[Filler 2] Ichinose Zef - Treino de apreciação

Pergaminho II

Treino de apreciação

Tinham-se passado vários minutos desde que Zef tinha chegado a área de treino, as suas companheiras também já ali se encontravam. As duas encontravam-se a cochichar qualquer coisa e de vez em quando ouviam-se risinhos.

“Será que estão a falar sobre mim”

Pensava Zef para si próprio, nunca tinha sido muito bom com pessoas ou a cultivar amizades e a rapariga do cabelo ciano parecia muito simpática.

“Será que me devo aproximar e dizer olá”

Quando finalmente se decidiu aproximar das raparigas Izuda apareceu, vinha com um cigarro na boca enquanto colocava a sua bandana de cor negra na testa, depois disso atirou o cigarro ao chão e pisou-o.

-Vejo que já aqui estamos todos, vamos lá começar e acabar com isto. Vai ser um teste muito simples.

Disse Izuda apontando para eles.

-Vocês os três irão lutar entre vós, mas não é um combate ate á morte. Um ninja deve saber quando desistir por isso ganha o último a desistir, divirtam-se.

Izuda fez um gesto com a mão e saltou para cima de uma árvore que ali se encontrava. O silêncio reinava entre os três jovens, mas Zef adotou logo uma posição de combate aproximando a mão direita da sua katana pronto para fazer um saque rápido. As outras duas raparigas permaneceram juntas até que Oroi saltou para longe de Inoue.

-P-porque temos de lutar entre nós?

Balbuciou Inoue apontando para Izuda.

-Simplesmente porque não me apetece lutar, é mais fácil ver-vos a lutar.

Enquanto isso Oroi já investia contra Zef. Esta começou a correr enquanto sacava de uma kunai. Zef reforçou a sua pose e esperou por Oroi.

“Ela age sem pensar, vai ser um bloqueio limpo e bem executado, depois de aplicar mais força na katana vou ser capaz de lhe arrancar a kunai da mão”

E assim foi Oroi veio contra Zef, a katana deslizou silenciosamente da bainha e só se ouviu um ruido quando aço chocou contra aço e segundos depois Oroi encontrava-se desarmada, nesse exato momento Zef retesou a sua perna direita e acertou Oroi na barriga com uma enorme violência. Mas o que se ouviu depois foi um sonoro “pof” enquanto caia um pedaço de madeira no chão.

“Kawarimi”

-Para que foi isso! Somos companheiros, podias ter utilizado menos força nesse chute, imagina que fosse mesmo a Oroi.

Zef apontou com a katana para Inoue e disse.

-Neste momento não tenho companheiros.

E segundos mais tarde já se encontrava com a lâmina em volta do pescoço de Inoue devido ao uso do Shunshin no jutsu.

-Desiste.

Inoue levantou os braços e gritou em plenos pulmões.

-Eu desisto!

-Já temos uma desistente impressionante e logo a senhorita Yoshida, é melhor apontar isto.

Izuda retirou um pequeno caderno do bolso e rabiscou qualquer coisa antes de Inoue se sentar na base da árvore onde Izuda estava sentado.

-Não fiques chateada, com algum treino tudo vai ao sítio.

-Eu sei, mas não gosto de lutar contra amigos.

Aquela palavra deixou Zef boquiaberto dentro das ligaduras que tinha em volta da cara. Um amigo, uma coisa que ele nunca teve, mas parecia impossível. Não conhecia Inoue de lado nenhum e tinha acabado de por uma katana no seu pescoço. Todo aquele pensar deixou Zef desconcentrado e só se deu conta quando Oroi voou da copa da mesma arvore onde Izuda estava sentado, acertando-o em cheio na cara manchando as ligaduras de sangue. Zef vacilou por momentos, nunca lhe tinha passado pela cabeça que uma rapariga pudesse ser tão forte, levou a mão esquerda ao maxilar para fazer uma pequena massagem e atenuar a dor.

-Não te fiques a achar que és o melhor só por teres um pai importante na vila, isso não te vai levar a nenhum lado.

Zef recompôs-se e fixou o seu olhar em Oroi enquanto os seus olhos se semicerravam.

-Tu não sabes nada sobre mim! Por isso não tentes sequer adivinhar a minha vida!

E com isto ambos começaram a correr um para o outro, faíscas saiam de cada golpe que davam, um ribombar de aço. Inoue olhava fascinada para aquele espetáculo assim como Izuda que não parava de escrever no seu caderno.

“Será interessante ver quem ganha, mais interessante será ver o seu crescimento ao longo do tempo, aqui estão dois ninjas com grande potencial”

Depois da dança veio a bonança, os dois ninjas ficaram imoveis a ofegar. Zef tinha alguns cortes pelo corpo e algumas das suas ligaduras pendiam soltas e tingidas de carmim. Oroi também tinha alguns cortes ao longo do corpo e pela sua roupa. Os olhares permaneciam intocáveis, sinal de que a luta ainda não tinha acabado, e numa fração de segundo começou a dança novamente. Zef embainhou a sua katana e deu um salto para trás mas foi bloqueado pelas palavras.

-Doton: Doroku Gaeshi!

Zef facilmente reverteu a tendência concentrando chakra nos seus pés e assim conseguir colar-se á parede.

-Não penses que vais fugir!

Zef iniciou uma combinação de gestos e adotou uma postura estranha (com esta postura quero dizer a mesma que Zabuza usa quando usa o jutsu do nevoeiro).

-Kirigakure no jutsu. Vou estar mais perto do que pensas.

Depressa todo o recinto fora invadido por uma nevoa densa que impossibilitava a visão de todos os presentes. Inoue fez um esforço para ver melhor e começou a andar em direção aos dos ninjas em combate mas foi rapidamente parada por Izuda.

-Não vais querer entrar ali.

O rosto de Izuda tinha mudado drasticamente, do simpático sorriso para um ar fechado e severo. Zef que ainda se encontrava na parede desceu com o maior do cuidado para não fazer qualquer som, desembainhou a sua katana e esperou.

“Só preciso de um som para me guiar até ela”

-Este jutsu é idiota! Nem mesmo tu consegues ver!

“Típico, a subestimar o jutsu”

Zef correu em direção ao som, tinha sido treinado pelo pai de forma a responder a cada som, por vezes a visão falhava e ai o som era verdadeiro. Naquela imensidão branca apenas se ouviu um “argh” Oroi encontrava-se agora com um joelho no chão enquanto sangrava do seu braço direito, quando tentou golpear o ar á sua volta foi em vão, Zef já não se encontrava ali.

-Isso é inútil só vai denunciar a tua posição ao inimigo. Por esta altura já estavas com a cabeça decapitada pela decapitadora de cavalos de Momochi Zabuza.

-Deixa a lição de história para outro dia múmia! Acaba com esta névoa e luta como um homem!

-Eu estou a lutar como um homem. E esse é um estereótipo muito inválido, sendo eu um homem que usa a cabeça não vou ser idiota ao ponto de me expor.

Outro golpe silencioso caiu em cima de Oroi fazendo-a soltar mais um gemido de dor.

-Sensei acabe com esta loucura!

Gritava Inoue agarrando-se a Izuda.

-Só mais um pouco acho que a Oroi é capaz de dar a volta por cima.

Zef já se movia para deferir outro golpe quando foi bloqueado por uma parede de terra, quando deu a volta voltou a ser barrado e assim sucessivamente.

-Não é a fazer dezenas de paredes de terra que me vais conseguir parar.

E quando finalmente tinha Oroi á sua frente foi projetado para o lado através de um enorme soco na cara, enquanto voava foi parado com uma outra parede de terra e outro soco caiu em cheio na sua barriga fazendo-o arquejar por ar e soltar um “cof” de sangue que manchou as ligaduras da cara por completo. Mas antes de cair no chão outro soco foi projetado contra a sua barriga desta vez cheio de chakra, partindo ossos e pedra. Quando finalmente Zef caiu no chão a névoa dissipou-se e os dois espetadores finalmente conseguiram ver o que se tinha passado. Zef estava caído no meio de rocha e ossos quebrados e Oroi estava exausta e cheia de lacerações não muito profundas. Izuda e Inoue começaram a caminhar em direção a eles.

-Percebeste o que aconteceu aqui Inoue?

Inoue abanou a cabeça violentamente para afirmar que não.

-O Zef pensava que tinha tudo sobre controlo pois a Oroi estava a subestimar o jutsu dele. Ou seja o Zef já tinha tudo calculado mas acabou por fracassar pois a Oroi mostrou-se, como hei de dizer, imprevisível. Ao colocar um bunshin no seu lugar e esgueirar-se para fora do alcance de Zef foi capaz de o seguir através das paredes de pedra que ele fazia aparecer e no momento mais oportuno usou toda a sua força para acabar com a luta.

Quando os dois chegaram a Zef este estava com os olhos revirados com o branco a substituir o cinzento enigmático e característico de Zef. Izuda pegou em Zef e pô-lo nas suas costas.

-Parece que foste demasiado bruta Oroi, deixaste-o inconsciente.

-Acho que me deixei levar.

Horas depois Zef acordou no hospital. Tinha o corpo todo dorido na região lombar, parecia que tinha sido atingido com uma pedra. Tinha o corpo nu exe-to as partes baixas. A sua roupa tinha sido colocada ao seu lado assim como a sua katana. A sua cama estava tapada com cortinas brancas e quando puxou uma para ver se estava sozinho ali estava ela, cabelo longo e costas nuas, brancas como a nevoa de Kiri. Zef ficou ali a contemplar as costas de Oroi mas rapidamente voltou a correr a cortina e a ficar sozinho no quarto.

“Sera isto o sentimento a que chamam de amor, estarei eu apaixonado pela rapariga que me acabou de sovar”

Mas depois da melancolia o quarto encheu-se de alegria, as vozes eram-lhe familiares, Inoue e o seu novo tutor Izuda. Zef apressou-se a cobrir-se com o cobertor para que ninguém visse o seu corpo. A cortina correu e ali estava Inoue com a sua cara inocente. Izuda com o seu sorriso e no fundo Oroi. Inoue chegou-se á frente abrindo as mãos e mostrando uma frágil flor de gelo.

-Zef isto é para ti.

Zef continuava tapado com o cobertor e apenas disse.
-Obrigado, podes por ali.

Indicando com os olhos uma pequena mesa adjacente á cama. Inoue colocou a flor e foi-se juntar ao resto das pessoas e então Izuda chegou-se á frente.

-Foi uma boa luta, mas ninguém consegue prever o curso de uma luta inteira. O campo de batalha está cheio de imprevistos e surpresas. Mas foi bom para ver as vossas capacidades. A exceção da Inoue.

Inoue cruzou os braços e fez uma expressão zangada e uma gargalhada geral encheu a sala. Zef apenas permaneceu ali deitado.

-Bem Zef vamos te deixar sozinhos para recuperares.

Izuda foi o primeiro a sair e depois a Inoue com um agradável “Ás melhoras Zef” e um pequeno sorriso enquanto o seu cabelo se agitava no ar. Oroi ficou durante algum tempo ali a fita-lo.

“Porque razão está ele debaixo dos cobertores”

-Daqui para a frente acho que vamos ser companheiros. Não gosto da tua maneira de ser mas espero que melhore. O que te estou a tentar dizer é que te vou dar uma oportunidade de seremos amigos, não me dececiones.

E com isto estendeu a sua mão em direção a Zef.

“Amigos. Acho que posso tentar”

E com alguma hesitação Zef levantou a sua mão e apertou a mão de Oroi mostrando uma enorme cicatriz na sua mão.

-O que fizeste na mão?

Apressou-se a perguntar. Zef recolheu a mão com a maior velocidade e respondeu.

-Não interessa.

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