Era engraçado o contraste do deserto. Durante o dia o sol se colocava como um tirano no céu, punindo severamente com seu calor assolador quem ousasse caminhar pelo deserto, contudo, uma vez que a noite chegasse um frio súbito preenchia todo o espaço. Ventava forte naquela noite, o que dificultava um pouco a visão, mesmo assim sabia que não me perderia já que meu objetivo não ficava muito longe da vila.
Era um dos poucos locais que possuíam rochas como aquelas, com quase cinco metros de altura, distribuídas numa formação circular. Apenas uma possuía um tamanho reduzido, chegando próximo aos dois metros, e ali construíra meu símbolo de promessa. Um mês antes de entrar na academia havia prometido para mim mesmo que me tornaria um shinobi, e cresceria na vila, tornando-me reconhecido pelas minhas habilidades com as quais protegeria meu lar. Agora, um mês após me tornar genin, retornava ali para dar continuidade.
Retirei uma pedra de meu bolso e a coloquei no buraco que havia cavado na rocha, tendo o símbolo de Sunagakure gravado em seu fundo. Essa pedra simbolizava o segundo passo de meus objetivos, estando ao lado da primeira. Pondo-me de joelho, juntei minhas mãos para agradecer.
- Kami-sama... Obrigado por ter conseguido chegar aqui, por me dar forças para trilhar essa estrada árdua - fechei os olhos por alguns instantes antes de prosseguir minha prece - Que eu possa completar essa jornada e desfrutar de suas preciosas recompensas. Sorenara sorede yoidesu, arigatō.
Retirei a marionete de minhas costas e a coloquei encostada, sentando em seguida ao seu lado. Dali tinha uma visão clara do horizonte, local perfeito para observar a alvorada. Com aquele silêncio pensamentos passados retomavam à minha mente, de um sonho quase esquecido. A primeira vez que estivera na rocha, chegara cedo demais para observar o nascer do sol, por isso acabei dormindo... Foi quando aquele sonho me apareceu.
O grande astro surgia no limite da terra e se colocava acima de tudo e todos, com muita dificuldade conseguia perceber que havia alguém dentro dele, porém, só podia ver que tinha uma silhueta humana. Pequenos fios dourados saiam de seus dedos, se interligando a tudo e a todos, controlando-os ao seu bel prazer, foi assim que concluí que era o próprio Destino que observava. Entretanto, o mais chamativo eram as formas escurecidas que se moviam pela superfície, cortando os fios dourados, se rebelando contra o Destino.
Quando eles eram rompidos, aquilo que estava ligado a eles ficava perdido, desorientado, então as sombras o agarravam e começavam a controlá-lo, obrigando-o a realizar as mais diversas perversidades, se corrompendo ao limite.
Logo após isso acabei acordando, sem ter entendimento profundo do que se tratava, mas de alguma forma sabia que meu futuro estava relacionado. Apenas esperava para que meu destino se cumprisse. Enfim a luz explodia no horizonte e aos poucos o sol se revelava, me agraciando mais uma vez com uma bela alvorada.
- A Alvorada do Destino - coloquei-me de pé e apanhei a marionete - Agora sim, sinto que finalmente comecei a andar.
Um sorriso bobo e descontraído cresceu nos meus lábios, não conseguia conter toda excitação que estava sentindo.

Obs:

Armas: