- Citação :
- Eu mal podia acreditar: o primeiro Natal em anos em Konoha. É claro que fora divertido perambular por aí, mas por mais que se crie asas, suas raízes nunca são completamente cortadas. Neste tempo, eu só conseguia mandar alguma mensagem através de Netsu e Tsumetai, mas jamais as palavras em papel poderiam substituir o calor que era estar junto aos seus entes mais queridos. Eu achava que estava já acostumada à solidão das frias noites natalinas, tendo – nem sempre – por companhia o Raiden-senpai, em geral a dormir ou comer frutas cristalizadas. E por isso, dei livre curso às gotículas salgadas...
- Oh, Tora-chan! – Hana abraçava a amiga.
- Estou bem, Hana – ela respondia, ainda a soluçar.
– Apenas estou muito emocionada. Estou tão feliz!- Sabemos disso, minha querida – Nobuo, à cabeceira da mesa, tomava a palavra.
– Por isso quis que todos que aqui estão viessem, pois sei o quão importante cada um deles é para você. E quero que saibas sempre que te amamos, apesar do tempo e da distância – finalizava, com a voz levemente embargada.
- Citação :
- Este deveria ser o fim do filler. Sentimentalismo de sobra, um toque especial do velho e bom espírito natalino. Mas é claro que um Natal tão memorável desses terminaria assim. Não com a Tora aqui...
- Não acredito! – a voz de Hana ecoava à mesa.
– Gomen, acho que falei um pouco alto... – a loira adquiria logo tons vermelhos nas maçãs do rosto.
- Ahahahahahaha pois acredite, Hana! Os chocolates eram mesmo deliciosos, eu diria mesmo divinos! E olhe que não sou tão fã.... – ela dizia, enquanto comia um pedaço do peru.
– Voltarei lá apenas para trazer as maravilhosas trufas de lá para ti. Não comprei antes por não saber quando ia voltar... – ela finalizava, com um pouco de comida ainda na boca.
- Papai, a mamãe não diz que é feio comer de boca cheia? – uma voz infantil discretamente perguntava a um ruivo.
- Shun, sua mãe tem razão – a chuunin respondia prontamente sem nem virar-se, dada a sua excelente audição, embora a criança estivesse consideravelmente longe.
– O problema é que eu tenho sorte de tê-la como amiga. Então não tem problema em desobedecê-la – ela sorria, dando mais uma garfada no prato.
- O que disse, Tora-san? – a Yamanaka exalava uma aura negra, que era contida por um frágil e irônico sorriso.
- Que você é a melhor amiga do mundo! – ela respondia, agora depois de ter engolido o que mastigava.
– De vez em quando... – sussurrava, piscando para o garotinho ao lado de Jow.
O riso tomou conta da mesa. Embora tivesse escutado, até mesmo Hana não continha sua felicidade em ter sua amiga por perto novamente. A meia-noite já estava próxima, e não tardou a chegar. E com ela, tinha início a ceia natalina de Nara Tora, que tomava uma taça com a mão direita, e com a esquerda, batia uma colher nela para chamar a atenção de todos, propondo em seguida um brinde, agradecendo pela presença de cada uma daquelas pessoas especiais que compartilhavam aquele momento. Com lágrimas nos olhos, foi a primeira a beber.
~mais tarde~
- Tora-san... erhm... Não achas que já se foi álcool demais? – Hana perguntava, meio sem graça.
- Ahahahahahaha lógico que não! Álcool nunca é demais – a jovem Nara gargalhava alto, tomando agora mais um gole de vinho.
- Tora-san... Já bebeste vodka, uísque, saquê, duas latas de uma bebida desconhecida, cerveja, e agora estás na quinta taça de vinho... COMO DIABOS ISSO NÃO É DEMAIS?! – a jounin estava perplexa. – Não sei como ainda não entraste em coma alcoólico...
-
Ahahahahahaha se isto fosse uns cinco anos atrás, Hana-chan, eu realmente estaria lixada. Muuuuuuito lixada... Mas hoje não. Adquiri resistência bebendo pelo mundo afora. Isto não é grande coisa frente ao que já passei ahahahaha – ela gargalhava como uma louca, empunhando a taça, como a pedir por mais vinho.
- Não duvido, Tora-san... Mas seu fígado e, provavelmente seu cérebro, vão agradecer amanhã se você parar agora... – a jounin tentava, sem sucesso, convencer a amiga de que não valia a pena o excesso.
- Hana, as crianças já estão praticamente dormindo. Nem se preocupe comigo, vá para casa cuidar de seus filhos. A madrinha está muito be... opa – a própria Nara interrompia-se após tropeçar nas próprias pernas, enquanto dirigia-se à cozinha.
– Jowzito, Jowzito! Não queres ver fadas comigo? Ainda tenho três garrafas de absinto... – ela dizia, ignorando o acontecido.
- Tora, tenho quatro crianças para olhar. Mas olha: seja feliz! Uma pena o Kyo não estar aqui... – o ruivo respondia-lhe, dando-lhe em seguida uma piscadela.
- Yagami-san! – a loira repreendia o marido, fulminando-o com um olhar pétreo azulado.
- Ahahahaha, pois é, pobre Kyo... Está a perder toda a diversão. Tipo... TODA a diversão. MESMO ahahahahaha – ela continuava a rir-se, em direção a um armário da cozinha, de onde tirava uma garrafa com gim pela metade, servindo-se de seguida.
Tora ainda parecia bem sóbria – embora estivesse visivelmente alterada. Hana suspirava fundo, enquanto sua amiga perguntava se ela queria algo. Respondeu afinal que queria apenas água, e a Nara foi servi-la. Porém, sem prestar atenção, acabara por pegar para ela um copo idêntico ao seu, e por um breve descuido, acabou por trocar as bebidas:
- Gente... Ou eu já estou tão bêbada que nem sinto mais o gosto do álcool ou... – ela olhava para sua amiga, que já acabara todo o conteúdo do copo.
– Santo Deus! – exclamava, após concluir em dois segundos o que acontecera.
- Acho que essa água está um pouco amarga, Tora-san... – ela dizia, com cara de nojo.
- E você não cuspiu por quê?! – a kunoichi de cabelos azuis perguntava desesperada. O efeito do álcool dissipara-se quase que completamente.
- Ora... Não é educado... – respondia a Yamanaka, envergonhada.
- Educado? – Tora repetia, afundando-se numa cadeira qualquer.
– Sinto cheiro de merda a vir por a... Hana, não! – ela levantava-se num rompante, a tomar das mãos da loira uma embalagem de óleo para peças mecânicas.
– O que você ta fazendo?! – perguntava afinal.
- Oh, desculpe. Pensava que isto fosse desodorante... – ela envergonhava-se, dando em seguida uma gargalhada estridente.
– Tora! Eu amo esta música! Vamos dançar!Sem esperar por resposta, Hana pegava a mão de Tora e arrastava-a consigo para a sala, onde chegou já desfazendo-se dos seus sapatos. Dançando como se não houvesse amanhã, subiu na mesinha de centro, soltando seus longos cabelos e girando-os, fazendo com que os fios dourados batessem nos rostos dos convidados. O choque era visível nos presentes...
~depois~
- YAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH o que diabos eu aprontei? – a jovem mal conseguia falar devido a vergonha.
- Não se preocupe gata. O que passou, passou... – a Nara retrucava, lixando suas unhas tranquilamente.
- NAAAAAAAAAAAH! Como vou encarar as pessoas depois disso? – a doce Yamanaka perguntava-se.
- Gata, relaxa, ninguém lembra. Pedi ajuda a Shikamaru para apagar tais memórias. Apenas eu lembro disso, e sinceramente prefiro esquecer. Apenas achei que teria piada ver sua cara de remorso... – retrucava a chuunin.
- Tora-san! Isto é maldade! – reclamava a loira.
- Eu sei. Mas que tem piada, tem... – ela agora assoprava suas unhas.
– E então, que surpresas os gnomos e fadas de terras distantes hão de reservar para nós neste novo ano? – ela erguia uma taça transparente, contendo um líquido verde.