- Citação :
- Com um salto para trás afastei-me de uma das enormes mãos esqueléticas daquele monstro. A alcunha que o seu invocador lhe dava parecia encaixar-se perfeitamente na sua aparência: "Rei das Bestas". Olhei em meu redor, dando uma nova vista de olhos à arena. Todo o campo a nossos pés era areia, rocha e poeira que pairava incessantemente no ar. As paredes que nos cercavam numa figura oval eram de rocha maciça, estranhamente bem unida para uma civilização que não recorria ao uso de Ninjutsu. Do outro lado dos muros estavam enormes bancadas, que por sinal, estavam cheias de gente sedenta de sangue. Pareciam também elas bestas, a gritar, a atropelar-se para conseguirem enxergar o combate que ainda estava para vir.
Hiyama Kyohei
Treino 14
Últimos conselhos
Olhei para a besta que se erguia frente a mim. Olhos nos olhos, ou melhor, olhos nas... cavidades ocular? Continuando, não podia deixar-me abater só pelo tamanho daquele bicho. Inconscientemente já esperava alguma artimanha que desse vantagem ao meu opositor e tinha-me preparado para isso. Cheguei a minha mão esquerda à bolsa traseira e com os dedos senti as shurikens que tinha preparadas. Aquelas pequenas esferas que estavam acopladas às estrelas metálicas fizeram-me lembrar o treino pelo qual as gémeas me obrigaram a passar...
Foi na mesma tarde em que nos foi dito que iria ter que duelar alguém pela acusão que nos atormentava. As gémeas tiraram-me do quarto no qual me fechei e levaram-me para fora de Okuta. Claro que sabíamos que não poderíamos fugir, ao longe um ou dois aldeões vigiavam-nos e estavam prontos para irem a correr que tínhamos escapado, mas isso não era solução. Não só iríamos manchar a ligação entre a vila e Kumogakure, como podíamos pôr em risco as vidas dos nossos três "senpais".
- Levanta-te! - Ordenou-me Nikkou. Mantinha a sua personalidade cheia de energia apesar da situação. Era ela que aguentava o grupo todo. – Vou-te mostrar uma coisa para usares no teu duelo amanhã. – Estranhei e mirei-a. – Não é nada milagroso Kyohei, mas é melhor do que nada...
- Ok, ok... O que tens aí então?
- Isto! – Ela abriu a mão e mostrava-me três pequenas cápsulas, esferas perfeitas de cores diferentes, uma vermelha, outra amarela e uma branca.
- Para que servem? – Perguntei interessado. Tentei pegar numa mas a loira afastou-me logo o braço.
- Já te mostro o efeito. – Com um movimento simples enfiou a esfera encarnada no buraco de uma shuriken e atirou-ma. – Defende!
Com um salto para a esquerda, afastei-me o suficiente para ver a shuriken irromper em chamas no local onde antes estava. Desprevenido, uma nova shuriken raspava-me as calças e também ela explodia com um efeito anormal. Uma rajada de vento circular desequilibrava-me, obrigando-me a defender da terceira shuriken com a minha protecção de braço. Assim que se ouviu o choque dos dois metais, a cápsula amarela da shuriken brilhou e dela saiu electricidade suficiente para me atrofiar os músculos do braço!
- Que porra é esta? – Resmunguei ao tentar levantar-me. Conforme me apoiei no braço esquerdo, senti o formigueiro da electricidade ainda latente e caí de cara no chão. Tsukikage foi quem me ajudou a levantar enquanto Nikkou explicava os efeitos de cada uma das esferas.
- Anda, tenta agora tu. – Com algumas kunais e shurikens já preparadas com as bakudan lancei-me ao desafio.
Lancei a primeira kunai e quando ela se afastou fiz um selo e esperei que ela lançasse algumas chamas... Mas nada. Algo descontente lancei um novo projéctil ao qual esperei que este chocasse contra uma árvore. Notou-se de imediato o efeito da esfera ao se verem as chamas a queimar a superfície do tronco. Atirei uma terceira kunai. Esta, de explosivo eléctrico, explodiu mesmo antes de atingir uma poça de água a meu comando. A última arma que lancei foi uma shuriken que atirei para a folhagem de uma árvore e ao fazê-la explodir com um selo, consegui notar o campo de alcance da esfera de vento que criava.
- Acho que já percebi como isto funciona... Não tens mais nada para me ajudar? – Questionei Nikkou. Para minha surpresa foi Tsukikage quem avançou. Retirou um scroll de uma das suas mangas e ao abri-lo deixou-o cair no chão. Alguns selos e uma pisadela mesmo no centro do seu desenho provocaram o aparecimento gradual de uma poça de água a partir do scroll.
- Suiton – Sui Nohara... – Declarou a gémea de cabelos negros. – Sei que és doton, mas pode ser que te venha a dar jeito.
Aprendi os selos rapidamente e não me pareceu muito mais complexo do que invocar uma arma através de um scroll. Usei um novo scroll dado por Tsukikage e ao fazer os selos, concentrei algum chakra e larguei-o para o pergaminho quando lhe bati com o pé. Logo de seguida senti o meu pé a ficar molhado, sinal de sucesso.
- Óptimo. Agora que já te demos todas as armas que podíamos dar... – Começou Nikkou.
- Só podemos ajudar-te a melhorar as vantagens que já tens, Kyohei-kun. – Terminou Tsukikage.
Terminada a frase, as duas raparigas desapareceram do meu campo de visão. Olhei para trás, para os lados e até para cima. Não se revelavam no campo aberto em que nós estávamos, teriam que se ter movido para a periferia da floresta. Decidi armar-me aos cucos e brincar também às escondidas. Concentrei chakra ao longo do corpo e conforme ia fazendo selos, o meu corpo afundava-se gradualmente no solo até eu desaparecer.
- Agora, é só concentrar-me... – Enviei o meu chakra em pequenos impulsos ao longo da terra. Com o jutsu consegui identificar uma pessoa, às minhas 11 horas afastada apenas por alguns metros. Aproximei-me, certo de que nenhuma delas me conseguia descobrir antes de eu saltar para o ataque. Conforme saltei do chão, saquei da lâmina escondida no braço esquerdo e encostei-a à garganta da rapariga. Pelos cabelos negros que me tocavam na face, identifiquei-a como Tsukikage. – Já só falta Nikkou...
Cometi um erro. Relaxado por ter encontrado uma, não me apercebi que a irmã estava pronta para me atacar. Com um pontapé forte, apanhou-me o tronco e lançou-me para longe da outra gémea. Voltei a ir parar ao descampado e só tive tempo de me erguer e concentrar para erguer uma barreira com o Doroku Gaeshi. O Goukakyuu criado pela loira embateu de frente na parede de terra e ambos os jutsus se destruíram abruptamente.
Senti-me a ficar quente. Ignorei e continuei a luta. Avancei para onde tinha visto as duas e sem demoras atirei uma kunai com um chaveiro explosivo pegado a ela. As pequenas explosões iluminaram a floresta, mas mesmo assim não me revelaram as duas kunoichis. Voltei a sentir-me estranho. O calor começava a ser insuportável. O sol estava tapado por algumas nuvens e o jutsu de fogo de Nikkou tinha sido defendido com sucesso. Não entendia o que se passava e comecei a entrar em pânico com o subir da temperatura a ser cada vez mais rápido. Num instante as minhas roupas começaram a arder e a minha única reacção foi atirar-me para o chão e rebolar sobre mim próprio. Estupidamente, nunca cheguei a notar que apesar das roupas arderem, o fogo não me estava a magoar. Apenas consegui sair do genjutsu ao bater de cara numa rocha saliente. Nessa altura reconheci o truque em que me tinha preso e achei-me ridículo.
- Vá, já chega! Não quero mais disto, afinal amanhã quem vai andar à pancada não pode estar já cansado... – Gritei para o vazio.
- Tudo bem.
As duas saíram da orla da floresta e começaram a juntar-se a mim. Ainda irritado, ataquei-as à socapa! Com duas granadas de luz ceguei-as tempo suficiente para eu me afastar mais delas e assim que recuperaram a visão, apanharam o susto da sua vida. Corri para elas e saltei bem alto no ar. Arremessei uma kunai armadilhada com kibaku fuuda, a qual se desviaram com facilidade, mas o pior estava para vir. Com alguns selos e um pouco do meu chakra, pus ambas sobre a mesma ilusão. Viram-me ainda em pleno salto a fazer os selos de um jutsu que não esperavam e acolheram com um ar de surpresa o facto de eu lhes lançar uma enorme bola de fogo, do mesmo tamanho do Goukakyuu com que Nikkou me atacara momentos atrás. Em plena evasão da explosão criada pela kibaku fuuda, elas não conseguiram desviar-se das chamas, mas não era necessário. Viram e sentiram a bola do jutsu Katon atravessá-las como se nada fosse. Afinal, não passava de uma simples ilusão.
- Pronto. – Declarei ao chegar-me mais a elas. – Agora estamos quites!
Assunto: Treino 14 - Últimos conselhos 
Dom 4 Dez 2011 - 1:20
