O chuunin mal terminou de falar, quando o homem percorreu a distância entre eles em milésimos de segundo. No instinto, o rapaz ainda levantou os braços em guarda com toda força, mas mesmo assim o homem o acertou em cheio entre os braços num fortíssimo soco de direita. Sendo arremessado para a beirada da estrada, Kimura verteu sangue esverdeado pela boca, sentindo dor nas costelas feridas, com dificuldade em respirar. -
Mas que... cof, cof... - Reclamou ao se levantar, aturdido e tonto com tamanha força de seu oponente. De alguma forma, aquele homem robusto tinha treinamento. Então, sorrindo pelo estado em que deixou o rapaz, o homem se aproximou novamente com os punhos serrados pronto para o próximo golpe. Agora pronto para o combate, o chuunin jogou seu corpo lateralmente e saltou para o centro da estrada de barro, esquivando-se do próximo golpe que acertou uma árvore, arrancando grossas lascas de seu tronco. -
Preciso reagir. Não poderei esquivar para sempre. - Pensava ao aprumar seu corpo, cerrando os pulsos numa posição defensiva. O brutamonte já havia se virado, e quando viu a resposta do garoto, avançou em grande velocidade.
Contudo, seus olhos começavam a acompanhar os movimentos do gigante. Foi o suficiente para levantar o braço esquerdo, utilizando o taijutsu de interceptação de uma maneira alternativa, desviou-se um pouco para a direita e ao invés de atingi-lo, preferiu agarrar seu pulso. Surpreso, o homem ainda se movimentava rapidamente para frente quando viu Kimura investir seu braço direito por baixo, e num movimento rápido de pernas, utilizou toda sua força, mais a velocidade e a força do golpe do oponente contra ele mesmo, resultando num incrível arremesso em direção a outra frondosa árvore que margeava a trilha. O brutamonte não tinha onde se agarrar, e num grito, arrebentou a lateral da árvore e resvalou para alguns arbustos mais à frente. Ofegante, Kimura comemorava em seus pensamentos pelo sucesso. Mas ficou mais surpreso quando o gigante ressurgiu dos arbustos. Ele estava sangrando, mas mesmo assim estava de pé, e agora, furioso, corria em sua direção como um trem descarrilhado. Kimura saltou em recuo e concentrou chakra em sua cabeça, enviando seu genjutsu para o cérebro de seu oponente após rápidos selos, e então uma luz ofuscante surgiu.
Tapando os olhos, o gigante atrasou seu avanço por segundos, mas estes foram suficientes para que Kimura concentrasse novamente seu chakra, enviando-o novamente após perfazer outros selos, e assim o Genjutsu no Dekoi ficou adormecido em sua mente. Mas, parecendo não se importar com o ocorrido, o monstro o encontrou, desferindo diversos socos e chutes enquanto o chuunin só conseguia se defender. Tamanha a sua força e rapidez, que mesmo defendendo-se, os braços de Kimura estalavam e queimavam, parecendo que logo quebrariam. Até que seus olhos funcionaram mais uma vez. Agora podia perceber donde o próximo golpe viria e assim, poderia anteceder os movimentos, e logo, todas as suas defesas eram procedidas de rápidos socos e chutes. O gigante ficava surpresa com a agilidade do rapaz, que parecia "dançar" em sua volta, esquivando-se e logo desferindo um fortíssimo pontapé no joelho, para esquivar-se novamente num salto lateral, elevando sua perna direita com toda força para chicotear a lateral do oponente com seu pé. Os músculos do homem começavam a colecionar hematomas, quando o mesmo não teve opção senão recuar numa pirueta.
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Parabéns. É a primeira vez que alguém me faz recuar. - Disse o gigante, ofegante.
Kimura havia imitado o homem e jogara seu corpo para trás noutra pirueta, para então aterrissar e ouvir esse comentário. Aquilo o deixara feliz, entretanto, sabia que seu oponente teria alguma "carta-na-manga". E foi isso que aconteceu. Pondo as mãos gigantes na lateral de seu ombro, seu chakra fez surgir uma lâmina gigantesca. Ela possuía não menos que dois metros de cumprimento e deveria pesar cerca de vinte quilos. Mas, mesmo assim, o homem conseguia jogá-la de um lado a outro como se nada pesasse. E assim, num sorriso maléfico, ele avançou rapidamente brandindo a arma. Concentrando chakra mais uma vez, Kimura invocou sua presa de prata e aguardou a chegada do homem. O golpe veio da lateral esquerda. Seco e rápido. Kimura arremessou-se para o alto numa pirueta e acertou a lâmina com a sua. Pretendia causar impacto suficiente para que a grande espada arrastasse no chão e quem sabe prendê-la. E então o ruído de metal contra metal ecoou na trilha deserta. As faíscas iluminaram as sombras da tarde, enquanto o rapaz via sua própria lâmina retornar com a força do homem, ferindo levemente no ombro. E incrivelmente, mal tinha retornado da pirueta quando percebeu uma grande sombra em suas costas.
O gigante havia girado com tamanha velocidade e agora ameaçava suas costas. -
Mas que mer... - Disse quando focalizou seu chakra e foi atingido. Entretanto, quando o gigante achara que a luta havia terminado, Kimura sumiu num pequeno estouro de fumaça, deixando uma madeira com papel explosivo em seu lugar. Num ato de surpresa, o gigante enfiou a grande espada a sua frente para absorver a explosão. O chuunin aguardava ansioso o desfecho da explosão a uma distância segura, quando o gigante surgiu da cortina de poeira em sua direção. -
Monstro! - Reclamou enquanto avançava para interceptá-lo. Num corte ascendente, o rapaz girou sua presa de prata com toda sua força, e o gigante a aparou com agilidade, girando-a novamente para tentar acertá-lo pelas costas. Kimura inclinou o corpo com rapidez e viu a grande lâmina passar rente a seu rosto, ainda cortando alguns pedaços de seu cabelo, quando fez um rápido selo e concentrou seu chakra na presa de prata. A inscrição de sua espada peculiar tornou-se opaca e brilhante. E só então utilizou seu genjutsu para fazer o oponente acreditar que iria acertá-lo com um corte nas costas.
Gingando a espada com rapidez, o gigante a balançou a tremenda arma e estranhou que não ouvira os metais se chocarem. Foi então que percebeu que o kirinin já lhe cortava com um fortíssimo giro de sua espada, que dilacerou uma parte se sua coxa, fazendo-o gritar. -
Acabou. - Pensou ao mesmo tempo em que saltava num recuo tático. Olhando para sua coxa sangrando, o homem fez uma careta de fúria. Parecia que o ferimento teria sido apenas superficial, pois seus movimentos ainda permaneciam velozes e mortais. -
Muito fraquinho com esse graveto nas mãos. - Brincou o homem, avançando novamente. Kimura sabia que agora seria questão de tempo para que o homem ficasse paralisado, mas isso seria uma tarefa difícil, já que o brutamonte se mostrara muito hábil. Então, decidiu recuar. Correndo em direção à margem, Kimura focalizou seu chakra nos pés ao mesmo tempo em que invocou uma kemuridama, arremessando-a no chão para cobrir sua "pseudo-fuga". -
Não vais fugir ratazana! - Reclamou o homem em perseguição, indo em direção à cortina de fumaça. E assim que saiu do outro lado, estranhou porque as árvores estavam em locais sutilmente diferentes daquele que vira antes.
Na verdade, sabiamente Kimura havia focalizando seu chakra e o enviado para o inimigo de forma que este tivesse a ilusão que o ambiente havia mudado, ajudando-o no seu recuo tático. E funcionou com presteza, pois o homem furioso tentava desviar-se das árvores para segui-lo, mas só conseguia esbarrar nas verdadeiras. -
Maldito covarde! Venha me enfrentar com honra! - Gritou para o chuunin. Aquelas palavras incendiaram o sangue verde de Kimura, fazendo-o interromper a fuga e cancelando o genjutsu. O homem agora via tudo no lugar e por consequência, via o garoto que surgira atrás de uma árvore. -
Agora vou acabar contigo! - Esbravejou o jovem enquanto avançava com fúria em direção ao gigante. O homem girou a grande lâmina, mas logo percebeu que o kirinin era mais esperto que aparentava, pois a trajetória de sua espada fora interrompida pelas árvores da floresta, impedindo-o de girar sua lâmina assassina. Mas já era tarde demais. Kimura já havia devolvido sua espada ao selo quando se projetou num salto. O brutamonte, ainda surpresa pelo plano do garoto, tentava se defender, não teve alternativa senão soltar a espada.
O chuunin chegou com toda força. Projetando repetidamente seus braços à frente, ele espancava o gigante na altura da cintura com diretos de direita, esquerda e joelhada na virilha. O homem cambaleava recuando com a força dos golpes do garoto, que parecia incansável. Os estalos de seus acertos faziam os animais se espantarem e correrem para longe. Fortíssimos chutes e socos sem parar. Até que, quando girou o corpo para elevar a perna e atingir o rosto do oponente, este deu um passo à frente e esbarrou-se no garoto, desequilibrando-o a ponto de escorá-lo numa das árvores que circundavam a luta. Então, parecendo não ter sentido seus golpes ou os efeitos de seu veneno, o bruto levantou seu cotovelo à altura de sua cabeça e desferiu um poderoso soco em direção à cabeça do kirinin desequilibrado. Aquilo certamente iria rachar seu crânio se não deixasse ser acertado. Sua última aposta. Seu último recurso. Lembrou-se de quando estava escondido concentrou chakra e invocou uma granada kunai, deixando-a escondida atrás da árvore onde estava, para então surgir e enfrentar o homem.
Assim, focalizando seu chakra mais uma vez, o soco do monstro o fez estourar em fumaça, deixando em seu lugar o objeto mortal, enquanto resvalou no tronco com toda força, quebrando-a por inteiro. Ao ver a granada-kunai cair aos seus pés e o papel explosivo começar a fumegar, o gigante ainda tentou recuar num salto, mas logo o tronco da árvore caía em sua direção, não lhe dando espaço para manobrar. De uma distância segura, Kimura ouviu um tremendo estrondo e por último um grito desesperado quando uma das kunais quase atravessa a árvore em que estava protegido, deixando transparecer sua ponta ensanguentada. Aproximando-se com cautela, ele viu o corpo imenso do homem totalmente estraçalhado. A luta tinha terminado com ele para sempre e agora pensava em como iria descobrir quem foi que contratara aquele homem para matá-lo enquanto retornava de uma missão. Sem dúvida teria seu acerto de contas, mas por hora, precisava de um médico, afinal, parecia ter quebrado algumas costelas e o corte em seu ombro ainda sangrava. -
Mais cicatrizes para o currículo. - Brincou consigo.
FIM