Ele levantou-se e sentou na cama ainda sonolento, passou as mãos pelos cabelos bagunçados, esfregou os olhos para dissipar a visão embaçada e suspirou fundo. “estou realmente ficando velho...” ele disse para si mesmo naquela meia-penumbra de seu quarto. O homem balançou sua cabeça negativamente afundando sua face nas mãos tremulas.
“A hora esta chegando...”
-x-
Datte saiu do banho com a cintura envolta em uma toalha e secando o cabelo com outra, o rapaz caminhou até a sala e abriu a janela para respirar o ar fresco daquela manhã.
Alguém bateu a porta com um leve toque delicado. O kirinin suspirou irritado imaginando quem diabos o incomodaria aquela hora e fechou a janela com uma batida mau-humorada.
- Ahn... Ohayou... – Kariya disse a Datte quando ele abriu a porta. – Oh meu deus! Vista uma roupa! – Ela assustou-se ao ver o rapaz só de toalha e cobriu os olhos com as mãos.
- Hãn? – Franzindo o cenho ele disse. – O que quer?
Ela respirou fundo e tirou as mãos da face tentando focar seus olhos apenas nos olhos do shinobi a sua frente.
- Posso entrar?
- Não.
- Isso foi rápido. – Ela comentou baixinho. - Eu insisto.
- Não. – Ele repetiu inexpressivamente.
- Que seja. – Ela forçou a entrada dando um empurrãozinho forçando Datte a abrir caminho. – Shounan-sensei me enviou, tenho algumas coisas a tratar com você.
- Não quero tratar nada com você. – Ele respondeu mal ela havia terminado de falar. – Tenho coisas mais importantes a fazer. – Ele finalizou tentando disfarçar a melancolia em sua voz.
- Datte... – Ela sentou-se em um dos sofás da sala da estar do rapaz e retirou o casaco que usava sobre as vestes. – Querendo você ou não, terá ajuda nisto, não conseguirá sozinho. – Ela completou.
- Espera ai... Porque sinto que você sabe de tudo? – O ruivo fechou a porta e levantou a voz para que ela o ouvisse. Ele caminhou pelo corredor de sua casa para chegar ao local onde a kunoichi estava.
- Acertou. – Kariya sorriu de forma travessa. – Nós sabíamos desde o começo.
Ele entrou na sala aparentemente pensativo, ou irritado, ou feliz... Nem kariya nem ninguém poderiam desvendar o que o rapaz sentia naquele momento, porque nem mesmo ele sabia como reagir tendo sua vida exposta assim.
- Entendo... – Ele falou baixinho. – O que você quer de mim?
- Ao anoitecer, venha até nós, estaremos nos portões sul da vila... Invadiremos à meia-noite a casa dele. – Ela disse quase que indiferentemente, o que atravessou o corpo de Datte como mil kunais explosivas.
- Ok. – Ele sussurrou. Kariya olhou-o por alguns segundos, ela não sabia como reagir, na verdade, não esperava por isto. Sempre vira o rapaz como uma espécie de monstro sem sentimentos e pudor, porém agora ele estava ali, completamente vulnerável e sensível, quase como uma criança.
- Você... Esta bem? – Ela levantou e se aproximou tentando passar solidariedade.
- Não. – Ele respondeu e franziu o cenho como se seus pensamentos causassem dores em sua mente – Kariya... Este é o certo a se fazer? – Ele respondeu olhando o chão, envergonhado.
Um silêncio tenso perdurou no local, Kariya engoliu em seco e tentou buscar do fundo de suas memórias uma forma de reagir a aquela situação.
- Eu não sei... – Ela disse baixinho. - Só sei que, seja certou ou errado... eu vou com você... Ora, somos parceiros, não é? – Ela completou gaguejando um pouco, porém, sentiu que havia dito a coisa certa, então aproximou-se mais e pôs a mão no ombro do rapaz.
Ele hesitou, sentiu o toque da kunoichi, mas não conseguiu olhá-la nos olhos, estava ouvindo palavras que nunca ouvira antes, e aquilo o tocou. “Que sentimento é este?” Ele pensou.
Por fim, decidiu-se. Levantou o olhar a ponto de ver seus olhos, pôs sua mão sobre a dela(que repousava sobre seu ombro) e tão lentamente quanto pôde se aproximou.
Os dois beijaram-se e compartilharam aquele primeiro beijo de suas vidas da forma mais proveitosa possível, Datte pensava em mil coisas ao mesmo tempo, por um segundo teve vontade de largar tudo e fugir, fugir e entregar-se aquela mulher, naquele momento ele sentiu que não existia apenas vingança em seu mundo.
Abraçaram-se delicadamente, Kariya não sabia no que pensar, na verdade, não pensava em nada, desistira de procurar razão no que fazia, simplesmente estava fazendo. Amor, ou não, quem poderia dizer?
-x-
Já era noite e o sol acabara de se por na úmida kiri, o casal estava junto uma vez mais ali naquele cenário de semi-penumbra, o local era uma rua larga que antecedia o portão sul da vila, o gigantesco portão. Ele, um insignificante rebelde que não possuía absolutamente nada na vida além da gigantesca raiva do mundo. Ela, uma aristocrata que nunca soube realmente sua própria identidade.
Eles tinham as mãos unidas em um aperto nervoso, Datte tremia e suava pensando no que viria, não gostava de admitir a si mesmo, mas nunca imaginou-se matando seu pai, muito pelo contrário, sempre imaginou a terrível morte que teria quando o encontrasse em batalha.
- Tenho medo... – Ele falou para kariya que estava ao seu lado. – Porque tenho tanto medo? – ele perguntou a ela sem esperar uma resposta que o ajudasse realmente.
- É normal... – Ela tentou confortá-lo. – Mas não se preocupe, nós vamos conseguir matá-lo. – Ela tentou sorrir, e Datte sorriu também em resposta, porém, sabia que ela não entendia seus sentimentos, ele não estava com medo de morrer, mas de encarar aquele monstro.
Um barulho ouviu-se entre a névoa densa daquela noite fria, uma kunai vindo dos céus fincou-se no chão próximo ao casal, a arma tinha um papel envolto e Kariya rapidamente percebeu isto e foi pegar.
“O plano será o seguinte, Vocês dois irão atacar a casa do objetivo pelo Oeste, e eu e kai iremos pelo sul, levaremos também Kimie, que será nossa médica, confie em mim Datte, iremos completar nosso objetivo.”
A kunoichi de cabelos negros terminou de ler o papel e rasgou-o em vários pedacinhos.
- Vamos. – Ela disse decididamente tentando animar o ruivo.
Ele hesitou um pouco, olhou para o chão tentando tomar sua decisão, mas por fim decidiu agir. – Obrigado, Kariya... – E a abraçou.
- Como assim? O que você quer diz... – Datte a interrompeu antes que terminasse de falar, o rapaz desferiu um fortíssimo golpe com seu braço marionete no estômago da amante, o que a fez ajoelhar-se de dor.
- Datte... Por... Porque? – Ela disse sussurrando e lutando para fica lúcida.
- Perdão... Será uma viajem sem volta. – Ele tirou o casaco que vestia para evitar o frio, pôs sobre os ombros da morena para cobrir seu corpo e ajoelhou-se também. – Eu te amo, kariya. – Ele beijou a sua testa segundos antes da shinobi desmaiar.
...

Ele correu entre os prédios subindo em telhados e andando sobre paredes úmidas, e por fim chegou ao seu objetivo: uma altíssima mansão de blocos de pedra, o local cedido pela vila para seu pai morar. O ruivo observou o local sobre um prédio vizinho e viu Shounan aproximar-se vindo de outra direção até parar ao seu lado.
- Yo, garoto. – Ele disse animadamente. – Parece que nós dois fizemos a coisa certa, não? – Shounan queria parecer animado, mas notava-se a tensão na voz do homem.
- Sim sim. – Datte falou olhando para aquele prédio que entraria dali a poucos minutos. – Nós começamos isto, é justo que terminemos junto.
– Já faz quanto tempo desde que você veio até mim pedindo ajuda? Dois anos? - O homem mais velho olhou para o céu sob sua mascara de ferro.
- Quase isso. – Datte sorriu. – E eu nunca soube seus motivos para me ajudar.
- Bom, todos tem seus segredos, não é? Aliás. – Ele tirou uma caixa pequena do bolso do sobretudo. – Você quer?
- Não obrigado, aliás, desde quando você fuma? – Datte perguntou.
- Desde agora. – O homem a tirou mascara de ferro da face e acendeu um cigarro e pôs na boca. Ele deu uma tragada profunda e soltou a fumaça. – Um homem precisa experimentar todas as experiências interessantes antes de morrer, não acha?
- foda-se, me dê um também. – Datte pegou um daqueles cigarros malcheirosos, acendeu e pôs na boca também. Tragou com vontade e assoprou a fumaça para os céus. . – Vamos lá, sensei. – E então saltou ramo à névoa que escondia seu futuro.

mais um ótimo filler
adorei essa mudança súbita do Datte, há tanto tempo que ele não era fofo...
bem, resta agora esperar a batalha com Papai né? boa sorte na jornada

Boa Datte avança no amor, experimenta fumar e ainda vai matar o seu Daddy, boa Datte!

Citação :

Perdão... Será uma viajem sem volta. – Ele tirou o casaco que vestia para evitar o frio, pôs sobre os ombros da morena para cobrir seu corpo e ajoelhou-se também. – Eu te amo, kariya. – Ele beijou a sua testa segundos antes da shinobi desmaiar.

Começei a respeitar mais o teu char após essa >-<

O Datte e o Tsu são tão parecidos, ambos são sarcásticos e querem matar o seu pai , apesar de Tsu não gostar tanto do amor quanto o Datte , mas acho que eles são irmãos hmm

Continua ^^ e não te esqueças de ler os meus >-<

ia dizer que a tua personagem era carinhosa, mas li num comentário que foi uma mudança súbita, então.. como é verdadeiramente o teu personagem? Novato nas coisas, dá nisto.

Gostei!

como posso dizer... meu personagem é um tanto delinquente, mas nem sempre foi assim