Filler 6 - A luz das máquinas
Kazuki e o seu pai estavam a frente da porta da casa de Hitoshi, um antigo aluno de Kazuo. A casa era pequena e um bocado isolada do resto da vila, rodeada por algumas grandes pedras. O rapaz bate a porta e nota que ela estava aberta, movendo-se um bocado.
- Pai, a porta está aberta, entramos?
- Bate mais uma vez.
O filho bate duas vezes seguidas mas não obtêm resposta. Estavam os dois a achar aquilo muito estranho e suspeito, Hitoshi nunca iria deixar a porta da sua casa aberta porque não desejava que ninguém visse a suas geringonças, que foi uma das razões pela qual ele comprou aquela casa isolada. Kazuki então decide entrar, abrindo a porta a lentamente.
- Olaaaaá? – pergunta o rapaz entrando dentro da casa, seguido pela o pai.
Os dois ficam pálidos e com um aperto no coração quando imediatamente vêm o que parecia ser o corpo de Hitoshi encostado a parede, sentado no chão com um líquido encarnado a sair pelo que seriam feridas, formando uma grande poça a sua beira.
- Hitoshi! HITOSHI! – gritava Kazuo, rodando com as suas mãos as rodas da cadeira, movendo-a rapidamente em direção do corpo. Kazuki estava paralisado a olhar para o corpo, não sabia o que fazer, nunca tinha visto um corpo, muito menos de um amigo. Sentiu medo durante alguns segundos que rapidamente tornou-se em raiva, alguém tinha matado a seu amigo e ele iria descobrir quem foi. O seu pai atira-se da cadeira para perto do corpo, caindo em cima da poça, começando a cheirar o líquido encarnado por alguma razão.
- Filho da puta… HITOSHI! ONDE ESTÁS, MEU CARALHO!?
O rapaz é afetado por uma grande mudança de emoções, de medo para raiva, de raiva para medo,
“Será que o meu pai quebrou mais uma vez?” perguntava a si próprio devido a maneira como Kazou chamava pelo seu antigo aluno, se estava morto. Kazuki ouve um som de alguém a comer algo crocante, ele olha para a cozinha aberta que era mesmo ao lado da sala, sendo só separada por um balcão, um homem alto e forte de olhos pretos, com um pequeno grupo de pelos faciais castanhos diretamente abaixo do lábio inferior e com o cabelo castanho curtinho, que estava a vestido com um macacão e uma camisa branca por baixo, era exatamente igual ao corpo que encontraram, ele estava comia pipocas enquanto olhava para Kazuki e Kazuo.
- Hi-hitoshi!? – gaguejava o rapaz, esfregando os olhos para ter certeza que estava a ver direito.
- Meu… Sinceramente estava a espera de mais choro puto. E Kazou-sensei, pareces um zombie! Ahahahah! Com a tinta vermelha e sem as pernas e com uma cara de “vou-te matar”
e arrastares-te lentamente no chão em minha direção, estás igualzinho! – dizia o homem, tentando conter o seu riso.
- EU VOU-TE ESPANCAR COMPLETAMENTE! ACHAS QUE ISTO TEVE PIADA!? EU QUASE TIVE UM ATAQUE CARDIACO! ESTÁ FOI A PIOR PARTIDA DE TODAS! ANDA CÁ!
Furiosamente, o pai começa rastejar com uma velocidade enorme, Hitoshi fica assustado e sobe o balcão, ficando lá a pedir por socorro enquanto Kazuo tentava subir o balcão para apanha-lo, insultando-o constantemente. Kazuki fica a olhar com uma cara de parvo, não sabendo como reagir.
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- Para assustar as crianças? Tu és doido?! – gritava Kazuo ainda um bocado irritado, estava cheio de tinta vermelha na sua roupa e sentado na sua cadeira rodas. Hitoshi explicava que criou uma marioneta igual a ele mas com cortes no seu corpo e espalhou tinta vermelha para simular sangue. O seu objetivo era pregar um susto as crianças que andavam a volta da sua casa, tentando sempre descobrir que maquinas estava a construir.
- E porque não disseste algo quando nos viste a entrar? – pergunta Kazuki.
- Eu estava mesmo a vista, não tenho culpa que vocês tivessem olhado primeiro para o boneco. Mas puto, eu não queria interromper aquela cena, sempre quis saber como as pessoas reagiriam se morrem-se, foi tão bonito! – respondia Hitoshi os seus olhos brilhavam de alegria – Mas afinal, o que vocês vieram aqui fazer? Visitar-me? Já tinham saudades minhas, né?
- O Kakuzi já mestreou a tua maquineta – diz o Kazou com um tom um bocado agressivo.
- Asserio? Boa chavalo! Então vamos subir de nível – ele vai em direção a uma porta da sala, tira uma chave do bolso e coloca-a na fechadura, girando-a. Atras da porta estavam escadas direcionadas para baixo e no fundo outra porta mas esta era feita de metal.
- Os putos primeiros… - fala realizando um gesto de “vá a frente” com as suas mãos.
- E o meu pai? Sabes que não lhe dá muito jeito descer escadas.
- Não te preocupes meu, o teu pai é um pro.
O gennin não entende o que ele queria dizer com isso mas o seu pai também não parecia muito preocupado com as escadas por isso seguiu a frente. Os dois descem e chegam a frente da porta de metal e Hitoshi tira do bolso uma chave com um design muito estranho e coloca na fechadura, abrindo-a. Era uma grande cave que continha muitas máquinas e gerigonças do lado direito, no lado esquerdo continha bancadas de trabalho, marionetas inacabadas e duas estantes com pergaminhos, no centro o que parecia ser um campo de treino com alguns bonecos de treino e cinco marionetas que pareciam ser mini Hitoshis.
- Kazuo-sensei, já podes descer!
Sons de algo a bater nas escadas começa-se a ouvir constantemente quando Hitoshi chama pelo seu antigo sensei, era Kazuo a descer rapidamente as escadas com a cadeira de rodas, inclinando-a para cima, as rodas saltavam de degrau em degrau, chegando a porta de metal e passando por ela derrapando com um enorme sorriso de orgulho do que fez na sua cara.
- Eu disse-te que ele era um pro mas agora tu tens de te concentrar naquilo – Hitoshi aponta para uma máquina que estava por detrás do campo de treino, era um grande cilindro feito de metal com algumas luzes e botões, havia também um semi-arco de metal ligado a si. Por detrás da máquina, haviam fios que ligavam-se a parede, conectando-se com os painéis ao lado que estava colocados na parede.
- É simples, aquilo é um dos geradores deste local mas está desativado, se o conseguires ligares, fluindo o teu chakra no semi-arco, estarás mais perto de conseguires controlar o elemento Raiton – explica Hitoshi. O processo todo parecia ser simples para Kazuki, praticamente tinha de realizar a mesma coisa só que numa maior escala.
- Vai lá filho, tu consegu-
*PUM!*
A porta de metal atrás deles fecha-se, todos olham para trás e Hitoshi vai lá com a chave na mão:
- Malditos putos, vo- Ah? – ele tentava rodar a estranha chave na fechadura mas não conseguia – O “lockdown” ativou-se?
Um dos mini-hitoshis mexe o braço para frente, apontado na direção do pescoço de Kazou enquanto estes estavam distraídos, a mão transforma-se num cano e de lá é impulsionado um dardo que espeta no pescoço dele.
- Au… O que é isto? – o pai de Kazuki tira o dardo do seu pescoço e começa sentir-se zonzo – Is… Isto… vene… veneno...?
Ele deixa cair o dardo e Kazuki pega nele, vendo que tinha um líquido roxo na sua ponta. O seu coração começa a bater rapidamente e apercebe-se que o seu pai acabou de ser envenenado e grita para Hitoshi que estava a tentar abrir a porta:
- O meu pai levou com um dardo da tua marioneta, onde tens o antidoto para isto?!
Hitoshi corre de volta para eles, pega no dardo da mão do gennin enquanto o seu pai murmurava estranhas palavras.
- Mas que merda?! Eu não utilizo venenos, eu sou mais do tipo de explosões, eu não sei o que se passa mas é melhor sairmos daqui rápido e levarmos o teu pa-
A luz vai se abaixo e eles ficam as escuras, do campo de treino umas luzes que pareciam olhos aparecem.
- O que é está acontecer?
- Eu acho que estão a controlar as minhas marionetes… Kazuki tens me buscar um dos pergaminhos das estantes e dar-me.
- E as marionetes?
- Eu distraiu-as, é só virares para a esquerda e correres sempre nessa direção, não desvies o teu caminho.
As luzes todas apontam para o grupo e eles ouvem o som de projeteis a serem lançados. Hitoshi coloca a mãos no chão e grita:
- Doton: Doroku Gaeshi!
Uma parede sobe do chão a frente do grupo, protegendo-os dos projeteis.
- Kakuzi, agora!
O gennin realiza um
Shunshin, correndo rapidamente para a esquerda, ele coloca as mãos a sua frente para não bater contra a estante. Quando chega ao seu destino e sente os pergaminhos nas mãos, ele tira um, vira-se para trás e olha para Hitoshi, conseguindo encontra-lo a desviar do que pareciam senbous devido as luzes focadas nele.
- Aqui vai! – o rapaz atira com toda a sua força o pergaminho em direção de Hitoshi que consegue apanha-lo. Ele abre o pergaminho e coloca a mão por cima, uma fumaça aparece a sua volta e uma marioneta de três cabeças aparecem, cuspindo fogo pela suas bocas.
- Hehehe! Flame Heads! Puto vou mandar uma bola de fogo em direção do gerador, tu vais lá e clica no botão verde.
Uma das luzes dos mini-hitoshis apontam para o gennin e começa a aproximar-se rapidamente na sua direção, ele retira a tanto com a mão direita do coldre e coloca-se numa posição de defesa enquanto esperava pelo sinal de Hitoshi que estava a batalhar contra quatro das outras marionetas.
- Despacha-te! – gritava o rapaz enquanto as luzes dos olhos aproximavam-se cada vez mais. Um bola de fogo sai de um das cabeças do Flame Heads para a perto do gerador, descobrindo assim a localização do seu destino, Kazuki corre em direção do mini-hitoshi, coloca a tanto na coldre e retira com a mão direita da bolsa um papel bomba. Podendo ver claramente que as mãos da marioneta tinham sido substituídas por duas espadas, este tenta corta-lo mas o gennin salta por cima dele, desviando do ataque. Quando aterra, ele coloca imediatamente o papel nas costas da marioneta e realiza um
Shushin para chegar ao gerador, ativando o papel bomba enquanto corria, ouvindo uma explosão atrás de si. Chegando ao gerador, ele tenta procurar o botão verde, mas com escuridão, ele não conseguia ver nada.
- Eu não consigo ver nada!
- Não está nenhum botão a piscar?!
- Não!
- Foda-se! Flui o teu chakra elemental e liga-me isso!
Confiante nas suas habilidades, o rapaz coloca as mãos no semi-arco e concentra-se no seu chakra, ignorando os sons da batalha por atrás de si. Fluindo o seu chakra elemental através do arco, ele tenta ligar o gerador.
“Tu consegues, anda lá!”, a vida do seu pai estava em risco, aquele era o momento em que estava mais concentrado na sua vida. Eletricidade começa fluir pelo semi-arco e ele ouve o som do gerador a trabalhar, luzes do cilindro começam a piscar. Lentamente, a cave ilumina-se mas apesar de tudo, Kazuki continuava concentrado, tinha medo de verificar o que se passava atrás dele e o gerador desligar-se. Ele ouve uma grande explosão atrás de si e desconcentra-se, mas antes de perder o controlo, ele clica no botão verde, que faz com que maquina de alguma maneira continue a trabalhar sem a necessidade do chakra elemental.
Ele olha para trás e vê Hitoshi cansado com alguns ferimentos rodeado por pedaços destruídos das marionetes. Kazuki fica a olhar para suas mãos, admirado com sua própria habilidade devido em poucos segundos conseguir ligar um gerador enquanto durante alguns meses ainda não conseguia nem acender uma pequena lâmpada.
- Vai ter com teu pai, eu vou desligar o “lockdown” – declara Hitoshi correndo para um dos painéis perto de gerador. O gennin vai ter com seu pai que parecia que estava a delirar.
- Orni… Ornintor… Tra… Aj…
- Pai aguenta, o Hitoshi vai tirar-nos daqui, tens de ser forte!
O rapaz agarra a mão do pai, não queria perde-lo mais uma vez e voltar a ver a sua mãe triste.
- Se forte! Aguenta pai!
- Está aberto! – grita Hitoshi correndo até eles – Anda lá cota! Vamos pirar-nos daqui.
Hitoshi preparava-se para pegar no Kazuo até que este desaparece em fumo, fazendo o rapaz e o homem a olhar para cadeira de rodas que não tinha ninguém, parados durante alguns segundos.
- Era um clone o tempo todo…?
- O teu pai é um hipócrita!