Entrar na Akatsuki teria as suas consequências, isso era certo, mas Katsu nunca imaginaria que a organização teria os seus próprios treinos especializados. Como uma organização criminosa, os membros tinham de ser preparados para certos tipos de situações, como capturas, perseguições, e entre outras às quais o Imagawa nunca esteve muito presente. Mas a maneira como treinavam...
O treino de hoje seria focado em situações de minoriedade. A Akatsuki nunca seria uma organização muito grande, portanto este tipo de situações de um homem contra muitos seriam demasiado comuns e portanto deviam ser treinadas. E assim se situa Katsu, confinado numa gruta e rodeado de espectros que em outros tempos representavam formidáveis guerreiros, tendo como objetivo sobreviver durante um vago periodo de tempo à horda.
- “A sobrevivência durante um determinado periodo de tempo pode ser o suficiente para que reforços cheguem” – Recordou o Imagawa, sentindo passos a andar à sua volta cujos corpos eram impossíveis de reconhecer devido à imensa escuridão – “Sobrevive a, pelo menos, uma hora a todos os espectros que te lançarmos. Boa sorte!”.
Sendo espectros, o Akatsuki não precisava de controlar-se. O objetivo era bem claro, sobreviver.
Ouvi um grunhido fraco no seu flanco esquerdo e uma rápida olhadela deu-lhe um vislumbre de um dos espectros. Este saltava em sua direção, notando-se de imediato as suas parcas roupas, e bramia a sua moca com orgulho enquanto demostrava a sua determinação com um histérico grito.
Katsu contorceu o torso em frente desviando da primeira investida e recuou mais uns passos para desviar a segunda que vinha do alto. O osso oco da moca embateu no chão estilhaçando de leve mas sem apresentar maiores danos. O Imagawa planeou um ataque, levantando a cabeça para analisar melhor o seu adversário, mas depressa se apercebeu que mais daqueles espectros se aproximavam e que este primeiro era só para aquecê-lo.
- Não tenho tempo parça planos! – Concluiu em pensamento, desviando-se da terceira mocada e ripostando com uma joelhada no peito do espectro que, estranhamente, o fez contorcer-se à volta da sua perna erguida e arfar fracamente – Só preciso de sobreviver! – Sem dar muita importância à dor do espectro, a perna de Katsu afastou-se e chicoteou o seu oponente com um forte pontapé que o encostou a uma estalagmite sem qualquer som.
Katsu já unia as suas mãos para finalizar o oponente com um Ninjutsu, mas um semelhante grito histérico fez-o desviar a sua atenção para uma espada a descer do céu. O humano depressa desistiu da ideia, apressando-se a atirar-se para o lado e desviando a lâmina mortal que lhe ameaçara um dos ombros. Contudo, não teve tempo para pensar na sua fatal distração pois um martelo, vindo de nenhures, desceu e “esmagou-lhe” a cabeça. Katsu gritou em triturante agonia, mas depressa se apercebeu que o martelo, tão fantasmagórico quanto o seu portador, passou pela sua cara como de carne não se tratasse e retomou para a sua posição inicial. Mas a sensação de dor, a mesma sensação caso o martelo fosse real, fazia-lhe a cabeça latejar e mesmo não saindo, o sangue subia rapidamente e aquecia-o por dentro.
O espectro da espada não deu tempo para descanso, rastejando a sua arma pelo chão visando separar o pé do Imagawa do resto do seu corpo. Este reagiu à altura, erguendo-se rapidamente do solo e reunindo as forças que lhe eram possíveis para saltar bem alto. Em pleno ar, focalizou rapidamente chakra no peito e desenhou alguns selos antes de inspirar uma grande quantidade de ar:
- Katon: Gokakyu no Jutsu!
O ar inspirado depressa se tornou em fogo que saiu da boca do seu controlador numa imensa bola que depressa espalhou cinzas no local. O ninja aterrou suavemente no solo e deu-se por satisfeito ao ver mais dois adversários eleminados, mas a primeira dezena começou a aparecer. Um coro de histerismo inundou a caverna e as orelhas de Katsu tiveram de suportar a forte pressão enquanto que o coração do pobre humano batia a cada nova aparição de outro fantasma.
Invocou de imediato uma Fuuma Shuriken e calculou o mais depressa que lhe era possível uma trajetória perfeita. Já acostumado com este tipo de arma, torceu de ligeiro o pulso aquando o seu arremesso, obrigando-a a desenhar um longo arco onde esta conseguiu “arrancar” três cabeças aos espetros (foi possível arrancar devido à arma ser capaz de trespassar os seus corpos), antes de esta voltar para a mão do Imagawa. Apesar do humano estar satisfeito, a raiva dos fantasmas só pareceu aumentar, pois estes bramiram as suas armas ao alto, entoaram algo incompreensivel, e apressaram-se a encurtar a distância em passadas largas.
Algo sibilou no ar e antes que o Imagawa se apercebesse do que era, uma flecha fantasma trespassou-lhe o peito, deixando para trás uma horrível dor e uma intensa dificuldade de respirar. Mesmo não havendo qualquer tipo de ferimentos ou sangue, o mundo de Katsu rodou tenuemente e isto causou uma abertura para que um dos fantasmas mais ousados se aproximasse com uma espada e tentasse decapitar o Akatsuki. O humano deixou-se cair no chão, desviando assim o ataque horizontal, e aproveitou a posição para vergastar as pernas do seu oponente com um pontapé, atirando-o ao chão. Ao longe, ouviu o retesar do arco e rebolou em frente quando o ouviu a descontrair, olhando de imediato para trás para ver a flecha a trespassar a cabeça de o fantasma que derrubou, “matando-o”. Levantou-se outra vez e olhou em frente para ver o resto da primeira dezena a aproximarem-se enquanto o seu ouvido atentava no som do arco atrás de si .
Intensas quantidades de chakra fluíram do seu corpo e as suas mãos começaram a desenhar rápidas sucessões de selos. O tempo pareceu-lhe parar nesse exato momento devido ao seu estado de concentração máximo: atrás de si o terceiro retesar de arco e à sua frente duas espadas surgiam das trevas para o fazer sucumbir...
- Suiton: Mizu Kamikiri! – Vociferou o Imagawa ao mesmo tempo que se virava para trás, focalizando o feixe de água em sua frente e espalhando o resto de água concentrada pelo seu corpo. Sem olhar para trás, dissolveu-se numa poça de água numa velocidade estonteante, evitando os fulminantes ataques e ainda surpreendendo os fantasmas que não percebiam a situação à sua frente. Rochas atrás de si eram quebradas violentamente, talvez pelo seu feixe de água que, caso desse certo, teria acabado com o arqueiro oportuno. Retornou a espalhar chakra ao longo do seu corpo, moldando-o a partir da poça da água até à cintura. Nessa forma, onde os espectros já o haviam percebido e se preparavam para o golpe final, cuspiu rapidamente grandes quantidades de ácido para cima dos seus oponentes, que gritaram em agonia e viam os seus corpos a corroerem (mesmo que o ácido passasse por eles sem tocar em nada material), dando a oportunidade para que Katsu acabasse de moldar o seu corpo. Já completo, deu dois saltos para trás e preparou-se para os próximos.
Três fantasmas aproximaram-se, dois de lança e um com um enorme escudo, e Katsu depressa notou a sua formação: o escudo protegia enquanto as lanças, de longe, causariam o maior dano possível. Era uma formação que explicava o que o Katsu já concluira: os fantasmas não eram estúpidos e muito possivel seriam almas aprisionadas de antigos militares. Mas quem poderia apriosionar tudo isto? Sendo mais sincero, o Imagawa nem sabia que tal era possível... Quantos mais segredos teria a Akatsuki?
Os seus pensamentos voaram quando as duas lanças serpentearem em frente, tentando trespassar qualquer parte do corpo do Imagawa sem terem concreto foco. A esquiva foi fácil, bastou um pulo para trás, mas o fantasma do escudo aumentou a distância com um passo ainda maior e os das lanças acompanharam-no. Katsu podia fugir desta formaça sempre da mesma forma, mas estava num espaço apertado e não poderia distrair-se para ver o que estava atrás de si, muito menos calcular o número de inimigos que já se aproximava com esta distração. Contudo, sorriu de leve ao lembrar-se de algo...
Avançou em frente, algo inesperado para os lanceiros que não esperavam tanta agressividade perante a sua formação “perfeita”, e Katsu ergueu o seu antebraço para, com toda a força que conseguia arranjar no momento, embater no homem do escudo com um Erubo. Este cedeu à violência e cambaleou para trás, o suficiente para que Katsu sucedesse com uma rasteira que o atira ao chão. Desprotegidos, os lanceiros tentam ferir o seu oponente ao avançarem mais uma vez com as lanças, mas o Imagawa depressa deu um mortal para trás para se esquivar-. Contudo, esqueceu-se de que as lanças eram armas com maiores comprimentos que as outras e por isso, quando aterrou no solo, sentiu ambas as lanças a trespassarem-lhe o torso dolorosamente. Grunhindo de dor e com o seu erro, Katsu presentou-lhes um esgar antes de lhes cuspir ácido para os corpos e vê-los a corroerem-se como só humanos podiam deixar-se corroer.
O seu joelho direito beijou a terra e Katsu deixou-se descansar por momentos. Arfava demasiado e começava a suar mas o pior de tudo era a dor nas feridas inexistentes. Podia só ser de mente ou podia fazer parte do Jutsu que criara estes fantasmas, mas a dor estava lá e mesmo muita dela provir de feridas mortais, o Imagawa tinha de levantar-se e aguentar o resto da hora...