Caminhando sob o manto da escuridão, numa trilha que serpenteava pela densa floresta no País da Cachoeira, a marionete-viva perseguia pelo trecho na direção do ponto de encontro. –
Era a única disponível no momento. – Suspirava por ter que fazer uma missão de rank baixo para conseguir custear seus bonecos mortais. Buscando o cartaz novamente, Daisuke procurou as montanhas ao longe e não foi difícil perceber, mesmo na escuridão, alguns pilares de fumaça que deslizavam entre as nuvens escuras. Estava chegando ao destino. –
Espero que isso não leve muito tempo. – Concluiu ao guardar o papel de volta no seu manto. Segundo a mensagem relativa à missão, essa vila se chamava Hoshu, e que acabara de ser atacada por uma gangue violenta que roubou, incendiou e destruiu a maior parte do vilarejo. O nukenin já tinha visto esse comportamento quando era um pirata e nunca concordou. Covardia não fazia parte de seu dicionário e detestava furiosamente quem agia assim.
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Que... Que... Quem está aí?! – Esbravejou o vulto no meio da trilha.
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Depende... Quem quer saber? – Respondeu o nukenin.
Parando seu avanço, Daisuke percebeu uma movimentação estranha nas laterais da trilha. Era um ruído conhecido de emboscada. O ruído de algumas pessoas escondidas nos arbustos que começaram a convergir na sua direção. –
Identifique-se! – Exclamou o vulto, deixando a lança que levava em riste. O ninja logo viu o metal reluzir contra a luz da lua e antes que pudesse responder, ele ouviu os gritos furiosos de mais seis homens que saíram da cobertura da vegetação e arremeteram contra ele armados de ancinhos e foices. Rapidamente a marionete largou sua mochila e elevou o braço de metal para bloquear o primeiro golpe. A lâmina da foice riscou sua armadura, danificando pouco pela força pífia do atacante, quando ele girou em seu eixo para elevar a poderosa perna. Pela sua envergadura, o chute lateral conseguiu atingir dois dos atacantes, arremessando-os para longe, enquanto os outros quatro estocaram suas lanças contra seu corpo.
O barulho de metal contra metal foi agonizante, mas mesmo assim – como no anterior – os golpes dos homens surtiram pouco efeito. Sua blindagem mantinha-se firme, apesar dos vários riscos que as sucessivas estocadas causavam. –
Que monstro é esse?! – Perguntou um deles, surpreso com a resistência do inimigo quando uma grande mão surgiu na direção de seu queixo. Sem esperar, Daisuke atingiu o soco na lateral do rosto no terceiro homem que girou ar e desmaiou rapidamente quando seu corpo foi agarrado pelo mesmo punho que o atacou. Assim, usando toda força de seu braço mecânico, o nuke arremessou o corpo do homem desmaiado contra os dois outros num gemido de fúria.
Strike! E os homens que o emboscavam tinham sido derrotados. –
Por... por... Por favor... Não me machuque! – Gemeu o primeiro vulto que fez parar. A máquina aprumou o corpo e arrumou sua grande capa de chuva. –
Não foi difícil perceber... Vocês são moradores de Hoshu, não? – Perguntou.
O homem acenou positivamente e se sentou ao perder a força de suas pernas pelo medo que sentia. –
Pois muito bem... Estou aqui para ser contratado. Leve-me ao responsável. – Disse Daisuke, com sua voz rouca e metálica. Ouvindo isso, o rapaz acenou e se virou cambaleando pela trilha até que finalmente os dois viram o vilarejo há alguns poucos quilômetros após uma depressão rochosa. Era uma vila de pescadores um pouco mais desenvolvida. Pelo menos na luz da lua que caía sobre o local, o ninja pôde ver a destruição causada no local, além de alguns focos de incêndio persistentes. –
Fizeram uma bagunça mesmo. – Brincou, tentando quebrar o “gelo” entre ele e o guia... Não adiantou muito, pois durante todo o caminho até o local, o pescador sequer se atreveu a olhar para trás. Mesmo assim, sua chegada não foi comemorada. Com muita desconfiança, à medida que seu gigantesco corpo de metal atravessava os destroços dos casebres, os sobreviventes se escondiam como podiam e choravam com receio do que poderia acontecer.
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É... É... Aqui. – Sussurrou o guia, apontando para um esqueleto de casa. Totalmente calcinada, a residência parecia ser maior do que as outras. De costas para os dois, um velho gemia tentando retirar uma grande viga de madeira calcinada de cima de uma mesa quebrada. Vendo o esforço do velho e já sem muita paciência para começar a ação realmente, Daisuke se aproximou e levou chakra para a mão direita, fazendo-a grudar com firmeza. O velho se assustou com o seu tamanho e recuou alguns passos para vê-lo usar sua força para elevar a viga como se nada fosse. Levantando o objeto sobre a cabeça, o ninja olhou em volta e não viu qualquer local onde poderia depositar tal peso, quando olhou para o grande lado que refletia a luz da lua. –
Isso vai pra lá! – Sorriu debilmente ao arremessar o objeto pesado na água calma. Aquilo assustou ainda mais os moradores, mas não o idoso. –
Ótimo. Venha comigo. – Disso o ancião, caminhando até os destroços da mesa que queria alcançar. Forçando e abrindo a gaveta, o senhor retirou uma pequena bolsa de couro, entregando para o ninja com os olhos cheios de lágrimas.
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Eles estão na outra margem do lago... Gargalhando pelo nosso infortúnio. São trinta ou quarenta... Se você conseguir recuperar nossos pertences ficaremos satisfeitos. – Disse o velho.
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Posso matá-los? – Perguntou.
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Fique à vontade... Faça-os sofrer. – Respondeu o homem, visivelmente transformando seu sofrimento em raiva.
A raiva... Um sentimento tão humano que, apesar de não ser mais considerado um humano, Daisuke ainda pôde aproveitar o gosto da raiva em sua consciência. Aquilo o fez sorrir maldosamente. Olhando por cima do velho, apertando os olhos, o gigante ainda conseguiu ver algumas fogueiras ao longe, como pequenas estrelas fumegantes na margem oposta. Acenando positivamente para os comandos dados, a marionete fechou o punho num rápido selo, enviando chakra para a tatuagem e logo um grande scroll surgiu aos seus pés. Ajoelhando-se, a ele abriu o pergaminho que se estendeu sob os olhos curiosos dos habitantes que se afastaram quando a besta de metal juntou chakra na palma da mão e acionou os selos presentes no papel. Os selos brilharam com seu jutsu de selamento e logo as dez marionetes avermelhadas surgiram a sua volta. Seus olhos brilhantes foram acionados assim que o titereiro começou a enviar chakra através dos transmissores, sendo capaz de controlá-las sem a necessidade de fios de energia.
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Retornarei ao amanhecer. – Comentou ao velho assim que começou a andar na direção do lago, acompanhado por suas marionetes. Daisuke já tinha um plano definido e agora só lhe faltava averiguar o acampamento inimigo para se certificar de que daria tudo certo. Então, a marionete marchou para dentro do lago. Pouco a pouco seu corpo foi coberto pela água gelada, sua força sempre sendo testada para retirá-lo do aprisionamento do fundo lamacento. A comitiva prosseguia calmamente na direção da outra margem até que a cabeça da marionete-viva surgisse da superfície. Controlando seu chakra enquanto vislumbrava o acampamento, Daisuke controlou seu chakra para comandar que os dez vingadores circundassem o local e formassem um semicírculo do lado oposto ao que estava. Obedecendo aos comandos, os assassinos sem alma se afastaram e correram silenciosamente para o local indicado, terminando por cercar todos os inimigos. Seu plano começava a tomar forma.
O acampamento realmente tinha cerca de trinta a quarenta homens que dormiam em duas grandes tendas cercadas por três fogueiras que iluminavam todo entorno. Já no centro, Daisuke pôde ver a pilha de objetos roubados em cima de duas carroças. –
Hora de acordar. – Sussurrou. Olhando para os três vigias que circulavam o local, a marionete elevou um dos braços acima d´água e enviou chakra para a tatuagem para invocar uma kunai com um papel explosivo. Sem fazer muita mira, ele então arremessou o explosivo às suas costas com o intuito de fazer uma entrada sinistra.
Boomm E o pilar de água acabou por acordar até os mais bêbados dos bandidos. –
Às armas! – Gritou um dos vigias, atiçando a turba que se apressava em buscar diversas lanças e espadas nos racks de cada cabana. –
Ali! – Apontou o outro vigia. Nesse momento, o gigante começou a avançar.
Seu corpo de metal saindo da água vagarosamente começou a assustar alguns dos bandidos que acabaram por soltar suas armas e correr para a floresta. Mas mal sabiam eles que as marionetes já estavam a sua espera. Utilizando seu chakra, ele ativou o selo Hiraishin que havia posto em seus bonecos anteriormente e praticamente sumiu de onde estava, ressurgindo justamente na frente do grupo de covardes. –
Estes morrerão primeiro. – Sorriu com um olhar sanguinário. Os mijões gritaram como mulherzinhas com a chegada repentina. Elevando a perna com toda força, a marionete estourou os primeiros homens com dois chutes laterais, enquanto girava o corpo com toda agilidade para agarrar a cabeça do terceiro com seu punho poderoso. O homem se debateu, mas não pôde fazer nada contra a força brutal com que Daisuke o puxara para atirá-lo com muita força contra outro companheiro que tentava retornar ao acampamento. O grupo de fujões então se dispersou, obrigando o nukenin a utilizar seu chakra novamente no selo hiraishin de outra marionete.
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Pelos deuses! Um demônio! – Esbravejou outro, antes de ser atingido com o punho embebido de chakra que desceu sobre sua cabeça, esmagando-o por completo num okashô sanguinário. O estouro espirrou sangue para todos os lados, banhando o metal do corpo do atacante que parecia estar num transe furioso. Nesse momento, O grupo mais corajoso começou a se reagrupar, brandindo arcos e lanças. –
Arqueiros! – Comandou um deles. Logo, dezenas de flechas voaram contra ele na escuridão.
Isso mesmo. Comemorou Daisuke, sentindo as flechas resvalarem em seu corpo, mas não do corpo dos que resistiam a ele. Rapidamente os covardes foram abatidos pelas flechas, restando apenas ele e suas marionetes. Coberto de sangue, o nukenin aprumou seu corpo gigante e apontou para o restante, comandando por chakra que seus vingadores atacassem. Os bonecos saltaram sobre a formação inimiga com suas lâminas em punho. Perfurando em estocadas rápidas os ombros e braços dos bandidos que feridos caíam e se arrastavam de volta para as tendas.
Nesse momento, Daisuke aproveitou a quebra de formação para visualizar o comandante. Não foi difícil de identificar, já que ele que comandara os arqueiros. Juntando as mãos num rápido selo, ele concentrou chakra e começou a manipulá-lo no cérebro do alvo, enviando o genjutsu de visão oposta. –
Todos para a esquerda! – Comandou o homem. Seus subordinados não entenderam o comando mesmo assim obedeceram, praticamente deixando o flanco aberto para que o gigante entrasse. Mal sabiam eles que seu comandante estava enxergando tudo ao contrário, errando mortalmente os comandos. Foi uma carnificina. Saltando contra os restantes, o nukenin arremeteu seus punhos contra o solo, destruindo tudo com a força incrível, jogando alguns os bandidos para o alto. Saindo da cratera com grande velocidade, ele rodopiou numa ágil acrobacia pelas rochas até atingir um chute descendente contra os que ainda estavam na cratera. Outro estrondo acompanhado de uma nuvem vermelha que espirrou do buraco. A confusão foi geral.
O líder ainda tentou gritar comandos, mas o nukenin o agarrou pelo pescoço, afixando uma tarja explosiva contra seu estômago. Daisuke pretendia arremessá-lo para o alto, mas nesse momento sentiu grande dor em seu abdome. Por azar, ou sorte do atacante, um dos bandidos conseguiu atingir seu centro nervoso de raspão. A flecha foi suficiente para fazê-lo gemer e soltar o líder que tentou arrancar a tarja, acabando por explodir à queima roupa da marione-viva. O estouro danificou seu corpo, tonteando-o o suficiente para perder o controle das marionetes. Era a oportunidade que os poucos que restaram de pé corressem floresta à dentro. –
Não escaparão de mim! – Gritou o nuke com fúria. Levantando-se com velocidade, ele disparou em grande velocidade pela floresta, ouvindo os gritos ofegantes dos homens. Saltando e ricocheteando numa frondosa árvore, ele elevou o joelho e atingiu o primeiro pelas costas, quando outro freou o avanço ao vê-lo e se virou junto de mais três. Nesse momento, Daisuke usou chakra para invocar uma bomba de luz, arremessando-a com toda força à frente dos fujões.
O brilho cegou-os momentaneamente, fazendo-os cambalear sem rumo para que enfim o obelisco pudesse alcança-los. Com o cotovelo em riste, ele atingiu a cabeça do primeiro, derrubando-o rapidamente, quando rodopiou em seu eixo numa ágil manobra para esmurrar o segundo e terceiro com os dois punhos extras. O estalo apagou os bandidos rapidamente, restando apenas mais um que suplicou pela vida. –
Sem sobreviventes hoje. – Explicou com olhos frios. O homem gritou logo que foi agarrado pelo gigante. Forçando seus braços ao máximo, num gemido furioso e forçado, Daisuke conseguiu separar do corpo os braços do último criminoso, que desmaiou pelo choque.
A carne é tão frágil. –
Acabou. – Disse para suas marionetes que assistiram tudo sem se movimentar. A missão tinha acabado. Então, depois de se lavar no lago, o nukenin buscou as duas carroças de pilhagem, arrastando-as pela trilha com seus poderosos braços até chegar ao amanhecer como prometido.
FIM
Assunto: Missão Rank C - Caça aos gambuzinos 
Ter 17 Jun 2014 - 13:18
