Apesar da sensação inebriante, de alguma paz e bastante torpor, eu não conseguia levar aquilo muito mais adiante. Na manhã seguinte, olhei para fora da minha janela, e o cão ainda lá estava, no mesmo estado em que eu deixara-o. Meu coração encolheu tanto a ponto de imaginar que ele havia sumido, e uma irresistível vontade de soluçar violentamente apossou-se de mim. Será que fora os olhos abertos do animal, que estavam vidrados em tom suplicante para ser-lhe a vidapoupada? Só agora eu havia percebido aquilo? Que monstra era eu?

Nada havia em meu estômago, mas diante da cena bem em frente à minha casa, os ácidos insistiam em subir a garganta. Corri o mais depressa para o banheiro, quase não conseguindo conter aquele caldo efervescente que queimava-me a faringe. Deixei a água afagar minha cabeça e escorrer por meu rosto, esfriando o calor que tomava conta dele. Devo ter ficado desta forma por cerca de dois minutos, a imaginar o que raios estava a acontecer comigo. Ontem tudo parecia tão simples, tão fácil, então por que hoje estava tão... Arrependida?

Lá fora, os vizinhos estavam atordoados com o ocorrido. Ouvi pessoas perguntando-se que tipo de monstro podia fazer uma ato tão atroz, enquanto várias outras choravam, por conta daquele cão ser conhecido e querido nas redondezas. Pisei lá fora, e automaticamente roubei a atenção: vi crianças encolhendo-se em seus pais ou irmãos mais velhos, e os adultos com um olhar misto de desconfiança e medo. Aproximei-me do corpo que jazia ali, ajoelhei-me e fechei seus olhos, falando em tom baixo um "descanse em paz", audível para os que estavam mais próximos. Um pequeno burburinho formou-se, pude ouvir uma criança exclamar baixinho que eu era humana, afinal. Será que ela estava certa? Aproveitei a distração e sussurrei para o cãozinho um "Gomenasai" que apenas eu e, talvez sua alma, puderam ouvir. Levantei-me e, como sempre, fiquei alheia. Eu tinha minhas obrigações como ninja, não tinha tempo para lamentar-me por um cãozinho. Que estava a sujar a frente de minha casa, aliás.

Citação :

O que és? Tola, não aprendeste que são os humanos que devem sofrer? Volta tua maldade a eles, e não aos inocentes que já sofrem por conta dessas criaturas naturalmente cruéis. Aprende, antes que sejas a próxima vítima.
                               

Miku-san

A ameaça estava em cima da mesa de jantar. Procurei por todos os lugares quem quer que estivesse colocando aqueles bilhetes em minha casa, porém uma vez mais falhei. Sentia-me impotente, observada, com o espírito confinado. Realmente detestava aquele jogo, por algum motivo parecia que alguém sabia exatamente todos os movimentos que faria. Que eu era muito transparente e previsível. Só havia uma única pessoa que poderia ler-me deste jeito, julgo eu. E isto de certa forma, confortava-me - embora irritasse-me. Amassei o papel e joguei-o num cesto ali perto.

Citação :

Cabelos verdes balaçavam suavemente com a brisa fria e úmida de Kiri. A pessoa que os detinham era completamente ignorada pelos transeuntes ao redor, até mesmo pelos guardas ninjas. Havia infiltrado-se num grupo de viajantes novamente; já perdera as contas de quantas vezes entrara e saíra da vila sem nunca ter chamado a atenção. Comia um biscoito caseiro, especialidade de uma padaria que sempre gostara - e visitava a cada vez que pisava na Névoa. Imaginava o que a garota de olhos vermelhos e cabelos brancos estava a fazer. Ela certamente era interessante - e aquilo divertia-lhe muito. Um sorriso desenhou-se em seus lábios ao imaginar se realmente conseguisse que seu plano desse certo, afinal os usuários de Baburu-kei estavam em falta no mundo ninja. Harima era manipulável. E a pessoa misteriosa era muito perspicaz - e perigosa. Sim, a situação era tão deliciosa quanto aqueles biscoitos...

Nota da Eve:

Ela é humana e não uma assasina estou começando a gostar da Harima novamente.

Quanto ao filler adorei ele vi que foi feito com uma linguagem simples e de fácil entendimento, o que facilita muito a leitura do leitor.

Por fim eu não sei quem admira a faxineira pela sua habilidade de bolhas, mas cada um com seu feitiche .

Esperando o próximo

Incrível filler Eve, voltou ja nos presentiando com um filler perfeito.

Harima não e um completo monstro mas senti que isto tem haver com sua criação e com Miku-San e estou curioso pelo tal.

Enfim esperando o próximo filler.

Adorei! Omg! Adorei! 
Eu to aqui criando milhares de hipóteses pra quem é aquele brother e o qe ele quer... espero que eu esteja errado u..u
Adoro tua primeira pessoa s2

hahahahaha, obrigada a todos pela leitura e elogios Bruninho, eu ando escrevendo às pressas, e acredite, quando escrevo eu já penso que está enorme, mas quando coloco aqui fica esse "gato-pingado". Não sei o que anda acontecendo comigo, mas ultimamente estou mais à vontade em escrever textos menores que os de antigamente; tentarei aumentar no próximo, mas não garanto uma mudança radical :/ Sobre a pessoa misteriosa, vamos lá, em breve falo mais sobre. Estou realmente feliz que estejam gostando da minha história >.<

É irónico como o bilhete da Miku transmitiu a exata mensagem que eu dei num dos comentários anteriores. Coincidência? Não me parece, Éve malandra D:.

Ótemo Filler, se bem que este foi muito curto pelo que não tenho muito a comentar. A tua escrita na primeira pessoa continua fenomenal, tal como a complexidade mental e sentimental de Harima ainda não ter perdido o encanto e conseguir sempre cativar o leitor. O final, com a tal pessoa de cabelos verdes, abre portas para novas teorias. Eu acho que é a Miku...

Continua ^^

Um filler pequeno, mas muito bem escrito e cheio de informações. Eu ainda mantenho minha opinião de que a Harima tem dupla personalidade, embora isto seja um sinal de certos distúrbios mentais

Continua Eve ^^