Hayato estava acordado numa madrugada chuvosa. O barulho dos pingos de água caindo sobre as telhas de sua casa e deslizando até irromper no solo de concreto logo abaixo o acalmava. A lua estava esplêndida e o mesmo jogava xadrez sozinho. Movia um peão, em seguida um bispo, depois outro peão e assim seguia, jogando, analisando a jogada e tentando contra jogar de forma astuta.

Após permanecer meia hora no té te a té te consigo mesmo parou de jogar, lançando um soco irado contra o tabuleiro que se esparramou num canto escuro do recinto. De repente, a maçaneta da porta de seu quarto começou a girar, e com receio de ser pego por seu pai, fez uma sequência de selos e concentrou seu chakra apressadamente, transformou-se numa cadeira com o henge.

Sua forma foi alterada de forma rústica, contendo falhas nos pés do objeto que denunciavam o jutsu tal como a coloração alterada que se assemelhava a sua calça preta ou um pedaço de cabelo negro pendurado embaixo da cadeira. Lutando para manter o controle de chakra o melhor possível observou a porta abrir e seu pai se revelou com seus olhos astutos e preocupados, sempre fora muito preocupado com o filho…

Num instante a cadeira tremeluziu e produziu um ruído. Shizuko, pai do rapaz, caminhou pelo quarto e o avaliou. Avistando um volume na cama, decidiu checar mas desistiu, caminhando em direção a cadeira e dando-lhe um tapa forte de chakra que irrompeu uma névoa fazendo com que Hayato virasse humano novamente.

- Deves praticar mais este teu controle de chakra e agora não é hora disso! Vá para a cama, agora! - Exclamou, ajudando seu filho a levantar-se.

- Não estava treinando, estava jogando xadrez! Solte-me! - Respondeu irritado, rebatendo a mão de seu pai para levantar-se sozinho. Era um esforço grande, de fato, mas gostava de ser independente apesar de tudo e odiava ser ajudado em toda tarefa, era como ser chamado de incapaz através de outros meios e nesses momentos a raiva lhe dava forças que seu corpo doente sugava.

Com muito trabalho conseguiu deitar-se, mas apenas a tempo de seu pai voltar para seu quarto e o mesmo decidir treinar. Ficou sentado em sua cama, juntou as mãos convergindo chakra, respirou fundo e ativou seu kugutsu, fazendo com que o boneco trancasse o quarto e tomasse assento à frente de si. Ambos encaravam-se.

Hayato começou realizando selos. Tigre, macaco, cavalo, dragão, serpente, cão. Controlava sua respiração com precisão - aprendera devido sua condição fraca - conseguindo realizar os selos tranquilamente e aumentar conforme os minutos se passavam, logo, a sequência adquiria uma velocidade a mais, porém, nem tão rápida, o suficiente para conseguir realizar perfeitamente as posições de mão.

A marioneta seguia todos os movimentos do Isao, contraindo seus dedos de madeira perfeitamente igual. O chakra do koganenin alimentava o boneco continuamente enquantoo as sequências de selos começavam, terminava, repetiam e mudavam de sequência, alterando o padrão e evitando que o mesmo se acostumasse demais a um padrão. “Foi uma ideia afortunada ter retirado as lâminas da Sentinela para afiar e polir, afinal.” Pensou, enquanto observava o braço do boneco com dois vãos vazios onde se projetava duas lâminas de espada.

E novamente reiniciou os selos. Tigre, cobra, cão, macaco, dragão, ovelha, coelho… Cão, coelho, ovelha, dragão, tigre, macaco… De novo e de novo a sequência se repetia até chegar o ponto de cansar as articulações das mãos.

Ao terminar a prática de selos, decidiu aprimorar o controle de chakra e sua concentração. Ainda utilizando as cordas de chakra do boneco, fez um selo In para reunir chakra e o convergiu em seu cérebro, em seguida, realizou o selo Kai e estourou o chakra acumulado em sua mente, perturbando toda a ordem energética de seu corpo. Caso estivesse num genjutsu, livraria-se dele dessa forma.

Repetindo o processo - copiado pela marionete (apenas os movimentos corporais!) - refinou uma pequena quantidade de seu chakra no cérebro, prendeu-o, comprimiu o mesmo e então soltou com um kai, perturbando o fluxo energético novamente. Permaneceu neste processo de agrupamento, compressão e libertação de chakra por um longo tempo até ter certeza que estava satisfeito por hora e então desativou sua cordas de chakra após enviar o boneco para o canto do quarto.

Virando-se para a parede, ainda na sentado na cama, realizou uma sequência de selos e convergiu chakra nas mãos! Uma luminosidade tomou conta de suas mãos e lentamente aproximou-as da parede, fazendo assim com que “grudassem” na mesma como se fossem ventosas. “Então é possível usar o Kinobori com as mãos!” Analisou. “Para testar meu controle de chakra e resistência vou tentar soltar as mãos da parede, se eu conseguir, preciso trabalhar no meu fluxo.” Pensou, e assim o fez!

Por minutos permaneceu fracassando, conseguindo tirar suas mãos sem nenhuma resistência! Seu controle de chakra ainda era precário e seu jutsu falhava, entretanto, com o tempo a passar sua condição melhorava, agora, precisava aplicar mais força, insistir por mais alguns segundos e no final, até minutos! Reunia chakra e o mantinha na planta das mãos, transmitindo-o lentamente para a parede como ventosas de polvo, permitindo uma aderência à mais! Permitiu-se até mesmo a agarrar um livro e mantê-lo preso em sua mão com o jutsu, mesmo esforçando-se para fazê-lo cair no solo - e caiu, vinte segundos depois da última tentativa!

De repente, a porta do quarto do Isao abriu, seu pai havia a chave do mesmo e quando adentrou apenas encarou seu filho deitado sobre a cama, dormindo aparentemente. O pai de Hayato aproximou-se e lhe tascou um beijo na testa, indo para seu quarto logo em seguida. Ao bater da porta uma fumaça tomou conta do local e o koganenin estava sentado em sua cama, com seu henge cancelado pela inexperiência do mesmo.

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