- Já sabes como é o plano… - Advertiu-me Okashii-sama, debruçando-se e mordendo o seu polegar até este verter um pequeno fio de sangue, passando depois sobre a palma da mão - Esta criatura não é fofa, nem quer brincar contigo, ela vai atacar com tudo o que tem e tu vais fazer-lhe o mesmo – O líder ia, por fim, bater com a palma da mão no solo, esmagando assim a minha ansiedade, mas hesitara a alguns centímetros do mesmo com um cara de quem se lembrara de algo à última da hora – Já me ia esquecendo. Podes atacar como um suicida, o Suika impede que o teu corpo separasse… - Afinal posso curar com água - … Portanto não hesites! - E assim, o Kage bateu fortemente com a palma no chão, espalhando o seu chakra para criar siglas em torno da sua posição, até desaparecer no meio de uma nuvem de fumo – Kuchyose no Jutsu!
Olhei, assustado e ansioso, para o gigante vulto que aos poucos se erguia. No meio do fumo da invocação, o vulto do Mizukage deixava de distinguir-se, induzindo-me a concluir que ele fugira do local o mais rápido que pudesse. Perguntava-me porquê…
Por fim, o fumo dissipava, permitindo-me ver, com um olhar estranho, para a criatura feia que Okashii-sama havia invocado. Um caranguejo gigante com uma carapaça alaranjada, dois pequenos olhos negros conectados ao corpo por finos músculos, cinco patas de cada lado e, para finalizar em desgraça, duas pinças gigantes, ainda maiores que o meu corpo.
- Ok... – Murmurei, agora mais assustado do que ansioso, dando um passo atrás à espera que as pequenas esferas negras do crustáceo não me avistassem mediante fugia.
Inútil. As órbitas piscaram uma vez, fitando-me de imediato após poucos passos como duas antenas. Não tive outra escolha senão dar um mortal para trás, escapando de uma das pinças que visava cortar-me a meio. Amparei facilmente a queda e voltei a olhar em frente, para ver agora a sua outra pinça a tentar esmagar-me, levando-me a atirar-me para o lado em desequilíbrio, rastejando pelo solo até parar por causa do seu atrito.
Levantei-me de imediato, não desejando que a invocação me apanhasse num momento desprevenido, realizando uns rápidos selos e focalizando chakra no meu peito – Katon…! – Vociferei levando uma grande quantidade de ar à boca e, ao mesmo tempo, fazendo o caranguejo virar-se para mim - …Goukakyuu Chakra no Jutsu! – Completei ao mesmo instante que cuspia uma gigante bola de chamas que, graças ao curto espaço, depressa se encontrou com o corpo do caranguejo, explodindo ante a sua armadura e, ao mesmo tempo, queimando-o, deixando cinzas a percorrer o local.
Peguei num pano que tinha ao bolso, passando-o pela cara e limpando o suor. Olho para a cortina de fumo onde se situava o caranguejo, carbonizado esperava eu. Recebi a resposta à minha expetativa com um pinça a livrar-se da cortina com uma varredela horizontal, apanhando depois a outra a surgir pelo meu flanco direito, tentando apanhar-me desprevenido se não eu não tivesse usando um Sunshin para mover-me para o lado direito do crustáceo.
Suspirei, pensando como escapara da morte numa fração de segundos, olhando então para as cinco patas do bicho. Ele ainda não descobrira que eu estava ali, dando-me a abertura para espalhar chakra ao longo dos braços, usufruindo-me do Suiton: Ryuuchou Yaiba para criar duas lâminas de água. Em rápidos movimentos, distribui cortes, estocadas e velozes ataques nas pernas da invocação à minha frente, provocando-lhes inúmeras feridas, algumas hematomas graves, mas não o suficiente para conseguir derruba-las, ou arranca-las como era a minha intenção. Isso atraíra a atenção do animal, que respondia à minha ofensa com o virar do seu corpo, batendo duas vezes com a pinça.
Senti de imediato a sua intenção, realizando imediatos selos mediante concentrava a correta dose de chakra - Kokuangyo no Jutsu! - Gritei, na vã tentativa de induzir o crustáceo na ilusão que lhe colocaria o mundo escuro.
Não funcionou. A prova era que a sua pinça atravessava agora o meu corpo gelatinoso, esmagando-o contra o solo como se nada fosse, provocando-me fortes dores ao longo das costas. Assim, esta afasta-se, dando-me a liberdade de me aglomerar e voltar a formar o meu corpo com a água que havia sido desfeita do ataque. No meu semblante notava-se a força do impacto da pinça, o susto do poder defensivo da carapaça e a confusão pelo Genjutsu não ter funcionado.
Não me importei com esses fatores, pois de imediato estava a realizar uma nova vaga de selos e a centrar mais chakra – Raigen Raikochu! - Gritei convicto, criando um súbito clarão de luz que, pelo que se podia ver da reação do crustáceo ao colocar uma das pinças sobre as sensíveis orbitas negras, cegava o meu oponente.
Não perdi tempo a dar um potente salto em frente, encurtando de imediato a distância que tinha até ao topo da carapaça. Em pleno ar, olho para baixo vendo o meu alvo: o centro da sua carapaça. Dei uma pequena volta como balanço, atirando-me depois de cabeça contra a sua armadura, atingindo-a com uma potente investida com o ombro (Erubo), com toda a força que consegui arranjar. Abri a boca de espanto ao aperceber-me que nem havia rachado um pouco e que, graças à flexibilidade e durabilidade da carapaça, conseguira repelir-me de novo para o ar. Ainda não havia desistido, era muito cedo. Aproveitando que ainda me encontrava em pleno ar e que, após uma olhada relâmpago às condições da invocação, o animal ainda não se havia recuperado, repito a mesma dose de chakra de há pouco, espalhando-a pelos braços para recriar as lâminas de água que, de pontas em riste, colidiam com a forte carapaça do crustáceo. O som do embate assemelhara-se a dois metais a colidirem fortemente, mas, mais uma vez e para meu desespero, esta absorvera facilmente os danos, repelindo-os de novo.
Pouso sobre a carapaça após as duas tentativas de quebrar a sua resistente pele. Perguntava-me porquê é que Okashii me colocara a lutar contra este animal gigante, e por sinal idiota, não reparando que este já não se encontrava aturdido pela ilusão de há pouco, virando as suas órbitas para mim, tal como ambas as pinças. Na verdade, senti a tempo, a tempo de saltar para desviar a estocada da primeira, mas impossível de escapar da segunda que já me rasgava o flanco e me arremessava contra a parede violentamente. Gritei de dor…
- Aquele Okashii… - Resmunguei, afastando-me da cratera formada pelo impacto, fitando a criatura à minha frente - Ele está a obrigar-me a usar o Futton, a tentar controlá-lo. Porra, ele sabe que tenho medo!
O caranguejo voltava a virar-se, nunca tirando os olhos de mim. A pinça da direita tomara a iniciativa, descendo pelos ares a tentar arrebentar com o meu corpo líquido de vez, levando-me a fugir-lhe com um Sunshin, mesmo para debaixo do corpulento crustáceo.
O meu raciocínio era óbvio, aquela armadura toda defendia a zona mais mole da invocação, a barriga. Empenhei toda a minha força no ombro, atingindo a área com um Erubo, o suficiente para paralisar, temporariamente, o resto do corpo do animal devido ao choque. Essa momentânea imobilidade fora o suficiente para que criasse uma única espada de água no braço direito, cravando-a de imediato sobre aquela zona mole. Não pensei que esta fosse tão dura quanto a carapaça, e recebi a resposta de imediato quando algum sangue verde me pingou para cara.
O caranguejo grunhiu de dor, tremelicando ao longo do corpo e batendo com as pinças nervosamente. Gargalhei, pensei que tinha a vitória na mão, mas esqueci-me de algo importante: estava por debaixo dele! Sim, as patas da invocação dobraram-se e, em segundos, ele esborrachara-me contra o solo, levando-me a rugir pelo sofrimento ao longo do corpo…