Tora amanhecia com uma dor de cabeça infernal. Achava estranho acordar naquele horário, com o sol já meio alto, incomodando-lhe mesmo com as cortinas fechadas. Levantava-se de completo mau humor devido às dores que sentia, na fronte e no estômago em especial. Lentamente começava a recordar-se da festa de Hana, tendo alguns flash’s do final, já que não lembrava-se de tudo. Fez sua higiene matinal (?), melhorando sensivelmente após um relaxante banho. Descia as escadas à procura de seu pai, mas aparentemente ele havia saído.
Avistou um bilhete em cima da mesa de centro da sala, e leu que seu pai estava em casa de Shikaku, e que ela para lá fosse após acordar e tomar o desjejum. Não estava com fome, então fez somente um chá de uma erva que Nobuo deixara para aliviar a ressaca. Enquanto esperava a água ferver, notava algo voando em círculos, como se quisesse entrar pela janela. Aproximou-se, reconhecendo imediatamente Mori, uma das invocações de Hana. Abriu a janela, deixando a pequena fada entrar. Esta agradecia e pousava uma carta em cima da mesa, explicando as ordens que recebera da Yamanaka, cancelando sua invocação de seguida.
Tora nada entendia, e não apetecia-lhe raciocinar naquele momento. Sentou-se à mesa e começou a ler, franzindo o cenho diante daquela folha de papel, quando a chaleira dava sinais que a água já estava pronta. Preparou e tomou o amargo chá, xingando o quanto podia o mal-estar que sentia. Após cerca de meia hora, encontrava-se sensivelmente melhor, então trocou de roupa e decidiu sair. O sol incomodava-a bastante, mesmo com uns óculos que Netsu havia presenteado-lhe. Mesmo assim, decidiu ir primeiro à casa de Hana:
- Bom dia, Misaki-san! Hana-chan está? – a Nara dizia polidamente.
- Eu diria boa tarde, Tora-chan. – ria-se Misaki. – Mas Hana não está em casa, partiu em missão. Algo aconteceu?
- Ah, que pena. Não, só queria mesmo falar com ela, não tive oportunidade depois de... Ontem. – a chuunin começava a adquirir tons vermelhos em suas bochechas – Bem, esperarei o retorno dela, obrigada! – dizia, despedindo-se.
A Nara não compreendia o que se passava. Será que Hana havia mesmo escrito aquela carta? Com qual propósito ela faria aquilo? Uma armadilha, usando-a como isca? Com estes pensamentos, acabava por esbarrar em alguém:
- Gomen... Hirume-san? – A chuunin dizia, ao reconhecer Hirume.
- Tora? Oh, desculpe! - respondia ela.
- Não foi nada. Sabes da Hana? – perguntava casualmente.
- Hana-sama? Bem, encontrei-a hoje, mas ela estava um tanto estranha... Disse que precisava ausentar-se da vila por algum tempo, não entendi bem os motivos, ela não deixou muito claro. – respondia sinceramente, tentando entender o que havia presenciado.
- Então ela não está em missão?
- Missão? Não sei, ela dizia que era algo pessoal. Sabes de algo, Tora?
- Não. Mas talvez eu descubra daqui a uns dias. Arigatou, Hirume-san! – despedia-se a Nara.
Tora estava um pouco confusa, não era do feitio de sua amiga fazer aquilo. Dirigiu-se ao local marcado no papel, mas nada havia lá. Parecia que Hana só iria apresentar-se no dia e horário marcados, então nada mais podia fazer, exceto esperar.
[Sete dias depois]Aquele era um dia atípico em Konoha, chovia bastante, ocasionalmente um relâmpago rasgava o céu. O comércio fechara mais cedo que o habitual por conta da tempestade, e não via-se uma alma viva pelas ruas, exceto uma sombra que corria, deliciando-se com a chuva torrencial que caía. Apesar de ainda ser dia, o tempo estava tão fechado que parecia noite. A sombra movia-se agilmente, mesmo que aparentemente fosse difícil fazê-lo com um tessen às costas.
Não, a Nara não pretendia fugir uma vez mais. Já havia magoado seu pai o suficiente para fazer algo tão doloroso uma segunda vez. Seria mesmo? Sim, estava armada, daria tudo de si para proteger Hana de algum inimigo, ainda que este fosse ela mesma. Não tardou a chegar ao local, um campo de treinamento há muito abandonado. Num abrigo ao longe, não era difícil reconhecer a silhueta feminina de longos cabelos loiros:
- Hana-chan! Por quê?
- Tora-san, então vieste – dizia a Yamanaka, abraçando sua amiga.
- O que aconteceu? Misaki-san está preocupada com...
- Eu tenho que contar-te algo, Tora-san. Leia isto.
A Nara lia a carta que Hana estendia-lhe. Não compreendia, e sua amiga explicou-lhe brevemente sobre o seu pai, mostrando-lhe também pergaminho que mostrava um mapa. Ela havia passado os últimos sete dias a estudar tudo aquilo, e decidindo que partiria. Tora ouvia tudo atônita, e tremulando, sacava seu tessen, abrindo-o e ameaçando um ataque fuuton.
Hana olhava melancolicamente para sua amiga de cabelos azulados. A chuunin de olhos verdes hesitava, não queria machucar sua amiga – e também sabia de suas defesas. Não acreditava que Hana agia daquela forma:
- Você não é a Hana que eu conheço! – gritava.
- Eu preciso saber, Tora-san. Mas... Eu não sei se consigo sozinha, por isso estou convidando-te...
- Tens noção de quanta dor eu causei ao Papai e a outras pessoas quando fugi para Ame?
- Sim, eu sei. Mas voltaste, e mais: conseguiste informações importantes sobre seu passado. É o mesmo comigo, Tora-san, não seja egoísta.
- Por ter sido egoísta uma vez, não quero ser de novo. Portanto, impedir-te-ei de fazer tal besteira! – dizia, segurando o leque.
- Se fores minha amiga, então não impeça-me. Ainda que tenha de seguir sozinha, por favor... Não impeça-me! – Hana dizia, enquanto caminhava em direção à saída daquele lugar.
Tora não conseguia mover-se. Por mais que desejasse, não conseguia impedir que sua amiga fosse embora, bem à sua frente. Hana já quase desaparecia da vista da Nara, quando esta fazia uso de sucessivos shunshins para aproximar-se, segurando seu pulso:
- Não sabes o que aguarda-te, Hana-chan...
- Não, não sei, mas... – sua voz falhava um pouco. – Eu preciso realmente ir. Gomen querer que foste comigo, mas eu não tenho como contar com mais...
- Eu vou Hana-chan.
- Nani? – A Yamanaka assustava-se com a rápida mudança de idéia da amiga.
- Hai, jamais deixar-te-ei sozinha neste mundo.
- Mas...
- Estou vendo que não adianta o que falar, irás na mesma. És uma excelente rastreadora, a ANBU terá problemas para encontrar-te, e bem... Não deixa-se um amigo para trás, ainda que ele faça besteiras!
Um relâmpago iluminava o céu, o vento que soprava era tão forte que desfez o habitual coque da Nara. Tomou aquela decisão num impulso, mesmo sabendo que magoaria seu pai uma vez mais. Hana deixava escorrer algumas gotas de seus olhos azuis. Em um minuto, Tora relembrou-lhe tudo o que podia acontecer-lhes pelo caminho, perguntando se era mesmo aquilo que desejava. A loira confirmava, arrumando todo o seu equipamento à disposição, enquanto a kunoichi de olhos verdes desejava ao menos dar alguma explicação, desistindo de seguida ao perceber que os Nara certamente tentariam interrompê-la:
- Eu prometo que volto novamente. Cumpri minha última promessa, não será esta que não o farei – dizia, a ninguém em especial.
A chuva começava a diminuir quando as chuunins haviam cruzado os limites da vila e tomado a direção Norte. Ambas estavam confusas e não sabiam bem no que aquilo ia dar, nem mesmo se voltariam. Apesar disso, seguiram em frente, sem saber o que o destino reservava-lhes.
- Spoiler:
Yah, Hana-chan colocou Tora no mau caminho... Foi golpe baixo, Iryo
Bem, bem, Tora tem vocação pra Nuke... de todos os meus fillers, se eu fiz uns três que se passavam inteiramente em Konoha é muito (quem acompanha, sabe
). Mas agora falando sério, a aventura das Daddy's Hunters chuunins irá começar, espero que todos vocês gostem da nossa saga
Este filler é somente introdução, por isso não tem tantas informações e ficou pequeno, mas capricharei nos próximos