O grande Homero também dormitava, garante Horácio. Outros poetas satisfazem-se com uma sesta de vez em quando, com o prejuízo da toada e da eloquência do discurso. Mas infelizmente não era só com poetas... ninjas também.

Eddie, sem saber como, acordou numa savana. O vento estava calmo, aconchegante, o céu estrelado como uma noite de Agosto que era, a Lua estava cheia e brilhante, era o único ponto de luz daquele lugar.

- Onde estou? – Perguntava-se.

Sem saber o que fazer, vagueava pelo local. Era a primeira vez que via uma savana assim, parecia não ter fim. Após uns minutos indeterminados sem parar, encontra uma caverna.

Nuvens formam-se, tapando a imagem das estrelas ao garoto, o vento se agita. Era o início de uma tempestade. Decidiu abrigar-se na gruta, mesmo achando estranho a existência lugares cavernosos naquela planície e desconfiando de que algo possa aparecer.

Procurou algo para iluminar e se aquecer. Talvez um pedaço de madeira fosse suficiente. Mas encontrou uma rocha mais desviada do normal. Deslocou-a. De repente, um flash de luz leve abrangeu toda a caverna. E, com a luz, e com um som desafinado de uma flauta, emerge uma figura estranha: pernas de bode, corpo de humano e chifres de cabra, com um instrumento de madeira em mãos. Interrompendo o pensamento do jovem, falou com sua voz destorcida:

- Olá, meu nome é… Bem, não te interessa. – O seu riso ecoava por toda a gruta.
- De onde és? – O rapaz colocava-se em dúvida, querendo iniciar um diálogo.
- Não interessa de onde sou, mas sim para onde vais! – Terminou enquanto desvanecia com o som perturbante de seu instrumento.

Eddie começava a puxar pela imaginação; seria um castigo, uma missão, ou um teste? Por mais que pensasse, não conseguia imaginar o que viria a seguir. A jornada já estava imprevisível de mais para quem não sonha muito.

Passo a passo, lentamente, aproximava-se do fim da gruta, mais longa do que parecia. Era um beco sem saída. Não podia sair da gruta, pois a saída estava bloqueada por uma espécie de barreira.

Eddie sentava-se, esperando que algo acontecesse. Subitamente, do nada, aparecia o portão enorme. Com uma câmara no lado esquerdo e uma placa do lado direito. Na placa estava escrito: “Se da lente desta câmara escapares e se a maçaneta da porta do lado esquerdo abrires, deste local escaparás.”

De cara e sem pensar, ele pensou que a melhor maneira era abrir a porta à força… Ou melhor, parti-la. Ágil e esbelto que era, decidiu oferecer um pontapé fortíssimo ao centro da porta. Mas era impossível. Era feita do material mais sólido que conhecera.

Agora ele pensava racionalmente. A câmara perseguia-o. Parecia decorar todos os traços da pessoa. A ideia surgiu. Criando uma cópia intangível do mesmo, técnica aprendida na academia, colocando a cópia há frente da câmara e se escondendo com o fumo.

Assim, a câmara apenas olhava o clone e, escondido, abre o portão. Eddie entra e, mal entra, desmaia.