Hiyama Kyohei
Treino 6
Prática
Era já noite cerrada. A chuva da manhã tinha desaparecido no decorrer da tarde, dando lugar a um sol tímido e que as estas horas tinha já sido substituído por uma lua cheia brilhante. Tinha aproveitado a tarde na Biblioteca para pesquisar mais alguns jutsus que pudesse aprender durante a noite e por sorte, recebi o meu primeiro salário de lá trabalhar. Gastei-o todo em material ninja, necessário ou desnecessário, ainda me cabia descobrir como iria utilizar tanta tralha.
Decidi começar aquele pequeno treino com um pouco de preparação física. Apesar do tempo frio, levava comigo um blusão laranja muito aconchegante que de certeza me iria manter quente por todo o exercício. Comecei por praticar algumas elevações de braços num ramo de uma árvore que me acercava. Agarrei-me ao tronco e com esforço e suor consegui fazer umas singelas cinco elevações. Claro que não estava contente com tal e esforcei-me para melhorar o meu desempenho. A sexta elevação foi dífícil, sentindo os meus músculos começarem a doer e a quererem quebrar enquanto eu subia. Mal desci, a dor pareceu intensificar-se e voltei a tentar mais uma elevação. Balancei as minhas pernas para ganhar aceleração e assim conseguir subir mais depressa. Sim, fiz um pouco de batota, mas eu não era nenhum ninja com um treino de há já alguns anos. Mal toquei com o queixo no ramo, tirei-o e deixei-me cair de cu no chão. Fiz breves alongamentos de braços para impedir alguma lesão mais séria e eles ficarem-me a doer amanhã.
Após exercitar os braços, fui dar uma pequena corrida à volta do campo de treinos. Aquele pedaço de mato era já pequeno, por isso seria apenas o suficiente para me aquecer. Corri algumas voltas e quando estava já para parar decidi fazer uma pequena excentricidade e após concentrar chakra nos pés, colei-me ao tronco de uma árvore e fui assim saltando de árvore em árvore com o recurso ao Shunshin. Era uma maneira rápida de me locomover e fácil de me ajudar a praticar o uso do Kinobiri enquanto usava outras técnicas.
Parei para descansar após aquela meia hora de corrida, sentando-me na mesma pedra onde antes tinha posto os scrolls dos vários jutsus elementais. Peguei na mochila onde trouxera parte do meu novo equipamento e fui passando as armas pelas mãos. Conhecendo-lhes o peso, a textura, a própria forma para depois ser mais fácil de as reconhecer quando não tiver tempo de as estar a procurar na bolsa. Aproveitando os pequenos alvos de praticar que o campo tinha, fui experimentando cada uma das armas. Primeiro as minhas Kunais, que já conhecia o seu peso e forma, foi fácil conseguir direccioná-las para o sitio certo. Só faltou acertar mesmo no centro do alvo. Peguei depois nas recém compradas shurikens e pús duas em cada mão. Apontei com algum cuidado e lancei-as, atirando-as com força e velocidade! Atingi mesmo o centro, apenas não foi do alvo para o qual apontei... As granadas de luz preferi não as usar, tal como os chaveiros ou papeis explosivos. Era já demasiado tarde para provocar alarido por aquelas bandas.
Com as armas recolhidas, fui treinar um pouco do meu Taijutsu. Sentia como uma necessidade aprimorar as minhas capacidades de andar "à pancada", já que era capaz de ser a única coisa a que eu tinha experiência em todo o ramo ninja. Cheguei-me a um boneco de articulações e aqueci um pouco os pulsos. Respirei fundo e concentrado comecei a bater no boneco com um forte Gangeki numa das suas placas rotativas. Esta fez uma paralela a ela mover-se e desviei a minha cabeça do golpe com um rápido recuo. Golpeei depois uma outra placa com uma Shogekisho e bloqueei a ofensiva do boneco com uma Assho, parando o movimento ascendente da placa que me atacava. Ao mesmo tempo, dei duas palmadas ascendentes em duas das placas superiores, obrigando-me a baixar rapidamente para contra-atacar com um Shoshitsu no que seria a zona lombar do boneco de treinos. Empolgado pelo ritmo já acelerado, tentei acabar com um Konoha Daisenpu, apenas para a dor na minha perna aquando do golpe me lembrar que lutava contra um boneco de madeira fixo na terra!
Coxo, voltei a sentar-me e liguei a perna. Agora que Taijutsu estava treinado e eu já estava aquecido, podia agora praticar mais uma vez os jutsus Doton. Comecei pelos que tinha aprendido hoje de manhã. Fiz os selos, concentrei chakra e, com muita pena minha, bati com o pé esquerdo no chão para fazer o jutsu. Cinco senbons perfeitas saíram em direcção a uma das árvores à minha frente e a perna dava-me umas dores inesquecíveis. Com aquele jutsu só me faltava aprender a controlar a direcção dos projécteis, podia passar ao seguinte.
Lancei-me ao jutsu seguinte. Concentrei chakra, fiz os poucos selos e tentei criar um novo clone meu feito de terra. Ao meu lado, apareceu uma melhor cópia minha do que as anteriores. Com traços faciais bem definidos e parte da roupa bem construída, mantinha ainda a aparência de ser terra controlada e não tinha nenhuma das minhas cores. Aproveitei-o para lhe dar uma rasteira com o Konoha Reppu e no ar dei-lhe uma Shōgekishō para lhe dar mais altitude. Lá em cima, agarrei-o pela retaguarda e coloquei os tornozelos na área do pescoço dele, apenas para praticar o Hayabusa Otoshi! A fuga algo desenrascada e a minha queda precipitada causaram-me novas dores na perna, às quais sucumbi e decidi sentar-me de novo...
Sentado, li os três scrolls que trouxera da biblioteca. Por causa da minha situação e dos próprios jutsus, preferi experimentar o Doton: Doryūsō. Os outros dois metiam-me medo e apenas os iria tentar quando estivesse acompanhado por alguém de confiança! Li as descrições que constavam no scroll e pratiquei uma primeira vez os selos. Tentei repetir a sequência com mais velocidade, mas dei-me mal.
Concentrei chakra e fiz os selos, devagarinho para não me enganar é claro e acabado o jutsu senti parte do meu chakra a ser gasto. Notei pequenos montes de terra, tal como com o Doton: Senbon Soushi no Jutsu, só que com maior tamanho a serem criados lentamente a partir da terra e lama que o campo de treinos tinha. A velocidade com que as formas pouco afiadas eram criadas fez-me ver que teria que voltar a tentar o jutsu. Refiz os selos e voltei a concentrar mais do meu chakra. Nesta segunda tentativa, os espigões apareciam mais pontiagudos e mais depressa, porém nada que me agradasse!
- À terceira é de vez. Já devem ser quase horas de eu me meter em casa antes que notem a minha falta! - Convencido do meu futuro sucesso, concentrei quase todo o meu chakra e fiz os selos do jutsu. Novos espigões irromperam pelo solo de uma maneira que me agradou muito mais! Apenas tinham era a falha de não estarem afiados o suficiente para me darem grande vantagem em batalha. Mas isso teria que ser treinado noutra altura...