Filler 2 [2|2]
Encontros Inesperados
Anteriormente:
- Spoiler:
- Como queiram. Só se vão magoar as duas! – O rapaz alto voltara a falar.
Sora olhou o terceiro rapaz, que não tinha dito nada, de alto a baixo. Reparou na cicatriz em forma de X na sua bochecha e perguntou-se como a teria feito. Foi interrompida pelos gestos rápidos que a morena começou a fazer ao seu lado.
- Doton: Doroku Gaeshi! – A rapariga baixou-se rapidamente e bateu com as palmas das mãos no chão. Logo de seguida uma parede de terra elevou-se à frente delas. – Com sorte eles vêm de cima. Com um salto recuou e preparou-se para continuar a fazer selos.- Eu fico com os que vierem por cima e tu ficas com quem não vier.
Sora acenou com a cabeça em jeito de confirmação. Assim que acabaram de falar o rapaz mais alto apareceu por cima da parede, preparado para lançar um par de kunais enquanto se projetava no ar.
- Doton: Doryūsō! – Nos lábios da rapariga, Sora viu momentaneamente um sorriso matreiro.
Quando ela acabou de falar formaram-se, quase instantaneamente, vários espigões de lama no espaço que a separava da parede. O rapaz foi surpreendido quando viu os espigões perigosamente formados na zona onde ia cair, sem se conseguir desviar. Esbracejou energeticamente, mas não adiantou de nada, ficando empalado contra eles. Logo depois desfez-se numa nuvem de fumo branco.
- Argh… - A rapariga tirou uma fita cinzenta e apanhou o cabelo escuro que lhe dava quase até ao fundo das costas.
Atrás dela apareceu o mesmo rapaz de há pouco com uma kunai em riste. A rapariga retirou também uma arma idêntica da bolsa e voltou a ouvir-se o som de metal contra metal.
Mais à frente estava Sora. Dividida entre continuar a ver a luta que decorria atrás dela ou fitar os seus adversários. Quando o rapaz que tinha permanecido o tempo todo calado começou a correr na sua direção empunhando uma kunai, ela teve que se concentrar. Ele foi seguido pelo outro rapaz que tinha uma fita vermelha no braço.
- Kasumi Jūsha no Jutsu! – Exclamou, tirando depois a kunai santottan que trazia consigo.
Três clones emergiram do solo, à sua volta. Os dois rapazes rodearam Sora, que estava no meio do triângulo feito pelos clones. Sem aviso prévio as quatro atacaram os dois rapazes. Estes desviaram-se e depois tentaram cravar-lhes as armas, mas era inútil. Depois de lhes acertarem os clones ficavam um pouco deformados, notando-se o líquido negro pegajoso que os constituía, e regeneravam-se.
- Ufff, e agora?! – O rapaz com a fita vermelha gritou para o amigo.
Aquele que tinha a cicatriz na bochecha pareceu ignorá-lo, continuando a lutar com os dois clones. Subitamente apercebeu-se que ambos estavam a lutar com duas Soras e que todas elas se regeneravam. Lembrou-se que a rapariga ruiva apenas tinha feito três. Assim que se virou para falar com o outro rapaz viu a verdadeira Sora a aparecer atrás do amigo, pronta a encostar-lhe a kunai de três pontas ao pescoço.
- CUIDADO! – Pela primeira vez ouviu a voz dele, era rouca e parecia que tinha feito um grande esforço para gritar.
Apesar de parecer um charlatão, e o segundo chefe do trio, o rapaz foi rápido o suficiente para acertar com o cotovelo na barriga de Sora e virar a kunai para trás, fazendo-a deslizar pela parte do braço da rapariga que estava junto ao tronco, antes de ela conseguir aproximar a sua kunai santottan. Tentou depois acertar-lhe com o pé no mesmo sítio em que lhe batera com o cotovelo, mas Sora bloqueou o ataque com os braços. Mesmo assim, a ruiva conseguiu elevar e manobrar a sua arma de modo a ficar voltada para baixo enquanto se defendia e, segurando-a para baixo com força, rasgou o músculo da perna do rapaz com uma das lâminas salientes.
- Arrrggg! – O rapaz vacilou e agarrou-se à perna, não se aguentando em cima dela.
Sora também estava no chão, metia o braço bom à frente da barriga ao mesmo tempo que agarrava o braço ferido e tentava que o sangue estancasse. Enquanto isso os clones continuavam a manter os seus adversários ocupados.
Teve então oportunidade de virar a sua atenção para a morena. Nesse exato momento, o rapaz com quem lutava desarmou-a, fazendo com que a sua kunai fosse atirada para longe. Ela tentou tirar mais uma arma da sua bolsa, mas o rapaz baixou-se e projetou a perna rodando sobre si próprio na tentativa de lhe acertar no tornozelo e a fazer cair. Por pouco não conseguia saltar a tempo de evitar o ataque. Não hesitou em usar todo o seu peso em cima do pé do rapaz que foi apanhado de surpresa. Contudo, quando caiu em cima dele apoiou mal o pé e acabou por o torcer, queixando-se de dores.
- Porra... – Sora viu o rapaz com um rosto de agonia, mas a fazer todos os esforços para arremessar mais duas kunais contra a sua oponente.
Instantes depois mais clones feitos de líquido negro emergiram do solo, separando-os aos dois. Sora levantou-se a custo, mas viu que o braço já não sangrava tanto. Apareceu rapidamente ao lado da rapariga morena e passou o braço dela pelo seu pescoço, ajudando-a a caminhar.
Por sorte os três rapazes estavam ocupados e não deram por elas escaparem. Sem reparar, a flor branca que trazia para o irmão caíra, ficando amachucada no chão lamacento.
Sora levou-a para a gruta, onde puderam finalmente respirar fundo. Sentaram-se numa rocha maior que lá havia, a avaliar os ferimentos.
- Bonito serviço… - A rapariga morena tentou poisar o pé no chão e caminhar, mas doía-lhe demasiado para se poder apoiar nele. – Definitivamente, taijutsu não é o meu ponto forte.
- Também não é o meu. – Sora sorriu, compreendendo-a.
- Ainda não te agradeci pela ajuda. – A coxear, chegou-se perto de Sora e levantou a mão num jeito informal. – Sou a Ina Nomura.
- Sora Kondo. – Sorrindo, cumprimentou-a. – Não me parece que sejas daqui, estou certa?
- Por acaso estás. – Sora viu-lhe um sorriso matreiro, mais uma vez. – Gosto da tua perspicácia. Sou de Kirigakure, mudei-me há uma semana para cá.
- Posso perguntar o que te levou a mudar? – Sora começou a dirigir-se à saída da gruta.
- Nada de especial. – Sem intenções de ser mais específica, Ina seguiu-a para a saída. – Bem, se calhar já podemos ir embora.
- Também acho que sim. Eu ajudo-te até casa.
Ina voltou a passar o braço por cima do pescoço de Sora e a apoiar-se nela. Durante o caminho até casa da rapariga morena apenas falaram de Kumogakure. Sora estranhou o facto de ela não lhe dizer mais nada sobre a mudança, mas não a pressionou.
Pararam quando chegaram à porta de uma casa com um letreiro que dizia “Alugam-se Quartos”.
- Bem, é aqui. – Largando Sora, Ina procurou a chave na bolsa castanha que trazia à cintura. – Obrigada. Vemos-mos por ai?
- Claro. – A ruiva começou a caminhar para trás, mas parou. – Os teus pais estão em casa ou precisas que te ajude em mais alguma coisa?
Ina já se tinha virado de costas quando Sora fez a pergunta. Deixou a mão suspensa, a segurar a chave perto da ranhura da porta durante uns instantes. Depois falou por cima do ombro, num tom um tanto ou quanto monocórdico.
- Estão, não te preocupes. – Sorriu debilmente e depois ficou inexpressiva, abrindo a porta e entrando de seguida.
Sora continuou parada do lado de fora. Suspirou e olhou para o céu. Já estava a entardecer e tinha que ir para casa. Lançou um último olhar ao lugar onde Ina estava há instantes, depois começou a descer a rua.
O sol da tarde iluminava o local onde tinha acontecido a luta. Estava deserto, há exceção de alguém a observar a flor branca caída que entretanto começara a murchar. Uma nuvem de fumo branco rodeou o individuo momentaneamente e ele tomou finalmente a sua aparência verdadeira. Abaixou-se e apanhou a flor, virando-a para o sol para a contemplar.
- Hm... – A madeixa de cabelo cinzento que lhe caia sobre a cara escondeu parte do sorriso malicioso lhe apareceu nos lábios.