a contra a parede, o som das costas da adversária a chocar contra os tijolos arrepiando-a ainda mais.
— O que raio é que pensas que estás a fazer?!
Os olhos claros focaram-se nos seus, a respiração dela tão ofegante como a sua — O que é que achas?
Emi concentrou chakra nos locais onde as mãos da outra a agarravam e produziu um choque eléctrico que obrigou Aruko a largá-la, recebendo de imediato um murro no rosto seguido por um novo golpe no abdómen que a fez cair de costas. O seu maxilar produziu uma onda de dor em forma de protesto. Merda!
Levou a mão à bolsa presa à perna mas viu a sua mão ser espezinhada quase de imediato. O grito de dor escapou-lhe da garganta e os seus olhos fecharam-se por impulso. Pôde ouvi-la a desembainhar a espada de novo, mas o seu cérebro parecia entorpecido pela onda de impulsos que provinham da sua mão direita, encurralada entre a pedra e a sola da sandália de Emi.
Abriu os olhos. A sua visão estava turva pelas lágrimas, que corriam livres pelo seu rosto. A espada permanecia erguida em direcção ao seu peito mas parecia estancada no ar. Não conseguia decifrar o rosto da rapariga à sua frente mas a sua mente não parecia conseguir parar de gritar que algo estava muito errado. Podia ouvir os distantes gritos da rapariga de trajes brancos, mas Aruko não conseguia decifrar palavra nenhuma.
Viu-a a dar balanço aos braços e soube que devia voltar a mergulhar na escuridão que lhe permitiria permanecer na ignorância até a lâmina lhe trespassar todas as defesas, mas havia qualquer coisa no ver a espada aproximar-se de si, que tornava a ideia de fechar os olhos extremamente pouco apreciável.
Sentiu sangue atingir-lhe o rosto, misturando-se com as lágrimas recém libertadas e com o proveniente do golpe anterior, e viu, em choque, o corpo de Emi cambalear para a frente antes de ser agarrado. Só se apercebeu do vulto ao seu lado, quando se sentiu a ser elevada no ar e a ser puxada em direcção à camisola quente da mais nova presença no local. O cheiro a chuva e a mentol que emanava dele, entrou sem cerimónia nas vias respiratórias da rapariga, fazendo com que o seu corpo desse uma pequena convulsão pelo alívio ridículo que a assolou.
— Desculpa, Aruko.
Ela limitou-se a afundar o rosto no tecido e a controlar o choro.