- Ykarus despacha-te! - gritou uma voz vinda do piso inferior da casa. - Estás a ganhar os hábitos daquele mandrião! 

Os gritos pela manhã era algo que todo o arredor da casa dos Matsuri estava habituado, era comum haver aquela mesma voz todo o santo dia a gritar por um rapaz mandrião que não queria ir treinar. 
Soltando um suspiro triste uma rapariga vestida com umas calças castanhas justas e uma camisola longa de cor negra descia as escadas com a cabeça noutro planeta. 

- Estou a ir sensey... - disse cabisbaixa avançando sem vontade nenhuma... Era dia dos namorados e a única coisa que ela tinha aqui era a camisola do seu amado. 

Na sua cabeça as últimas palavras dele batiam-lhe na mente, uma despedida apressada com a desculpa de "O destino do clã está em risco" e um rápido beijo nos lábios que ainda hoje não haviam esquecido aquele toque. Fazia bastante tempo desde que ele partira e isso destruía-a por dentro, o seu coração apaixonado não a deixava descansada à noite, qualquer barulho na rua e fazia-a correr para a janela na esperança de ver a sombra negra dele a chegar a casa. 
Terminou de descer a escadaria deixando um rasto de madeixas castanhas para trás enquanto se movia, o seu cabelo estava cada vez maior e ela sem vontade de o cortar, naquele momento já lhe chegava quase ao fundo das costas mas ela nem se importara de o cortar. 

Tinha combinado com o idoso, que a aguardava, ir à vila ajudá-lo com as compras para o dojo. Desde que ele partira era Ykarus que tinha de fazer a sua cota-parte nos trabalhos do dojo, mas lá bem no fundo não se importava de fazer isso pelo seu amado. 
Triste e distante acompanhou o idoso pelo dia solarengo que amanhecera, por todo o lado da vila havia casalinhos e amor pelo ar que a faziam lembrar-se da sua paixão que naquele momento deveria estar longe. Talvez por isso preferia manter os seus olhos baixos e guardar o silêncio como um monge mudo num convento. 

- Aguarda aqui enquanto eu negoceio ali com o meu amigo de longa data. - ordena o idoso movendo-se rapidamente para uma banca do mercado de Kirigakure deixando Ykarus sentada num banco cinzento de pedra. 

Passaram 5 minutos, depois 10 e cada vez mais tempo passava sem o homem retornar, a negociação devia estar mesmo muito difícil para aquela demora toda, não que Ykarus também tivesse planos, mas não estava confortável ali no meio de todo o amor... 

- A menina está acompanhada? - falou uma voz perto da rapariga assustando-a. 

Na face da jovem começou por surgir um sorriso embaraçado de quem ia a responder que estava à espera do namorado, mas essa expressão foi substituída pelo espanto. Ela nem queria acreditar no que estava a ver, por momentos pensou que os seus olhos lhe estavam a pregar uma partida. Os seus olhos humedeceram-se e levantou um dos braços para cobrir as lágrimas que lhe escorriam pela face, de tanta emoção nem conseguiu dizer uma palavra sequer para o rapaz, na sua mente havia uma voz que gritava em lágrimas toda a sua felicidade pela vinda do rapaz. 

Sentando-se no banco Zehel colocou os seus braços à volta do corpo de Ykarus apertando-a contra o seu peito. Fazia meses que não a via e o kendoca estava cheio de saudades da sua amada, vida de herdeiro era lixada, sobretudo se dependesse de ficar longe de Ykarus. Acariciando os cabelos da rapariga aconchegava-a bem perto de si dando-lhe o tempo para acalmar-se da surpresa que lhe fizera. Olhando para o fundo via o seu avô a espreitar curioso e acenando com a cabeça agradecia-lhe silenciosamente por ter trazido ali Ykarus. 
Depois de um tempo a rapariga recuperou a sua força para falar e finalmente conseguiu deixar sair alguma coisa dos seus lábios. 

- Obrigada. - agradeceu entre soluços continuando com a mão à frente da cara. 

- Não tens de agradecer fofinha. - respondeu Zehel limpando as lágrimas que lhe escorriam na cara. - Limpa as lágrimas e vem, temos um dia longo pela frente. 

O rapaz tinha planeado o dia todo com Ykarus e o objectivo não era ficar ali a vê-la chorar, dando-lhe uma pancadinha na testa fazia a rapariga rir entre soluços esfregando as mangas negras da camisola dele pela cara. Tinha ficado com os olhos um pouco vermelhos pelo choro, mas isso ainda realçava mais os seus olhos verde claro que à tanto tempo Zehel não via. Movendo-se rapidamente juntou os seus lábios com os da Ykarus deixando-a sem ar pelo movimento abraçando-a com mais força. Ela sabia que ele teria feito um grande esforço para tirar um dia só para eles os dois e que era uma oportunidade que não podia ser desperdiçada pois logo ele voltaria aos seus afazeres. 

Levantaram-se os dois com um sorriso alegre e dando as mãos seguiram pela rua abaixo, iam fazendo conversa das coisas mais banais que podiam existir. Não importava o que falavam desde que estivessem juntos um do outro. Zehel falava-lhe sobre o que acontecera no sub-solo de Valeria, no seu treinamento e quanto aquilo o tinha feito crescer. Em resposta Ykarus contava todos os boatos, acontecimentos relevantes e mexericos que corriam por kirigakure. 

- O vizinho do dono do bar apanhou a mulher dele na cama com um pescador. - Falava a rapariga entusiasmada agarrando-se ao braço de Zehel. 
- Não posso crer! Como ficou ele? - perguntou o rapaz interessado nos mexericos como uma velha. 
- Ficou destroçado obviamente! Alguns dizem até que se o pescador não tivesse logo saltado pela janela em pelota o homem tinha-o matado ali na hora. - continuava a rapariga.

Zehel soltava uma gargalhada descontrolada ao imaginar a cara de pânico do pescador ao saltar de uma janela totalmente desprovido de roupa e com o vizinho do barman a querer matá-lo. 

- Deve ter sido uma cena e pêras. Pena não ter estado por aqui para assistir... 
- Andas desaparecido tu! - reclamou Ykarus dando-lhe um encontrão com a anca. - Mais coisas... Ah! A filha da florista casou-se no outro dia. Lembras-te do cretino que ficava a toda a hora no parque a olhar para as raparigas que lá iam fazer jogging? 
- O filho do talhante? - forçou o kendoca a mente para se lembrar
- Esse mesmo! Casaram-se os dois imagina lá! 
- Iuu... - estremeceu o rapaz repugnado tanto pela falta de beleza e de mentalidade do filho do talhante. - Que desperdício... 
- Seu desgraçado! - exclamou a rapariga batendo com força no braço de Zehel incomodada com o comentário deste. 

Ambos já estavam a morrer de saudades daquelas provocações mutuas e de se ouvirem um ao outro, mesmo que fosse só um dia que podiam aproveitar a companhia um do outro não importava. 

- Bem é aqui que entramos. - afirmou o rapaz apontando para a entrada de um dos restaurantes mais populares de kirigakure, era dos únicos que dava uma vista priveligiada para a bela praça de Kiri. 

Entraram os dois pela porta principal e foram-se sentar numa mesa bem perto da janela gigante para ficarem a apreciar a vista. A fonte do centro da praça desenhava padrões deslumbrantes com ondas de água e repuxos e uma tonelada de casais apreciavam o momento sentados em redor dela. Um dos empregados de mesa aproximou-se dos dois trazendo consigo uma jarra de rosas que colocou no centro da mesa de propósito para o casal perguntando seguidamente o que desejavam comer. 

- Um bom bife suculento! - exclamou Zehel que sentia saudade de um daqueles manjares tenros e típicos de carnívoros. 
- Para mim pode ser a especialidade de Salmão grelhado. - pediu a rapariga rindo pela figura do seu namorado. 
- Hoje as bebidas são por conta da casa, com licença. - anunciou o homem apontando para um grande frigorífico cheio de bebidas.

- Perfeito. - afirmou o kendoca levantado-se para ir pegar as bebidas dos dois, em restaurantes Ykarus bebia sempre o mesmo, ela adorava sumo de maçã. "Vá-se lá perceber..." pensava Zehel que só de pensar na ideia do sabor do sumo o arrepiava todo, era o sumo que mais odiava no mundo. 

Do outro lado do restaurante uma pessoa captou a atenção do kiri-nin. "Não pode ser..." pensou ele para dentro ao aperceber-se que a figura que ali estava no balcão era Ivy.

-Epah, mas tu sais de Valéria? Então tu também andas em jantares romanticos? É um bocado novinho para ti, não? - Troçou ele.
-É o meu sobrinho. E mesmo que não fosse, não tens nada com isso. -Respondeu ela agressivamente - Não estás ocupado, tu? 
-Ah, fui eu tirar um tempo para cumprimentar uma amiga. - Disse Zehel sorrindo, adorava irritar a rapariga. - A Ykarus não se importa.



Assim que acabou ia preparar-se para se ir embora dali mas foi apanhado de surpresa quando Ivy lhe pegou na cara e lhe espetou um beijo bem ali em pleno restaurante. Zehel nem conseguira reagir, tinha já os dois sumos na mão e por isso não a conseguiu afastar. Quando ela separou os seus lábios dos dele podia prever vagamente o que aconteceria a seguir. 


- Assim se calhar já se importa. - Disse Ivy com o sorriso trocista que costumava Zehel a possuir nos lábios. - Bom resto de dia dos namorados. Anda Nao.


"Cabra..." pensou o kendoca, ela fizera aquilo só para o irritar e depois fugira logo dali, afinal sempre lhe faltava coragem... Começando a correr em direção à mesa onde estava sentado com Ykarus deixou os sumos em cima da mesa rápido e correu para fora  do estabelecimento. Ele já sabia que aquilo aconteceria, Ykarus já estava lá fora pronta a apanhar a rapariga e ir lhe dar uma surra que ela nunca esqueceria. Apanhando-a pela barriga Zehel levantou-a e puxou a consigo.


- Não! Pára, mas quem ela pensa que é! A beijar assim o meu namorado! Cabra! Foge foge que da próxima vez sais daqui sem esses lábios, PEGA! - Ykarus esbracejava e esperneava revoltada com o acontecido, ela sabia que Ivy tinha feito aquilo só para irritar Zehel apanhando-o num momento em que estava desprevenido, mas mesmo assim tinha beijado o namorado dela. - E tu seu desgraçado! Não fazes nada! 
- Não sejas parva achas que não estou a fazer nada? Estou-te a impedir de te meteres em confusões, ela só fez aquilo para me irritar, se eu ficasse transtornado ou reclama-se teria feito exactamente o que ela queria. Querias que ela ficasse feliz era? - perguntava o rapaz tentando acalmar a rapariga. 


Ele sabia que não valia a pena ela ia ficar fula e a próxima vez que visse Ivy por ai a passar ia-se atirar a ela e metê-la careca. Voltaram a entrar no restaurante para aproveitar a refeição, estiveram bem e a falar de novo sobre tudo apreciando a companhia um do outro, mas o rapaz sabia que lá no fundo dela o ódio por Ivy só estava a fermentar mais e mais. 
Durante o resto da tarde foram ver um filme ao teatro de Kirigakure, uma história de amor comovente que fazia multidões de raparigas chorar em redor do mundo. não era o estilo de filme de Zehel mas ele fazia um esforço por Ykarus.


Chegaram a casa por volta das 21:30 da noite e estava tudo silencioso.
- Os meus pais saíram? - Perguntou ele confuso. 
- HmmHmm, foram visitar os teus tios no litoral. - respondeu Ykarus enquanto iam subindo para o piso superior. 
- Então a casa é só para nós. - afirmou ele sorrindo. 
Com um empurrão forte, a rapariga atirou o kiri-nin para trás fazendo-o cair sobre a sua cama e depois meteu-se em cima dele com um sorriso aberto na cara. 
- Podes crer que sim. - disse com um tom excitante na voz. 

Eish que namorada mais benevolente. As mulheres aqui em Coura são um pouco diferentes . O Zehel podia ladrar à vontade que ficava capado na mesma ahah.

Foi interessante, apesar de ter ficado um pouco dececionado pelo desenrolar da ação após o beijo descrito no Filler da Tsumi. Preferia que tivessem acabado e a Ivy e o Zehel se juntassem, mas já vi que o rapaz não está nem para ali virado ahah. É bom que ela use mais os seus charmes.

Lê também o meu Filler de Dia dos Namorados . Pela tradição ahah.

Continua!

Bgd pela leitura XP
Quem sabe o Zehel não acabe junto com a Ivy, só o tempo dirá ahahahah

Sim vou ler a tua história e em principio irá para a página do face os nossos 3 fillers da época, por mim fazia-se a tradição e já estou a planear com a Tsumi o filler de carnaval ahahaha

Por agora é só acabar o próximo filler do Akira e vou logo ler o teu de dia dos namorados ^^

Foi interessante juntar sua historia com a historia da Tsumi-chan, pelo visto o Zehel acabou por se sair muito bem. Reencontrou com sua namorada, uma linda garota lhe roubou um beijo e ainda assim conseguiu ter uma excelente noite com sua namorada. Apesar da Yvy ter feito uma inimiga mortal ela aproveitou o momento como o Zehel, em que mesmo com as mãos ocupadas poderia ter feito algo se não quisesse o beijo, mas no final a namorada aceitou as desculpa  


Boa historia