A luz da lua iluminava o vulto ameaçador que espreitava através dos arbustos, ofegante pela proximidade do combate. Como seu informante havia falado, após alguns socos e pontapés, o alvo estava acampando lá dentro. Era um lugar realmente inóspito e com uma grande cordilheira que circundava a passagem coberta por uma rica vegetação tropical. Quente e úmido. -
Droga de mosquito. - Sussurrou o ninja ao estapear o rosto, já todo suado e incomodado com aquele clima melequento. Aquele alvo se mostrara muito mais esquivo do que esperava. Aliás, depois de duas semanas de procura essa era a melhor informação que conseguira sobre seu destino.
A ansiedade já começava a tomar seu corpo quando um homem corpulento saiu da escuridão da caverna e caminhou até uma pequena fonte d'água na lateral da montanha.
É ele! - O nukenin vibrou em silêncio enquanto prestava bastante atenção aos trejeitos do alvo a fim de encontrar algum ponto fraco que facilitaria sua captura. Sim, disseram que o homem deveria ser capturado vivo e lá estava ele... Que desperdício de força. Daisuke então apertou os olhos e se concentrou no sujeito que jogava a toalha bege nas costas e ficava descalço para entrar na poça em que a fonte se empossava.
Pelo movimento da toalha e pela movimentação dos objetos, o cara é destro. Ou seja... O lado esquerdo deve ser o lado mais fraco. - Concluiu sabiamente.
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Então tenho que me aproximar pela... - Sussurrava tão concentrado que não percebeu a aproximação da grande pata que atingiu o lado esquerdo do rosto, fazendo-o derrubar toda a vegetação até parar de frente à caverna que ecoou com os estalos de suas costas na rocha, deixando inúmeros hematomas como testemunhas. Mas o que aconteceu? Quem o atacou? E enquanto se recuperava e ficava de pé, um grande urso pardo apareceu de dentro do espaço aberto pelo corpo do atingido. O bicho não tinha menos que trezentos quilos e Daisuke não conseguia contar os dentes todos que ele deixava à mostra de maneira ameaçadora.
Muito bem... Isso muda um pouco o jogo. - Suspirou indignado pelo que acabara de acontecer e ainda mais indignado ao ver que seu alvo continuava seu banho, como se ele não tivesse a importância suficiente para que ele interrompesse a luta dos dois. -
Meu parceiro cuidará de você. - Provocou o alvo, começando a ensaboar seu tórax coberto por cicatrizes de garras. Agora tudo se encaixava. Na verdade, o sujeito já devia saber que estava sendo observado e mesmo assim deu-se por distraído para que o caçador abrisse a guarda.
Touchê. Se isso fosse verdade, aquele adversário seria um páreo duro para ser capturado... Principalmente, vivo. Mas agora era tarde demais para recuar e averiguar os riscos, porquê:
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É hora do pau! - Enfurecia Daisuke, esticando os braços para receber o animal selvagem.
O urso virá nas quatro patas, e só então se levantará para liberar as patas da frente para me atacar. - Pensava rapidamente, já percebendo as falhas na postura do animal para que pudesse explorá-las em seu favor. E foi isso que aconteceu. O animal empreendeu um brutal avanço na direção dele e momentos antes de atingi-lo, ele levantou o corpo a fim de atacá-lo quando viu o nukenin dar um passo à frente e elevar o joelho com toda força contra seu queixo. Aquele golpe tonteou o bicho que não percebeu que o nukenin já rodopiava pela lateral com grande agilidade. E antes mesmo que o urso pudesse se virar para contra-atacar, Daisuke já juntava as mãos em suas ancas.
Up! - O ninja gemeu de esforço e puxou o urso para cima com toda força que tinha em seus braços, que brilharam quando ele injetou chakra para ampliar ainda mais sua força. O animal desesperado se viu no alto com a força descomunal do adversário e foi jogado ao chão num pilão destruidor.
Kaboom! A cratera se formou e fez a lateral da caverna desmoronar. Já no centro dela, quando a poeira baixou, Daisuke saída sorridente, deixando o corpo do urso morto para trás. A pancada terminou por estraçalhar a coluna do animal. Game over. Enquanto isso, o procurado parecia que percebera a gravidade e o poder de quem o queria capturar, pois o mesmo já não tomava banho. Vestindo-se rapidamente, o homem agora tinha um semblante sério e nervoso.
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Parece que consegui chamar sua atenção. - Ironizava o Akatsuki.
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Alguma forma de negociar um acordo? - Ele respondeu.
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Não. - Falou secamente. Agora era sério.
A reposta foi suficiente para que o homem corpulento disparasse contra ele procurando surpreendê-lo. E realmente surpreendeu, porque Daisuke ao menos esperava mais algumas palavras para dar um clima melhor a luta. Mas esse erro deixou-o à mercê de um poderoso soco que o alvo desferira conta seu peito. O estrondo jogou o nuke pelas árvores até que finalmente o atrito e as pancadas o fizeram parar.
O cara e forte. - Pensou rapidamente ao se levantar e se esquivar numa ágil pirueta de um chute descendente que o homem já atirava contra ele. A pancada fez todo o cascalho eclodir nas redondezas e quando o musculoso procurou pelo adversário, o Akatsuki já efetuava alguns selos e enviava chakra para o cérebro do alvo, fazendo-o ter a ilusão de que vários papéis agarravam seus braços, tornando-os imensamente mais pesados.
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Merda! - Desesperou-se o homem-urso quando viu seu adversário executar mais uma cadência de selos e ver sua mão tomar uma aura arrocheada. -
Não será assim tão fácil, idiota! - Berrou, usando sua força descomunal para levantar os braços em defesa, mesmo estando preso à ilusão.
Incrível. - Surpreendeu-se Daisuke assim que desferiu outro soco com toda força contra a defesa débil do alvo. A aura criada pelo genjutsu do "punho que molta a mente" aumentou a dor do golpe pronto para apagá-lo, mas apenas serviu para que o bruto pudesse se libertar da primeira ilusão.
Essa não. Ele resistiu!? -
Você vai morrer! - Gritou o monstro enfurecido, atirando-se para frente numa tentativa de derrubá-lo. As mãos logo envolveram a cintura do nukenin e os dois tombaram dolorosamente pela encosta da floresta, embatendo-se nas pedras e galhos até que alcançaram um pequeno riacho que dividia a encosta. Ainda dolorido, Daisuke se levantavam com dificuldades e olhava para seu adversário que parecia bem mais disposto que ele. Os danos e chakra dispendidos com o urso agora começavam a fazer toda a diferença.
Preciso terminar com isso o quanto antes. - Pensou, imaginando uma maneira de derrotá-lo sem matá-lo.
Já sei! Juntando as mãos em rápidos selos, Daisuke incutiu seu chakra doton na região úmida atrás de si quando um caudaloso rio de lama eclodiu na direção do adversário. -
Estilo Terra: Rio de Lama! - Gritou.
Já o outro, vendo a grande massa vindo em sua direção, juntou as mãos e atirou uma delas no solo, quando uma barreira de terra surgiu para protegê-lo. Contudo, mal sabia ele que era isso que Daisuke esperava que ele fizesse. Foi nesse momento que o nukenin atirou-se com toda velocidade por cima do rio e levou chakra para a tatuagem para invocar um papel pegajoso amarrado numa kunai. Enquanto isso, o homem já encostava as mãos não parede de terra para tentar localizar o adversário com outro jutsu doton, mas não precisou de muito esforço, pois Daisuke já circundava a parede agilmente com a perna em riste.
Com toda força, o Akatsuki chutou lateralmente o alvo quando este sorriu e se jogou de costas na parede de pedra, começando a atravessá-la como se não tivesse substância e assim escapar momentos antes do ataque. A perna do caçador passou no vazio, mas ao invés de ficar preocupado, o grisalho estrategista percebia que a luta tinha terminado.
Derrubarei a parede em cima dele. - Pensou o alvo, terminando de atravessar para o outro lado da barreira, mas logo percebeu que uma kunai presa à parede tinha um papel que acabava de fumegar e estourar num espetáculo pegajoso.
-
Mas que merda! - Reclamou o homem, agora preso na mesma parede que acabara de criar. O papel pegajoso que instalara era exatamente o plano "B" caso a investida do nuke falhasse. Mais um plano perfeito. E enquanto o alvo se debatia, Daisuke retornava para a frente da barreira e antes que pudesse ouvir mais palavrões do derrotado, fechou o punho e atingiu a têmpora do homem com a mão espalmada.
Tum! - E agora sua missão em capturá-lo vivo tinha sido completada. Parece que mais uma vez a inteligência venceu a força bruta.
FIM