- Citação :
- Nos treinos: Preso no fundo de uma poço, Kimura estava acompanhado por mais cinco serpentes que lutavam para ascender até o direito de aprender a controlar a chamada "energia natural". Frio e medo tomaram conta de todos quando a primeira serpente morreu nas mãos do jovem, enquanto a outra se transformou em rocha após o erro em sua concentração.
A falsa tranquilidade silenciou as três serpentes restantes ao verem que uma delas havia falhado no teste, tornando-se uma fria estátua de pedra. Horrorizado, Kimura deu dois passos para trás com lama até os joelhos e percebeu que a transformação espontânea aconteceu rapidamente e sem qualquer ruído. -
A energia da natureza é caprichosa. - Disse a velha serpente do alto do poço onde estavam há uma semana. O calor e a fome atrapalhavam sua concentração, mas o que mais o incomodava era a sua incapacidade em sair dali. Contudo, o que lhe confortava era que as traiçoeiras cobras que lhe faziam companhia ainda estavam presas naquele local. Pensando em várias coisas, o Hebi recostou-se na parede pegajosa e sentou-se à espera de alguma solução aquele impasse. "Concentração." - Pensou assim que tomou coragem para fechar os olhos em meditação, mas logo voltava a abri-los por causa dos ruídos das outras serpente chafurdando no lamaçal até que uma delas mudou sua forma sutilmente. Após segundos de concentração, a serpente ganhou contornos arroxeados ao redor de suas pupilas verticais enquanto uma "força" impelia toda a lama, formando pequenas ondas que partiam dela.
E num segundo, a serpente se elevou e tomou uma rápida subida até ganhar a liberdade, atravessando a barreira causticante que os prendia ali com maior facilidade. Um silêncio curioso tomou o fundo do lamaçal, ao mesmo tempo em que o garoto e as outras duas serpentes se entreolhavam com uma ponta de inveja. "Parece que não é lutando que sairei daqui." - Pensou ao retornar a posição de meditação quando começou a sentir uma energia diferente daquela que sentia ao usar seu chakra. Mas novamente, o movimento repetitivo de angústia de uma de suas acompanhantes o tirara de sua investida e quando abriu os olhos, percebeu que elas o olhavam de maneira estranha, como se elas pudessem sorrir de sua infelicidade. Curioso, Kimura olhou em volta procurando algum motivo para esse comportamento quando percebeu que seu braço direito estava com uma cor escura e escamosa... "Pele de uma serpente." - Desesperou-se. Algo lhe dizia que o caminho para controlar essa tal de energia da natureza poderia lhe custar sua humanidade. Foi então que novamente, mais uma serpente conseguiu alterar sua forma e escalar todo poço até sair pela abertura onde o velho aguardava.
Agora sozinho com a última serpente, o Kimura decidiu concentrar-se mais uma vez. Ele temia por aquele que ficasse no local por último. Então, sentando-se em posição de lótus, seus olhos se fecharam em meditação. Parecia que a lama espalhada pelo seu corpo facilitava seu contato com a energia da natureza, pois rapidamente começou a senti-la fluindo em seu corpo, mas logo controlou seu fluxo antes que se transformasse em serpente. -
O tempo está no fim, logo a rocha derretida tomara este poço. - Pressionou a velha serpente, ansiosa para ver quem morreria primeiro. O coração do jovem disparou. Sentiu o medo e a angústia do fracasso. Pensamentos que logo foram sobrepujados pela fome e pelo frio. Um sentimento de desesperança enegreceu seus pensamentos quando novamente sentiu a energia natural invadir seu corpo de uma maneira mais sutil. "Falta de esperança." - Sussurrou ao perceber que aquele sentimento o ajudava a controlar a nova energia. Então, em uma explosão controlada, sentiu um calor peculiar ao redor de seus olhos e um poder que jamais havia sentido. Kimura conseguia sentir todo ser vivo na região.
Sentia a ansiedade da cobra que se esforçava para controlar a força, mas se desesperava ao sentir seu corpo petrificar vagarosamente. E nesse momento, abrindo os olhos, a jovem víbora conseguiu ver o fluxo vindo em sua direção e tomando todo o seu corpo. "Agora." - Pensou ao pousar a mão à beira do poço, rastejando até a abertura quando viu a lava aquecer a lama e logo cozinhar a rocha que a última serpente havia se tornado. Suspirando aliviado, Kimura terminou sua subida até atravessar a barreira e cair exausto aos pés da cobra anciã que - acompanhada pelas outras duas serpentes - o olhava com transparente ar de surpresa ao ver o humano conseguir sair vivo daquele local imundo. -
Muito bem. Vão descansar. Amanhã o treino terá início. - Balbuciou o ancião, apontando para um casebre fora de sua biblioteca. Ao ouvir essas palavras, Kimura se levantou com energia. Parecia que a energia o havia recuperado de sua angústia e sofrimento. Mas quando começou a caminhar para o descanso, notou o olhar assassino com que as outras duas cobras o espiavam.
Continua...