A lua brilhava todos os cantos daquela torre de altura interminável. Pequenos e inofensivos morcegos vagueavam pelo local guiando-se cegamente pelas ondas ultrassônicas emitidas, usadas para não embaterem nas obstruções dos seus voos, e para localização de potenciais presas. Era baseado na ecolocalização dos morcegos que o plano da Kimera funcionaria e que todos os seus subordinados e amigos seguiriam como referência para conquistarem uma ambição comum: a posse de Kusagakure.
O primeiro passo resumia-se ao poder do centro do plano: a torre de rádio de Kusa. Usada essencialmente como comunicação militar, esta é o centro dos planos de Tadao contra os Imagawa. Tudo o que ele tiver de comunicar internamente, tudo o que ele planear, armadilhar, emboscar, etc, terá que passar por aquela torre.


-O plano é perfeito. Não parece haver erros… Sinceramente, é a uma vitória completa… - Concluiu Yuu, o líder dos Imagawa, sentado na sua poltrona a olhar para uma planta de Kusagakure cheio de setas, círculos, quadrados e incontáveis apontamentos espalhados ao longo do registo.
-O que pensavas? Fui eu que fiz o plano, conheço toda aquela mente podre do Tadao. Sei tudo sobre o vosso estilo de luta e sobre o estilo dos Fukeru. Sem os segredos de Kusagakure, como posso falhar? – Questionou-se a loira encostando-se a uma parede do escritório do líder dos Imagawa agarrando num cigarro e preparando-se para acendê-lo.
O homem levantou-se da sua poltrona e virou costas à rapariga fitando uma planta encostada ao canto da sala. Coçou o seu queixo, murmurava palavras para si mesmo e sentia-se uma voz nervosa. No meio de alguma tosse seca, para matar o ambiente silencioso, este virou-se para poder encarar a Fukeru que o olhava descontraída.
-Acho que te estás a esquecer de um fator importante…


-Aquele hippie idiota só queria preocupar-me… - Pensava a loira dando um forte murro lateral na cabeça de um Escorpião Azul levando-o logo ao nocaute.
Olhou para cima, com o seu Kashikogan ativo, esta conseguia calcular que o edifício possuía, pelo menos, três andares, todos eles com aparelhos de rádio e com pessoal de vigília.
-De acordo com os registos do escritório de Tadao, haverá guardas, compreendidos entre três e cinco, em cada andar a vigiar a torre. Não tem turnos, não tem áreas específicas e nem estão convenientemente organizados… Vai ser canja, tão fácil! – Murmurou a líder dos Escorpiões Verdes ao ouvido da sua irmã que acompanhara até agora ao primeiro andar do edifício com mais cinco Escorpiões.
A Ishida estremeceu a sua irmã a respirar para o seu canal auditivo, vendo-se obrigada a afastar-se dela com alguma vergonha e numa tentativa de manter a compostura na missão. Kimera virou-se para os seus homens e fez alguns sinais com as mãos. Levantou o dedo indicador direito e apontou para o canto da curva para esquerda ao final do corredor, posteriormente levantou o polegar da mão esquerda e apontou para a janela. Como última ordem levantou o indicador e o anelar, apontando ambos para a sua esquerda. Todos os homens acataram a ordem com acenares de cabeça.
O primeiro Escorpião seguiu as indicações que a sua líder lhe dera, indicador a apontar para o canto da curva, agachando-se nessa exata localização com a sua KG ativa. Nessa posição avistou dois Escorpiões Azuis nos flancos da porta que conduzia para o andar superior que ainda não haviam reparado nele. Olhou para a sua líder e levantou ambos os seus dedos indicadores, esta que respondeu com o polegar para a sua direita. O escorpião percebeu a ordem ao remexer nos seus bolsos e retirar uma pequena granada cinzenta com alguns padrões esverdeados. Retirou o gatilho e atirou para o centro de ambos os homens.
O pequeno utensilio saltitou pelo chão até parar à frente de ambos os Escorpiões Azuis, estes que olharam para o “brinquedo” curiosos.
-Ei, o que é isto? – Perguntou um deles agachando-se e levando a mão para perto da granada que já começa a atingir o limite.
Uma explosão silenciosa sucedeu-se rapidamente enquanto o utensilio emanava rapidamente uma incontrolável cortina de fumo que tapava a vista de ambos os Escorpiões inimigos e ainda lhes perturbava o sistema respiratório. Os outros dois Escorpiões no grupo de Kimera velozmente se dirigiram para cumprir as ordens da mestra que tanto amavam. Viraram a curva em alta velocidade e saltaram para dentro da cortina de fumo onde, com alguns ataques velozes, eliminavam facilmente os Escorpiões Azuis distraídos pelo fumo.
A líder sorriu e aproximou-se da janela onde os dois últimos escorpiões do grupo cumpririam as suas últimas ordens. Polegares a apontar para cima, e ambos os Escorpiões abriram as janelas e esgueiraram as suas cabeças para poderem vislumbrar os andares superiores. Cada um agarrou numa nova granada, desta vez branca e com padrões azuis, e atiraram pelo ar a partir da janela. A primeira granada ganhou altitude até encontrar-se à frente das janelas do segundo andar, que seria a base de operações principal e onde se encontravam Escorpiões de vigia e Fukeru`s a trabalharem, explodindo num enorme clarão de luz que cegara todos os residentes momentaneamente. A segunda granada arremessada atingia a altura suficiente para colocar-se à frente do terraço, telhado, ou terceiro andar, onde estavam dois Escorpiões a descontraírem, inconscientes do ataque à torre, que eram igualmente surpreendidos pela explosão da granada, antecedente ao clarão de luz.
-AGORA! Todos avancem e virem a torre de pernas para o ar, nenhum Fukeru inimigo pode sair daqui vivo! Se alguém sair podem esquecer a vitória! – Ordenou Kimera obrigando a todos os Fukeru que se encontravam consigo a correrem para o andar superior para ajudarem a equipa de invasão.
A líder encostou-se ao parapeito das janelas abertas e olhou para as árvores onde kunais com fios presos aos seus orifícios, se cravavam nas paredes da torre e, deslizando por esses fios, vinha a equipa de invasão composta por toda a organização de Escorpiões Verdes de Kimera, prontos para derrotarem todos os Fukeru inimigos que lhe fizessem frente.

Uma hora depois…

-A torre é nossa onee-sama. Nenhum Fukeru escapou, Tadao não sabe do nosso ataque! – Relatou Ishida para a sua irmã que encontrava-se sentada a olhar para todos os Fukerus inimigos, ajoelhados e com os membros amarrados para impedir a fuga dos mesmos – O que fazemos com os reféns?
-Okay, tu, franganote, rouba as máscaras azuis aos traidores e traz-mas a mim. Tu, assustadiço, mete os corpos que o franganote tenha tirado a máscara dentro de um armário qualquer. Tu, baixote, toma controlo de todos os aparelhos de rádio e age normalmente. Tu, franzino, traz-me café. Ishida, faz-me companhia. Todos os outros tragam os pertences para aqui, faremos do primeiro andar a nossa nova base. – Ordenou Kimera levando todos os escorpiões verdes a gritarem ”HAI!” obedientemente.
Sem quererem desagradar a sua amada mestra, todos os Fukeru se apressaram a cumprirem as ordens. Enquanto a líder mais a sua irmã colocavam a conversa em dia, a mesa ao lado enchia-se com onze máscaras azuis. Os armários do primeiro andar eram facilmente cheios pelos corpos dos inimigos inconscientes e, ao mesmo tempo, esse mesmo andar era repleto de planos e mapas da organização. No segundo andar, os escorpiões rapidamente tomavam conta dos aparelhos de rádio com grande experiência e conseguindo cumprir o plano com sucesso.
-Katsu Imagawa? Quem é o giraço? Já foste para a cama com ele? - Inquiriu Ishida aproximando a sua face da de Kimera deixando-a corada, pelas poucas vezes na vida.
-Baka! Porque é que de cada vez que falo de um rapaz tens de falar em sexo? – Retorquiu a loira inconsciente que os Escorpiões à volta ouviam a conversa curiosos.
Ishida soltou uma risada matreira e preparava-se para responder, sendo interrompida por um Escorpião que subia do primeiro andar e ajoelhava-se à frente de Kimera obedientemente.
Lá fora a lua começava a dar lugar ao nascer do sol e, no fundo da vista das janelas da torre, notava-se que alguns homens começavam a movimentar-se na direção da vila. Kimera trocava algumas palavras com o homem à sua frente, dando assim as novas instruções enquanto Ishida olhava para a tropa curiosa. A primeira fila do exército levantava uma bandeira branca e o Escorpião que falava com Kimera, despedia-se da mesma e esgueirava-se na janela para também ele levantar uma bandeira branca.
-O que se passa? – Questionou a irmã da líder olhando para as tropas a aproximarem-se apressadamente na direção da torre e vendo Kimera a olhar pela janela bastante preocupada fitando cada um os homens que se aproximava.
-São os Imagawa, esta é a primeira pequena tropa deles e estão prontos para invadirem Kusagakure! – Anunciou a líder não parando de olhar para todos os vinte Imagawas que se apressavam a entrar para o edifício – Mas o Katsu não está entre neles…
-Ele vai aparecer, tem calma onee-sama. Vamos fazer um ataque-surpresa?
-É claro… Sem esta torre, o Tadao nem saberá o que lhe caiu em cima!

-NÃO HÁ VOLTA ATRÁS! - Berrou Yuu prendendo a atenção de todos os Imagawa que o cercavam com os seus olhares ansiosos e divertidos - Eles é que começaram, nós só vamos recuperar o que sempre nos pertenceu!
Todos os Imagawa à sua frente levantaram as mãos e começaram a gritar cânticos de guerra, tradição do seu clã enquanto o líder olhava de esgueiro para os seus vinte Imagawas que se aproximava da torre.
-O teu plano está perto da perfeição Kimera… Esperemos que eles não interfiram… - Pensou Yuu começando a fitar o sol – Começou, a Terceira Batalha, a final esperemos nós!