Descendo dois lances de escada, passando pelo hall do prédio aparentemente vazio, os dois ninjas finalmente chegaram às grades reforçadas do portão da frente.
Trancado. Suspirando pelo esquecimento e antes que seu companheiro reclamasse, a marionete disfarçada levou a palma da mão à tranca e com alguma força de seu poderoso braço forçou o metal. A grade rangeu por alguns milésimos de segundo até estalar, deixando-os livres para prosseguir. –
Você deveria ter revistado os bolsos do homem. – Indagou Seiji, tentando caminhar com as pernas juntas, estranhando toda aquela brisa nas “partes baixas”. Sem responder, Daisuke apenas deu de ombros e sorriu como se uma boa lembrança acabava de lhe ocorrer. –
Ahhh.... Parece que estou em casa. – Comentou em seguida, levando o braço ao redor da cintura da “moça”, puxando-a para junto de si sob seu olhar furioso.
Mantenha o disfarce. Mantenha o disfarce. – Pensava Seiji já visualizando o alvo.
O ar das ruas do bairro vermelho era denso e fedia a fumaça de cigarro e urina. De onde eles estavam já se podia ouvir o ruído abafado de uma banda tradicional que vinha do estabelecimento ao lado onde brilhava um letreiro lilás formando um desenho tosco de uma dançarina.
Ali está. Caminhando poucos metros pela calçada, os ninjas passavam despercebidos pela pequena multidão que se instalara no local, abalroando alguns bêbados cambaleantes que tentavam retornar às suas casas, enquanto algumas prostitutas transitavam a esmo à procura de clientes sedentos de luxúria. Isso os distraía até que finalmente chegaram à entrada. –
Boa noite ao casal. – Comentou o porteiro, abrindo puxando a porta corrediça com um sorriso malicioso no rosto. Acenando positivamente, os dois adentraram por um longo corredor cujas paredes cobertas por um carpete vermelho trazia algumas pinturas de várias mulheres em posições sensuais.
Mais alguns passos e eles empurraram mais uma porta acolchoada para adentrar no local. –
Lugar até que é elegante. – Brincou o boneco, tentando quebrar um pouco da tensão que Seiji transparecia, mas mesmo assim o rapaz só pode responder com um sorriso chocho. Olhando para o alto, os dois logo foram recebidos por uma fina neblina de fumaça vinda dos cigarros e dos pequenos fogareiros postos em cada uma das mesas que circundavam o pátio central, onde um tatame servia de palco para a música de duas mulheres muito hábeis nos seus
shamisen. O prédio tinha dois andares, mas era vasado em seu miolo, deixando a visão livre para os andares superiores. Já lá em cima, alguns casais namoravam e assistiam tudo recostados nos corrimões adornados de vermelho enquanto outros procuravam o abrigo nas salas “vip”, protegidos por uma parede frágil de madeira. Já no teto, um imenso lustre de madeira pintado de vermelho balançava levemente e iluminava todo o local.
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Muito bem... Vou procurar uma mesa. – Sussurrou a marionete.
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Ok. Dê-me dez minutos para começar a distração. – Acenou a mulh... Digo, Seiji.
Sentando-se numa mesa próxima à cozinha, Daisuke acompanhou seu companheiro circundar o salão, passando pelo bar, pelos banheiros, até sumir nos degraus que levavam ao andar superior. –
Que tédio! Ô moça... Traz aqui um saquê! – Gritou à garçonete. Enquanto isso, Hideki se esforçava para manter seu chakra sob seu controle para não revelar o disfarce. Caminhando pelo corredor do primeiro andar, logo se deparou com um par de seguranças. Vestidos com quimonos elegantes de cor preta, eles acenaram para a “moça”, impedindo seu avanço. –
Somente clientes com o passe podem ficar aqui. – Indagou um deles, com um olhar malicioso para a jovem. Nesse momento o ninja fingiu sua inocência, comentando que estava procurando o banheiro enquanto percebia que um deles tinha exatamente o seu tamanho corporal.
Preciso de um disfarce melhor... Preciso poupar meu chakra. Então, virando-se de costas fingindo sair, o ninja rodopiou com agilidade, chicoteando sua perna direita na têmpora do primeiro segurança que caiu por cima do outro já inconsciente. Com o peso, o segundo cambaleou para dentro de uma sala “vip” aberta quando recebeu um fortíssimo soco de esquerda no queixo para desmaiar de uma vez. –
Ótimo. – Comemorou o nukenin, esforçando-se para terminar de arrastar o par de homens para a sala secreta, terminando por fechá-la atrás de si.
Agora trocarei de roupa. – Pensou ao desfazer o henge para vestir-se como segurança. Enquanto isso, Daisuke contava os segundos e acompanhava o selo hiraishin preso em seu companheiro subindo para o terceiro andar. A marionete sabia que em pouco tempo precisava agir e começou a olhar os arredores já planejando sua distração. Já no terceiro andar, vestido como segurança, Seiji tinha acesso ao local, acenando aos outros homens que lhe faziam uma careta como se não o reconhecessem.
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Ei! Quem é você? Não te conheço. – Inquiriu um dos três.
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Sou novato. Fui contratado hoje. – Respondeu o ninja.
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Como se chamas? Deixe-me conferir. – Disse outro, saindo em direção a uma porta sem identificação.
O escritório deve ser ali. Concluiu o ninja, já tendo averiguado todo o recinto. A tensão aumentava a cada passo do segurança, pois ele sabia que logo seu disfarce seria revelado. Sabia também que precisava adentrar naquela sala para roubar os documentos... Mas como? Então, assim que o segurança fechou a porta atrás de si, sumindo no escritório, Seiji percebeu que já era hora da distração. Assim, nesse exato momento, Daisuke levou chakra para a marca em seu pulso direito, chegando a invocar duas bombas de fumaça, as quais ele arremessou precisamente pelo balcão da cozinha. –
FOGO! – Gritou aos clientes. As duas bombas estouraram numa grande e densa cortina de fumaça que escorreu pelo teto até subir ao lustre. A gritaria foi geral. E enquanto o pânico se instalava na boate, Seiji começava a agir.
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O que foi isso?! – Exclamaram os homens. Sozinho com dois seguranças, o jovem nukenin girou de lado e acotovelou o estômago do homem com muita força, fazendo-o inclinar para frente, quando se apoiou nas costas do segurança com agilidade, trazendo uma kunai pelo mecanismo escondia, atingindo o outro com a empunhadura diretamente no nariz, terminando por elevar a perna numa poderosa joelhada de volta no primeiro. O sangue jorrou e os dois homens agora estavam no chão, agonizando de dor. –
Agora é a hora. – Disse, disparando com grande velocidade na direção da porta misteriosa. Ele não sabe se por coincidência ou simplesmente sorte, assim que se aproximou, o último segurança abria a porta apressadamente querendo avisar a seus companheiros que não havia nova contratação. –
Ai não... – Gemeu ao ver Hideki saltar em seu peito com a perna levantada num poderoso chute voador.
O homem retornou com violência, quebrando a porta, mesa e cadeira, terminando por cair por cima de seu chefe que não conseguira se levantar em tempo. –
Mas o que significa isso! – Exclamou o gordo. Mas Seiji não tinha tempo a perder... Disposto a fazê-lo falar a localização do cofre, o ninja saltou sobre os destroços da mesa querendo estocar a parede próxima ao pescoço do proprietário – para ajudar na intimidação – quando seu braço foi parado por um dos rapazes que até agora assistiam tudo no canto da sala. –
Você é bom garoto, mas esqueceu de averiguar a sala primeiro. – Criticou o outro. Vestidos com uniformes ninjas, os três tinham em sua testa a marca da Névoa indicava sua procedência. Enquanto isso, ainda no térreo, a marionete deixava o último cliente sair para começar a se divertir. Olhando para os seis seguranças que averiguavam o incêndio da cozinha. Desfazendo o henge, a marionete revelou sua altura e abriu os braços. –
Vamos dançar! – Gargalhou.
Surpresos com a grande ruído no pátio principal, os homens voltaram sua atenção ao monstro e vacilaram.
Melhor ir até eles. – Pensou, efetuando uma série de selos ao moldar seu chakra e assim criar em suas mentes a ilusão de que a saída era do lado oposto do real. Disparando numa grande velocidade para elevar a perna num fortíssimo chute ascendente no queixo do primeiro ao mesmo tempo em que levava chakra à tatuagem para invocar seu bastão condutor. Com a força do golpe, o alvo do chute irrompeu o teto do primeiro andar, deixando suas pernas penduradas. Com a demonstração de força, os outros gritaram como menininhas e dispararam na direção do que achavam ser a porta de saída e nessa confusão um segundo segurança recebia um forte giro do bastão embebido de chakra, projetando-o na direção do primeiro andar num grande ruído. –
Nós vamos morrer! – Desesperou-se outro. A besta gargalhou, pois sabia que o homem estava certo.
Arremessando o bastão nas costas do retardatário, a marionete quebrou as costas do alvo e resvalou na parede. E enquanto os outros embatiam na parede tentando entender porque não conseguiam passar pela porta ilusória, Daisuke agarrava outro pela cabeça, usando toda força para rodopiar o corpo girando-o contra os outros para espalhá-los. Os homens voaram longe e antes mesmo que pudessem se levantar, já eram alvos dos poderosos punhos do monstro que arremetia sobre eles. O primeiro teve seu corpo atravessado com um soco e o outro teve as costelas quebradas com um chute lateral que o atingiu, projetando-o contra a parede. A força do impacto abriu uma passagem nos tijolos, deixando uma abertura para os sobreviventes. –
Não vão escapar! – Revoltou-se o ninja, juntando as mãos em vários selos para moldar seu chakra raiton em sua mão, jogando-a para o solo numa explosão elétrica. Os homens gemeram e caíram atordoados, mas quando o nuke pensava que mataria o restante, ele ouviu Seiji ser jogado do terceiro andar após uma grande explosão.
BOOMMM!! – O ruído fez tremer as estruturas enquanto seu companheiro machucado com um corte profundo no peito caía no vazio.
Essa não. – Pensou ao fazer outra sequência de selos e usar seu chakra fuuton para criar um bolsão de ar que amorteceu a queda do comparsa. Correndo até ele, Daisuke o viu se levantar com dificuldade, apontando para o local de onde caía onde os três ninjas de Kumo assistiam. Todos com espadas as costas, o mais afoito retirou sua lâmina das costas e a rodopiou contra a base do lustre, desprendendo-o num só golpe. O imenso objeto despencou sobre os dois, dando tempo de Daisuke apenas se jogar sobre o companheiro, deixando objeto estourar em suas costas cobrindo o local com poeira e fogo. O metal de sua blindagem rangeu e tremeu. Suas costas agora estavam seriamente danificadas, mas pelo menos estavam vivos. Usando toda sua força, a marionete gemeu para retirar os escombros dos ombros e saiu de cima de Seiji que agradeceu com um olhar.
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Agora fiquei furioso. – Comentou a máquina.
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Esse que cortou... Ele é meu. – Disse, com um ar assassino.
Sorrindo pela determinação do garoto, Daisuke olhou para o alto e viu que os três já saltavam sobre eles com as armas em punho.
Ótimo. Enviando chakra para invocar algumas linhas shinobi, a máquina arremessou os fios para prender o ninja da esquerda, usando a força para rodopiar no alto e então trazê-lo até o chão com violência. Num estrondo, o primeiro gennin de Kumo tinha morrido. –
Sato! – Gritou o outro, mas logo percebeu que Seiji arremessava cinco shurikens contra os outros dois que foram rebatidos com facilidade. Uma distração apenas... Pois, o rapaz já fazia alguns selos para enviar chakra ao cérebro dos inimigos, fazendo surgir várias cópias suas feitas de um líquido negro. Agora os kumonin não sabiam qual deles era real, atingindo suas espadas noutros servidores do nevoeiro. -
Abaixa! – Gritou a marionete, chicoteando sua perna lateralmente com toda força. O verdadeiro Hideki se abaixou, deixando a perna passar para atingir em cheio o segundo ninja.
BOOOMMM!! – Sua “destruição dos céus” acabou por esfacelar o segundo ninja da névoa que não acreditou quando a perna de titânio atravessou um clone de piche e o atingiu, arremessando-o contra a parede oposta. –
Meu estabelecimento! Por favor! Não o destruam! – Gemeu o gordo, esbaforido por ter descido as escadarias com grande desespero. –
O que vocês querem?! Eu entrego tudo! – Concluiu. Levando a mão no corte no peito, Hideki ofegava de ódio. Ele queria saltar sobre o ninja que o feriu e mata-lo, mas um dos braços de Daisuke o impediu. –
Teremos chance em outra oportunidade. – Sorriu o boneco. Acenando positivamente, os dois logo fizeram suas demandas... Dinheiro e documentos. O gordo arregalou os olhos e impediu que seu contratado continuasse a luta. –
Vá buscar. – Comandou ao último kumonin. O ninja estava furioso, mas parecia que a missão era maior do que seus sentimentos de vingança.
Sumindo num rápido shunshin, logo ele retornou com uma sacola com todo o dinheiro do gordo e uma pasta preta com os documentos. Acenando positivamente, os dois cambalearam para fora do estabelecimento, onde dezenas de curiosos tentavam entender o que estava acontecendo. –
Olha quem está nos observando. – Comentou a marionete, olhando por cima do ombro... Segurando o ferimento, Seiji encarou seu algoz. O ninja parecia que esperava que saíssem das redondezas para atacar... Ou não. Mas isso seria numa outra oportunidade, porque agora retornariam para o contratante para receber a recompensa. Eles não estavam longe do local de encontro e durante toda a caminhada, eles conversaram sobre suas vidas. Apesar de grande e ameaçador, a marionete-viva parecia ser alguém justo... Apenas parecia.
FIM
Assunto: Missão Rank D - Custom 
Seg 6 Jul 2015 - 22:57
