O número de Imagawa`s aumentava gradualmente à medida que os mercenários ganhavam terreno ante Kusagakure. Os Fukeru que ficavam de vigia nas muralhas trocavam palavras preocupantes entre si, extremamente alarmados com a aproximação do inimigo. Num sistema tão organizado e restrito como o de Kusa, era óbvio que os homens rapidamente conseguiram acalmar-se e assim dirigir-se para Tadao para poderem relatar o que se sucedia. O Fukeru, mais uma vez, concentrava-se a olhar pela muralha, boquiaberto pela quantidade de mercenários que se aproximavam.
Entre os invasores, o clima era tenso e de respeito. Guerra era guerra e o clã Imagawa, mesmo sendo forte militarmente, preferia as festas e a diversão do que “matar” pessoas. O mais satisfatório é que esta seria uma batalha consoante as tradições de ambos os clãs. Civis seriam imediatamente evacuados da vila, para que assim estes não fossem metidos injustamente entre as disputas destes dois clãs, e as mortes iriam ser evitadas, pelo menos o máximo possível. Desde as primeiras batalhas que os líderes de ambos os lados cumpriam estes requisitos ao máximo e, até hoje, as perdas na Primeira e Segunda Batalha eram quase mínimas, sendo consideradas por alguns como uma perda de tempo ou dois simples clãs a passarem o tempo com as suas idiotas disputas internas.

-Ahah, idiotas! – Gargalhou Tadao ajeitando os óculos para que estes não lhe deslizassem pelo nariz – Estão a pedir morte se entrarem por aqueles portões adentro! Contactem a Torre, imediatamente! Vamos infesta-los! – Gritava o líder dos Fukeru para os subordinados atrás de si, estes que não hesitavam a despedirem-se do seu superior e a prontamente cumprirem as ordens lhes designadas – E não se esqueçam de cumprir a tradição, não serei nenhum herege.

Os Fukeru começavam a movimentar-se rapidamente. Os Escorpiões Azuis movimentaram-se rapidamente para o primeiro portão visando aguentar as forças Imagawa o máximo possível tentando dar tempo suficiente para que o resto do clã pudesse evacuar todos os civis para um local seguro. Na Torre, as primeiras ordens e planos começavam a sair da boca de Tadao, passando por aquela estação e rapidamente dirigindo-se para os ouvidos dos seus subordinados. Os inimigos nessa estação anotavam, palavra a palavra, as estratégias do Kage de Kusa. Alguns Escorpiões escreviam velozmente em pergaminhos enquanto Kimera as decorava para depois pensar sobre os seus pontos fracos.
No primeiro portão, as primeiras fileiras de Imagawa conseguiam arrombar a entrada, pressionando ainda mais os Fukeru`s quando conseguiam conquistar grande parte do terreno inicial de Kusagakure. A vila encontrava-se dividida em duas zonas, a dos civis e dos militares. A primeira zona, e maior, era a dos civis e a batalha nesse terreno seria bastante fácil devido aos números superiores dos Imagawa que facilmente pressionariam até à segunda zona. Nessa segunda zona é que a batalha em si começaria devido ao curto espaço da mesma e aos melhores conhecimentos sobre o terreno dos Fukeru, afinal aquela era a casa deles. O clã Imagawa, completo, não cabia dentro da segunda zona bastando para alguns Escorpiões Azuis acabar com as primeiras fileiras para depois deixarem entrar as próximas e assim acabarem com as mesmas, era um armadilha letal, com nenhumas baixas e que concederia uma vitória imediata. Kimera sabia que Tadao usaria isso como estratégia, pensando de imediato numa para contra-atacar.

-Yuu-sama, o Nightmare já chegou! – Gritou um Imagawa após ajoelhar-se respeitosamente perante o seu líder deixando-o a olhar curioso para a direita onde se podia ver Katsu a andar calmamente, imediatamente seguido por uma rapariga de cabelos brancos, deduzindo-se que seria a Kumokira, responsável pelo Ritual Kumogawa.
O mensageiro deixava a zona com um Sunshin e Katsu rapidamente se aproximava de Yuu, abraçando levemente e afastando-se para que este e a Shugo se cumprimentassem. Um ambiente silenciado entre ambos fora facilmente instalado só pelo olhar congelado que Shugo atribuía a qualquer pessoa, contudo, nem este olhar frio conseguia congelar o radiante sorriso de Yuu ou evitar o apertado braço de cumprimento que este adorava dar às pessoas. Sim, a Kumokira não era exceção e nem ela escapava daquele aperto, mesmo que esta se debatesse e lançasse grunhidos agudos, realmente irritada pelo abraço forçado.
-Então Nightmare, como correu o Ritual? – Questionou o Imagawa abrindo os braços para adicionar mais ênfase a toda à sua felicidade.
-C-
-Já vi que correu bem! – Gargalhou Yuu deixando Katsu atônito por ter sido interrompido, este nunca consegue habituar-se ao vício do seu líder, e a Kumokira estupefacta devido a esta não estar à espera daquilo – Enquanto estavas ocupado decidimos atacar os Fukeru, brilhante plano não é? - Nightmare preparava-se para responder, mas hesitava ao pensar que poderia voltar a ser interrompido e estava certo pois Yuu dava o ar de quem queria tagarelar muito mesmo tendo os seus homens à sua volta a lutar e a esforçar-se pelo bem do seu clã – Precisamos que te juntes logo, logo com a Kimera. Ela fica especialmente rabugenta quando não estás com ela e sabes que os Imagawa não gostam muito dela quando está nesse estado-
-Ok! – Gritou Nightmare de rompante impedindo ao seu líder que o interrompesse. A Kumokira, ao seu lado, dava uma breve risada pelo comportamento de ambos os homens e Yuu olhava, com um semblante algo irritado, para o seu amigo demonstrando que não gostara de ser interrompido tão bruscamente – Ent-
-Sim, sim, vai rápido, a Kimera espera-te! – Despedia-se o líder dos Imagawa virando costas aos dois adolescentes e encaminhando-se para a sua base preparando-se para entrar em contacto com a Torre Fukeru e começarem a delinear planos para poderem combater na segunda zona.

Em Kusa, os Imagawa já estavam a metade da primeira zona. A partir do momento que haviam passado do primeiro portão que todo o trabalho se simplificara. Bastava deixarem entrar todos os membros e ocuparem cada canto da primeira zona para que assim todo o clã coubesse dentro dessa zona e então pudessem pressionar os Fukeru que em minoria nada podiam fazer a não ser resistir e recuar lentamente.

-Kimera-sama, Yuu dos Imagawa tem uma mensagem para a senhora! – Gritou um Escorpião Verde incumbido de escrever as tais notas nos pergaminhos, desviando a sua atenção para outras linhas após entregar o tão precioso recado à sua amada líder.
Kimera não perdeu tempo de percorrer toda a sala até chegar perto dos pequenos aparelhos que lhes permitiam toda aquela comunicação para colocar um pequeno auricular no ouvido e sentar-se sobre a mesa, segurando o auricular para que este não lhe saísse. Após alguns minutos à conversa, onde certos Escorpiões não conseguiram evitar fitar a sua líder com curiosidade, a Fukeru solta o auricular, não se preocupando com este a cair no meio do solo correndo rapidamente para a janela. Sorria com ainda mais felicidade e ainda com mais velocidade descia todos os andares da Torre. Todas as pessoas na sala não percebiam a atitude da sua líder, especialmente Ishida, levantando-se e olhando pela janela tal como Kimera fizera, vendo dois adolescentes, um coberto de roupas negras e com um longo cabelo que chegava à cintura, e outra com cabelos brancos e vestes pouco peculiares daquela região.
-Não me digam… - Murmurou um dos Escorpiões que olhava pela janela – Aquele será o tal Katsu?

A loira por fim conseguira descer todas aquelas escadas e saía da Torre, encontrando-se frente-a-frente pela primeira vez com o alto calor do Sol, continuando a sua corrida na direção do Imagawa, este que ao longe já a avistara e não conseguia esconder um sorriso por vê-la após algum tempo. Corria também na sua direção, prevendo um momento onde ambos se abraçariam e ele se aproveitaria para apalpa-la ao máximo, contudo Kimera parara, levando o rapaz a fazer o mesmo e uma Shugo ao lado a bater com a mão na testa, abismada por todos os comportamentos estranhos dos Imagawa`s.
-Quem é aquela? – Pensava Kimera olhando ameaçadoramente para Shugo, esta que se apercebera e, mesmo sem perceber a razão, lhe devolvia o olhar – O Katsu é meu!
A Fukeru caminhava pesadamente na direção do Nightmare, este que se apercebia que a outrora corrida de felicidade virara agora algo mais… perigoso. Estava em mais uma situação onde só perderia, fizesse o que fizesse, dissesse o que dissesse…