-Bem... - Lentamente, Kita reabriu os seus olhos esverdeados. A sua voz era quase inaudível. - Parece que caímos que nem ratos na armadilha deles.
Nenhum dos Genins teve tempo para perguntar fosse o que fosse, ou mesmo para fazer o mais pequeno movimento. Quando se aperceberam, já Kita não estava no mesmo local.
-Para onde é que ele foi? - Jin olhou para os outros três, tão estupefacto quanto eles.
Com a mesma velocidade com que desaparecera, Kita reapareceu no outro extremo da rua. Mas já não estava sozinho.
Debaixo do seu braço direito, com a garganta a ser esmagada contra uma parede, estava um indivíduo encapuçado. Esforçava-se por respirar, produzindo ruídos guturais enquanto se tentava libertar do braço de Kita e inalar oxigénio. Kita, por sua vez, parecia nem sequer sentir as arranhadelas dele no seu braço, nem parecia fazer menção de se mover de onde se encontrava. Isto, claro, até que o seu prisioneiro fez um esforço (falhado) para falar.
-É tarde demais. - Riu-se ele com uma voz baixa e funda, resultado da pressão que Kita ainda exercia sobre o seu pescoço. - Não há nada que possam... fazer para nos impedir.
-"Nos"? Quantos são vocês? - A única resposta que Kita recebeu do estranho foi um riso trocista. Tal resposta valeu ao homem um novo aperto contra a sua garganta, este mais profundo que qualquer um dos anteriores. - Quantos?
-Demasiados... Para enumerar.
-O que é que vão fazer?
O silêncio instalou-se novamente naquela rua, com Kita ainda a prender o desconhecido, à espera da sua resposta; o preso a simplesmente sorrir de modo trocista; os quatro Genins imobilizados, congelados nos seus locais, a tremer em conjunto com a ventania gélida que se começava a levantar, arrastando consigo poeira e folhas secas num remoinho disforme.
-Vais descobrir. Acredita que vais.
Kita abriu a boca para falar, mas foi interrompido por um tremendo estrondo proveniente do extremo oposto da vila, no exacto local onde se encontravam os portões. Todo o grupo desviou o olhar para o local de onde viera o ruído ensurdecedor, a tempo de ver uma enorme nuvem de fumo negro erguer-se lentamente no ar. Kita voltou o seu rosto de novo para o homem preso por baixo do seu braço, e sem qualquer hesitação afastou-o da parede, agarrando-o pelos colarinhos e encostando-o ao solo. Quando o seu capuz caiu, Kaede ficou branca como a cal.
-Esse...

-Esse…
-Conheces este homem? – Inquiriu Kita, olhando para o rosto transtornado da sua aluna.
-É… - Kaede engoliu em seco antes de prosseguir. – Esse é o homem que deixei inconsciente na montanha, há uns dias atrás.
Kaede mal viu o seu professor voltar novamente o rosto para o seu prisioneiro. Tentava agora acalmar-se, convencer-se de que já havia derrotado aquele homem uma vez, mas não lhe serviu de muito. Sabia bem que a sua vitoria fora quase um golpe de sorte. E não estava confiante de que essa sorte se mantivesse imutável.
-Então bonequinha… Tiveste saudades? – Gozou o homem, sorrindo com desdém.
Kaede sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha quando os olhos escuros do homem a perfuraram, e por algum motivo sentiu a respiração falhar-lhe. Estava novamente aterrorizada daquele indivíduo, e não havia razão para tal. No momento em que Kita voltou a erguer o homem pelos colarinhos, Kaede já mal reparava fosse no que fosse. Não viu o movimento descuidado de Kita, que colocou o homem inconsciente, nem tão pouco se apercebeu de que já se encontrava prostrada no solo, com a mão de Nori no seu ombro direito, impedindo-a de cair.
-Kaede, estás bem?
Kaede simplesmente anuiu, respirando profundamente e cobrindo metade do rosto com a sua mão direita. Acalmou-se e, só aí, quando se começou a aperceber novamente do que a circundava, se apercebeu de que todos os presentes a fixavam ansiosamente.
-Eu estou bem, não se preocupem. – Assegurou Kaede com um sorriso ténue mas genuíno. Sentia-se inútil e infantil. Porque motivo se borrava de medo sempre que aquele homem estava por perto?
-Bem… - Começou Kita, claramente mais calmo. – Comecemos por… Shuura-san?
O Jounin olhou para a ninja médica, perguntando-se o que faria ela ali, enquanto ela aterrava a alguns metros dos quatro Genins. Não se alarmou até reparar que a mulher segurava firmemente a sua katana com ambas as mãos.
-AFASTEM-SE!!! – Instruiu ele os outros quatro, que quase imediatamente se deslocaram para longe do local onde se encontravam.
Agora, quase perto de Kita e a uma distância bastante considerável de Shuura, podiam ver o porquê do alarme de Kita. No encalço da mulher, encontrava-se um outro ninja. Este preparava-se agora para saltar do último telhado para o solo.
O pesado homem caía rapidamente em direcção de Shuura, a velocidade da sua queda amplificada grandemente pelo seu peso e pela força da gravidade. No momento em que as solas das suas sandálias roçaram a calçada, ele bramiu o seu bordão de metal contra a cabeça de Shuura. Esta bloqueou o poderoso ataque do seu oponente como se ele não passasse de uma carícia, colocando a sua katana de modo a que o bordão deslizasse pela sua superfície (tal foi bem sucedido graças à enorme força e velocidade que o seu inimigo impingira ao ataque).
O oponente de Shuura demorou alguns segundos a perceber o que a mulher fizera, mas conseguiu reagir a tempo. Voltou a repetir o movimento de há segundos, desta vez na direcção oposta. Em vez de bloquear o ataque, Shuura desviou-se dele, agachando-se. Mais uma vez o seu oponente repetiu o primeiro movimento, desta vez mais baixo de modo a atingir a kunoichi. Shuura deixou o seu corpo cair para trás, desviando-se desse ataque. Deu em seguida impulso com as mãos, dando uma volta no ar e escapando à justa de um novo golpe que o seu inimigo executara na vertical.
Shuura deslizou uma curta distância para trás, distância essa em que pousou a sua mão no solo, aparentemente para reduzir a velocidade, deixando para trás uma linha recta.
-GOT’CHA!!!! – Grunhiu o seu oponente, vitorioso, correndo em direcção da mulher. Shuura limitou-se a cerrar levemente os olhos.
-Suiton: Mizu Nagare. – Shuura deu uma palmada no solo com a mão que lá tinha encostada, torcendo-a cerca de quarenta e cinco graus antes de voltar a levantá-la. No momento em que a mão de Shuura abandonou o solo, uma forte corrente de água rachou a calçada segundo a linha que a kunoichi marcara com a sua mão. A ninja não perdeu tempo, e no momento em que o seu oponente foi atingido e envolvido pela água, já ela se encontrava ao lado dele.
-Hakuren. – Proferiu a ninja, enterrando as suas mãos na água. Em alguns segundos, o líquido tornou-se em gelo puro. Como se nem sentisse o frio nas suas mãos, Shuura puxou-as novamente para o exterior, libertando-as do gelo cristalino.
-Shuura… - Chamou Kita, procurando fazer com que a ninja se apercebesse deles.
-Kita-san. – Shuura aproximou-se solenemente do grupo, ignorando os olhares espantados dos Genins. – Temos problemas.
-Terá algo a ver com aquilo ali? – Questionou Kita, apontando para a nuvem de fumo negro que já se começava a dissipar.
-Não, aquilo são apenas alguns testes que os Chuunins da vila estão a levar a cabo. – Esclareceu Shuura, guardando a sua katana. - Temos assuntos mais importantes a tratar agora. Sigam-se.

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-Tens a certeza disto?
-Absoluta. – Confirmou Shuura, ainda encostada à parede, de braços cruzados, enquanto todos os outros se encontravam sentados à volta de uma mesa, a observar os vários papeis que se encontravam no tampo da mesma.
-Se isto realmente for verdade, não vamos conseguir sair da vila.
-O que me surpreende é o facto de termos conseguido entrar. – Atalhou Kaede, completando o raciocínio de Kita.
-Tinham de o fazer. Se eu não entrasse na Nuvem, a vila que vos encarregou desta missão iria tomar conhecimento disso. Para não referir que é muito mais fácil para ele apanhar o que querem se isso estiver dentro da vila.
-E o que é que eles querem?
Shuura e Kita entreolharam-se, com uma cumplicidade preocupada bastante clara para os outros presentes.
-Ainda não sabemos. – Declarou Shuura, olhando para o vazio. – Mas seja o que for, está connosco quase de certeza.
-Mas afinal como é que eles conseguiram tudo isto? Quer dizer, existem Jounins nesta vila, o que vai acontecer quando eles descobrirem?
-Nada, nenhum deles vai descobrir. - Perante o olhar de confusão dos restantes, Shuura continuou a sua explicação. – Todos os ninjas de elite da vila estão sob o controlo de quem quer que esteja por detrás disto, e inclusive estão a ajudar no controlo da operação.
-Mas não era suposto esses ninjas ajudarem na protecção da vila? Porque raios estão eles a…
-Controlo mental. – Esclareceu Shuura. – Apercebi-me da técnica quando examinei um dos Jounins.
-E conseguiste perceber como funcionava a técnica? – Inquiriu Kita.
-Não. Conseguiram aperceber-se de que eu encontrara a técnica antes de eu ter tempo de fazer fosse o que fosse. Tive de fugir do centro, com aquele matulão que vocês viram a perseguir-me.
-Ou seja, estamos no zero.
-Não necessariamente. – Kita apoiou um dos cotovelos na mesa, de modo a repousar o queixo na mão. – Existe um ninja que é quase perito nesse tipo de jutsus. Não sei bem onde ele se encontra de momento, mas sou capaz de o conseguir encontrar se sair daqui.
Shuura anuiu levemente, parecendo mais pensativa e ausente que o costume.
-Se o encontrares, tens a certeza de que ele vai conseguir desvendar isto e resolver o problema?
-Não tenho a certeza absoluta, mas as probabilidades são grandes. Mesmo que ele não tenha solução, ele arranja-a.
-Sendo assim, tudo o que temos de fazer é fugir daqui. – Concluiu Jin alegremente.
-Não é assim tão simples. – Cortou Kaede, colocando ambos os braços em cima da mesa.
-Então não? Temos só de criar uma distracção que dê tempo a Kita-san de sair da vila. Não deve ser assim tão difícil, tendo em conta que podemos usar cinco pessoas na distracção!
-Temos de ir todos. – A voz de Kaede tornou-se fraca. – Eles sabem quem somos e que estamos todos juntos. Se Kita-sensei fugir e nós ficarmos, eles vão concluir que nós sabemos de algo e vêm atrás de nós. E com isso poderão conseguir localizar Kita-san.
-Ela tem razão. – Concordou Nori, passando um dedo rapidamente pela cana do nariz.
-Então temos de arranjar maneira de sairmos todos sem sermos capturados por eles. Sem distracções parece-me impossível.
Kaede sorriu, olhando para o tampo da mesa.
-Existe uma maneira. Mas não vai ser fácil… - Começou ela, pegando numa das folhas que se encontrava em cima da mesa e molhando a ponta de um pincel em tinta.



Okai, mais um... Como de costume, estejam atentos para possíveis erros ortográficos e gramaticais que me possam ter escapado ^^'
Fiquem bem x')

Nem acredito que não reparei nesse filler antes x'D
Gostei mamae! Continua xD

Gostaste desta coisa morta? T___T
Ainda bem x'D
Obrigado pelo comentário ;'3