Hideki caminhava por alguma floresta num país não ninja, e não estava sozinho, seu amigo e parceiro Kazehaya Fuuma o acompanhava, após algumas horas de caminhada pararam sob a copa de uma árvore para saciarem a sede e descansar as pernas.

- Que fome. Não temos nada para comer, Seiji-san? - perguntou o rapaz de cabelos negros que rapidamente tentou conter os roncos de seu estômago faminto.

- Temos que poupar para a viagem Kazehaya, você bem sabe disso, só vamos beber e continuar. - retrucou o rapaz de cabelos brancos, abrindo a tampa do cantil e após beber, lançou para seu colega que logo saciou sua sede, e então continuaram a viagem, entretanto, foram parados por um velho viajante em trapos velhos que bambeava sobre as próprias pernas. Não pensando duas vezes, Seiji correu em auxílio dando o resto de água que tinham, sempre bondoso para com os reles indefesos.

- Obrigado meu filho,  hoje em dia não se encontra jovens tão bons assim... - falou esforçadamente, apoiando-se sobre seu pedaço de madeira e rejeitando os conselhos dados pelos dois. O homem virou atrás de uma enorme pedra e sumiu, deixando um bilhete para trás, onde o jovem Fuuma pegou e o leu para Seiji.

Citação :

Boa tarde cavalheiros, desculpem-me pela abordagem abrupta e estranha mas foi algo que consegui fazer com tão pouco tempo e falta de fundos. Tenho recebido notícias de seus delitos, especialmente de roubos de cargas de suprimentos e armas, e por meio desta venho expressar minha vontade em contratar vossos serviços. O alvo é uma famosa joalheria que fica na capital do País do Pássaro, entrem e roubem toda mercadoria que puderem roubar, se o fizerem com sucesso, ficarei feliz em lhe providenciar vossos generosos pagamentos e futuramente, maiores trabalhos.

Boa sorte senhores.

Ao terminar de ler toda a história para seu parceiro, o encarou e notou sua face e mente compenetradas naquele serviço, onde sua mente já trabalhava em diferentes formas de fazer o contrato, entretanto, somente contemplação não bastaria, seria necessário fazer reconhecimento e coletar mais dados. - Vamos então? - perguntou Kazehaya.

- Oh, o rapaz solidário vai roubar uma loja? - perguntou o rapaz de forma zombeteira.

- Não é uma loja local, é uma loja que vende pedras preciosas, coisa da alta sociedade. Estaríamos fazendo um serviço público aos pobres e desafortunados. - proferiu rapidamente como se já esperava esse tipo de alegação por parte de Kazehaya.

- Claro, sempre com uma na língua, então vamos o Sr. Defensor dos Pobres 
e Desafortunados.

- Vai se foder seu pentelho. - retrucou de forma carrancuda, e após isso, saltaram na direção das árvores utilizando uma forma acumulada de chakra, concentrando-a nas pernas e realizando diversos shunshins para avançar terreno em pouco tempo.

• • •

Dois dias após o encontro inesperado, os dois nukenins se infiltraram facilmente na capital devido a força não ninja usada na cidade. Entrando em uma viela e realizando uma sequência de selos e distribuindo sua energia homogeneamente, recriando uma aparência diferente da sua e assim, se modificando e ficando camuflado de olhos mais atentos.

- Vamos coletar dados, eu vou para a joalheria, você tenta descobrir o máximo possível dos funcionários que trabalham. - raciocinou Seiji, delegando as tarefas do plano da joalheria. Kazehaya assentiu e sumiu num shunshin rapidamente. Hideki realizou uma sequência de selos e concentrando chakra, criou ventosas que logo aderiram na parede lhe permitindo andar verticalmente.

No telhado, começou a coleta de informações, utilizando um sistema de grades imaginário para analisar quadrante por quadrante em busca de um ponto vulnerável ou um ponto estratégico no roubo, quando de repente, avistou duas entradas de ar. " Poderíamos nos infiltrar por aquela entrada de ar, mas vamos precisar de uma distração frontal para retirar o 
foco. Preciso agora conhecer o local internamente." - analisou rapidamente, começando a delinear os primeiros passos do plano. Saltou para o solo e ainda disfarçado, adentrou na loja, observando dois guardas armados e que aparentavam ser mais que competentes em seu trabalho, visualizou mais dois em volta do balcão principal, um na porta que dá acesso a parte administrativa do estabelecimento e câmeras por todos os lados.

- Vai ser difícil... - murmurou para si enquanto caminhava no salão da loja observando as numerosas vitrines que abrigavam sonhos cintilantes e caros. Uma mulher em roupas formais abordou o rapaz, oferecendo-lhe seus serviços, e conversando amigável e formalmente (para passar uma impressão de boa situação financeira) enquanto que analisava a expressão facial, corporal, roupas e bolsos, tudo em meio a um conversa sobre a aquisição de uma joia para sua suposta namorada.

- Como ela é? - perguntou a mulher.

- Hmmm..  Ela é bem ousada e não leva desaforo, gosta de doces, gosta mesmo, gosta de analisar as pessoas... É alta, tem cabelos pretos longos, pele clara... - proferiu o rapaz num rápido improviso onde descreveu seu companheiro com meias palavras.

- Entendo, tenho uma peça que pode ser a cara dela. - disse a mulher, indicando uma vitrine e retirando uma chave para a abrir a mesma, quando o nuke a abordou apontando para um outra peça na mesma vitrine, jogando verde para ver se descobriria algo. Bingo. - Só um momento senhor, tenho que fechar aqui antes que... - proferiu, interrompendo a frase como se tivesse prestes a soltar algo que não deveria.

- Perdão? - disse o nukenin.

- Como estava dizendo, aquela peça ali é a cara dela pelo que me contou.  - disse rapidamente, trocando o assunto de forma discreta e habilidosa, todavia, o rapaz não era um qualquer e toda a situação se delineou em sua mente de forma que a pôde deduzir.

" Provável que estas vitrines tenham um alarme individual, de modo que até se ela for mantida aberta mais do que o programado ela dispare o alarme e esse local encha de guardas, então deve ser algo rápido e eficaz, bem executado e coordenado. À primeira vista parece impenetrável mas se eu tivesse as plantas do prédio facilitaria tudo, bem já coletei bastante informações, hora de ir. " - analisou sabiamente, delineando mais uma etapa do contrato. Despediu-se da atendente e sumiu rapidamente e de forma natural, indo ao encontro de Kazehaya.

Já a quilômetros longe do local do roubo, estava num motel de quinta que era frequentado apenas pelos mais miseráveis. Seiji estava sobre uma parede e uma mesa, rabiscando alguns dados sobre o trabalho enquanto seu parceiro os analisava e matutava algo mais para a estratégia.

- Pronto, e agora me conte oque descobriu. - falou o rapaz indicando um assento para seu parceiro.

- Nada muito alarmante para dizer a verdade. Todos os seguranças moram na parte menos favorecida, tem famílias para alimentar e tem empregos duplos nas folgas. Com as atendentes a coisa muda de figura, especialmente uma que segundo boatos maldosos de alguns moradores, tem se envolvido com o gerente de formas extra oficias. O proprietário da loja mora na capital mas raramente a visita. Apenas isso. - proferiu Kazehaya enquanto retirava um pirulito da bolsa ninja e levava a boca rapidamente, Seiji fez um gemido de nojo.

- Bem eu descobri algumas coisas também. O local tem duas entradas para ventilação no telhado, um ponto estratégico que pode ser aproveitado bem se assim soubermos é claro. Dentro da loja há seis seguranças, câmeras para todos os lados e vitrines com alarmes integrados. - proferiu rapidamente, indicando alguns rabiscos a mais, agora num pergaminho. - Precisamos de algo rápido, efetivo e bem coordenado. Não seria má ideia envolver mais um par de mãos e olhos na operação. - declarou.

- Eu sugiro os seguranças, são pobres, tem um pagamento miserável, tem famílias para alimentar, são perfeitos para este trabalho. - respondeu calmamente, enquanto devorava mais doces.

- Não quero envolver nenhum interno, vamos correr o risco de vazamento de informações e o plano pode ir todo por água abaixo. - retrucou secamente.  - Mas... Poderíamos "contratar" alguns patifes para atacar a joalheria, retirando o foco do plano real, assim bombardeamos a ventilação com bombas de fumaça e entramos pela área de serviço fingindo ser reforços de segurança. Precisaríamos de trajes adequados, identificações e bombas de fumaça. Se der certo teremos acesso ilimitado à loja durante esse curto período e eliminaria o incomodo da falta das plantas do local. - formulou o plano de ação, combinando engodo, eficiência e coordenação. Kazehaya parou por alguns instantes, considerando tal.

- Você sabe ser bem filho da puta quando quer, né? Condenar dois ladrões que estão tentando subir no mundo do crime em prol de seus planos nefastos? - proferiu em tom zombeteiro, rodeando o rapaz enquanto falava.

- Me poupe de suas brincadeiras, Kazehaya, este é  um sacrifício que deve ser feito, você bem sabe disso, e o mundo irá sorrir com dois patifes a menos. - respondeu rispidamente, rabiscando novamente o pergaminho dando forma mais "material" ao seus pensamentos.

- Calma, calma (risada). Vamos logo com isso então, já estou entediado de tanto plano e pouca ação. - disse em tom brincalhão e entediante.

• • •

Dois dias depois todos os preparativos estavam armados, os contatos feitos, os materiais recolhidos e a hora havia chegado. Era meio-dia, troca de turnos de alguns seguranças - horário de almoço - hora escolhida estrategicamente por Kazehaya num momento de sagacidade interna. Hideki estava vestido com um terno preto, escuta para se comunicar num canal privado com seu parceiro, katana padrão dos homens na cintura e algemas. Ao checarem todos os equipamentos partiram para o local do roubo, avançando - ambos - com alguns acúmulos de chakra direcionados para as pernas e solas dos pés, chegando assim em pouco minutos ao local.

Hideki agarrou a primeira kibaku kemuridama que Kazehaya lhe forneceu e a atirou no primeiro duto de ventilação, e o processo foi repetido no segundo, iniciando uma névoa de fumaça que começava a congestionar e limitar a visão e entendimento dos seguranças e dos clientes, como também, servindo de aviso para os dois ladrões iscas atacarem frontalmente num movimento que beirava a insanidade mental. Os seguranças logo sacaram suas katanas e protestaram, todavia, seus agressores embora não tivessem muita inteligência e astúcia, compensavam com agressividade e ousadia. 

O alarme disparou chamando mais tropas, o embate entre as duas forças opostas se desenvolvia de forma que os seguranças pressionavam os elementos, os clientes apavorados e perplexo devido a fumaça que cada vez mais advinha dos dutos de ventilação - era o caos exigido por Seiji, e sua janela de ação. O nukenin saltou juntamente de seu parceiro e adentraram pela parte dos fundos, quando de repente deram de cara com mais dois seguranças.

- Que porra é essa? - perguntou o mais alto e musculado, já com sua katana meio sacada.

- Estamos sendo atacados por ladrões, somos os reforços. - respondeu Kazehaya, tomando a dianteira e apontando para as identificações nas vestimentas.

- Que estamos sendo atacados eu sei, só não sei porque os reforços vieram tão rápido, e também não sei o porque de dois merdinhas que eu nunca vi na vida estarem se passando por seguranças daqui. - vociferou, agora com sua katana já sacada. Os dois nukenins se entreolharam, e se prostrando em posição de combate avançaram rapidamente. Seiji optou por utilizar seu braço melodioso, enviando um som perturbante para os ouvidos dos dois inimigos, canalizando seu chakra para a peça em seu antebraço, enquanto que Kazehaya atacava enviando sua energia para os cabelos e projetando uma torrente de agulhas capilares contra os mesmos.

Estes reagiram rápido, no entanto de forma ineficiente, o ninjutsu sonoro havia feito um efeito considerável nos alvos e estes esquivaram-se de maneira desengonçada oque fizeram ser pegos de raspão pelas agulhas capilares. Reagindo rapidamente, livraram-se das agulhas e atiraram kunais com selos explosivos,  atingindo Hideki e Kazehaya e jogando-os contra a parede, e sem perder tempo, avançaram numa rápida corrida manual e tentaram executar os mesmos de forma fria.

- Filhos da puta!! Vou destruir... (gemido de dor)...

Kazehaya agiu sabiamente liberando duas cobras enormes de coloração branca que se arrastaram contra os guardas e seguraram suas mãos, e seu parceiro de cabelos brancos retomou a guarda e com um chute ascendente atingiu o pulso do homem fazendo-o soltar a espada, e esticando a perna enquanto a elevava, girou no próprio eixo executando um chute no rosto do primeiro que caiu, desmaiado - fazendo também com que a cobra virasse fumaça.

- Isso... Agora vocês estão fodidos seus merdinhas...

O segundo homem executou um soco na espinha de Hideki utilizando um soco inglês, enquanto que agarrava seus cabelos por trás com sua outra mão, atirando-o contra a parede logo em seguida e criando assim um enorme impacto. Este avançou novamente para matá-lo porém o rapaz preparou uma dose de seu chakra, refinando seu propósito em seu cérebro e transmitindo o mesmo para seu inimigo por intermédio de estímulos visuais, fazendo com que 
fios de aço com anzóis quebrassem o solo e rasgassem a carne do guarda, o imobilizando logo em seguida, tudo ilusório claro.  Vendo esta janela, Kazehaya  avançou com um soco no rosto do homem o derrubando no solo para em seguida sacar uma fuuma shuriken dum pergaminho e cravar a lâmina na altura do pescoço, fazendo com que o chão impedisse de cortar a garganta do homem e ao mesmo tempo, aprisionando-o pelo pescoço.

- Amadores de merda... - falou Kazehaya, chutando o homen imobilizado algumas vezes.

- Vamos, pare com essa merda, temos um serviço para terminar. - exclamou Hideki, cambaleando até o salão das jóias enquanto colocava sua máscara respiratória. Executando diversos socos nas vitrines com seu taijutsu Rankaken, colocou todas as peças dentro de uma bolsa, limpando de forma rápida e efetiva todas as prateleiras, entretanto, os guardas que combatiam os patifes investiram contra os nukenins.

" Porra, temos que fugir, não vamos conseguir sustentar outra luta nesse estado e com essas jóias na mochila e certamente os reforços já estão chegando. " - analisou, delineando o prognóstico da situação dele mesmo e de seu parceiro.

- E agora? - perguntou o  jovem Fuuma, enquanto que mais guardas - reforços - se aproximavam ao longe.

- Seguimos o plano. - exclamou Seiji.

- Plano? Que plano? Acabou cara, agora oque a gente faz? - rebateu atônito.

- A porra do plano, caralho! - vociferou de volta.

- Vai se foder, Hideki! Eu assumo agora... O melhor plano é a total falta de plano, caralho. - gritou, retirando diversas kunais com selos explosivos e lançando-as para todas as direções fazendo um caos pirotécnico alarmante que lançou um véu de perplexidade, inclusive no nukenin, todavia, Kazehaya matinha-se firme e puxando seu parceiro, indicou o caminho de fuga disponível fugindo com seguidos acúmulos de chakra nas pernas adicionando e muito em sua velocidade.

- Me segue porra! Vamos, vamos! - gritava Kazehaya, dobrando esquina e vielas, atravessando casas entre abertas e saltando para telhados, enquanto que um alerta geral era emitido e um batalhão de guardas privados vasculhavam a cidade freneticamente. - Precisamos nos misturar, henge!

Hideki concordou e avistando o primeiro indivíduo em sua frente, executou uma rápida sequência de selos, distribuindo o resto de seu chakra pelo corpo e modificando sua aparência completamente, possibilitando fugirem calmamente da capital, agora só restava entregar as pedras ao contato...

FIM