Filler 2 - Yukiko Sukai Hokousha

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Capítulo 2 – Insegurança

Recompusera-se e caminhara de volta a casa. Lá dentro, Qui Gon esperava-a, preocupado: Já havia anoitecido à mais de duas horas e Yukiko ainda estava fora. Pela cara dela, o pai conseguira perceber onde estivera, pois os restos de lágrimas ainda permaneciam nos traços do seu rosto.
A rapariga cumprimentara-o e fora para o seu quarto. Não quisera jantar, não tinha apetite. Arranjara-se e viajara para o seu mundo, debaixo dos lençóis. Fechara os olhos, porém não conseguia dormir, ansiando pelo dia da sua primeira missão fora daquele país frio, daquele Inverno melancólico. Cumpri-la-ia e procuraria o seu irmão. Conhecia as hipóteses de falhar, pois podiam existir muitas alterações, mas inexplicavelmente conseguia sentir que o irmão não estava morto, nem em dor. Sonhava em vê-lo; de certeza que estaria grande e forte.
- Usa a Força…
Yukiko voltara a ouvir a mesma voz, a qual tinha quase a certeza que pertencia a seu irmão. Levantara-se e olhara em volta, como fizera daquela vez no lago mas novamente não vira mais nada além da paisagem que a rodeava: O quarto simples, pequeno e baixinho com os seus poucos livros na secretária virada para a janela do jardim exterior. Dentro da sua mente latejava o facto de que poderia estar a ficar louca; ouvir vozes era tudo menos um acto normal.
Calçara se, vestira uma camisola de lã grossa sobre o pijama e saira para o átrio central que separava a entrada para o jardim interior dos restantes quartos dos seus familiares. Abrira a porta do jardim, e fechando-a atrás de si sentou-se no pequeno degrau. Pousara a cabeça sobre os braços em cima das pernas flectidas e começara a pensar no que poderia acontecer. Sabia o que era a Força, mas também conhecia o facto de que era demasiado nova para a conseguir usar. No entanto desconhecia os poderes que esta lhe poderia dar.
“Que seriam aquelas vozes?” pensava “Será que Syaoran está aqui e eu não o posso ver? Mas que raio tem a Força?”
- Preocupada, sinto-te eu – Dissera uma voz atrás de si
Yukiko olhara para trás. Um pequeno ser, com pouco mais de um metro, com a pele avermelhada, num tom quase castanho, segurava firmemente a sua bengala que o mantinha seguro em pé. Era Mestre Ryu, Chefe do Conselho do clã.
- Comigo, podes falar. – Declarara Ryu, pousando a sua mão sobre os ombros encolhidos da rapariga,em sinal de apoio - Segredo, eu guardarei.
Yukiko apresentava-se insegura, não sabia como explicar o seu estúpido problema a tão alta entidade.
- Decerto conhecera meu irmão Syaoran, desaparecido à mais de cinco anos.
Ryu abanara a cabeça em sinal de concordância com o facto que ouvira. Sentia-a, sentia que a Força era grande nela, para tão pequena idade mas que, no entanto, a jovem ninja não a saberia usar.
- Hoje dirigi-me ao Lago, para meditar – Continuara Yuki – Como todas as semanas faço, tenho dever para tal, mas algo de diferente aconteceu. Não as consegui fazer, e de súbito senti um forte cansaço apoderar-se de mim. Aí adormeci e …
Começara a chorar, relembrar tais acontecimentos tornava-se difícil. Tinha medo de parecer incerta em frente a Ryu, e por isso ter de se afastar da família e deixar todos os seus sonhos para trás, em especial o de reencontrar o irmão perdido que tanto a preenchia. Nos dias de hoje era capaz de acreditar que nunca tivera amigo como aquele; nem Qui-Gon se podia equiparar.
- … Quando comecei a despertar – Dissera entre lágrimas – ouvi uma voz que me acordou de imediato. Posso dizer com certeza que era a voz de Syaroran, mas quando me levantei e procurei vestígios de alguém, não tinha uma única vida à minha volta, para além das árvores cobertas de neve.
O pequeno grande Mestre parara por segundos. Estava incrédulo.
- Cuidado na floresta, deves ter – afirmara – Ouviste o quê?
- A voz do meu irmão – Respondera – dizia-me “Usa a Força”
O “questionário” continuara, incisivo e duro. Yukiko sentia-se cada vez pior, mas por outro lado igualmente aliviada por ter encontrado alguém com quem poder falar. A conversa continuara noite adentro, até que ambos tomaram a decisão de que estavam a ficar demasiado cansados e precisavam de descansar.
- A única vez que ouviste as vozes, essa foi? – Perguntara Ryu
- Não, desde então, tal repete-se sempre ao acordar…

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