Saltitando como uma rapariguinha a Kaguya dirigiu-se para a entrada do edifício mais alto de Kirigakure mas, mesmo antes de conseguir entrar no local, foi barrada pelo segurança que se encontrava à porta:

- A entrada é restrita a crianças. - declarou o homem de silhueta monstruosa, a qual usava para bloquear completamente a entrada.
- Não há problema, eu entro sozinha e não precisa de vir comigo. - troçou a rapariga, esforçando-se por encontrar uma brecha que lhe permitisse passar.
- Não estou aqui a brincar, se vieste armar confusão o melhor é dares meia-volta. - avisou o mostrengo com a sua voz grossa e arrastada.
- Ei, ei, socorro! Querem-me violar, socorro! - desatou a gritar Tanya, recorrendo a um dos seus trunfos na esperança que isso envergonha-se e baixa-se a guarda do gorila, dando-lhe assim uma oportunidade de entrar no edifício.
- Pouco barulho, há gente a trabalhar! - a voz surgia do escritório mais alto daquele prédio e Tanya só conseguiu ver o dono da mesma quando este se esforçou por colocar a cabeça de fora da janela para espreitar para a rua. - Que raios se passa aí afinal?
- Mizukage-sama. - soluçou o guarda ao ver a face que espreitava à janela e recompondo, quase que automaticamente, a sua postura corporal. - É esta rapariga que quer entrar no edifício. - disse, pegando em Tanya pelo colarinho como se esta fosse uma cria sua. - Aqui entre nós que ninguém nos ouve, suspeito que ela não tenha os parafusos todos no sítio. - sussurrou o segurança para o Mizukage depois de se certificar que os gritos da Kaguya não tinham atraído mais mirones indesejados. Por outro lado, Okashii pareceu reconheceu vagamente a cara da kunoichi mas, devido ao facto de esta agora estar mais arranjada e apresentável, só a conseguiu identificar após um grande esforço mental.
- Não há problema, malucos é o que eu mais recebo neste escritório. Além disso, foi eu que lhe pedi que viesse cá, deixe-a entrar. - ordenou o líder de Kirigakure, voltando de imediato para a sua secretária. Entretanto, no piso inferior, o segurança via-se obrigado a deixar a rapariga entrar e esta aproveitava para lhe fazer uma série de caretas, inclusive virando-lhe o rabo e dando palmadas numa das nádegas, enquanto se emergia lentamente no interior do edifício.

Subindo uma longa escadaria, a kunoichi não tardou em chegar ao escritório do Mizukage e abriu de imediato a porta sem quaisquer cerimónias.
- Que falta de educação, uma pessoa é convidada e depois é tratada desta maneira. - refilava a rapariga para si próprio embora o fizesse num tom perfeitamente audível para quem se encontrava naquele escritório: apenas um homem de olhos azuis e cabelos negros que Tanya já havia identificado como sendo o Mizukage.
- Peço desculpa, a falha foi minha em não ter avisado o segurança que estava à espera de visitas mas a verdade é que também não tinha a certeza se virias ou não. - desculpou-se o anfitrião, sorrindo amigavelmente na esperança de acalmar a kunoichi. - De qualquer maneira, podes-te colocar à vontade. - concluiu Okashii apontando para a cadeira que se encontrava em frente à sua secretária.
- Ah, ainda bem que diz isso... - retorquiu a rapariga, retirando as suas sandálias para ficar mais confortável e aproveitando para esfregar bem os pés na carpete localizada mesmo no centro do escritório. - A verdade é que sempre gostei de carpetes e, quando vejo uma, não consigo resistir a desfrutar desta sensação tão boa. - concluiu Tanya, deitando-se agora completamente naquela planície fofa e desfrutando do momento como se estivesse deitada numa nuvem sem rumo. Okashii olhava estupefacto para aquela cena e só passado alguns segundos é que se conseguiu recompor, tossindo ligeiramente antes de retomar o diálogo.
- Bem, eu sou Okashii, o actual Mizukage, e chamei-te aqui porque fiquei a saber que possuis uma habilidade bastante rara no mundo Shinobi mas, antes disso, porque não me falas um pouco sobre ti? - pediu o ninja de Kiri, recostando-se confortavelmente na sua poltrona.
- Sobre mim? Deixe ver... - Tanya sentava-se agora sobre a carpete com as pernas à chinês enquanto pensava no que dizer. - O meu nome é Tanya, tenho 13 anos e o meu aniversário é 20 de Dezembro. Mais alguma coisa? - a Kaguya fazia a questão e voltava de imediato a sua atenção para o ambiente em seu redor: a sala era composta por uma grande carpete azul-marinho com o símbolo de Kiri bordado na mesma, uma secretária castanha onde o Mizukage tinha toda a sua papelada, uma cadeira preta onde ele estava sentado e outra que se encontrava em frente à secretária. Quanto à decoração esta era quase escassa, realçando-se apenas as paredes pintadas de um azul suave e as enormes janelas que proporcionavam uma vista majestosa sobre toda a vila.
- Não sei se tens conhecimento disso mas tu possui uma habilidade chamada Shikotsumyaku que faz com que dá ao teu corpo uma estrutura óssea fora do normal.
- Está-se a referir ao facto de conseguir utilizar jutsus que me permitem retirar os ossos e usá-los como armas?
- Sim, essa é uma das habilidades dessa linhagem. Vejo também que tens algum conhecimento nas técnicas ninja. - reparou Okashii, esboçando um sorriso quase imperceptível.
- É verdade, os meus pais não eram ninjas e nunca me ensinaram habilidades ninja mas desde que eles desapareceram, eu acabei por viajar pelo mundo à sua procura e pelo caminho aprendi mais do que o que pretendia. - respondeu Tanya, sendo visível que não se sentia completamente à vontade a falar daquele assunto.
- Então os teus pais não eram do clã Kaguya?
- Kaguya? - inquiriu a jovem, fazendo uma cara estranha como se nunca tivesse ouvido aquele nome na vida. - Desconheço.
- Isso é estranho... - retorquiu o Mizukage, aproveitando uma pausa no seu discurso para vasculhar nas gavetas da secretária, acabando por retirar de lá uma fotografia que depois mostrou a Tanya. - O rapaz dessa fotografia chama-se Kaguya Kimimaro, possuía a mesma habilidade do que tu e, embora ele já tenha morrido há mais de 15 anos, como explicas que o teu penteado e pinturas faciais sejam idênticas às dele.
- Não sei... - declarou a rapariga com toda a sinceridade. A verdade é que a pessoa daquela fotografia a intrigava mas tinha a certeza que nunca a tinha visto na sua vida. - Os meus pais sempre me arranjavam assim quando eu era pequena portanto acabei por me habituar a este estilo, é tudo o que sei sobre isso.
- Tudo bem, parece-me que estás a ser o mais sincera possível sobre esse assunto e a verdade é que também não há grandes informações sobre o clã Kaguya, apenas se sabe que eram um bando de rufias que adoravam lutar e supostamente foram exterminados durante um ataque falhado à vila de Kiri. Se estiveres interessada em saber mais, podes sempre procurar na biblioteca mas duvido que haja muito mais para saber.
- Não estou interessada. - retorquiu Tanya secamente. - Neste momento, estou mais preocupada em viver no presente.
- Sendo assim acho que tenho a proposta ideal para ti, o que me dizes de te juntares à nossa vila e passares a ser uma Gennin de Kirigakure? - perguntou Okashii com um sorriso de orelha a orelha. A verdade é que não era habitual um ninja tornar-se Gennin daquele modo mas a intuição do líder de Kiri dizia-lhe que aquela rapariga tinha um grande potencial e não poderia deixar que alguém com uma habilidade como o Shikotsumyaku acabasse por cair nas mãos das outras vilas ou até mesmo do inimigo.