Era um vista incrivelmente bonita do alto do rochedo. Voltando na direção do mar, Daisuke via alguns pequenos barcos de pesca que navegavam por águas esverdeadas de onde se podia ver uma gigantesca linha de corais que se estendia no litoral norte da ilha onde a cidade tinha seus limites. Com as ruas movimentadas, ele via lá do alto as dezenas de charmosos restaurantes que recebiam os turistas famintos. Muito diferente da sequidão de sua terra natal, a ilha parecia fervilhar de alegria aos gritos das gaivotas e o barulho das ondas que eram carregados até seus ouvidos pela ventania que se chocava no sopé do paredão, subindo em grande velocidade, deixando-o com certa dificuldade em se equilibrar enquanto subia com Lian às costas para fugir de seus perseguidos. "Poderia morar por aqui." - Imaginava-se numa pequena choupana à beira-mar.

Hiroshi se surpreendeu com esse tipo de pensamento pacífico, pois não era o caminho que escolhera. Mas o destino parecia brincar com suas escolhas e a cada dia ele se via numa reviravolta incômoda que o trouxera a essa situação de risco. Suspirando fundo, ele continuava a escalar a rocha sabendo que seria recepcionado pelos soldados assim que atingisse o topo, que segundo seu estudo nas plantas, onde os canhões estavam. Logo, algumas lanças começaram a cair e resvalar na rocha tentando acertá-lo. Pedras, paus e armas em queda exigiram o máximo de destreza do garoto que arqueava o corpo com o peso extra, quase escorregando para a morte certa até que concluiu estar na distância correta para agir. Jogando o corpo inconsciente de Lian para os soldados na paliçada, o nukenin disparou em grande velocidade ascendente e enquanto os canhoneiros se esticavam para capturar o filho do mafioso, o ninja invadiu a varanda rodopiando as pernas e braços num luta frenética.

Escavada na pedra, a área tinha forma circular com uma única entrada no paredão da rocha que se estendia há mais de dez metros até o topo. Perfilados no parapeito intercalado, os sete canhões estavam voltados para o horizonte, espreitando qualquer embarcação que não fosse autorizada a passar pela região. Ali era o ponto chave do plano de expansão de seu chefe. Daisuke sabia disso, mas logo se lembrou de um pequeno detalhe. - Onde estou? Onde estooooouuuuuuu?!!!!! - Reclamou Lian ao recuperar a consciência e notar que estava caindo na direção do precipício até que uma linha shinobi enroscou em seu braço e o puxou de volta à varanda onde Daisuke terminava com os últimos canhoneiros que não fugiram com seu avanço. O playboy caiu pesadamente ao chão e tentou reclamar das dores em seu corpo com grande ressaca, mas se conteve quando viu uma grande quantidade de soldados terminando de subir as escadarias até o local.

Ofegante, o ninja se colocou na frente do jovem, tentando pensar em alguma coisa, mas a adrenalina em seu sangue deixava seus pensamentos focados demais para avaliar qualquer ardil até que um dos soldados apontou para o horizonte e gritou: - BARCO PIRATA! BARCO PIRATA! - Exclamou para a comoção dos milicianos que cercavam o loiro. "Deve ser o reforço." - Concluiu o loiro, jogando-se contra o pequeno exército que o cercava. A luta começou ferozmente. Espadas, esquivas, sangue e quedas, o grupo se digladiava tentando manter a posse dos canhões para repelir os invasores. Chutes, socos e cabeçadas, Daisuke parecia uma besta ensandecida tentando defender a cria contra predadores, tanto que em poucos minutos, os sucessivos golpes e cortes em seu corpo o deixaram fraco o suficiente para cair de joelhos e suspirar fundo para ser enfim capturado novamente. A luta ali parecia estar acabada e os soldados avançaram para agarrar Lian, ainda zonzo pela ação repentina.

- Você lutou bravamente garoto. Nero escolheu bem. - Elogiou o velho, terminando o último lance de escadas.
- Argh... Argh... Então você é Lee-Kin, líder... da Irmandade... - Concluia o rapaz, visivelmente exausto.
- Isso mesmo meu jovem, e vou esfolar você como exemplo. - Disse ao sinalizar para os canhoneiros para começarem a atirar.

Os homens correram para os três primeiros canhões, rapidamente começando o procedimento de mira quando olharam para Lee-Kin esperando o comando de disparo. Com um sorriso vitorioso no rosto, o velho nojento tocou o queixo do ninja caído para olhá-lo nos olhos como se quisesse descobrir seus pensamentos, retirando um pequeno bisturi da manga de seu roupão sujo de gordura. A expectativa era ouvir um pedido de clemência, mais o que todos ouviram foi uma gargalhada. Nesse momento, o velho e todos os seus soldados estranharam o comportamento do invasor que parecia muito confiante para quem estava prestes a morrer.  

- Que horas são? - Perguntou no meio da louca gargalhada.
- Acho que mais de meio-dia. - Respondeu Lian, debatendo-se.
- Já é tarde demais.... - Foi interrompido por estampidos vindos do mar.

Voltando a atenção para o barco pirata, os canhoneiros viram quatro rastros de espuma na água que se dividia à medida que os quatro estranhos se aproximavam. A velocidade era incrível. Surpreso, o velho olhou por cima da mureta e observou os quatro se aproximarem enquanto seus homens davam um passo para trás temendo o que estaria por vir. - O que é isso?! - Exclamou o idoso, tentando levantar-se, mas sem sucesso, porque Daisuke já segurava seu pulso com bastante força. - O que estão esperando?! Atirem neles?! - Comandou Lee-Kin, despejando sua fúria nos seus homens. Obedecendo, os canhoneiros atingiram o estopim com as fagulhas e os canhões começaram a disparar.  Um após o outro numa cadência aproximada, os projéteis espalhavam água com explosões, mas não conseguiam diminuir o avanço dos quatro que desviavam numa habilidade incrível até que se chocaram no paredão rochoso, começando a escalá-lo em segundos.

Com medo do que iriam enfrentar, alguns soldados começaram a correr em desespero, esquecendo o seu chefe ainda aprisionado, quando este golpeou o rosto dele, que no susto o largou. Lee-Kin agora lutava contra seus lacaios em fuga para se espremer na estreita escadaria.  Tarde demais. Os seguranças pessoais de Nero saltaram sobre a paliçada e começaram a atacar os canhoneiros e soldados numa velocidade tão grande que quase não se podia vê-los. Era impressionante e desesperador para quem esperava enfrentá-los. Logo, não existia mais ninguém aprisionando o ninja ou Lian, deixando apenas o velho no centro dos quatro homens cercados de corpos esmagados e quebrados. Sem acreditar no que via, o playboy teve ânsia de vômito e se virou para despejar seus fluidos no mar, no momento em que Hiroshi se admirava com as tatuagens espalhadas pelos corpos de todos eles. Daketsu, Jabu, Karazu e até Maru, cujas tatuagens em forma de vento cobriam seu pescoço e metade do rosto. "Como podem ser tão poderosos?" - Perguntava-se com uma flagrante admiração e inveja.

- Mas você está um bagaço! - Brincou Maru, vendo Daisuke ajoelhado.
- Vai se... Fuder... Idiota! - Retrucou o jovem, ainda admirado com tamanho poder.
- Podemos negociar um rendição! - Suplicava Lee-Kin, abandonado os braços.
- Não é comigo que deves negociar. - Respondeu Jabu, acenando para seu companheiro.
- Kuchyose no Jutsu! - Sussurrou Daketsu, levando as mãos ao solo rochoso.

E de um pequeno estouro de fumaça, Nero ressurge com toda sua imponência. Vestido com seu melhor uniforme militar, o homem olhou a quantidade de mortos no entorno e abriu um sorriso de satisfação. Ele já comandara vitórias magníficas durante sua vida sob as ordens do País do Vento, porém, naquele momento, o chefão se sentia completo. Com o controle da rota pelo País da Lua Crescente, as suas mercadorias poderiam viajar para o resto das nações ninja juntamente com sua influência. Seu plano de conquista começara com o pé direito e graças em grande parte aos esforços de um fugitivo chamado Daisuke. - Pai... Não precisava ter vindo me salvar. - Adiantava-se o playboy, envergonhado por não ter se defendido. O chefão não respondeu, apenas o observou com ar severo de sempre. Seu filho não precisava saber que ele o usara para conquistar. Para satisfazer suas ambições.

E então, com seu principal inimigo de joelhos suplicando por sua vida, Nero decidiu testar os limites de seu descendente. Sacando uma elegante espada que levava à cintura, ele chamou seu filho para perto de si e não se surpreendeu com o hálito de bebida que o rapaz trouxe com ele. Afagando seu cabelo, Nero sorriu para seu filho e acenou para seus seguranças. Parecia que Lee-Kin sabia o que aquilo significava e começou a chorar, aumentando sua súplica ao ser empurrado para a beira do precipício. Sem entender, Lian recebeu a espada nas mãos e congelou quando seu pai disse: - Mate-o. O rapaz tremeu e gaguejou. Nunca havia matado ninguém antes. Seus olhos procuraram alguma piedade no olhar de seu pai, mas só encontrou frieza. Sem alternativas, Lian cambaleou até o velho e levantou a lâmina com a mão trêmula. A tensão engrossava o ar e Daisuke observava tudo àquilo com certo remorso. Talvez o menino não fosse capaz de completar a ordem do pai. - MATE-O! - Comandou Nero ao perceber que seu filho vacilava.

- Eu não consigo! Eu não consigo! - Gritou Lian, começando a chorar, deixando a lâmina cair no chão.
- Obrigado jovem, obriga...!!! Ahhhhh!! - Gritou Lee-Kin ao ser chutado precipício abaixo por Daisuke.
- Vê se aprende a voar, velho desgraçado. - Concluiu sua ação, cuspindo sangue na direção do corpo.
- Daketsu, queime tudo e leve-os para o barco. - Disse Nero, sumindo num estouro de fumaça.

Não sei se Lian e Daisuke vão se dar bem, pelo menos o loiro o ajuda de alguma forma. Agora vejo que Hiroshi está no meio de uma grande organização. Só espero que o Nero não queira mexer como o País da Terra, pois é a família Kusanagi que controla o fluxo de especiarias, sendo os principais transportadores do País. Caso acontece um jovem Kusanagi irá ter que "conversar" com Nero e vai ser uma conversa bem movimentada  . 

Força na Historia  

Já li tudo. Então agora o Daisuke é um mafioso, interessante, já estamos a ficar com um vilão no forúm. Se esperares um pouco, Katsu ainda se junta ahah.

Gostei desta mini-saga sobre a conquista do País da Lua Crescente (tecnicamente, aquela terra agora pertence ao Nero) e como o Daisuke pertenceu a isso. Acho que o teu personagem gostou da adrenalina de ter participado em tal missão e que, portanto, irá continuar a trabalhar para o Nero.

Continua ^^