Riku e Kayrie apanharam-no pouco depois.
- Hikaru.. eu.. Nós podemos aju…
- Kayrie, sai. – ordenou Riku em tom preocupado.
- Mas…
- Depois Kayrie, agora sai. – a rapariga de cabelos loiros saiu em lágrimas, sem compreender a situação – Vem, agora.
Hikaru não o fez esperar. A sua raiva pela situação pulsou sob a forma de fúria cega, escorrendo de cada poro. Aproximou-se dele com um shunshin, veloz como uma flecha e tentou lançar-lhe um grande pontapé à cabeça. Como esperado, Riku desviou-se sem dificuldade, mas não do chuto rasteiro que se seguiu. Sendo um lutador corpo a corpo, Riku sabia o que se seguia, não fugiu, mas posicionou-se de forma a diminuir de algum modo o dano do Konoha Daisenpu.
O Genin loiro não estava satisfeito, saltou agilmente para o colega, lançando-lhe um punhado de kunais em pleno ar. As facas foram-se cravar a centímetros do alvo, que desviou duas delas com uma faca sua. Enquanto caía, Hikaru desembainhou a sua kusarigama e lançou-a contra a kunai de Riku. A foice prendeu-se à faca e o Genin puxou com força, lançando-se sobre o colega usando a corrente. Riku largou a faca, tirando a Hikaru o seu ponto de tracção e lançou-lhe um pontapé à cabeça. O loiro desapareceu numa nuvem de fumo, deixando para trás um calhau abandonado. Apareceu atrás de Riku aplicando-lhe uma Dynamic entry nas costas. O rapaz rebolou e voltou a levantar-se, mas não parecia impressionado.
- É só isso? Não sentes mais nada?! – perguntou com escárnio. Fazia aquilo por Hikaru, sempre o tinham feito, quando tinham necessidade de exprimir algo, evitavam descarregar noutros, resolviam as coisas entre si.
Talvez tivesse errado. Hikaru cruzou os dedos num selo, enquanto o seu chakra fluía, descontrolado.
- Karasu Bunshin no Jutsu!
A quantidade de grotesca de chakra que o rapaz possuía resvalou por ele, materializando-se numa dúzia de clones de corvos. Os clones avançaram sobre Riku de armas em punho, enquanto Hikaru se afastava. O seu colega não perdeu tempo, deixou que o apanhassem e quanto estavam a um mísero metro dele, saltou bem alto e disparou um Goukakyu que os incinerou. Não escapou ileso, contudo, a multitude de corvos em ascensão apanhou-o, arranhando-o com os seus bicos e garras. Rebolou no chão e aterrou bem, apenas para ver que Hikaru lhe apontava um dedo.
Este, por sua vez, concentrou chakra num dedo apenas, apontando-o directamente ao ombro de Riku e disparou. A bala saiu a toda a brida, silenciosa e veloz. Riku não a viu a tempo a cambaleou quando foi atingido no ombro. Hikaru aproveitou a distracção e correu para ele movendo as mãos em selos, tão rápido como podia. Dois novos clones de corvos surgiram ao seu lado, saltando sobre um Riku abalado. Este resolveu-se a passar ao ataque, cobriu os seus punhos de fogo e aproximou-se do primeiro clone, numa labareda, incinerando-o com um pontapé. Depois disso correu para o 2º clone e deu-lhe o mesmo tratamento. Foi então que a pedra ao lado se desfez e Hikaru surgiu, acertanto desta vez o Konoha Daisenpu e deixando Riku vulnerável às Kibaku Fuda convenientemente posicionadas no chão.
O ruivo não se deixou apanhar e substituiu-se por uma rocha, antes da explosão., escapando apenas levemente fumegante.
Hikaru concentrou chakra mais uma vez e lançou-lhe uma kunai com kibaku fuda. Como previu, Riku desviou-se de um salto e no ar era onde estava mais vulnerável. Usando o que tinha acumulado, o rapaz loiro apontou-lhe o dedo e disparou, de novo. Desta vez atingiu Riku em cheio na perna, provocando-lhe uma dor intensa que não passou despercebida pela sua expressão. Mas Riku não era de se deixar vencer, ao aterrar cruzou as mãos e disparou uma enorme bola de fogo em direcção a Hikaru. Este, por sua vez, concentrou chakra na planta dos pés e galgou pela casca de uma árvore acima, numa tentativa de fugir ao fogo. Resultou, de certo modo, excepto que Riku já o previra e mal o viu subir lançou-se a ele num valente pontapé que não só acertou em cheio no peito de Hikaru como também o fez cair de árvore. Aterrou desmazeladamente, com o corpo de lado para tentar distribuir o impacto por toda a superfície, mas nem por isso lhe doeu menos.
Procurou uma posição estratégica e concluiu que a sua única vantagem seria na água, embora não se sentisse ainda demasiado confiante. Deslocou-se até ao pequeno lago com sucessivos shunshins, até chegar ao lado.
“Tu consegues”, encorajou a vozinha na sua mente.
Fechou os olhos por um segundo e deixou o chakra fluir, numa torrente constante e maciça, que o manteve à tona da água. Rku seguia-o de perto e tentou socá-lo na cara. Hikaru bloqueou com o braço esquerdo, tentando aplicar uma rasteira ao colega. Escusado será dizer que não resultou. Riku saltou sobre a rasteira e aproveitou para pontapear o atrevido Genin no peito. Atingiu-o, é certo, mas não escapou ileso. Hikaru ainda agarrava o seu punho, por isso limitou-se a arrastá-lo com ele, para a água. A dança graciosa seguiu-se, enquanto Hikaru se aproveitava da ascensão de Riku da água para lhe tentar aplicar um Dynamic Entry, mas o jovem de cabelos flamejantes era demasiado lesto, demasiado forte para ser magoado ou atingido por aquilo.
Decidiu então fazer algo pouco usual, deslocou-se num “carrinho” até se encontrar sob Hikaru e pontapeou-o na barriga, até ao ar, onde o deixou indefeso. Em seguida saltou preparando um soco flamejante. O plano era bom, mas o pontapé tinha sido demasiado forte e a margem demasiado grande. O jovem loiro apenas teve tempo de cruzar os dedos num selo e distribuir o seu chakra, formando um emaranhado de corvos em forma humana à sua frente. Não apanhou com o soco de Riku, mas não se safou de alguns arranhões de corvos em ascensão, quando o seu clone se destroçou.
Pararam exaustos fitando-se e afastaram-se do lago. Sentaram-se, costas com costas, cansados, doridos e tristes. E então Hikaru sentiu deveras o que o esperava. E chorou.