O Sol, bem no alto, irradiava a imensidão da floresta. Pássaros chilreavam alegremente e todo o tipo de animais cambaleavam de um lado para o outro no chimfrim natural de todos os dias. Era auditível o leve correr de água proveniente de uma catarata localizada nas redondezas, onde se localizava igualmente uma grande variedade de espécies, e onde vários animais se reuniam para ocasionalmente matar a sede nos seus afluentes. Não era verificável uma única nuvem no céu, o que indicava a ausência de chuva noutra manhã de verão, ausência essa que já se estendia por bastante tempo. Era visível uma calmaria e harmonia esplêndidas, acompanhadas por uma leve e fresca briza que soprava de vez em quando. No entanto, havia mais alguém que sentia toda esta harmonia. Esse alguém era nada mais, nada menos do que Soujiro, o protagonista principal desta história.
Num ramo grosso de uma das maiores árvores da floresta repousava o jovem, de mãos atrás da cabeça, a qual estava encostada ao tronco da árvore, o seu corpo completamente estendido pelo seguimento do ramo. A briza embatia-lhe casualmente no fuçinh... na cara. Nada parecia ser capaz de arrebatar esta calmaria e paz... nada excepto...

- SOUJIROOOOO! ESTÁS AÍ?

Um grito é solto repentinamente no meio da floresta, abalando completamente a sensação "Zen" que aí se vivia. Vários passaros abandonam os seus ninhos e voam em todas as direcções, assustados pelo ruido repentino que aí se ouvira. Alguém chamava por Soujiro, e, pela expressão do mesmo, percebia-se que era a última coisa que ele queria que acontecesse. O rapaz conhecia demasiado bem aquela voz para desconfiar que fosse outra pessoa.

- Maldito velho... - resmunga o jovem, revirando-se para o lado esquerdo, de forma a ficar "de costas" para a pessoa que o havia chamado. Essa pessoa movia-se em passos pesados e altamente sonoros. Era igualmente audível um leve chocalhar de metal enquanto se movia por entre a vegetação.

-SOUJI-KUUUUUN! SEI QUE ESTÁS AÍ EM CIMA! - grita mais uma vez o homem num tom algo cómico e pateta. - VAMOS, DESCE DAÍ!

- *Suspiro* Sim, sim... estou a ir... - responde finalmente Soujiro num tom algo zangado, mas ao mesmo tempo despreocupado. Os seus traços de personalidade poderiam ser comparados a uma mistura entre Sasuke e Shikamaru, sendo que o jovem nunca ou muito raramente "explode", preferindo manter-se calmo, ou "cool".
Levantando-se do seu encosto, Soujiro senta-se em cima do ramo onde estivera tanto tempo repousado, coçando gentilmente a parte de trás da sua cabeça, enquanto que ao mesmo tempo solta um enorme bucejo. Nesse mesmo momento, os seus olhos encontram-se finalmente com os da pessoa que o chamava tão incansávelmente.

- Souji-kun! Bons olhos te vejam, meu rapaz! - diz um homem de aspecto jovem, cabelo ruivo e olhos azuis, vestido com uma armadura Samurai tradicional, trazendo uma Katana presa no cinto que usava á cintura, e um pequeno cachimbo acesso na sua mão esquerda, o qual levava regularmente á boca. Era visível um ar de satisfação no seu rosto. - Tiveste saudades, aposto.

- Para ser sincero, não. Os meus dias de paz e sossego chegaram ao fim... - diria Soujiro, pegando na sua Katana, esta estando presa numa saliência da árvore, de seguida colocando as suas mãos firmemente no tronco e impulsionando-se para a frente, fazendo-o descer e aterrar no chão num pesado "pof", que levanta algum vento em seu redor.

- Uuuuuuuh, tão frio, tão frio. - goza o homem, tomando mais uma "cachimbada" - É bom ver que continuas o mesmo sem coração, meu rapaz.

- Sim, pois. Deixa-te de coisas e mostra-me o que conseguiste! - diz o rapaz com um sorriso entre dentes, encostando-se no tronco da árvore.

- Claro! - responde simplesmente o homem, retirando uma bolsa que tinha presa ao cinto e atirando-a a Soujiro, que imediatamente a apanha. A bolsa vinha recheada de algo, e o jovem sabia exactamente o que era, demonstrando um ar de admiração - 500 ryos certinhos! - diz o homem com um ar de grande orgulho em sí próprio.

- Nada mal! Adicionando aos 245 que ganhei ficamos com 745, o que dá e sobra para o resto da semana.

- Exactamente. Deviamos deslocar-nos á aldeia mais próxima e repôr forças. Preciso de comida... e mulheres! Oh, por mil Budas! Não havia uma única presença feminina decente em Amegakure... Nem imaginas quanto eu sofri. - diz o homem, vertendo algumas lagrimas, as quais enxuga com o punho direito.

- Sim, mas esqueçe as mulheres, velhote. Não podemos perder tempo.

O homem saca da sua Katana num flash. Antes que Soujiro se aprecebe-se esta já estava apontada á sua face, apenas a um palmo de distância.

- As mulheres nunca são uma perda de tempo... - diz o homem com o seu tom mais grosso. - E para tí, É AMAGIRI-SENSEI! - grita, tentando fazer uma expressão ameaçadora, que acaba por se tornar cómica.

- Sim, sim, como queiras. - responde relaxadamente Soujiro, desviando a Katana da sua face com a mão, começando a andar atravéz de um estreito caminho de terra batida, sendo visível uma pequena iluminação ao longe, o que indicava o seu fim. - Vamos lá, então.

- *Suspiro demorado* O que eu tenho que passar contigo, rapaz. - diz finalmente Amagiri, enquanto guarda de novo a sua Katana na sua bainha e se faz ao caminho juntamente com Soujiro, com rumo á aldeia mais próxima.