Sasame, Taro, Toya e Mo acabavam de chegar a Kumo vindos do funeral de Rima, os dois primeiros continuavam com ar algo abatido.
- Bem, é assim: eu vou-me deprimir para casa. Alguém que passe pela casa daquele gordo inútil para o avisar que amanhã há treino – Ordenou Sasame, acenando à comitiva enquanto lhes virava as costas.
- Bem, tenho que ir ver o meu pai. Até logo Touya. – Despediu-se o Hyuuga beijando a rapariga na face, que sorriu derretida.
- Adeus Taro. – Despediu-se Touya, enternecida, enquanto Mo a olhava com um sorriso de orelha a orelha. – Que cara é essa?
- Tu já viste aquela coisa pendurada que ele tem! O que acontece quando a puxas? Sai um presente? – Perguntou com uma curiosidade inocente, enquanto a face da rapariga se ruborizava.
- IDIOTA! – Explodiu a rapariga, acertando com a biqueira da bota no queixo da criatura, que foi projectada um bom par de metros mais à frente enquanto ria às gargalhadas.
- Ai! – Queixou-se uma voz feminina. Mo aterrara em cima de uma rapariga de cabelos loiros ondulados presos de lado. Os olhos azuis da rapariga cruzaram-se com os olhos cor de sangue de Mo.
- Oh. – Exclamou Mo saindo de cima da rapariga com um pequeno salto para o lado. – Vais ficar sentada ai no chão? – Perguntou desinteressadamente, a rapariga levantou-se ainda meio atordoada e confusa.
- KIN! – Gritou um rapaz com os cabelos do mesmo tom da rapariga presos atrás, e com os mesmos olhos cor de mar. – Estás bem?!
- Oh, sim. – Respondeu a rapariga, com um sorriso. – Como te chamas?
- Mo. – Respondeu sem a olhar, enfiando a mão no interior do cabelo e coçando a cabeça com entusiasmo.
- Eu sou a Kin, e este é o meu irmão Rippa. – Declarou a rapariga educadamente, sorrindo para a pequena criatura.
- MO! – Gritou a morena, juntando-se ao pequeno grupo. – Peço imensamente desculpa, Mo não sabe o que faz. Fui eu que o mandei contra ti.
- Ainda pensei que ele tivesse caído do céu. – Brincou Rin.
- Como um anjo. – Completou Rippa, olhando Mo com um sorriso terno. Touya olhou confusa para os irmãos.
- Acho que tenho piolhos. – Murmurou Mo com aborrecimento, afastando-se do grupo sem ligar aos olhares de que era alvo.
- É um amor. – Declarou Rin, observando a criatura assexuada a afastar-se, assim como o irmão.
- Mais uma vez, peço desculpa. – Pediu a rapariga.
- Oh não é preciso. – Declarou a rapariga com um sorriso.
- Podias, traze-la para bebermos todos um copo. – Pediu Rippa a Touya, que o olhava confusa sem perceber o interesse no ser aberrante.
- Traze-lo. – Corrigiu a irmã.
- Veremos. – Respondeu Rippa, convicto. – Hoje às 19?
- Sim… - Respondeu Touya ainda meio atordoada, continuando sem perceber o súbito interesse no ser aberrante que era Mo. – Mo! Espera!
- Fazes-me um favor? – Perguntou Mo parando, à espera que a rapariga chegasse à sua beira.
- Não te vou batizar nenhuma macaca. – Resmungou a rapariga, ainda a pensar nos estranhos gémeos loiros.
- Não é isso.
- Então o que é? – Perguntou curiosa.
- Catas-me os piolhos?
[…]
Sasame na realidade não tinha ido deprimir-se para casa, tinha ido deprimir-se, sim, mas para a secção sombria da pornografia lésbica de uma loja de banda desenhada. Entre suspiros desanimados, os seus olhos passeavam-se pelas lombadas de volumes de pornografia mais ou menos explícitas, a maioria dos quais já tinha na sua colecção privada de pornografia religiosamente guardada numa caixa escondida debaixo da cama.
- Oh! À quanto tempo ando à tua espera, meu amor! – Declarou ao encontrar o mais recente volume de uma colecção que retratava a história de amor incestuosa entre duas primas. Mas quando se preparava para lhe pegar a sua mão chocou com outra mais escura, fitou a sua adversária em jeito de desafio, era uma rapariga negra alta de físico cuidado e abdominais definidos, seios pequenos e arrebitados, rastas negras longas presas por uma fita azul-escura e olhos negros como carvão. – Eu cheguei primeiro.
- Então e vá? – Respondeu a rapariga negra em jeito de desafio. – Ando à espera dele à demasiado tempo para abrir mão dele.
- Também eu, e agora? – Retorquiu Sasame sem largar a lombada do livro. Uma senhora pequenina e curvada, de cabelos brancos presos num coque e olhos azuis-claros atrás de grossas lentes garrafais. – Eu cheguei primeiro!
- Não tenho nada com isso! – Respondeu a negra.
- Meninas! Acalmem-se fachabor. – Suplicou a velha senhora. – Eu encomendo outro livro desses.
- Então está resolvido. – Falou Sasame calmamente. – Eu levo este, e o próximo é todo teu.
- Ai nem pensar! – Retorquiu a negra sem desarmar, nem largar a lombada do livro.
- Ou resolvem-se ou ninguém leba nada! – Declarou a dona com uma pequena vara de bambu na mão, as duas raparigas entreolharam-se intensamente, praticamente soltando faíscas na direcção de ambas. – E se lebashem as duas? Compravam a meias, liam as duas e depois logo comprabam o outro.
- Não vais largar pois não? – Perguntou Sasame sem perder a pose, a rapariga negra sorriu em desafio. – Partilhamos?
As duas raparigas optaram por comprar o livro a meias, sem nenhuma delas largar a lombada do precioso volume que começava a apresentar sinais de tensão. Acordaram em lê-lo na casa de Sasame em conjunto, no sofá.
- Eu não consigo ver! – Reclamou Sasame, puxando metade do livro para si tentando ver melhor.
- Então compra uns óculos! – Respondeu a negra, puxando o livro para si.
- Compra tu!
- Vai-te catar!
O som do livro a rasgar gelou o ar, cada uma das raparigas olhava em choque para a metade do livro que lhe ficara na mão, olharam-se num ambiente tão tenso e gelado que parecia antever uma autêntica calamidade.
- Olha o que tu fizeste! – Acusou Sasame, desesperada e quase à beira das lágrimas.
- És louca! – Replicou a negra, olhando o livro esfrangalhado como quem olha um ente querido assassinado.
As duas raparigas olharam-se com a raiva e a frustração a faiscarem nos olhos das duas, e levantaram-se encarando-se, levando a mão à bolsa ninja.
A coisa não podia piorar.
[…]
- Cheira a animal morto na beira da estrada. – Declarou Mo ao chegarem junto da porta da casa de Kuwabara, enquanto coçava vigorosamente a cabeça.
- Não estejas já a implicar senão sou eu que te bato. – Ameaçou Touya antes de bater à porta de madeira, não obtendo resposta bateu novamente. – Estou a ficar preocupada, será que ele está bem?
- Se calhar está a bater uma. – Declarou Mo naturalmente.
- Mo! – Exclamou a rapariga, fustigando a criatura com o olhar. – Não sejas indelicado.
- Até parece que não te masturbas. – Respondeu, Touya corou violentamente e nada disse. – E porque não arrombamos a porta?
- Sei lá. – Respondeu a criatura encolhendo os ombros desinteressadamente.
- Acho que pior que pode acontecer é ele gritar connosco. – Declarou Touya.
- Ou apanhá-lo a… - A frase morreu-lhe na garganta ao levar uma pisadela de Touya, a rapariga acabou por dar um pontapé na porta que cedeu, caindo no chão com algum estrondo e levantando uma fina nuvem de pó, e entraram então na pequena casa mal iluminada.
Passaram pela cozinha, cujo lava-loiça se encontrava cheio de loiça suja com vários dias e algumas moscas voavam à volta do que parecia ser uma sandes meio comida, ao aproximarem-se do pequeno quarto o mau cheiro começava a intensificar-se.
- Jesus! À quanto tempo é que ele não lava a roupa? – Queixou-se a rapariga tapando o nariz ao ver várias peças de roupa espalhadas pelo chão, e abriu por fim a porta do quarto. – Vou entrar Kuwabara-san!
Anunciou a rapariga antes de entrar no quarto, onde a única fonte de luz era uma pequena janela, o que viu fê-la estacar à porta, com a curiosidade característica Mo espreitou para dentro do pequeno quarto.
- Olha, morreu.
CONTINUA…
E Mo regressa à cena! Saudades?
Será que Sasame e a rapariga negra vão andar à pancada por um livro de pornografia assassinado? Que espécie de interesse terão os gémeos por Mo? E o velho mendigo? Andará com ciúmes da atenção que Mo recebeu de Kin e Rippa? E Rev, será que andará entretida a colecionar almas? Terá Kuwabara mesmo morrido? Ou terá simplesmente desmaiado de exaustão depois de uma maratona de “afogar o ganso”?
Espero que tenham gostado. ^^