Luta de Garotos
Estava nos limites da cidade. O trio tinha-o levado para junto da muralha caiada de amarelo e padrões vermelhos rectangulares. Mantinha-se alta e robusta quase como se tivesse sido construída no dia anterior. Juntamente com duas casas de limites rectangulas, fazia o espaçoso beco onde estavam os quatro jovens.
Os dois rapazes foram os primeiros a meter-se com Mamoru. O mais velho e também o mais corpulento empurrou o Uchiha contra a parede para ser sovado pelo segundo. O murro no estômago expulsou involuntariamente alguma saliva da boca do Uchiha. O murro seguinte foi na face e o outro, tal como o terceiro o qual abalroou o rapaz ao chão e o fez deitar sangue de alguma ferida.
— Não te queremos mais ver a roubar na nossa zona. — Largava a rapariga. Continuava de braços cruzados a ver toda a cena enquanto os seus colegas tratavam daquele forasteiro. — Levantem-no. — Ordenou.
Os rapazes levantaram Mamoru e encostaram-no à muralha. Pensando que tinham ensinado a lição que esperavam ensinar, deixaram-no de costas apoiadas à construção defensiva e afastaram-se. Foi o momento da retaliação. Os selos vieram naturalmente ao Uchiha e com eles o seu chakra fluiu. Fez uma névoa de cinza sair da sua boca, ilusão perceptível apenas aos dois rapazes. Ambos se tentaram afastar, mas o beco que escolheram limitou-lhes os movimentos. Mal a névoa cobriu a maior parte dos seus corpos, o Uchiha parou-a com a mão esquerda e condensou-a para os prender! A rapariga recuava com receio ao ver os seus dois parceiros paralisados mas estacou no mesmo momento que duas kunais com papéis explosivos passaram por ela e se espetaram no chão.
— Mais devagar loirinha. — Mamoru erguia-se pelos seus pés, largando a muralha. Dava alguns passos para perto do rapaz mais alto, vendo o medo na face dela. — Ainda me vou querer divertir contigo. Mas por enquanto quero que vejas o que faço para retribuir o que fizeram por mim. Digam-me rapazes, alguma vez viram um shinobi a lutar? — Não houve resposta. Nem ela era possível. Os seus corpos estavam paralisados quase totalmente, mantendo apenas o necessário controlo sobre a respiração e o rapaz mais entroncado conseguia mover a mão esquerda. O olhar aterrado do moço ruivo denunciou o que Mamoru precisava. — Parece que sim. Então vejam com quem vocês se meteram...
Novos selos e mais do seu chakra criou a ilusão. Não sabia o que iria sair do genjutsu que preparava, dependia demasiado da mente de quem era afectado. A rapariga não correu, nem se moveu, apenas se deixou urinar nos calções apertados que ganhavam um azul escuro com o líquido. Soltou um grito de dor e medo quando viu a enorme bola de fogo do Goukakyuu imaginário a vir na sua direcção e acabou por se sentir descansada ao notar que não lhe causara dano nenhum. Mas o joelho do Uchiha quis interromper o alívio e subiu para um Shōshitsu e foi seguido por um Hōshō para a empurrar ao chão. Quatro kunais eram depois lançadas à sua volta, prendendo-a com o uso do fio shinobi apertado por Mamoru. Estava uma tratada, ofegante e presa. Faltavam dois...
Mamoru largou o genjutsu sobre o mais encorpado.
O medo é a maior arma. Derrota o mais forte e o mais fraco servir-te-á., ensinaram-lhe isso em Kusagakure, palavras de um antigo shinobi aposentado com quem os seus pais costumavam conviver.
Foi o medo que os impediu de tentar ser o que o sangue deles lhes diz. Não serei igual, serei imponente. Serei EU!.
Conforme largou o rapaz mais moreno, este lançou-se numa corrida aflita para atacar o shinobi. Mamoru defendeu o primeiro golpe e retribuiu com um Gangeki. O oponente era bem constituído e ágil, baixou-se após o golpe sofrido e rasteirou o Uchiha. No chão apenas pôde rodar sobre si próprio para evitar uma pisada no abdómen. Ergueu a perna, apanhando-o num pontapé e afastando o oponente ainda de pé. Levantou-se e teve que recorrer a uma Tonfa para defender o seu lado esquerdo de um pontapé rotativo. Rodou a arma de madeira, afastando o moreno receoso do seu alcance e com um shunshin posicionou-se mesmo atrás para lhe bater nas costas com todo o balanço adquirido pela Tonfa. Sabia ser o suficiente para provocar dor e pânico no oponente. Com um outro shunshin, ganhou espaço para um Konoha Daisenpū e atirou o rapaz contra a parede fortificada da cidade. O corpo dele ficou ali, inerte, sentado no chão e apoiado à muralha.
Não é o suficiente, pensou Mamoru. Olhou nos olhos do ainda paralisado civil e mostrou um sorriso com um misto de poder, ganância e vingança. Concentrou chakra nos pés e usou-o para escalar a muralha enquanto carregava com os dois braços o peso do rapaz moribundo. O peso era enorme, mas nada comparado com os trabalhos que lhe davam no acampamento. Fez força por todo o braço e pela coluna e lá conseguiu. Levantou-o alguns metros acima do chão e lançou-o para o solo onde ficou deitado. Do alto, saltou e preparou a mão direita para um último golpe.
— Asshō! — Gritou ao sentir a sua palma a colidir com o corpo do moreno.
Agora sim..., voltou a olhar para o rapaz ruivo. Era magro, usava óculos, mas parecera sempre ser o mais cuidadoso e útil dos três. A rapariga permanecia quieta, incrédula com o que via. Soltou o terceiro membro do genjutsu e com o seu chakra fez aparecer na sua mão uma espada. Sem sua intenção criara a cópia quase perfeita da katana usada pelo samurai. Encostou-a à garganta do ruivo.
— Nome?
— Hereus.
— Devo deixar-te incólume? — Perguntou. Olhou com troça para os dois outros oponentes que tivera e que derrotara com tanta facilidade.
— P-Por favor... — O Uchiha baixava a katana imaginária e fazia-a desaparecer. Afastou-se, retirando o sorriso da sua cara e esperou até o rapaz ganhar coragem para sair do beco numa fuga apressada. Olhou depois para a cena que tinha causado. Pôs as mãos nos bolsos, saiu casualmente do beco e com alguns metros de distância... — Kabum! — A kibaku fuuda explodia ao mesmo tempo que desaparecia o seu clone fantasioso.