[Parte Filler]Os primeiros raios de sol começavam a brilhar por entre a leve neblina naquela manhã fria da Vila do Trovão. O som de passos pesados anunciava a chegada do grande e agressivo Kuwabara, cujo semblante carregado e a habitual cara de poucos amigos faziam com que os transeuntes nem lhe dirigissem o olhar. Sem falar do ameaçador martelo e da bola de espinhos que fazia um par no mínimo devastador com este.
A rapariga da equipa seguia rua acima, de sorriso no rosto, cumprimentando os conhecidos, num passo rápido e decidido. Como ela.
Quem não olhasse para cima dos telhados, nem daria pela sua falta. Ágil e veloz, Mo saltitava de telhado em telhado com uma alegria própria, sem deixar de ser perturbante. No mau sentido.
Sasame já se encontrava no campo de treinos, sentada em cima de um tubo de cimento abandonado por ali, pernas esticadas entreabertas e as mãos apoiadas na superfície do tubo. Levantou-se num pulo ao sentir a presença de alguém. Era Mo. Que parecia falar com alguém… mas…
- Adorável, sim, era mesmo esse adjectivo que eu utilizaria para a caracterizar. – Declarou num tom animado, sem reparar no olhar estupefacto da sua sensei, ao ver que falava com… ninguém?
- Sentes-te bem tu? – Perguntou a rapariga, ainda aparvalhada com a cena. – Estavas a falar com..?
- Hoje chove. – Declarou no tom mais natural deste mundo. – Disseram-me.
- Quem? O teu amigo imaginário não? – Perguntou sarcástica, sem saber como reagir a … alguém no mínimo, invulgar.
- Ele. – Respondeu, olhando por cima do ombro de Sasame. – Consegue sentir as mudanças de temperatura. Eu também não acreditei.
- Ele? – Sasame olhou por cima do ombro e de novo para Mo, à procura de um sinal qualquer que tudo aquilo fosse uma partida. Mas não, aquela amostra de gente parecia acreditar verdadeiramente no que acabara de dizer. E ver. – Tu estás bem?
- O paté de pato vende-se na mercearia? – Perguntou, parecendo ter-se esquecido do que acabara de dizer, fixou o olhar numa folha amarelada que desprendera de um ramo e que agora caia suavemente para o chão. Parecia que a sensei e o resto do mundo se encontravam numa dimensão totalmente oposta, que não conseguia ver nem lhe despertava qualquer interesse.
Nisto chegam Touya e Kuwabara, distraindo Sasame da irritação crescente que Mo lhe estava a causar. O Gordo olhava a sensei com uma faísca de raiva a iluminar-lhe o olhar apertando a pega do martelo, a rapariga parecia estranhamente melancólica. Não parecia achar estranho o humor de Kuwabara e o facto de Mo estar a perseguir uma lesma viscosa de aspecto nojento com um entusiasmo que não lembrava ninguém.
- Bom dia turma! – Saúdou a kunoichi procurando despertar algum entusiasmo por parte dos seus alunos. Interessantes e Únicos. Para não dizer pior.
- Bom dia Kurohoshi-sensei! – Saúdou Touya, Kuwabara soltou um grunhido indecifrável e Mo pareceu não prestar qualquer atenção. A rapariga suspirou e retirou meia dúzia de punhais da sua bolsa, atirando dois a cada um.
[Parte Treino]Kuwabara desfê-las com um golpe do seu martelo, Touya apanhou-as, Mo limitou-se a baixar-se, desviando-se “acidentalmente” destas.
- Vocês os dois treinem sozinhos, atirem kunais a árvores ou leiam revistas porno, tanto me faz. Quero ver do que a criaturazinha é capaz. – Ordenou com ar de “generala”, Touya e Kuwabara assentiram-se e iniciaram um pequeno combate.
Sasame com um Shunshin no Jutsu aproximou-se rapidamente da criança preparada para lhe desferir uma joelhada, mas acabou por atingir um pedaço de madeira velha. Sentiu o chakra de Mo por ali perto e deu com ele em cima de um tronco de árvore, deitado de barriga para cima.
- Katon: Housenka no Jutsu! – Uma enorme bola de fogo jorrou da boca da kunoichi e avançou em toda a sua fúria na direcção da criatura incauta, que concentrando algum chakra utlizou o Shunshin no Jutsu para escapar ao fogo. Sem lhe dar tempo para descansar ou se distrair a kunoichi atirou-lhe duas kunais, que Mo evitou concentrando chakra nas pernas para se impulsionar num pequeno salto.
Sasame sorriu de esguelha, e fez mais um conjunto de selos, executando assim o Gogyou Kobushi no jutsu, executando o Shunshin no jutsu aproximou-se de Mo tentando atingi-lo no estômago, Mo desviou-se ágil como um felino, fazendo com que Sasame falha-se por centímetros. No entanto um sorriso sinistro na cara de Sasame fez com que Mo se assustasse, uma réplica em fogo do seu punho atingia-o no estômago com violência, queimando-o levemente e deitando-o ao chão.
- Já dói, han? – Troçou Sasame. Mo levantou-se num salto após apagar o fogo da sua camisola já meio comida pelas traças. Mo concentrou um pouco de chakra e utilizou o Shunshin no Jutsu, reaparecendo num tronco de uma árvore, concentrando chakra na sola dos pés e utilizando o kawarimi no jutsu, encontrava-se de cabeça para baixo.
Mo limitou-se a sorrir de uma maneira que arrepiava Sasame profundamente, esta não perdeu tempo e atacou com um Bi Naga No Jutsu (que após meses de muito assédio sexual e insistência da sua parte conseguiu convencer Rima a ensinar-lhe esta técnica), expelindo duas serpentes de fogo de tamanho respeitável na direcção de Mo.
Este saltou do tronco para o chão, e concentrando algum chakra executou o Shunshin no Jutsu conseguiu desviar-se da primeira serpente, mas tal não impediu que a segunda lhe passasse de raspão pela perna esquerda após um Shunshin que não fora executado a tempo. A criança não conseguiu evitar um esgar de dor ao sentir a pele ser queimada, mesmo sendo uma pequena área.
O que Sasame não reparou foi que a pequena criatura concentrava chakra e murmurara algo tão baixo que não conseguira ouvir. Um pequeno círculo de folhas desenhou-se em torno da kunoichi, que não deu importância julgando tratar-se de uma pequena brisa. Pegou Mo pela corda que este trazia no pescoço e atirou-o contra uma árvore, onde a criança embateu com certa violência mas sem oferecer resistência.
- Não te levantas? – Perguntou Sasame, nisto um grito demasiado familiar soou por detrás de uma pilha de tijolos. – RIMA! – Durante uma fracção de segundo quis ir correr em direcção da prima que jazia semi-consciente numa poça do seu próprio sangue, mas depressa se recompôs, aquilo usara o “Magen: Narakumi no Jutsu”, e concentrando algum chakra murmurou “Kai”quebrando o genjutsu. – Afinal sempre tens algum truque na manga.
-Ela diz o mesmo. – Respondeu Mo, antes de voltar a concentrar chakra e desaparecer do campo de visão de Sasame o tempo o suficiente para executar o Kasumi Jūsha no Jutsu. Clones de Mo começam a surgir do chão sorrindo horripilantemente, Sasame suspirou aborrecida, nem se perguntando quem seria “ela”.
A kunoichi tornou a concentra chakra do tipo fogo e executou Housenka No Jutsu em todos os clones no seu campo de visão, só parando quando ouviu um “ai” infantil, ai cancelou o genjutsu com o Kai e encontrou Mo com uma manga da camisa queimada e provavelmente com algumas queimaduras no braço e mão direita.
Sasame investiu contra Mo com o Houka Kasai no Jutsu, com uma velocidade estonteante pronta a desferir o soco final que deixaria a criaturinha inconsciente, mas eis que no segundo final, num movimento absurdamente ágil, Mo desvia-se concentrando algum chakra nos pulsos e impulsionando-se para o mais longe possível da zona de impacto. A kunoichi olhou incrédula para a pequena cratera que se formara no chão ao ver que Mo, de alguma maneira, se conseguira escapar.
Nisto, Kuwabara e Touya aproximam-se do local do estrondo, procurando saber o que ocorrera momentos antes.
- Como conseguiste? – Perguntou, enquanto Mo se levantava, cambaleante. – Como soubeste o exacto local onde eu iria investir?
- Ah, tu sabes. – Respondeu Mo descontraidamente. – Avisaram-me.
- Avisaram-te? Quem? – Perguntou Sasame confusa.
- As vozes na minha cabeça.
Dun! Dun! Dun!
Assunto: Treino 1 - As Vozes na Minha Cabeça 
Qua 2 Nov 2011 - 22:49
