LIMPEZA COMUNITÁRIA
Logo nas primeiras horas da manhã, dezenas de genins conversavam e gargalhavam com seus familiares momentos antes da primeira chamada para o evento de limpeza. -
Muito bem! Todos enfileirados! - Gritou um dos chuunins responsáveis para tentar organizar a bagunça que os pequenos ninjas faziam, ansiosos para começar. A praça estava lotada. Orgulhosos, os pais se engalfinhavam para ver seus recém-formados ninjas que na maioria fariam parte de sua primeira missão. "Consciência Ambiental" - Dizia a faixa amarrada no pequeno palanque. Daisuke estava sem entender o porquê de tamanha comoção só para recolher lixo, porém, mesmo sentado num dos bancos mais afastados, o jovem olhava para a carta de convocação que chegara a sua residência na noite anterior. -
Ei você. Para a fila. - Inquiriu o ninja em comando, apontando para o rapaz. Balançando a cabeça em desagrado, Daisuke amassou a carta e arremessou no lixo mais próximo como um jogador de basquete. Só então se levantou e se espreguiçou para caminhar até a fileira de genins sorridentes. "Pff... Estão sorrindo para apanhar lixo." - Condenou os companheiros de profissão quando finalmente a fila começou a andar. Um a um, os genins se aproximavam dos chuunins que lhe diziam que área eles deveriam limpar e só então lhe estendiam um saco de lixo e vara para recolher objetos do chão. Suspirando por impaciência, o rapaz de cabelos descoloridos avançava lentamente até os chuunins quando ouviu onde seria a área de sua faxina.
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Muito bem. Você ficará com a rua de baixo. - Disse o chuunin sorridente, estendendo-lhe o equipamento. Fazendo uma careta nada discreta, Daisuke estranhou o local de sua missão. Apesar de morar quase toda vida na Vila da Areia, ele nunca tinha ouvido falar na tal "Rua de Baixo". -
Última rua do setor oeste. - Explicou o chefe ao perceber a reação do ninja. Mesmo assim, suspirando de tédio, o rapaz juntou chakra nas pernas e disparou num veloz shunshin até a área indicada. Ziguezagueando nos telhados com grande agilidade até que ressurgiu onde seria o local. "Merda." - Decepcionou-se ao ver a bagunça em que a rua se encontrava. Aliás, aquela não deveria nem ser considerada uma "rua", pois de tão estreita o logradouro bem que poderia ser considerado como um beco. Escuro e totalmente desorganizada, a Rua de Baixo margeava os fundos de inúmeros restaurantes e comércios cujos empregados despejavam seu lixo diuturnamente em dezenas de latas transbordantes. E como a carroça que recolhia as lixeiras não conseguia entrar no beco, caberia a ele recolher o excesso e puxar todas as latas até a saída. -
Mãos à obra. - Sussurrou ao adentrar na rua para encontrar a primeira lixeira. Abarrotada de bagulhos, Daisuke flexionou os membros com toda força para elevar a lata até o peito. Num gemido de esforço, o genin começou a arrastar o objeto até a saída, onde a despejou na carroça que já aguardava. Retornando ao beco, o estalo do latão vazio contra o chão ecoou no corredor, assustando alguns gatos que derrubaram a lata seguinte.
Lotada de lixo, o latão rolou na direção do rapaz enquanto espalhava seu conteúdo nojento. Rapidamente Daisuke concentrou chakra no pé esquerdo e com agilidade ancorou-se na lateral de uma das paredes do beco para se esquivar da lata, que descia em velocidade na direção da saída. -
Malditos gatos! - Exclamou ao concentrar chakra na tatuagem e invocar velozmente uma kunai com um fio shinobi preso a sua abertura. Atirando a lâmina com toda força contra a lata de lixo, a arma atingiu o objeto com precisão, quando Daisuke usou todo o poder de seus braços para puxar o metal, parando-o momentos antes de trombar pesadamente contra a carroça que recolhia os dejetos. "Foi por pouco." - Pensou ao largar a linha e ver o estrago que esta fizera na palma de suas mãos, onde duas queimaduras por atrito surgiram. Contudo, quando olhou para o beco e viu todo o lixo espalhado, o genin se enfureceu. Sua vontade era de terminar logo com aquilo. Pelo menos antes que os outros genins e assim se destacaria dentre eles. Então, pensando mais um pouco, ele dividiu seu chakra pela metade ao manipulá-lo com um rápido selo. Então, de um pequeno estouro de fumaça, o jovem invocou uma cópia para ajudá-lo na limpeza. Buscando duas vassouras na carroça, o Daisuke original passou uma delas para a cópia e começaram a varrer o lixo derramado de volta à lixeira quando uma das portas dos fundos se abriu. Vestido como um garçom, o homem surgiu apressadamente e nem deu valor à presença dos dois ninjas no beco. -
Onde está? Onde está? - Sussurrava enquanto derrubava as latas para averiguar seu conteúdo.
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Ei! Estamos limpando! Não derruba as latas! - Reclamaram os gêmeos.
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Foda-se. Estou procurando algo importante. - Retrucou, derrubando mais uma lata.
Sem se intimidar com a truculência do garçom, o Daisuke original se aproximou e usou sua rapidez para evitar que o homem derrubasse outra lata. -
Pare. - Comentou o ninja. Contudo, para sua surpresa, o homem fuzilou o rapaz com certa fúria e levantou o punho num rápido soco. O ninja poderia se esquivar facilmente do golpe, mas preferiu recebê-lo como uma forma de medir a força do futuro adversário. O estalo no lado esquerdo de seu rosto machucou, mas nem tanto, deixando no local apenas com uma vermelhidão. "Fraco." - Pensou Daisuke ao retornar o "favor" e cerrar o punho para esmurrar o peito do homem. O garçom gemeu e recuou alguns passos quando teve sua rota de fuga interrompida pelo clone que usou sua tremenda força para levantá-lo acima da cabeça. -
Não! Espere! - Debatia-se o sujeito, mas não conseguiu fugir. Enquanto isso, o ninja original buscava a primeira lata de lixo que o homem derrubara, ajeitando-a para receber o garçom. A cópia então atirou o homem na lata com força suficiente para que o homem ficasse tonto e só então chutou o objeto para fora do beco. O latão girou com velocidade para a saída do beco até se chocar contra a carroça num gemido de dor. -
Lixo no lixo! - Provocou a cópia, ao ver o homem cambalear para fora da lata e fugir pela rua. Até que tinha sido divertido. -
Ainda temos trabalho pela frente. - Comentou o original, buscando a vassoura novamente para reiniciar a limpeza quando viu uma pequena maleta entre sacos plásticos. Estranhando o objeto, a cópia pegou a pequena mala e a abriu. Seus olhos arregalaram ao ver que a maleta estava abarrotada de dinheiro.
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Olha isso! Estamos ricos! - Comemorou a cópia.
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Mas nós já somos ricos. - Respondeu o original.
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É mesmo. Mas de quem é esse dinheiro? - Indagou.
Daisuke pensou em como encontrar o dono da quantia, mas logo percebeu que o emblema da lata de lixo era o mesmo inscrito na porta dos fundos do restaurante próximo. -
Pode ser dali. - Apontou. A cópia acenou positivamente, levando a maleta na direção da porta quando os dois perceberam algumas presenças na entrada do beco quando viram o garçom que tinha escorraçado acompanhado por mais cinco estranhos armados com porretes. -
Largue essa maleta! - Gritou o garçom. Balançando negativamente a cabeça, os gêmeos sorriram e chamaram os cinco para "dançar". Os cinco então avançaram desordenadamente pelo beco, derrubando as latas vazias de lixo pelo caminho em grande ruído. Agido primeiro, a cópia saltou com agilidade por cima do original e enquanto pairava no ar, juntou as mãos numa rápida cadência de selos e encheu seu pulmão de ar para misturá-lo com chakra fuuton. O primeiro bandido mal pôde ver a esfera de ar que a cópia cuspira, atingindo-o no peito numa pequena explosão. O homem foi jogado por cima de outras latas e não se mexeu mais. O ninja original, por sua vez, permaneceu parado esperando a aproximação do segundo. Realizando outra cadência de selos, ele manipulou o chakra do inimigo para agarrá-lo no genjutsu. O segundo nem percebeu que as imagens haviam mudado, já que o clone e o ninja eram idênticos. -
Vou matá-lo. - Esbravejou o homem, jogando o porrete para o lado oposto a do garoto. A arma logo atingiu outra lata, dando oportunidade para que Daisuke invocasse seu bastão num forte giro lateral que atingiu o adversário nas costas, arremessando-o contra a parede.
Vendo o rápido contra-ataque, os outros três se espalharam como podiam pelo estreito beco, lançando seus porretes contra a cópia. A imagem de Daisuke esquivou-se num ágil salto mortal e retornou para chicotear a perna num forte chute lateral no terceiro. O estalo fez com que o bandido atingisse a parede e retornasse num torpor quase inconsciente. Foi então que a cópia usou sua força para levantá-lo no alto para manuseá-lo no ar e despejá-lo com toda força ao chão -
Liger Bomb!. O homem suspirou no centro de uma pequena cratera e desfaleceu com as pernas para o alto. Sorridente, a cópia se virou para comemorar, mas logo foi atingida pelo porrete do quarto homem, sumindo numa rápida cortina de fumaça. "Como sou idiota." - Condenou-se ao colocar a mão no rosto. Porém, os homens não aguardaram e arremeteram contra o original. Refazendo-se da decepção, Daisuke efetuou alguns selos necessários e espalhou seu chakra raiton pelo chão para chocar os dois meliantes antes que eles se aproximassem perigosamente. Os homens gemeram de dor, perdendo a iniciativa quando viram o rapaz ressurgir no meio deles com um veloz shunshin. Assustados, eles só tiveram tempo de recuar um passo, o que não foi suficiente, pois o genin já arremessava o bastão embebido com chakra com toda força contra o peito do quarto num estampido doloroso. Levantando o braço, Daisuke bloqueou o giro do porrete que quebrou no seu membro deixando um hematoma no local. Furioso com o ataque, o ex-loiro elevou a perna num chute contra os joelhos do bandido que se elevou no ar. Só então desceu o bastão contra o corpo num movimento definitivo. O último adversário foi forçado ao chão e desmaiou na mesma hora.
Vendo sua gangue derrotada, o garçom arregalou os olhos e disparou em fuga quando Daisuke o acompanhou com grande velocidade para empurrá-lo contra a parede do estabelecimento. Como vinha correndo, o adversário se descontrolou e caiu desajeitadamente no chão quando o genin usou chakra para invocar uma linha shinobi, amarrando rapidamente os pés e mãos do alvo como um potro num concurso de rodeio. -
Maldito! Aquele dinheiro me pertence! - Reclamava o garçom, mas logo interrompeu seu escândalo quando o proprietário do restaurante saiu do estabelecimento. Sem entender o porquê de seu funcionário estava amarrado, o homem pediu explicação ao rapaz e logo se surpreendeu ao notar que o garçom na verdade havia roubado o lucro do mês ao invés de se dirigir ao banco para depositá-lo. -
Obrigado. - Agradeceu o empresário, oferecendo-lhe almoço de graça. Porém, quando o genin viu que o beco ainda estava uma bagunça, ele recusou a oferta e buscou a vassoura novamente. Seria uma longa tarde. Usando sua força novamente, ele arrastou os latões que ainda estavam cheios na carroça, varrendo os dejetos que derramaram no chão até usar uma pá para jogá-los na caçamba. Ofegante, após algumas horas de trabalho árduo, Daisuke finalmente conseguiu limpar o beco. O sol estava se pondo e já com as mãos fumegando por causa dos calos de esforço, ele se sentou exausto à beira da carroça malcheirosa quando - parecendo um movimento coordenado - todas as portas dos fundos dos estabelecimentos abriram e os funcionários depositaram o lixo do dia nas latas recentemente limpas. O trabalho não tinha terminado.
!
FIM
Assunto: Missão rank D - Limpeza Comunitária 
Ter 25 Mar 2014 - 17:11
