Citação :

Antes do primeiro filler.

Aquela era a minha oportunidade. O homem que eu tinha que matar estava ali, à minha frente. Cabelo vermelho e longo, olhos escuros e pele pálida e um ar de malvadez. Zakura Moto, era o seu nome. Fixei-lhe o olhar ali, na ponte Gotai, apenas se ouvia o vento e o restolhar da água do rio que fluía debaixo dos nossos pés, fluía por baixo da ponte. Zakura falou primeiro:

- Mais um merdas de um caçador de recompensas. Estes palhaços havidos por dinheiro nunca se cansam. – Disse, como se falasse para si próprio.
Continuei em silêncio e tentei manter toda a concentração e não desviar os meus olhos de cada um dos seus movimentos. Quem me encomendou a sua morte disse que o processo não seria nada fácil, parecia saber do que falava.
Zakura tirou duas adagas das pequenas bainhas que possuía na parte de trás do seu quimono branco. Fez as lâminas curvas rodopiarem nas suas mãos e colou o seu corpo em posição de batalha.

Vi o seu pé esquerdo deslizar para o lado e a minha mente ordenou-me, fugazmente, que o imitasse. O seu pé outro pé iniciou uma corrida tão veloz que nem me deu a chance de desembainhar a minha catana. Quando o inimigo chegou perto de mim, começou a disferir alguns ataques com as adagas. Eu comecei a esquivar-me e travei alguns dos ataques com os pés. Baixando-me, saltando e quase deitando-me no chão, fui evitando os ataques que podiam causar sérios danos a quem não fosse assim tão ágil. Quando encontrei uma abertura, apliquei um golpe na barriga com a mão direita e uma rasteira rápida e deslizante no solo.

Empurrei Zakura para trás e apliquei-lhe um pontapé na garganta, isso fê-lo tombar e arrastar-se pelo chão, ganhando eu algum tempo para pensar e retirar a minha catana da bainha. Agarrei o cabo vermelho-rubi da minha catana e senti o gelado das suas pedras preciosas nela cravadas. Esta foi a minha vez de atacar, iniciei a minha corrida com alguns shushins pelo meio e quando cheguei a Zakura tentei atacar com toda a força. Este também não ficava a perder em velocidade, esquivou-se agilmente de todos os meus golpes excepto de um, que lhe rasgou parte do tecido do quimono no seu ombro esquerdo.

Zakura saltou para trás e ao mesmo tempo fazia selos. Cuspiu um jato de água e eu fui rápido o suficiente para contrapor com um endan. Após um longo medir de forças, os elementos sessaram e nós partimos novamente para uma corrida. Tive que usar o Kawarimi para me esquivar de um ataque que poderia ter sido fatal. O tinido do metal que chocava violentamente ecoava ao longo da ponte. A minha lama, ocasionalmente, passava ao lado da sua cabeça, e as suas adagas queriam cortar-me ao meio. O meu primeiro corte foi feito na sua bochecha direita e o seu primeiro estrago em mim foi causado no peito, as lâminas rasgaram o meu quimono e fizeram um lanho na minha pele.

Afasta-mo-nos os dois e, recompondo-me rapidamente, voltei a usar o ededan. A rachada de labareda atingiu o alvo fazendo-o grunhir e dissipou-se . Quando as chamas se dissiparam senti algo a nascer do chão e a prender-me os pés, era algo parecido com duas heras que se enleavam nas minhas sandálias pretas. Zakura, chamuscado, ria-se à minha frente. Aflito, tentei soltar-me, mas aquelas cordas na natureza pareciam exercer um grande peso sobre mim. Zakura usou algum shushins na corrida até a mim e acertou-me com um pontapé rotativo na cara. Consegui verificar que aquelas cordas verdes eram tão fortes que não me deixavam cair. Eu balançava sobre mim mesmo e sangrava cada vez mais à medida que Zakura ia desferindo ataques com os pés e punhos, corria alucinantemente veloz em meu redor e ia-me aplicando pontapés no pescoço e socos na barriga.

- Então, estás a gostar? Haha. – Ironizou ele. Pontapeou-me nos joelhos. Eu sentia-me cada vez mais pesado… morto. Balançando sobre mim próprio, esvaído em sangue. Os olhos iam fechando e as pálpebras estavam cansadas, estava completamente dominado pela dor, tanto que chegava a parecer comum. Zakura fez uma das adagas rodopiar na sua mão e vi-a senti a lâmina beijar as entranhas do meu abdómen. Nunca pensei que fosse possível morrer de dores mas naquele momento, essa mesma metáfora fez todo o sentido. A lâmina perfurou tão velozmente a pele e carne que foi apenas sorte não me ter dissecado o estômago e pô-lo à vista. A sua mão continuava a pressionar o cabo da lâmina e o seu copo juntou-se ao meu para exercer pressão.

- Já acabou… Fracote? – Disse ele, numa troça venenosa e de pura malícia. Trinta segundos foram passados em silêncio, enquanto aquelas palavras ecoavam na minha cabeça, a lâmina fazia arder o meu estômago e o sangue pingava em gotas grossas no chão, formando uma poça vermelho-escura no chão. Um cheiro nauseabundo a sangue fresco invadiu o ar.

Nunca gostei que me chamassem fraco… No passado isso costumava acontecer com frequência, na academia. Não sei qual ardor singrou mais dentro de mim, o furo no abdómen ou a raiva que me começara a inundar o prefácio dos sentidos. Em silencio apertei os dentes e movi a minha mão ao encontro da que empunhava a lâmina no meu estômago. Quando a agarrei-lhe o pulso, apertei-o, torci-o e esmaguei-o com tanta raiva e força que os ossos rangeram e partiram com estalidos sonoros. Eu não parei, a face espantada de Zakura começou a sentir a dor e a mão deixou de exercer força contra o meu abdómen. Agarrei a Zakura pelos ombros, com as duas mãos firmes e cabeceei-o mais de vinte vezes. Cabeceei-o até ambas as cabeças abrirem uma fenda assustadora no crânio. Zakura brandi, totalmente agonizado. O corpo de Zakura já era um peso morto. Retirei-lhe uma das sus adagas e, para finalizar, penetrei-a na proa da sua cabeça.A lâmina pareceu ter chegado à garganta, a julgar pelo som de órgãos a serem rasgados e despedaçados, repti esse processo mais algumas vezes e a lâmina já não vinha apenas com sangue, haviam mucos brancos e pedaços de carne flácida agarrados à lâmina nauseosa. Finalmente parei, uma gélida sensação desceu sobre mim, como se o meu espírito voltasse a mim… Agora que me lembro, aquele gajo sanguinário não podia ter sido eu.