Eu não conhecia o meu adversário até o momento. Como seria ele? Alto, baixo, magro, gordo ou seria mulher? Olhei em minha volta e só via o verde da floresta circundando o descampado cheio de cicatrizes de lutas. Árvores, erva, musgo, troncos podres e pequenos pássaros eram os espectadores do duelo que em poucos minutos começaria. Esses minutos passaram e logo me dei pela presença de mais alguém ali. O estranho se aproximava lentamente pela minha retaguarda, passando por minha esquerda até se distanciar para a posição oposta. Com o canto do olho enquanto ele passava, eu já percebia que o adversário era bastante novo, não tinha mais de 14 anos, além de ser muito mais baixo que eu. Com os cabelos castanhos e os olhos injetados de ansiedade, ele começou a se alongar com um pequeno sorriso malicioso. –
Você é meu teste? – Perguntou-me, rindo da sua própria piada. Mas afinal era bem isso mesmo. Eu tinha sido contratado para testar as habilidades de um iniciado.
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Vai começar ou quer que eu vá até você? – Provoquei.
Ameaçado, vi que o novato se calou na mesma hora. Agora parecia que ele levaria aquilo à sério. Nesse momento o rapaz tirou da bolsa um conjunto de agulhas que atirou na minha direção com rapidez. Em resposta, usei um pouco de energia na tatuagem que levava no pulso para invocar uma kunai rápida o suficiente para bloquear alguns dos lançamentos enquanto saltava lateralmente com longas manobras acrobáticas tentado ganhar distância suficiente para contra-atacar, mas só então quando as agulhas passaram, fiz uma rápida mira e arremessei a lâmina com toda força do braço direito na direção dos pés do rapaz. –
Não vai me pegar tão facilmente. – Exclamou ele, sem esperar o meu próximo passo ao efetuar um kawarimi e assim sumir de vista. Olhando em volta, pude perceber uma pequena movimentação na margem direita da floresta quando tudo escureceu. Nenhuma luz ou som.
Genjutsu. – Pensei, juntando as mãos num selo para manipular chakra.
Mas quando estava pronto para realizar um “kai”, fui pego por três shurikens que perfuraram meu tronco e braço esquerdo. O sangue espirrou e a dor excruciante foi capaz de me libertar da ilusão. –
Os shurikens vieram dali. – Raciocinei com rapidez para encontrar a possível localização lógica do garoto. Nesse momento utilizei mais chakra e invoquei algumas granadas de fumaça as quais arremessei ao meu redor, pronto para encobrir meu plano de ação quando algumas manchas de piche começaram e eclodir e formar cópias do rapaz que parecia não se conter com as minhas investidas. –
Esse jutsu já conheço... Mas vamos brincar. – Sussurrei, sabendo que para receber algum dano o rapaz teria que estar entre os clones de piche. Meu raciocínio foi correto, porque não demorou muito até que nas minhas costas uma tanto rasgou minha pele com ferocidade.
Filho da puta! – Pensei, sentindo o sangue descer por minhas calças.
Acalme-se. O objetivo é testar o garoto. – Tentei me acalmar.
Mas confesso que minha vontade era de mata-lo e para que isso não acontecesse, comecei a esmurrar os clones de piche para tentar encontra-lo. Eu sei que é uma estratégia já esperada, mas é que eu tinha um plano formado na cabeça. Então, como planejei, elevei os punhos e comecei a atacar os caras de piche. Comecei com um soco de direita com toda força de meus braços no primeiro que eu vi. O falso estourou numa explosão de piche e começou a se regenerar, quando saltei agilmente na direção do mais próximo com o pé brilhando por causa de meu chakra num poderoso “Perna do Céu Dolorosa” e o alvo de piche explodiu e consequentemente a grande cratera começou a empurrar as outras cópias para o centro do buraco.
Como planejado. Aguardando os clones se precipitarem, eu enfim efetuei um rápido selo com a mão esquerda e detonei o papel explosivo que havia grudado no primeiro adversário atingido. No momento do soco, eu tinha invocado uma kibaku fuuda, grudando-a momentos antes de saltar para o próximo.
Agora sim. – Pensei quando a explosão acabou com todos os clones de piche e sua substância tinha acabado de manchar o rapaz que fora jogado longe da cratera, todo sujo e machucado. Como previsto, o desafiante realmente estava escondido entre eles. E quando ele estava começando a se levantar, resolvi brincar mais um pouco com ele. Juntando as mãos para efetuar alguns selos, tinha acabado de manipular meu chakra para interromper o fluxo de energia do cérebro do ninja novato, fazendo-o pensar que estava cercado por kibakus fuuda. –
Eu sei que é uma ilusão! – O pirralho esperneou, começando a avançar contra mim com a tanto em punho. Foi só nesse momento que revelei a armadilha. Como plano “B”, eu tinha arremessado as granadas de fumaça para encobrir o verdadeiro jutsu: “Gureto Soujuu Kibaku Fuuda no Jutsu”. Tinha convergido chakra para as mangas do uniforme e efetuado o selo necessário quando dezenas de papéis explosivos se espalharam pelo campo sob a proteção da fumaça, camuflando-se em seguida.
Se ele tinha visto o jutsu ou não, não importava. A questão é que, como havia acionado um genjutsu contra ele que emulava os papéis explosivos ao seu redor, ele não soube diferenciar o que era real do que era a ilusão e seu ato de coragem acabara de selar seu destino.
Essa não, vou matar o garoto. – Pensei ao me arrepender da estratégia mortal. Foi então que disparei à toda velocidade contra ele e antes que ele pudesse alcançar o campo minado, consegui detê-lo girando a perna lateralmente com toda força para atingi-lo no peito. Os papéis não iriam explodir por causa de minha assinatura de chakra e por isso pude salvar o garoto que foi arremessado longe, porém vivo para o outro lado da floresta. Seu clã estava assistindo nas sombras se revelou para agarrá-lo antes que se machucasse mais. –
E então. O garoto está aprovado? – Perguntou seu pai. Sinceramente não conseguia pensar num jeito de passar o garoto e além disso, teria dinheiro envolvido com meu retorno. Foi quando eu simplesmente disse que não. –
Ele não foi aprovado. – Conclui, todo sério.
FIM