Era um belo dia, um belo dia em Konohagakure. Como sempre, quando tinha acordado, já os meus pais não marcavam presença em casa, e eu 'como sempre' , tomei o pequeno almoço sozinha em casa. Calmamente avancei até a janela mais próxima, ao fundo estava a colina dos Hokages, observava a cara de todos os Hokages e relembrava a história de cada um, eram sem dúvida grandes senhores que mereciam todo o respeito por todos os habitantes daquela vila. O tempo estava demasiado maravilhoso para estar em casa, tinha de sair e aproveitar aquele sol quente. Já era um gennin, a mais de uma semana, mas ainda não tinha missões e com este tempo de guerra tudo andava atrasado, tudo estava muito atrasado portanto nada me admirava.
No primeiro passo que dei, por trás de mim logo uma mão pousou e uma voz soou. Olhei para trás, já com um sorriso expressado pois sabia de quem se tratava, era um dos rapazes mais giros que Konohagakure tinha criado. Agni. Sim era o único nome dele, apesar de ter sido criado em Konohagakure, Agni é um natural de Amegakure, bem apesar de toda a sua boa aparência não é lá muito dotado em termos ninjas, porém tem um coração do tamanho do mundo.
- Andas desaparecida. - Comentou ele com um sorriso na cara, enquanto me cumprimentava com um beijo na minha face. As minhas bochechas, instantaneamente, ficaram vermelhas. Sorri e numa voz trémula e envergonha respondi.
- Sabes, agora sou uma shinobi de Konoha.. - Brinquei com a situação, e claro que ele já sabia que eu era uma shinobi, ele também tinha sido declarado Gennin ao mesmo tempo que eu, tínhamos sido da mesma turma. A conversa desenrolou, naturalmente, e ele seguiu-me até aos campos verdes de Konoha, lá conseguíamos observar de tudo. Jovens a treinar, namorados, brincadeiras e até pessoas a dormir, sem dúvida que Konoha era uma das maiores aldeias e sem dúvida que era o centro de tudo. Repousamos junto a uma árvore, na sua sombra, e desde a sua sombra conseguíamos ver o grande monte dos Hokages, sim sem dúvida eu era apaixonada por aquele monumento, mas não era apenas eu, Agni também.
- Um dia vou ter ali a minha cara, custe o que custar! . - Comentou ele, eu apenas sorri mas sabia perfeitamente que era apenas um sonho, e não se poderia concretizar pois apesar do que ele podia evoluir, não estava a ver Agni com o poder de um Hokage, nem eu quanto mais Agni. Mas o certo é que não é proibido sonhar, não é proibido desejar alguma coisa e a verdade é que eu não o podia julgar, pois eu também tinha os meus desejos, os meus sonhos. Porém não estava fácil, eu e o loiro fomos formados na altura mais perigosa para qualquer ninja, sim, numa altura de guerra e enormes tensões. Sei que os récem-gennins não são muito usados nas guerras, porém poderia haver essa possibilidade, e o certo é que eu e Agni possuíamos o mesmo receio, a morte. Mas eu sabia que ia chegar a altura que a morte não me iria provocar medo, mas eu sabia que naquela altura ela provocava-me imenso medo, mas imenso mesmo.
ost. click.
O tempo passou, e estava na altura de regressar a casa, quando cheguei deparei-me com tudo que não me queria deparar. Minha mãe tinha cedido, estava de joelhos no meio da sala e com os olhos em lágrimas, enquanto um companheiro dela estava com a mão pousada na sua nuca ajudando-a a recompor, eu olhei em volta e não via o meu pai. Cuidadosamente, aproximei-me da minha mãe, e quando perguntei
- Mãe, onde tá o pai? - ela olhou-me, e mais lágrimas pela a cara dela escorreram, então eu tinha a minha resposta. A morte tinha me batido a porta, e tinha-me levado o meu pai. Eu não quis saber de mais nada, fiquei paralizada naquele mesmo local, sem sorrir, sem chorar, sem pestanejar, sem emoção. Mas o certo é que após a minha mãe cair no sono, ou seja, ceder pelo cansaço eu tinha que perguntar. Quando o companheiro de trabalho da minha mãe, se aproximava para sair de casa eu agarrei-me ao braço dele, com um força extrema, e puxei-o para trás.
- Quero saber de tudo. - Afirmei com um ar frio e determinado, se a morte me tinha levado o pai eu queria saber de tudo e não queria desculpas, apenas queria a verdade. Ele tentou evitar-me, mas não ia ser assim tão fácil, eu não ia desistir.
- APENAS QUERO SABER A VERDADE! - gritei com ele, e foi então ai que ele cedeu. Sentou-se no sofá, e com os olhos vidrados e emocionados focou a minha parede. Eu continuei em pé a olhar para ele com um ar frio, um ar frio que nunca ninguém tinha visto em mim.
- Então foi assim.. - Começou ele, e nesse momento o meu coração apertava mais que nunca. Apenas desejava ouvir que o meu pai tinha morrido que nem um herói.
- Sabes que a guerra não é fácil, e o teu pai também sábia disso. Ele lutou até ao último momento, mas quando estavam prestes a vir embora, segundo relatos, o teu pai e a equipa dele caíram numa cilada, um esquema que montaram e que ditou a morte do teu pai... - Ele continuo, mas eu tinha-me perdido nos meus pensamentos.
Desculpem duvidar, mas numa equipa de seis shinobis, talentosos, apenas um é que tinha morrido? Todos os outros tinham conseguido sair com vida, numa cilada feita por vários homens? Algo não estava correcto, algo não estava a fazer ligação com o resto da história.