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Tudo que se seguiu após os tiros e os ganchos sendo jogados na popa do navio foram completamente apagados de minha mente, talvez pelo trauma, talvez pela dor incessante e excruciante em minha perna que impedia não apenas a movimentação eficiente como também o raciocínio.

" Tenho que me abrigar...preciso me esconder, argghh, não estou em condições para lutar adequadamente. "_ Estes pensamentos me martelavam a mente como uma enxaqueca. O convés lotava-se de marinheiros, destroços de diversas coisas, água e gritos de escárnio. Uma verdadeira algazarra misturada com sangue, balas e lâminas cortando carne, e somente o que eu pensava era fugir dali. Me arrastei pelo convés superior até o navio ser atingindo por algo que parecia ser outra saraivada de canhões, o que fez que eu voasse contra uma das paredes de madeira do navio me causando fortes dores.

" Eles querem afundar o navio ou abordar? Se continuar nesse ritmo a embarcação vai ter tantos furos que ela vai afundar em instantes. "_ Pensei. Olhei para o alto e vi o mastro principal cair e tudo o que me passava na mente no momento era: Como diabos um navios desse porte causou tanto dano? Afinal seu adversário era uma fragata, que embora mercantil era resistente, afinal, era uma fragata droga!

Um homem parou diante de mim, com seu sabre empunhado. Me encarou seriamente como se eu fosse uma espécie de prêmio, e então veio em minha direção com um sorriso maquiavélico na face pronto para ou me matar ou me capturar. Estava tudo claro! Realmente não eram apenas piratas fora das rotas de ação, mas eram piratas contratados para atacar este navio em específico o que significa que tinha espiões do velho me seguindo. O que eu faço? Me perguntava incessantemente enquanto o homem se aproximava.

— O que temos aqui? Hahahahahaha._ Riu num tom de perversidade, parou e me examinou, provavelmente procurando algo de valor o que de certa forma eu tinha e não tinha. Levando as mãos aos meus bolsos pegou o dinheiro e objetos que ali estavam, não suportei ser tratado como um lixo e até eu mesmo me sentir indefeso. Acionando a lâmina do braçal o cuchilho saltou do suporte, cortei sua mão que ousou tentar me roubar e depois pulei em cima do homem, ceifando sua alma pelo pescoço.

— Arrrrgghh..grr... (Gemidos de dor)..._ Minha perna me cobrava demais. A movimentação era difícil, todavia atingi a cabine do capitão que por sorte ainda não tinha sido invadida, arrastando-me fui para atrás de sua mesa. — Droga, o que eu... gggrrrrr (Gemidos de dor)... faço?_ Em meio a esses questionamentos a porta da cabine me tirou atenção, estava sendo pressionada fortemente e sem uma barricada adequada ela cederia logo logo.

" Não tenho escolha... Grr. "_ Retirei um pergaminho de dentro da capa vermelha e abri-o sobre o assoalho de madeira molhado e quebrado. Realizando alguns selos e concentrando chakra pressionei os kanjis descritos invocando uma besta e estojo de setas, que em poucos minutos foram armados totalizando uma carga de quatro flechas por turno.

Retirando uma kunai arranquei trapos da cortina do recinto, logo, os coloquei sobre minha boca e me sentei. Tocando a coxa atingida de raspão pela bala de canhão pressionei o osso que mais parecia estar quebrado do que deslocado. A dor era ainda maior de quando a pressão ao redor do projétil atingiu a área.

" ... Sim concordo, mas quando o mal tenta espalhar opressão, caos, morte e violência as guerras são necessárias. Nunca desejei participar dessa luta, muito menos contra você...meu amigo... Prometa-me uma coisa... não... ajude-o... viver... amizade... "_ Tudo ficou turvo e por fim preto. Fui transportado nesse instante para uma dimensão paralela, algo que já visitei involuntariamente em meus sonhos ou em momentos críticos de minha vida. Dessa vez era o que parecia ser um jardim, porém muito destruído e também com uma luz bruxuleante e incessante, como um incêndio. O sangue presente no local proporcionava um cenário de horror e guerra e uma mulher debruçada e ensanguetada chorava contrastando o leve som de madeira crepitando. Voltei a realidade após ouvir um choro e barulho de passos apressados e também confusos, não sei como mas sabia.

De repente fui trazido verdadeiramente a realidade e a porta da cabine do capitão irrompeu com um barulho estrondoso. Agarrei a besta e me posicionei, me erguendo de maneira desajeitada apontei para os intrusos e dei de cara com o capitão e o contra-mestre do navio junto de toda a tripulação (ao fundo) amarradas e com armas e espadas em suas cabeças. Aquele que parecia ser o capitão pirata empunhava um dispositivo incomum para mim, mas já o vi em ação neste ataque quando disparou projéteis que chegavam a matar instantaneamente (pistola de pederneira).

— Então...ai está nosso contrato... Se bem que, eu não gosto muito de contratos...Hahahaha... Lads, peguem-no, roubem tudo e bem..._ Proferiu apertando o gatilho do dispositivo e explodindo o crânio dos dois oficiais do navio. Dois bucaneiros avançaram sobre mim, apontei a besta e disparei contra seus peitos matando-os instantaneamente.

" Que se foda eles...tudo está perdido. Apenas vou limpar o mundo de uma dúzia de patifes miseráveis. "_ O ódio inundou meu coração de repente. Acionei o gatilho novamente matando mais dois homens que se atreveram a avançar. No momento o capitão ergueu a mão e retirou a espada, encarando-me. Sua face era aterradora, cheia de cicatrizes e irregularidades, seus dentes amarelos e alguns até de ouro. Seus olhos pretos e fundos, indecifráveis. Sua lâmina reluzia.

— Venha garoto!_ Incitou-me cortando o ar a minha frente num estilo de luta com espadas que nunca vi, o que não era bom já que eu não conseguiria prever seus movimentos perfeitamente. Este ergueu a mão pronto para descer a espada, me pus em guarda sacando a lâmina e interpondo-a no caminho – minha perna ardeu em dor. Nos digladiamos por alguns instantes até o pirata guardar a espada.

— Levem-no para o navio, troque a bandeira de nossa embarcação, roubem a carga. Matem os marujos e vamos para o País da Lua Crescente, é o nosso contrato._ Ordenou o capitão. Dois homens correram em minha direção me agarrando e me amarrando, me levaram para o navio deles. — Já esteve numa prisão antes garoto?_ Riu em escárnio batendo o aço da espada sobre meu rosto e causando um corte suficiente para uma cicatriz.

" É o nosso contrato... Contrato? Contrato de quê? E com quem? A La Hermandad controla tudo? Achei que alguns espiões apenas, mas chegar ao ponto de controlar o mar, portos e até pessoas comuns é loucura! "_ Refleti sobre a natureza do ataque ao navio mercante.

Minha visão turvou novamente e a dor na perna me alvejou cobrando descanso imediato para minha mente. Apaguei em meio aos gritos de desespero dos homens ao terem suas gargantas cortadas e seus corpos lançados ao mar e fui transportado para aquela dimensão, que a cada visita me intrigava mais. Seriam memórias? Previsões do futuro iguais de sacerdotes? Simplesmente sonhos? Todas essas perguntas se misturavam no misto de dor, ódio, esperança e mais perguntas sem respostas.

— ...nada é coincidência a partir de agora..._ Disseram.