Kadmos acordava do seu sonho. O seu braço estava extendido e o seu punho fechado como num murro, tal como no seu sonho. Pelos vistos tinha sido quase tão real como lhe parecera. Olhou lá para fora pela janela do quarto, a noite estava já quase a acabar. No relógio os ponteiros diziam que eram quase seis horas.
Kadmos -
Tão cedo! - Pensou o rapaz. -
Ainda é cedo, vou dormir mais um pouco..
Voltou-se na sua cama e amassou a almofada. A sua mente parecia estar numa corrida, não se conseguia acalmar e apesar de querer dormir o sono não vinha ter com ele. Remexeu-se na sua cama, deu voltas e voltas a procura da posição ideal, mas não encontrava a solução para o seu problema. Ergueu o tronco e chegou-se um pouco atrás de maneira a estar sentado na cama. Na sua cabeça o sonho repetia-se vezes sem conta e com o sonho misturavam-se as memórias do que se tinha mesmo passado.
A sua cabeça começava a doer e ele segurava-a com a mão esquerda. De olhos fechados conseguia ver perfeitamente as imagens que lhe passavam na mente e ele próprio perguntava-se o porquê.
Kadmos -
Porquê que ela o tem? Ela é assim tão especial ou eu é que apenas não sou forte o suficiente? - As perguntas repetiam-se e a resposta era sempre a mesma. -
"Só pode existir um escolhido" - As palavras que Sasahi dissera mesmo antes da primeira luta com Ashante ecoavam dentro de Kadmos, atormentando-o e numa ilusão feita pela sua depressão a voz dizia algo mais. -
Tu não és forte o suficiente para ser o Escolhido. Ashante é.A luz do sol nascente começava a passar pelas muralhas de Suna e penetrava no quarto de Kadmos após percorrer várias casas da vila. A sombra dele chegava até à porta do quarto e levantou-se da sua cama. Estava de pé, semi-corcunda de tão para a frente que estavam os seus ombros. Arrastou-se até às suas roupas, as quais vestiu devagar e saiu.
Kadmos - Se eu não sou forte o suficiente, apenas tenho que o passar a ser.
Deviam ser seis e meia, talvez mais cedo, Kadmos não se preocupava com isso. Sorrateiramente tinha vagueado pela mansão até à ala onde eram as salas de treino. Numa das salas uma pequena tira de papel com kanjis lá escritos impedia a entrada. Fez um selo e concentrou chakra, com dois dedos da mão direita tocou no papel da porta e sussurou "Kai". O papel descolava-se e a porta abria-se dando passagem ao rapaz. Ao entrar pegou num dos seus scrolls e dele soltou um Endan que acendeu uma tocha pousada a entrada. A luz dançarina daquele fogo fraco iluminava aos poucos a enorme sala. Esta parecia mais uma sala de exposição de armas, cheia de expositores com adagas, katanas, bastões e varas entre outras armas tudo pendurado e organizado. O rapaz avançou pelo meio da sala, sabia que todas as salas de treino estavam desenhadas de maneira a nenhum elemento ter vantagem, a não ser que fosse essa a ideia. Ao andar tropeçou e caiu numa pequena vala com um líquido negro.
Kadmos - Que raio é isto? - Perguntou enquanto sacudia o pé.
O líquido negro teimava em ficar pegado à perna de Kadmos, cobrindo todo o seu pé e subia até à sua canela. Passou a mão por aquela "coisa" e viu como era pegajoso. Quando tentou voltar a pôr o pé na pedra, escorregou para a frente e a tocha foi parar a uma outra vala com o mesmo líquido. Tudo aquilo se incendiou e iluminou a sala! Por toda a sala os veios de fogo faziam o desenho de um sol e os seus raios e no centro deste um buraco circular permanecia cheio de água. Mais ao fundo desta, seis bonecos de madeira estavam erguidos mesmo no fundo da sala.
Dirigiu-se para perto dos bonecos e lá pôs-se em frente do boneco mais à esquerda de todos. Começou por lhe aplicar pequenos murros, sempre a tentar acertar em partes específicas do corpo em certas sequências.
Kadmos -
Tronco, tronco, cabeça, tronco, braço, braço, cabeça, tronco, cabeça, ... - Continuou por alguns minutos, mas o facto do boneco não retaliar começava a irritá-lo. Depressa se baixou e com um Konoha Senpuu partiu a cabeça de madeira do boneco, lançando-a contra a parede. Ainda a querer aquecer fez alguns selos e concentrou chakra. - Mizu Bunshin no Jutsu! - Quatro clones apareceram à sua frente. - Preciso de uma ajudinha a fazer o aquecimento. Que tal uma luta rápida de Taijutsu e Kenjutsu? - Perguntou aos seus clones.
Os clones acenaram afirmativamente e rodearam-no de seguida. Dois deles retiravam de um par de Aian Nakuru e um par de Kunais cada, enquanto os outros lutavam de mãos descobertas. Kadmos fez sinal de que podiam avançar e eles assim o fizeram. O clone das kunais rapidamente se desfez delas, lançando-as contra o gennin que as desviou facilmente. Aproveitando o desvio forçado de Kadmos, um dos clones tenta acertar-lhe com um murro na cara, mas o seu braço é agarrado pela mão esquerda de Kadmos e lançado contra um outro clone que se aproximava. Os clones voltavam para trás, mantendo a sua distância e o rapaz aproveitou para se recompor.
Já de pé avança para o ataque e com um rápido Konoha Dai Senpuu atira um dos clones para um dos veios de fogo, acabando por o destruir.
Kadmos - E vai um. - Responde confiante.
O clone das Aian Nakkuru avança. Faz vários movimentos amplos na tentativa de cortar espaço de manobra ao gennin e, num movimento conjunto com outro clone de derrubar Kadmos. Num movimento rápido, Kadmos arma-se com a sua própria kunai e começa a tentar defender ou desviar uma das Aian, resultando em um pouco mais de espaço e assim conseguia-se defender dos inúmeros murros, apesar de serem fracos, do seu clone. O gennin depois baixa-se e no movimento de flexão das pernas lança a sua kunai para o meio dos clones, que se desviam de imediato. Com um salto dá um forte murro no estômago do clone armado e este sucumbe, voltando à sua forma líquida.
Já só sobravam dois clones que apenas usavam Taijutsu. Kadmos vai a agarrar na sua katana, mas só quando vê que não tinha lá nada é que se lembra da espada ser destruída na luta com Ashante. Distraído não reparou no ataque de um dos clones e por instinto saltou para trás. O clone falhava assim um murro direito ao seu tronco e ficava com uma abertura na defesa. Voltando a saltar, Kadmos agarrou na cabeça do clone com ambas as mãos e apanhou-o com uma joelhada!
Kadmos - E já foram três no total. Só faltas tu. - O clone nem tivera tempo de ver o que se passava, pois sofreu logo um rápido e forte 4 Hits Combo que quando foi atirado ao chão já estava a voltar a ser água... - Ufa. - Parava para descansar e recuperar o fôlego. - Acho que isto já serviu como aquecimento.
Após descansar alguns minutos decidiu tentar algo novo. Com um salto o rapaz passou por cima das chamas e entrou no território aquático. Continuou até estar no meio da superfície, as chamas começavam a aumentar e a ficar mais forte e o calor perturbava-o nas costas, por isso quanto mais longe melhor. Tinha uma ideia em mente e continuando a usar o Mizu no Kinobiri deixou as suas pernas afundarem-se um pouco e sentou-se na água.
Já a algum tempo que queria voltar a tentar uma coisa, mas nunca tinha tido oportunidade desde a primeira vez que o fez. Fez os selos e concentrou chakra na mão esquerda, a água começou a concentrar-se lá e a fazer uma esfera a girar num único sentido (Suiton: Hahonryu). Na sua última missão vira como podia controlar a maneira como a água se movimentava, tudo dependia do chakra que concentrava e no que ele imaginava. Fechou os olhos e tentou concentrar-se apenas na esfera que tinha na mão. De seguida concentrou chakra para aumentar a velocidade do movimento do líquido e só depois tentou mudar o sentido deste. Começou por o fazer movimentar no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio. Abriu os olhos e viu que a água movimentava-se tal como ele queria. Esticou o braço à frente e lançou cinco bolas de água a partir da esfera que segurava.
Kadmos - Mesmo que mude a rotação as bolas parecem continuar a poder sair. Mesmo assim elas vão com efeitos diferentes, algo a ter em conta...
Voltou a concentrar chakra e repetiu o jutsu. Nos minutos seguintes voltou a tentar mudar o sentido da rotação, baixo para cima, cima para baixo e até na diagonal. A esfera manteve sempre a mesma forma e de todas as vezes as bolas de água eram disparadas à mesma velocidade mas por vezes não acertavam no alvo imaginado pelo rapaz.
Fechado naquela sala não sabia quanto tempo já ali tinha passado. Numa outra tentativa, repetiu o Hahonryu mas desta vez concentrou mais chakra naquela esfera inicial. Imaginando na sua cabeça, tentou impor dois sentidos de rotação à esfera, ambos opostos entre si, um na superfície da esfera e outro no seu interior. Cedo descobriu que o jutsu ficava instável com a explosão e consequente molha da sua cara.
Kadmos - Não lhe consigo impor duas rotações depois de ter a esfera já feita. Tentarei enquanto concentro a água.
Assim o fez, fazendo os selos do jutsu concentrou de maneira gradual o seu chakra. De inicio concentrou pouco chakra e a água recolhida era pouca, logo aí tentou fazer a água rodar livremente, sem um sentido definido. O resultado foi uma esfera descontrolada, ora rodava para um lado, ora era para o outro. Apesar de ser o que queria, depressa viu que o chakra tinha que ser melhor controlado para não se descontrolar. Introduziu mais chakra e o volume de água aumentou, continuava a correr livremente e tinha agora o tamanho aproximado a uma bola de andebol.
Kadmos - Ainda muito pequeno. - Inseriu mais chakra e a esfera foi acumulando mais água até atingir o tamanho de uma bola de futebol. - Perfeito! - Ao mesmo tempo que dizia a última frase a bola descontrolava-se. Num segundo compactava-se e no momento seguinte explodia outra vez. - Porra. Mais uma vez! - Ia concentrar o seu chakra, mas algo se sobrepôs a ele. O seu estômago roncava de fome e o seu braço esquerdo tremia do treino que fizera. - Afinal... Se calhar é melhor ir comer algo.
Saiu da sala de treinos e tentou pendurar o papel que antes a selara, tentativa inútil pois teria que se fazer alguma coisa para ficar ali colado. Com força puxou a porta o mais que pôde para si, tentando fechá-la com força bruta. Por pouco a madeira já não muito resistente não cedeu, mas o objectivo primário estava comprido: a porta estava fechada. Foi para a cozinha comer, esteve lá alguns minutos a comer uma embalagem de uns cereais novos, "Seyur Choco-Flakes". Tinham um sabor muito achocolatado mas ele precisava da energia que tantos doces lhe ia dar.
De barriga já cheia, voltou para a sala de treinos que tinha descoberto durante a manhã até encontrar Miu e Yoshiyuki à sua procura pela mansão.
Kadmos - Que se passa Miu-sensei? Ainda é cedo para o nosso treino...
Miu - Decidi vir ajudar-te a treinar um pouco e por isso trouxe o Yoshiyuki, afinal ele também precisa de treinar. Mas bem, eu tinha planos para um treino só que eram bom se houvesse maneira de vocês irem para algum sítio com água.
Yoshiyuki - Gommen Miu-san, mas há vários oásis perto de Sunagakure. Decerto encontraremos algum que lhe agrade para os nossos treinos.
Miu - Preciso de um onde o lago não seja mais profundo que a altura até à vossa cintura. Algum com esse requisito especial?
Yoshiyuki - É questão de se procurar.
Miu - Muito bem, então vamos procurar esse oásis maravilha. Yoshiyuki podes ir à frente para nos guiar, anda Kadmos.
Kadmos - Já vou... Já vou...
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Sinceramente tenho pena dos avaliadores... NOT!
Assunto: 23º Treino - Insónia Matinal - Kadmos 
Qua 2 Set 2009 - 14:28
